Celebrando Michelangelo Pistoletto

13/dez

Exposição em São Paulo celebra os 90 anos do artista Michelangelo Pistoletto. A exibição gratuita acompanha o calendário mundial de homenagens ao artista fundamental do movimento italiano Arte Povera e fica em cartaz até 03 de março de 2024.

O Instituto Artium de Cultura apresenta a exposição de arte Terzo Paradiso – uma seleção especial de obras do grande artista italiano Michelangelo Pistoletto, no palacete histórico em Higienópolis, São Paulo. A mostra é parte de uma série de exposições do artista em curso pelo mundo, que aconteceram em Paris; Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos; e Turim, Itália.

Maior expoente do movimento artístico Arte Povera – que se propõe usar materiais inúteis – há quase 20 anos, o trabalho de Pistoletto é dedicado ao que chamou Terceiro Paraíso – uma reconfiguração do símbolo do infinito, que dá nome à mostra. Nas extremidades, a natureza e o artificial; no centro, a inserção de um círculo que simboliza abertura, criação, uma proposta de práticas para uma transformação responsável da cultura e da sociedade.

 

Figuras humanas de Giovani Caramello

Até 18 de fevereiro de 2024, a Caixa Cultural São Paulo, apresenta a exposição “Hiper-realismo no Brasil” de Giovani Caramello, escultor hiper-realista brasileiro. A mostra exibe dez obras impressionantes, que abrangem a carreira do artista entre 2017 e 2022, utilizando diversas materialidades e linguagens. A exposição, que já atraiu 8.200 visitantes em Curitiba, destaca esculturas em silicone e bronze, explorando técnicas como cerâmica e resina.

Giovani Caramello, reconhecido como um dos principais escultores hiper-realistas do Brasil, traz pela primeira vez a São Paulo suas esculturas que reproduzem figuras humanas com impressionante precisão de detalhes e a diversidade de técnicas utilizadas pelo artista, desde as esculturas hiper-realistas em silicone até as mais recentes produções em bronze.

O curador Ícaro Vidal destaca que a obra de Caramello fortalece o movimento hiper-realista da arte contemporânea brasileira, provocando reflexões sobre a fragilidade da vida e a impermanência das coisas materiais. Ícaro Vidal salienta ainda que “…as esculturas de Caramello transcendem o mero espetáculo visual, levando o espectador a refletir sobre a construção da vida humana”.

A exposição também presta homenagem ao trabalho autoral de Giovani Caramello, expondo breves biografias das figuras notáveis que ajudaram a consolidar o gênero hiper-realista. O evento ocorre na Caixa Cultural São Paulo, Praça da Sé, Centro. Com a entrada gratuita, o espaço proporciona acesso ao poder transformador da arte, promovendo o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade social e o bem-estar da população.

 

As formas expansivas de Diambe

08/dez

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, anuncia a representação de Diambe (Rio de Janeiro, 1993). Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente criado. Seu trabalho faz parte de relevantes coleções particulares e figura no acervo de importantes instituições, como: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio (MAR), entre outros.  

 

Jarbas Lopes na Pinacoteca

29/nov

A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Jarbas Lopes: eixos, com curadoria de Renato Menezes, na Pinacoteca de São Paulo. A abertura acontece neste sábado, dia 25 de novembro, das 11h às 18h.

A mostra, que fica em cartaz até 31 de março de 2024, é dividida em quatro eixos conceituais (Desejo, Flutuação, Ambiente e Temperatura) e reúne obras históricas e inéditas, entre elas uma instalação criada especialmente para a ocasião. O conjunto dos trabalhos celebra o corpo, a rua e a natureza, e ocupa o 4º andar do edifício Pina Estação e o estacionamento do museu.

Jarbas movimenta ideias, ressignifica objetos, idealiza magias e amplia, a partir de suas obras, o conceito de utopias possíveis, Vive e trabalha em Maricá, Rio de Janeiro. Seu processo criativo permeia uma reconfiguração dos objetos e das experiências estéticas, dando-lhes um novo significado e movimento, sempre permeados por um tom crítico.

Pesquisas e processos artísticos

22/nov

A Brazil Jewelry Week (BJW) anuncia sua 5ª edição, nos dias 24, 25 e 26 de novembro, na Casa de Cultura do Parque, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP, local que abrigou com sucesso sua primeira edição em setembro de 2019. A escolha do local ressalta a temática central deste ano, “Curadoria de Si”, que propõe uma análise das obras significativas na trajetória dos artistas participantes. Sob a curadoria de Jurandy Valença e coordenação de Chrissie Barban, o evento é uma reflexão sobre o início da pesquisa e do processo artístico, bem como as produções mais recentes, simbolizando um retorno completo, visualmente representado como uma metáfora de uma mão adornada por joias.

A BJW, para além da exposição, contempla palestras e performances no auditório da Casa de Cultura do Parque, com a participação do renomado joalheiro mexicano Jorge Manilla, embaixador internacional da BJW e uma premiação aos vencedores entre os joalheiros participantes. A 2ª e 3ª edições foram realizadas virtualmente, sendo o retorno presencial consolidado na 4ª edição, em dezembro de 2022, na Biblioteca Mário de Andrade. Este último evento contou com um seminário acompanhado pela exposição de mais de 100 artistas, incluindo aproximadamente 80 joalheiros latino-americanos. Tanto a Casa de Cultura do Parque quanto a Biblioteca Mário de Andrade são espaços culturais de grande relevância na cidade de São Paulo e no Brasil.

A curadoria de Jurandy Valença reúne na BJW artistas de oito países, incluindo Brasil, Espanha, Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai e Venezuela. “ A “Curadoria de Si”, além de iluminar a trajetória de cada artista – pontuando suas criações mais importantes, aquelas que falam, principalmente, de si – também procura relacionar as criações, as joias ao corpo, ao físico e àquele que também é constituído de pensamentos, percepções, emoções, alumbramentos. Adornar a pele, o corpo é algo que vem da pré-história quando os humanos usavam dentes, ossos, pedras, conchas, sementes e pedaços de madeira como símbolos de poder, de status e também de magia. A natureza e o seu próprio corpo ou o de animais eram fonte da matéria prima para a produção de amuletos, jóias, adornos”, explica o curador.

As obras expostas, selecionadas por meio de convocatória aberta, destacam-se por marcar e continuar marcando a trajetória e o processo criativo dos participantes. A exposição, composta por mais de 140 obras, será apresentada durante os três dias do evento, seguindo até março de 2024 na sede do Núcleo Arte Vestível, em Pinheiros, SP.

A BJW consolida-se anualmente como um evento de significativa importância não apenas no cenário da joalheria no Brasil, mas também globalmente, reafirmando seu papel destacado no mundo da arte e da joalheria. O auditório da Casa de Cultura do Parque recebe uma potente agenda de palestras com profissionais da joalheria latino-americanos que discorrem sobre temas diversos e diferenciados. Enquanto sentimentos positivos enriquecem e engrandecem o interior de cada ser vivo, as joias cumprem o papel de evocar o belo, adornar a pele e transmitir mensagens subliminares da alma.

“A Joalheria Contemporânea é focada na interação constante com a diversidade cultural; a coexistência múltipla entre diferentes culturas, sem hierarquias, para um crescimento mútuo.” – Chrissie Barban

Sobre o curador e organizadores

Jurandy Valença (Maceió, AL 1969) – Vive e trabalha em São Paulo. Artista visual, curador, jornalista e gestor cultural, atua na área há mais de 25 anos, e atualmente é Diretor da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Foi diretor adjunto do Centro Cultural São Paulo (CCSP), coordenador geral dos centros culturais e teatros da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; coordenador geral da Oficina Cultural Oswald de Andrade e diretor de projetos do Instituto Cultural Hilda Hilst, em Campinas (SP). Como artista visual e curador, realiza trabalhos em fotografia desde 1998. Participou de mais de 70 exposições, entre individuais e coletivas; e já realizou mais de 20 curadorias. Entre suas curadorias mais recentes destacam-se “Revelando Hilda Hilst” (2020), no MIS/SP, em homenagem aos 90 anos de nascimento da autora paulista; “Uma Ontologia do Vazio” (2020), com esculturas, objetos e fotografias do artista visual Elias Muradi; e “Paisagem/Passagem” (2021), ambas na Fundação Mokiti Okada, em São Paulo; “Hiância” (2021), na Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP), com os artistas Eva Castiel e Bruno Ferreira; “O Vazio Abarcado” (2022), em Campinas, na Casa de Vidro, com os artistas Aline Moreno e Jeff Barbato; “O mais profundo é a pele” (2023), na Belizário Galeria, em São Paulo; e na Pinacoteca de São Bernardo do Campo, a coletiva “Zonas de Sombra” (2023), com obras de 9 artistas.

Jorge Manilla (Cidade do México, MEX) – Vive e trabalha na Bélgica. Filho de uma família de ourives e gravadores mexicanos, estudou artes visuais na Academia de San Carlos, no México. Recebeu formação altamente técnica em joalheria na Academia de Artesanato e Design do Instituto Mexicano de Belas Artes. Em 2003, obteve o diploma de bacharel em escultura na Royal Academy of Fine Arts de Ghent. Um ano depois matriculou-se na Faculdade de Arte e Design da Universidade St Lucas, onde obteve em 2006 o título de Mestre em Joalheria e Ourivesaria. Ao criar joias, Jorge Manilla investiga o seu ambiente – religião, emoções, relacionamentos e o sentido da vida. Nos últimos anos, o artista redescobriu o seu amor pela cor preta. Para o artista o preto relaciona-se com algo oculto, secreto e desconhecido e, como resultado, cria um ar de mistério. Mantém as coisas engarrafadas, escondidas do mundo. Suas formas e formas escuras criam uma barreira entre os significados dos objetos e o mundo exterior. Preto implica autocontrole e disciplina, independência e força de vontade. Dá uma impressão de autoridade e poder. Para Manila o preto é o fim, mas o fim implica sempre um novo começo. Quando a luz aparece, o preto se torna branco, a cor dos novos começos. Paralelamente às suas atividades profissionais como artista, atualmente também trabalha como investigador e faz o seu doutoramento sob o título Other Bodies Design na Royal Academy of Fine Arts de Antuérpia, cidade onde também ensina e ministra workshops em diferentes universidades de Arte e Design em todo o mundo. Sua obra tem sido exibida em diversas exposições internacionais e pertence a coleções, públicas e privadas, nos cinco continentes.

Chrissie Barban (São Paulo, SP 1984) – Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em Moda pela Faculdade Belas Artes (SP); Pós-graduação na Central Saint-Denis Martins (Londres, ING). Joalheira desde 2001, fundadora do Núcleo de Joalheria Contemporânea, conceitua e lança A BJW. Fascinada pela vida, investiga o mundo ao redor de maneira visceral com uma singularidade que reverbera nas ações que conduz. Cria e assina coleções de Joalheria Contemporânea para a mecenas Alexandra Fructuoso da Maison Alexandrine (São Paulo, Los Angeles e Dubai). Desenvolveu joias para a cantora e atriz Jennifer Lopez. Faz mentorias na escola/laboratório Núcleo de Joalheria Contemporânea e, há mais de 20 anos, desenvolve sua marca autoral de joalheria contemporânea. Se inspira nas diferenças e as cultiva. Aprecia o diverso e o solicita.

Joias em reflexão sobre a terra

17/nov

Casulo Escola de Joalheria e M.O.A. Estúdio, Pinheiros, São Paulo, SP, expõe “OQUEVEMDATERRA”, uma mostra coletiva com a presença do artista plástico Marcus Moa e 13 artistas joalheiros exibindo, aproximadamente, 200 trabalhos autorais de refinada técnica criativa e construtiva. Esta exposição, que celebra a estreita relação entre a humanidade e a natureza, tem vernissage agendado para 21 de novembro, terça-feira, às 18 horas, ficando aberta à visitação até 26 de novembro.

“OQUEVEMDATERRA” explora a criatividade de seus artistas, utilizando técnicas inventivas além de conceitos autorais para transmitir suas reflexões sobre a terra, os rios, os minerais, a vida e o conceito primeiro de sustentabilidade.

“A terra, em sua superfície sólida da crosta terrestre onde pisamos, é muito mais do que um mero suporte físico – é a base de nossa existência, um organismo vivo que nutre, sustenta e inspira”, diz Marília Arruda Botelho. Os artistas joalheiros – Adriana Bellinello, Ana Lucia A.G. Marino, Darlene Zambotti, Daniela Rosa, Esperança Leria, Fernanda Colucci, Jacque Basso, João Victor Lioi, Julia Marques, Maria Regina Mazza, Marília Arruda Botelho, Valeria Navarro e Viviana Terra – exploram as complexidades dessa conexão de forma diversa e expressiva. As peças, com conceito e manufatura individual e artesanal, oferecem uma ampla variedade de abordagens artísticas, incluindo serigrafia e jóias, proporcionando a cada um, uma reflexão profunda sobre seu papel na preservação do elemento vital. “OQUEVEMDATERRA” se mostra como um indicador aos visitantes para que comecem a considerar a forma como as consequências de suas ações, tanto individuais como coletivas, podem afetar o meio ambiente, servindo como um lembrete de que somos os únicos responsáveis por cuidar do planeta. Pedras, metais e demais insumos utilizados tanto na confecção das peças como nas obras de arte são certificados e/ou reciclados.

Em participação especial, o trabalho do artista Marcus Moa, cuja inspiração provém da arquitetura brasileira das décadas de 1950 a 1970, bem como de seus elementos constituintes, desde a parte construtiva até o paisagismo. O M.O.A. Estúdio cria projetos utilizando-se da técnica de serigrafia para imprimir suas obras autorais, com materiais de baixo impacto ambiental. Entre suas referências estão mestres renomados como Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Burle Marx e Athos Bulcão. “OQUEVEMDATERRA” é um tributo à arte, à joalheria e ao planeta com expografia e direção de arte assinadas pela artista e publicitária Patricia Sper, e cenografia botânica de Paulo Sabiá. “A CASULO Escola de Joalheria e M.O.A. Estúdio convidam todos aqueles que se predispõem a inspirar ação, conscientização e um compromisso renovado com o respeito à proteção do nosso planeta”, diz Moa.

Homenageando Emanoel Araujo

14/nov

A Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, inaugurou a mais recente exposição individual de Emanoel Araujo (Santo Amaro da Purificação, 1940).  Com texto do professor, pesquisador, artista e amigo de longa data de Emanoel Araujo, George Nelson Preston, essa será a primeira mostra após o falecimento do artista em 2022. Em “Afrominimalismo”, vemos sua produção de relevos brancos, alguns inéditos, em que se pode reconhecer uma conexão entre sua visão africanista e universalista. Esses trabalhos congregam a síntese formal do pensamento de Emanoel Araujo quanto à abstração geométrica, estabelecendo também um íntimo diálogo com a instalação do artista na 35ª Bienal de São Paulo. Em cartaz até 16 de deaembro.

OS RELEVOS BRANCOS DE EMANOEL ARAUJO

Relações entre os nexos de causalidade de um visionário africanista/universalista

Prólogo

Nesta exposição em que os relevos brancos de Emanoel Araujo são o foco, reconhecemos um nexo da sua visão africanista e universalista. Em “Emanoel Araujo: Afrominimalista Brasileiro”, propus um cânone do formalismo africano como a principal estética que norteou seu trabalho. Aqui, gostaria de revisitar brevemente essa proposição e atualizá-la. Consideremos também o neoconcretismo brasileiro, o minimalismo, o relevo como meio clássico antigo e o cânone têxtil africano. Se essa mistura parece anômala, consideremos o fato de que, desde o início de sua carreira, Araujo teve um temperamento enciclopédico e considerável interesse pelos relevos greco-romanos, pelo barroco e rococó brasileiros e pela história da arte em geral. Pertinente à nossa discussão aqui é o seu interesse pelos relevos clássicos e tecidos africanos, que têm muito em comum com os cânones gerais da escultura clássica africana.

Estamos habituados a ver antigos relevos gregos e romanos e os seus estilos reavivados em mármore branco, esquecendo-nos de que o tempo corroeu a policromia original. A este respeito, o clima seco foi mais favorável aos relevos egípcios. Os reavivamentos neoclássicos – nos quais o imaculado mármore branco era o suporte – afetam ainda mais nossas percepções. Nos relevos coloridos e nas esculturas de Emanoel, esse drama é representado em tons primários que se refratam em seus próprios tons e matizes.

A ausência de cor nos relevos brancos de Araujo resulta nas sutilezas e na dramaticidade da luz que performa uma escala de cinza – indo do branco, passando pelos cinzas intermediários, até voltar ao branco. Ao visualizar suas peças brancas, os relevos coloridos se tornam uma “película” onipresente em nossa experiência. A nossa experiência é “colorida” da mesma maneira quando nossa imaginação preenche a policromia perdida dos relevos greco-romanos.

A Corrente

No início da década de 1970, o cenário estava sendo montado para uma síntese das inspirações e influências de Araujo. Suas gravuras de formas mínimas feitas em grande escala, evocativas dos têxteis africanos, foram transformadas quando ele dobrou o papel das impressões em forma de máscara e as enrolou a partir da superfície, ocupando as três dimensões. Essas “Gravuras de armar” (1972) foram “o encaminhamento do artista em direção ao tridimentional”.

Devemos considerar também a afinidade dessas gravuras com o neoconcretismo brasileiro do final da década de 1950 e início da década de 1960, talvez, em particular, com a obra de Lygia Clark e de Hélio Oiticica. Nessa exposição, a conversa com o neoconcretismo brasileiro e as formas geométricas bidimensionais das primeiras gravuras podem ser apreciadas nas obras sem título de 2019.

Universalidade e o Cânone Africano

Em 1976 e 1987, e em ocasiões subsequentes, Araujo visitou o Benin e a Nigéria. Os oráculos de seus ancestrais nagô-iorubá haviam-no chamado. Em 1987, não poderia ter conhecido Emanoel Araujo de forma mais oportuna. Isso resultou na publicação de “Emanoel Araujo: Afrominimalista Brasileiro” – meu catálogo para a retrospectiva de dez anos do artista no MASP4.

Aqui estava um suposto minimalista “infectando” flagrantemente o estrito cânone minimalista com inflexões narrativas, culturais e históricas: daí o termo “afrominimalista”.

À época, eu havia identificado vários reflexos da estética africana na obra de Araujo no catálogo do MASP, como a tensão entre um eixo implícito e um eixo real, a repetição rítmica de formas primárias ou mínimas, e a repetição dessas formas interrompidas por surpresas formais, inversões como fugas e motivos pars pro toto – em que uma parte saliente de um objeto representa sua totalidade. O ambiente afro e ameríndio baiano, o barroco e o rococó brasileiros, o concretismo e o minimalismo formam uma corrente interligada. Em 1977, do Prado Valladares descreveu Araujo como um humanista “artista do mundo do conhecimento”. Isto é, não um “investigador de símbolos” paroquial ensinando sobre África. A partir disto, podemos concordar que Araujo projeta seus africanismos como uma linguagem universal em que a iconografia é secundária ao poder emocional e psicológico de um formalismo convincente que desperta em nós a “meta” da iluminação.

Envoi

Quatro níveis de relevo são empregados desde os tempos antigos. São relevos baixos, médios, altos e afundados. O relevo afundado, no qual não há projeção da forma para fora, mas é esculpido abaixo ou no espaço pictórico, é extremamente raro. Em vários relevos brancos, este plano afundado – que é a parede atrás – ganha uma curiosa presença de alteridade palatável. Essa manipulação dos vazios não é de forma alguma recente, sendo um tema recorrente desde a transição de Araujo, no início dos anos setenta, do figurativo para o abstrato.

Para este escritor, é de particular interesse o enorme relevo branco da mostra. É o contraste ou, melhor dizendo, o diálogo entre as suas grandes dimensões e o baixo relevo uniforme que vibra entre ser um enorme repousé e uma gigantesca peça de tecido africano. Penso que este relevo é uma homenagem à criatividade dos pigmeus Twa que vivem entre os povos Kuba , no centro da República Democrática do Congo.

Ainda mais enigmáticas são as obras “Totem angulares vazados” (2015) e sua companheira sem título. Essas obras não são relevos nem esculturas independentes. São estelas – outra forma antiga… São estelas devido à sua esmagadora frontalidade. E combinam aspectos de baixo, alto e médio relevos fluindo entre si. Num intrigante tour de force, como se fosse um léger de main xamânico, o espaço negativo das estelas funciona como o vácuo dos relevos afundados. Na minha imaginação, despejo os rios sinuosos do Brasil nesse vazio, “desdobrando” águas sinuosas na geometria dos têxteis africanos.

George Nelson Preston, PhD, Professor Emérito, CCNY/CUNY – Acadêmico da Cadeira Pierre Verger, Academia Brasileira de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Laura González: Nova Consultora

13/nov

É com grande entusiasmo que a Galatea anuncia que Laura González passa a colaborar como Consultora de Desenvolvimento do Programa Internacional, ajudando a expandir os horizontes de nossos artistas e projetos.

Laura é historiadora da arte, consultora e estrategista cultural baseada em Londres. Ela é co-fundadora da themust.co: uma nova plataforma de e-commerce que vende objetos funcionais criados por artistas, utilizando moda e design como oportunidades para cultivar novas comunidades de colecionadores e apoiadores de arte.

Desde 2015, atua como consultora privada e curadora de coleções de arte moderna e contemporânea na América Latina, Europa e Estados Unidos. De 2011 a 2015, co-fundou e dirigiu o departamento de Arte Latino-Americana na Phillips em Nova York, amplamente reconhecido por expandir no mercado internacional o alcance de artistas conceituais e abstratos da região.

Nascida e criada em San Juan, Porto Rico, Laura possui bacharelado em História da Arte pela Universidade de Yale e mestrado pelo Courtauld Institute. Durante seus estudos em Yale, voltou-se para o modernismo da Europa Ocidental enquanto trabalhava como curadora bolsista na galeria de arte da universidade. No Courtauld Institute, se especializou em práticas experimentais na arte latino-americana e do leste europeu a partir dos anos 1950 até o presente, escrevendo sobre os desafios que essas perspectivas trazem para abordagens críticas tradicionais.

Todas as Rosas

10/nov

O Farol Santander São Paulo, Centro, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Rosas Brasileiras”, exibição coletiva inédita que celebra a trajetória da rosa como inspiração artística e parte viva do cotidiano social.

Ao todo, estarão dispostas ao público, cerca de 130 obras de arte e mais de mil objetos diversos que trazem a rosa como personagem principal. Obedecendo a curadoria de Giancarlo Latorraca e Paulo von Poser, e produção da AYO Cultural, a mostra permanecerá em cartaz até 18 de fevereiro de 2024.

Obras de Carlos Cruz-Diez

09/nov

A Carbono, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, apresenta até 22 de dezembro, a exposição “Explorando a cor: uma década de prints e múltiplos de Carlos Cruz-Diez”.

No centro da exposição estão as gravuras de Cruz-Diez, uma seleção de 33 obras que encapsulam de forma brilhante seu fascínio da vida toda pela cor como entidade dinâmica e em constante transformação. Usando técnicas meticulosas como serigrafia, litografia e impressão a laser, Carlos Cruz-Diez transformou o plano bidimensional em um parque de diversões para os sentidos. Cada impressão, como um instrumento afinado, envolve o espectador numa sinfonia visual que dança graciosamente diante de seus olhos, explorando as interações entre as cores de uma forma que desafia e encanta a mente.