Arte Mundana

10/fev

 

 

No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o artivista Mundano inaugura sua nova exposição individual “Semana de Arte Mundana” na Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP.

Para a criação das obras, o artista utilizou resíduos dos principais desastres ambientais brasileiros ocorridos nos últimos anos, como as cinzas das florestas queimadas, o óleo que atingiu as praias do nordeste e a lama de Brumadinho.

Os visitantes terão uma experiência provocativa, característica marcante das obras do artista e poderão refletir através de telas, instalações e esculturas, os atuais desafios da emergência climática no planeta entre outros temas .

A curadoria da exposição é assinada pelos artistas Enivo e Denilson Baniwa e ainda conta poesias sonoras selecionadas pela poeta Mel Duarte .

Até 26 de Março.

 

 

 

Alegria, uma invenção

07/fev

 

Central - Galeria  - Alegria

 

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar “alegria, uma invenção”, exposição coletiva com curadoria de Patricia Wagner que promove uma reflexão acerca do legado do modernismo no Brasil considerando o centenário da Semana de 1922 como seu marco simbólico. Partindo da premissa de que o evento Alegria, uma invenção

 

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar “alegria, uma invenção”, exposição coletiva com curadoria de Patricia Wagner que promove uma reflexão acerca do legado do modernismo no Brasil considerando o centenário da Semana de 1922 como seu marco simbólico. Partindo da premissa de que o evento, assim como suas reverberações, contribuíram para a criação de ficções alinhadas ao projeto modernista de construção da identidade nacional, a curadoria busca problematizar a caracterização do brasileiro enquanto “povo alegre” como um enredo que ganha impulso no contexto cultural do anos 1920 para se perpetuar no senso comum.

 

A exposição ocupa simultaneamente os três pavimentos do espaço – a galeria, no subsolo, além do primeiro andar e do mezanino do IABsp – e reúne obras de Antonio Manuel, AVAF, Camile Sproesser, Carmézia Emiliano, Cícero Dias, #ColeraAlegria, Felipe Cohen, Gustavo Torrezan, Guy Veloso, Lourival Cuquinha & Luciana Magno, Manauara Clandestina, Mano Penalva, Marcos Bonisson, Nilda Neves, OPAVIVARÁ!, Randolpho Lamonier, Santarosa Barreto, Thiago Honório, Vivian Caccuri & Gustavo Von Ha e Yhuri Cruz.

 

“Ao longo do século, mesmo que a tristeza nunca tenha saído do nosso vocabulário artístico, a versão do povo alegre, lúdico e cordial prevaleceu”, reflete a curadora. “Entretanto, a maneira pasteurizada como a publicidade conduziu a disseminação de uma visão uniforme do carnaval, do samba e das festas populares propiciou a consolidação de narrativas produtoras de estereótipos e exotizações. (…) “alegria, uma invenção” apresenta produções artísticas que afirmam a alegria em toda a sua complexidade. Em meio às possibilidades de criação e fabulação de mundos que a arte possibilita, o objetivo da mostra é apostar na alegria como um bem coletivo. Como potência vital nos diversos modos de existência, em sua forma prosaica ou revolucionária e que se faz e se reinventa cotidianamente nos mínimos e máximos lampejos. A mostra reúne, portanto, trabalhos cujas poéticas se abrem para a multiplicidade política-afetiva-inventiva da alegria como expansão da potência do ser.”

 

Até 26 de março.

 

Paisagens de Lorenzato

03/fev

 

 

No dia 09 de fevereiro, das 10h às 19h, abre na Gomide & Co, Jardins, São Paulo, SP, a exposição Lorenzato: Paisagens com uma seleção de pinturas do artista mineiro Amadeo Luciano Lorenzato.

 

Sobre o artista

 

Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995), nasceu e morreu praticamente junto com o século XX. O trânsito que experimentou entre o Brasil e a Itália permitiu que acompanhasse tanto a construção de uma capital – Belo Horizonte – quanto a reconstrução de cidades devastadas – como a Arsiero do pós-guerra, onde trabalhou entre 1920 e 1924. O conjunto da obra de Lorenzato, contudo, não se volta necessariamente para a ascensão das metrópoles industriais nem para os grandes embates da civilização. Ainda que tenha acompanhado fatos históricos influentes, o artista decidiu dedicar sua pintura a motivos singelos abordados com originalidade e vigor. Assim, como podemos notar nas cerca de 35 pinturas selecionadas para “Lorenzato: Paisagens”, o seu vocabulário se constitui de poentes, lagos, montanhas, fachadas, árvores, rios, naturezas-mortas e congêneres.

 

Até 19 de março.

 

 

Lorenzato na Gomide & Co.

 

Lorenzato

 

 

No dia 09 de fevereiro, a Gomide & Co, Jardim Paulista, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “Lorenzato: Paisagens” com uma seleção de 35 pinturas do artista mineiro Amadeo Luciano Lorenzato.
Em meio às paisagens que Lorenzato pintou, encontramos variações entre obras de caráter figurativo e narrativo e obras em que as figuras estão ali um tanto difusas, ressaltando o jogo entre as formas e as cores, em um flerte com a abstração. O vocabulário de Lorenzato se constitui de poentes, lagos, montanhas, fachadas, árvores, rios, naturezas-mortas e congêneres; além disso, aparecem também inúmeras fachadas que nos transportam para os bairros periféricos de Belo Horizonte, e estados fronteiriços de Minas Gerais. As pinturas de Lorenzato, que em vida manteve o hábito de “andar para pintar”, nos convidam a revisitar uma variedade de paisagens imaginárias; que figurativas ou abstratas, emergem de uma realidade vivida do artista, mas também despertam uma memória afetiva, quase nostálgica, do espectador.

 

“Eu tenho que ver a paisagem, as cores. Se não vejo, não pinto.” – Amadeo Luciano Lorenzato, em entrevista concedida a Cláudia Gianetti e Thomas Nölle, Belo Horizonte, jul. 1988.
Sobre o artista

 

Amadeo Luciano Lorenzato. Nascido em 1900 em Belo Horizonte (+1995), filho de imigrantes italianos, passou a infância na capital recém inaugurada. Aos 20 anos de idade, mudou-se com a família para a Arsiero, Itália, onde participou da reconstrução da cidade que fora devastada durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1925, durante o breve período em que estudou na Reale Accademia delle Arti em Vicenza, foi introduzido à prática de pintura de cavalete. Entre 1926 e 1930, passou por Roma, onde conheceu o pintor holandês Cornelius Keesman, que tornou-se um grande parceiro de observação e o acompanhou em um circuito de bicicleta, passando pelo leste europeu em direção à Ásia, projeto interrompido devido à recusa do passaporte italiano de Lorenzato. Na década de 1940, passou por Bruxelas e trabalhou em Paris até seu regresso ao Brasil, em 1948. Na cidade de Petrópolis, retomou seu ofício na construção civil, mais especificamente como pintor decorativo de paredes. Em 1949 trouxe a esposa, Emma, e Lorenzo, seu único filho, ao Brasil. Em 1956, em decorrência de um acidente de trabalho, Lorenzato aposentou-se precocemente aos 56 anos. No entanto, o acidente que lhe causou uma aposentadoria prematura não o impediu de dar continuidade às excursões que estimularam seu trabalho no ateliê.
De 09 de fevereiro a 19 de março.
Segunda a sexta,10 às 19 horas
Sábados, 10 às 15 horas

Uso de máscara é obrigatório para visitas. Entrada gratuita.

 

 

 

Lidia Lisbôa na Galeria Millan

 

 

A Galeria Millan, São Paulo, SP, apresenta até o dia 19 de fevereiro, “Acordelados”, primeira individual de Lidia Lisbôa, Guaíra, PR, 1970, na galeria, abrindo o programa institucional de 2022. A artista ganha mostra antológica, com curadoria assinada por Thiago de Paula Souza. A exposição repassa a trajetória da artista desde o final dos anos 1990 até suas investigações mais recentes.

 

A primeira sala da mostra na Galeria Millan contará com as obras da série intitulada “Tetas que deram de mamar ao mundo”, cuja produção foi iniciada em 2011. Tratam-se de esculturas têxteis de grandes dimensões que são alçadas ao teto e caem próximas ao chão, numa forma que remete aos seios femininos. A exposição contará também com trabalhos inéditos, como as esculturas moldadas ora em cerâmica, ora em porcelana, junto a pedaços de vidro fundido que tomam a forma de elementos naturais em “Costelas de Adão” ou antropomórficos, na série intitulada “Alienígenas”. A exposição apresenta ainda desenhos da artista cujas formas reportam aos seus trabalhos escultóricos, em especial, à série “Cupinzeiros”. Nesta série, também presente na exposição, as esculturas em cerâmica estabelecem relações formais e materiais com os cupinzeiros que ocupam a paisagem do campo brasileiro e que remetem às memórias da infância de Lidia Lsbôa.

 

A artista trabalha com diversos materiais e técnicas, como desenho, arte têxtil, crochê, performance e esculturas em cerâmica, argila, porcelana e botões. Segundo afirma, “meu trabalho busca evocar a força e o poder do feminino, a potência da mulher como força motriz da significação de sua própria existência no mundo.” Suas obras se relacionam com a memória e as experiências que a artista vivenciou em sua infância no campo. Assim como abordam as formas do corpo feminino, o processo da maternidade e as relações que os modos de vida estabelecem com a territorialidade. Ao reportar-se à sua produção, ela afirma que “(…) em meus trabalhos quero tecer e moldar para desestruturar, para desfazer o que deve ser desfeito e dar vistas a modos de vida e expressões que muitos anos de ocultação quiseram lançar ao esquecimento”.

 

Sobre a artista

 

Após ter se mudado para São Paulo, em 1986, Lidia Lisbôa trabalhou em ateliê de alta costura e, em 1991, iniciou sua produção artística. Obteve formação de Gravura em Metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1997, participou da exposição coletiva “Tridimensional”, no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e, neste mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual no Instituto Goethe, em São Paulo. Em 1998, a artista recebeu o Prêmio Maimeri – 75 anos, concedido pelo Liceu de Artes e Ofícios. Em 2020, Lisbôa expôs no Centro Cultural São Paulo e na 12ª Bienal do Mercosul, em 2021, integrou as exposições coletivas “Enciclopédia Negra”, na Pinacoteca de São Paulo; “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para brasileiros”, no Instituto Moreira Salles; e a mostra “A Substância da Terra: O Sertão”, com curadoria de Simon Watson, que ocorreu primeiro no Museu Nacional da República com itinerância na Slag Galery em Nova York.

 

São Paulo, Arqueologia Amorosa

 

 

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, inaugura no próximo dia 25 de janeiro a mostra “Arqueologia Amorosa de São Paulo”. Com curadoria do diretor-geral do Museu, Emanoel Araújo, a exposição fala dos muitos aspectos artísticos, sociais, culturais e perspectivas diversas dessa grande metrópole, por meio de fotos, manuscritos, objetos, fotografias e design, de renomados artistas, como Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha, Flavio de Carvalho, Geraldo de Barros, Zanini Caldas, dentre outros.

 

A exposição vasculha a memória da capital paulista, trazendo à luz personagens da vida artística, obras públicas dos grandes arquitetos, desde Ramos de Azevedo, a memória de carnavais antigos da Avenida Paulista e dos blocos de Ranchos da periferia.

 

A grande modista da cidade, Maria Adelaide da Silva, e sua correspondência com a moda feminina dos anos vinte, também está retratada por meio de documentos vindos diretamente de Paris, propostas de croquis e seu retrato pintado pelo grande artista da época, Jacques Leclerc, em 1926.

 

Também integram a mostra objetos da Revolução Constitucionalista de 1932, assim como grandes lembranças do Quarto Centenário e da construção do Parque Ibirapuera, a exemplo da realização da Segunda Bienal Internacional, onde esteve a Guernica, do grande artista Pablo Picasso. Uma instalação mostra fragmentos de uma casa burguesa, numa referência às grandes residências da Avenida Paulista, advindas das riquezas do café. Um dos destaques é uma grande vista da Várzea do Carmo, manipulação tecnológica do artista Floro Freire, que apresenta uma nova visão da paisagem do século XIX de Militão Augusto de Azevedo.

 

Na mesma data, o museu inicia as homenagens ao “Extraordinário Mário de Andrade”, integrando a celebração dos Cem Anos da Semana de Arte Moderna, com a abertura da exposição “Padre Jesuíno do Monte Carmelo aos Olhos de Mario de Andrade”. A mostra traz ao Museu Afro Brasil grandes pinturas provenientes das igrejas das cidades de Itu e São Paulo, onde o padre artista exerceu, com primazia, seu ofício de pintor, músico e compositor. A pesquisa sobre as pinturas das igrejas e conventos da cidade de Itu foi uma das últimas pesquisas de Mário de Andrade, cujo olhar se voltou para esses artistas dos séculos XVIII e XIX.

 

Esta será a maior retrospectiva feita sobre as obras do padre Jesuíno do Monte Carmelo. A exposição conta com 27 obras de grandes dimensões de Jesuíno, muitas delas mostradas pela primeira vez, e tem curadoria de Dra. Maria Silvia Barsalini e Dr. Emerson Ribeiro, e colaboração da equipe do Museu Afro Brasil.

 

Sobre o Museu Afro Brasil

 

O Museu Afro Brasil, localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do Parque Ibirapuera, conserva, em 12 mil m², mais de 8 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje. O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira. Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu atual Diretor Curatorial, Emanoel Araujo, o Museu construiu, ao longo de mais de 16 anos de história, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade. O Museu exibe parte do seu Acervo na exposição de longa duração, realiza Exposições Temporárias e dispõe de um Auditório e de uma Biblioteca especializada que complementam sua Programação cultural ao longo do ano.

 

De 25 de janeiro a 30 de junho.

 

 

 

A abstração de Samson Flexor

10/jan

 

 

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, exibe até 26 de junho a exposição “Samson Flexor: além do moderno”. Conhecido como um dos pioneiros da abstração no Brasil, Flexor participou ativamente deste importante movimento de renovação das artes visuais no país na década de 1950. Sua contribuição para a abstração geométrica, tanto em sua atuação como artista quanto como mestre de uma nova geração em seu Ateliê Abstração nos anos 1950, é amplamente reconhecida pela crítica. No entanto, seus desenvolvimentos posteriores, caracterizados pela abstração lírica ou informal e pelo retorno à figuração nos seus últimos cinco anos de vida, permanecem pouco conhecidos pelo público.

 

Segundo a curadora Kiki Mazzucchelli, “… é a primeira exposição que tem como foco o desenvolvimento da obra de Flexor a partir de 1957, quando passa a rejeitar as formas estáticas em pinturas onde gradualmente predominam o gesto, a opacidade e a transparência.” A exposição tem como objetivo trazer à luz a obra tardia de Samson Flexor, que marca sua transição do moderno para o contemporâneo ao confrontar questões éticas e estéticas de seu tempo”.

 

Composta por quase uma centena de obras, foram incluídas pinturas conhecidas na trajetória do artista como “Abstração Barroca n.2” (1949), que combina a geometrização da figura e a temática brasileira; “Aos pés da cruz” (1948), pintura originalmente exposta no MAM São Paulo, em 1950, e que se aproxima de uma abstração total; e “Vai e vem diagonal em três quadrados” (1954), pintura da fase da abstração pura na qual explora as diagonais cruzadas e cria um movimento acentuado pelos contrastes cromáticos.

 

Sobre o artista

 

Samson Flexor desembarcou no Brasil no final da década de 1940 quando deixou a França após a Segunda Guerra Mundial. O pintor realizou sua primeira exposição em São Paulo em 1946 e retornou permanentemente em 1948. Também participou da exposição inaugural do Museu de Arte Moderna de São Paulo em 1949, contexto em que é convidado e incentivado pelo crítico e diretor belga Leon Dégand a explorar os caminhos da abstração geométrica pura. Em 1951, ano da instauração da Bienal de São Paulo, fundou o Ateliê Abstração, onde lecionou, por mais de uma década, uma nova geração de artistas – entre eles, Jacques Douchez e Norberto Nicola. Ao longo de sua carreira, realizou diversas exposições individuais nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como em inúmeras galerias brasileiras e estrangeiras. Participou de diversas edições da Bienal de São Paulo, e realizou uma grande retrospectiva de sua obra no Musée Rath, em Genebra (1965), cuja versão expandida foi apresentada no MAM-RJ (1968). Flexor faleceu em 1971, aos 64 anos, vítima de um edema pulmonar.

 

Impressões de Lotus Lobo

 

Lotus Lobo 1

 

 

Sob a curadoria de Marcelo Drummond, a mostra “Fabricação Própria”  no Galpão Sesc Pompeia, até 30 de janeiro, traz a abrangente e diversa produção artística empreendida por Lotus Lobo. Com obras históricas e inéditas, produzidas em diferentes suportes, materiais e novas formas de edição e impressão, a exposição compreende os 60 anos de produção da artista, que engloba seu acervo, bem como as formas de pensar a política das imagens no mundo contemporâneo.

A presente proposta busca apresentar, em estreito diálogo com o ambiente da antiga Fábrica da Pompeia (Sesc Pompeia) e com o legado deixado pela arquiteta Lina Bo Bardi, o resgate e a preservação do importante acervo de matrizes litográficas, em pedra e zinco, provenientes da Estamparia Juiz de Fora, Minas Gerais, originárias das décadas de 1930-1960, com que Lotus articula sua vasta produção artística. O recorte curatorial de “Fabricação Própria” destaca a experiência de Lotus em relação ao seu acervo e tem como objetivo dar visibilidade e acesso à produção da artista, demonstrando sua relação com a arte e seu histórico de atuação desde a década de 1960 até suas produções atuais.

A exposição reúne, pela primeira vez, a quase totalidade do conjunto de “Maculaturas”, chapas de acertos de impressão da Estamparia Juiz de Fora (MG), por Lotus apropriadas como obras a partir de 1970, dessa vez montadas na forma de um grande plano suspenso no espaço expositivo. Trabalhos importantes da artista são revisitados, como o caso de “Água Limpa”, obra inédita que retoma os lito-objetos premiados em 1969 na X Bienal de São Paulo. Outra remissão importante se trata da também inédita “Albor”, em que rememora obra marcante do ano de 1970: uma bobina de papel presa na parede de onde os espectadores podiam destacar e levar para casa fragmentos litografados.

Destacam-se também a participação de Lotus Lobo no histórico evento “Do Corpo à Terra” (1970), idealizado pelo crítico Frederico de Morais, e o trabalho “Territórios” (1969), ambos realizados em Belo Horizonte (MG), publicados no Guia de Mediação da mostra, onde se encontra também um encarte-obra inédito, intitulado “Notas Marginais” (2021). Segundo o curador da exposição e artista visual, Marcelo Drummond, “… aqui se deixa à mostra a verdade material e construtiva do galpão que abrigou a antiga Indústria Brasileira de Embalagens (Ibesa), fabricante de tambores metálicos que hoje dá lugar ao Sesc Pompeia e acolhe com familiaridade a fábrica movente de Lotus Lobo”.

 

Sobre a artista
Lotus Lobo nasceu em Belo Horizonte em 1943. Vive e trabalha na capital mineira, onde graduou-se na Escola Guingnard, da UEMG, em Artes Plásticas. Na França, estudou na École Superieure des Art et Industries Graphiques Estienne e na École D’Arts Plastiques et Sciences D’Art de L’Université de Paris. Foi professora de litografia na UEMG e na UFMG em intervalos entre 1966 a 1993. Estas tantas experiências artísticas, inauguradas nos anos 1960, foram seminais na construção discursiva de Lotus Lobo e ainda reverberam na sua produção contemporânea. Na carreira da artista, convém destacar a sua participação na “X Bienal de São Paulo” (1969), quando recebeu o Prêmio Itamaraty ao exibir três objetos-gravuras (lito-objetos) manipuláveis pelo público. Nota-se, ainda, sua participação na emblemática manifestação “Do corpo a terra” (1970), organizada pelo crítico de arte Frederico Morais e realizada no Parque Municipal de Belo Horizonte, onde Lotus propôs a intervenção “Plantação”. Vale mencionar sua participação em mostras individuais e coletivas, nacionais e internacionais, entre elas: Gráfico Grafia, Museu de Arte da Pampulha/Museu Abílio Barreto, Belo Horizonte, 2021; Território Gravado, Galeria Superfície, São Paulo, 2019; Litografia Lotus Lobo, Galeria de arte do Minas Tênis Clube, BH, MG, 2018; Estamparia Litográfica, Lotus Lobo, Caixa Cultural, Brasília, DF 2018; Lobo, Galeria Mendes Wood, São Paulo, SP, 2017; Constelação, Galeria Manoel Macedo Arte, Belo Horizonte, MG, 2016; SP ARTE, Feira Internacional de arte de São Paulo, Pavilhão da Bienal SP, SP, 2017/2016; Marca Registrada, Centro Cultural Usiminas, Ipatinga, MG, 2007 e Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, 2006; Brazilian Contemporary Prints, Conferência e Mostra de Gravura Brasileira, Gallery of The Saint John’s College, Santa Fé, New Mexico, EUA, 1986; Brazilian Contemporary Prints, Gallery Tate Student Center, University of Geórgia, EUA 1987; Ninth British International Print Bienale, Bradford 1986; V Bienal del Grabado Latino Americano, Porto Rico, 1981; Arte Agora MAM, Rio de Janeiro, 1976; Bienal de Tóquio, 1972; Pré-Bienal de Paris MAM, Rio de Janeiro, 1969.

Lygia Clark 100 anos, Pinakotheke SP

 

 

A Pinakotheke Cultural São Paulo apresenta até o dia 15 de janeiro a histórica exposição “Lygia Clark (1920-1988) 100 anos”, com cerca de 100 trabalhos em sua quase totalidade inéditos para o público brasileiro, selecionados pelo curador Max Perlingeiro, entre pinturas, desenhos, gravuras, bichos, trepantes, obra mole, casulo, objetos relacionais, fotografias e documentos. Considerada pela crítica nacional e internacional como uma das mais relevantes artistas do século 20, Lygia Clark já ganhou exposições em museus prestigiosos como o MoMA de Nova York, e o Museu Guggenheim de Bilbao, Espanha, entre muitas outras instituições.

 

Nesta exposição da Pinakotheke Cultural São Paulo, o público pode ver o desenvolvimento do pensamento da artista ao longo de sua trajetória. A exposição foi feita com colaboração da Associação Cultural Lygia Clark. Dentre as obras nunca exibidas ao público, estão a coleção de “Bichos” pertencente ao crítico inglês Guy Brett, grande amigo de Lygia Clark desde a individual da artista na Signals Gallery, em Londres, em 1965; as obras formais de 1943 a 1952, como a série “Escadas” (1947); os “Objetivos Relacionais” (1968-1973), considerado por muitos seu experimento mais radical; além várias obras das séries “Superfície Modulada” e “Espaço Modulado”.

 

Acompanha a exposição o livro bilíngue (port/ingl) homônimo “Lygia Clark (1920-1988) 100 anos”, 316 páginas, com textos críticos inéditos, imagens e informações sobre as obras, uma seleção da correspondência pessoal entre Lygia e amigos artistas e intelectuais, e uma cronologia resumida atualizada.

 

A exposição traz ainda uma animação do ensaio fotográfico feito por Alécio de Andrade da performance “Arquiteturas biológicas II”, que Lygia Clark criou em 1969 no Hôtel d’Aumont, em Paris. A animação foi feita por Fabrício Marques, e o realejo é de Gabriel Pinheiro.

 

Em dias alternados, o público pode ver os filmes “Memória do corpo” (1984), de Mário Carneiro, 30’, com produção de Solange Padilha e videografia de Waltercio Caldas, que registrou a última proposta desenhada pela artista, a “Estruturação do Self”; e “O mundo de Lygia Clark” (1973), de Eduardo Clark, com direção de fotografia de David Drew Zingg e Antonio Guerreiro, e música de Naná Vasconcelos.

 

Uma sala especial foi montada para exibir a videoinstalação “DSÍ – embodyment” (2021), 8’, três câmeras com três distintos monitores, com registro da performance de Carolyna Aguiar, e direção de Leticia Monte e Ana Vitória. Na videoinstalação, o espectador é convidado a “experienciar estados inaugurais do corpo fragmentário em sua perspectiva pulsante de vida e morte”, explicam Ana Vitória e Leticia Monte. “Aqui o corpo debate-se em constante luta de vir a ser o que se é, desventrando-se e recolhendo-se continuamente em uma incessante dança-luta imemorial, lugar dos vazios-plenos, que Lygia Clark insiste que revisitemos”.
“Lygia Clark (1920-1988) 100 anos” ficará em cartaz na Pinakotheke Cultural São Paulo até o 15 de janeiro de 2022, com entrada gratuita e protocolo anti-Covid.

 

Duas vezes Tunga em São Paulo

15/dez

 

 

Tunga no Itaú Cultural e Instituto Tomie Ohtahe.

 

A exposição “Tunga: conjunções magnéticas” reúne aproximadamente 300 obras do artista. “Tunga: conjunções magnéticas” celebra a produção artística de Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão (1952-2016), o Tunga, dono de um universo imaginativo único e de uma produção refinada, é figura emblemática das artes visuais do país.

 

A exposição tem curadoria de Paulo Venancio Filho e correalização do Instituto Tunga, propõe uma retrospectiva que apresenta a extensão da obra do artista em consonância com sua prática e poética plástica.

 

Esculturas | Arte de não saber e ética do heterogêneo: os palíndromos de Tunga

 

Formado em Arquitetura e Urbanismo na década de 1970, Tunga dialogou com grandes nomes das artes contemporâneas, como Waltercio Caldas, Cildo Meireles, Sergio Camargo e Lygia Clark.

 

Desenhos, esculturas, objetos, instalações, vídeos e performances. A diversidade de suportes revela os seus múltiplos interesses, que percorriam diferentes áreas do conhecimento, como Literatura, Matemática, Arte e Filosofia. A pluralidade também se fez presente no uso de materiais. De maneira notável, Tunga explorou ímãs, vidro, feltro, borracha, dentes e ossos. Sua obra ganhou simbologia e presença, aproximando-o da produção artística em evidência no panorama internacional.

 

A partir da década de 1980, participou da Bienal de Veneza, teve quatro passagens pela Bienal internacional de São Paulo e esteve em mostras no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, e na Whitechapel Gallery, em Londres. No Instituto Inhotim, em Minas Gerais, dois espaços destacam a obra do artista, a Galeria True Rouge (2002) e a Galeria Psicoativa (2012). Tunga foi o primeiro artista contemporâneo e o primeiro brasileiro a expor no Museu do Louvre, em Paris, em 2005.

 

Parte dessa extensa produção está em “Tunga: conjunções magnéticas”, que reúne aproximadamente 300 obras. Além do Itaú Cultural (IC), Avenida Paulista, Paraíso, São Paulo, SP, a mostra estende-se para o espaço do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, que recebe a escultura Gravitação magnética (1987) – cujos esboços ocupam o espaço de ambos os espaços culturais – e o filme-instalação Ão (1981). Para complementar a exposição e convidar a um mergulho mais aprofundado na história de Tunga, durante a mostra serão publicados no YouTube do Itaú Cultural vídeos que reúnem depoimentos de Paulo Venancio Filho (curador da exposição), Fernando Santana (assistente de Tunga), Paulo Sérgio Duarte (curador e crítico de arte), Waltercio Caldas (artista), Gonçalo Mello Mourão (irmão de Tunga) e Lia Rodrigues (bailarina e coreógrafa) que tratam de temas como quem foi Tunga, a energia da conjunção, suas inspirações, seu processo criativo e a variedade de suportes e materiais em seu trabalho.
Até domingo 10 de abril de 2022.