Museu Judaico de São Paulo

19/nov

 

 

Previsto para visitações a partir do dia 05 de dezembro, será aberto o Museu Judaico de São Paulo (MUJ), espaço que será inaugurado após 20 anos de planejamento, fruto de uma mobilização da sociedade civil. Além de quatro andares expositivos, os visitantes também terão acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que servirá comidas judaicas.

 

Localizado no antigo prédio do templo Beth-EL – uma das sinagogas mais antigas da cidade – o espaço fica na Rua Martinho Prado, 128, no bairro da Bela Vista, e passou por um processo de restauração, modernização e a construção de um prédio contemporâneo anexo para finalmente receber o público.

 

Com quatro exposições simultâneas – duas de longa duração, sendo elas “A vida Judaica”, sobre os rituais e ciclo de vida judaico e “Judeus no Brasil: histórias trançadas”, que expõe as várias correntes migratórias dos judeus para o Brasil, do início da colonização ao Brasil republicano; e duas temporárias: “Inquisição e cristãos-novos no Brasil: 300 anos de resistência”, sobre a luta dos cristãos-novos para reconstruir suas vidas no País durante os 300 anos de vigência da Inquisição, e “Da Letra à Palavra”, que explora a relação entre a arte e a escrita, a imagem e a palavra, a partir da reunião de 32 artistas basilares da arte contemporânea brasileira.

 

Estão à frente do projeto o presidente Sergio Simon, o diretor executivo Felipe Arruda e, na curadoria, a pesquisadora e crítica Ilana Feldman, além do grupo de voluntários que construiu a instituição.

 

A programação expositiva do museu tem por objetivo cultivar e manter vivas as diversas expressões, histórias, memórias, tradições e valores da cultura judaica, tecendo também um diálogo com o contexto brasileiro, com o tempo presente e com as aspirações de seus diferentes públicos, criando assim uma matriz baseada em princípios de diversidade, resistência e atualidade.

 

“Concebemos o Museu Judaico de São Paulo como um espaço de visões plurais sobre o judaísmo, apresentado como um complexo sistema cultural e identitário, que está sempre se reinventando. A partir da experiência judaica, o MUJ reflete sobre o tempo presente e cria tranças com a diversidade cultural do contexto brasileiro, acionando debates sobre preconceito, intolerância e outras questões sociais e políticas urgentes”, afirma Felipe Arruda.

 

Rostos da Imigração

18/nov

 

 

O Museu da Imigração – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – Mooca, São Paulo, SP, promove até o dia 31 de dezembro, como parte da segunda edição do Programa de Residência Artística, a exposição “Rostos invisíveis da imigração no Brasil”, do artista angolano Paulo Chavonga na sala “Hospedaria em Movimento”.

 

A iniciativa, idealizada em 2019, tem o propósito de estimular a produção cultural, compreendendo que a arte pode ser uma expressão privilegiada para tornar sensíveis conceitos importantes para o entendimento das migrações. Dessa forma, por meio de editais, artistas individuais ou coletivos de artistas migrantes e refugiados são convidados a realizarem uma imersão nas atividades e rotinas do Museu da Imigração, objetivando o desenvolvimento de um projeto de artes visuais de diversas linguagens.

 

A proposta resultou na seleção do artista angolano Paulo Chavonga que, desde julho, esteve presente nos ambientes do complexo da antiga Hospedaria do Brás. Durante o período, o profissional conheceu o trabalho realizado por todas as equipes e, na sequência, iniciou a criação de três grandes telas. As obras, que compõem a mostra, estarão em cartaz no Museu até dezembro.

 

“O Programa de Residência Artística visa aproximar os artistas migrantes do Museu e, mais ainda, proporcionar aos visitantes diferentes análises e reflexões. Assim, o tema apresentado na edição, As migrações e os tijolos do racismo estrutural no Brasil, converge com essa finalidade, sendo primordial para seguirmos com os debates envolvendo o racismo e a história da Hospedaria. Por conta disso, inclusive, foram priorizadas as candidaturas de negros e/ou indígenas”, comenta a diretora executiva da instituição, Alessandra Almeida.\]Após a inauguração, o público presencial e virtual teve a oportunidade de acompanhar um bate-papo entre Chavonga e a profissional selecionada em 2019 e, também, membro da Comissão Curatorial do projeto neste ano, Emilia Estrada.

 

A palavra do artista

 

Por meio dos retratos gigantes, com depoimentos, protagonizados por imigrantes africanos vendedores das ruas de São Paulo, fricciono a dureza desse serviço com os sonhos que eles tinham e têm no Brasil. Ao mesmo tempo, demonstro como o racismo estrutural é um fator determinante no território do trabalho árduo, às vezes, semelhante à escravidão na qual essas pessoas se encontram. Com isso, quero trazer novos rostos e histórias para dentro do Museu. Rostos e histórias que não podem mais ser invisíveis. Um ato de coragem e desejo de diálogo para que nasça, talvez, um novo olhar sobre a gente africana no Brasil, explica Chavonga.

 

Lourival Cuquinha: Crapulocracia

16/nov

 

 

 

 

 

A Central Galeria, São Paulo, SP, apresenta em seus últimos dias de exibição, “Crapulocracia”, a primeira mostra individual de Lourival Cuquinha na galeria. A exposição é a terceira de uma trilogia de exposições do artista que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático.

 

Lourival Cuquinha, Recife, 1975. Vive e trabalha em São Paulo. Multidisciplinar, estudou na UFPE (Recife, 1993-2002) onde frequentou cursos diversos como Engenharia Química, Filosofia, Direito e História. Foi reconhecido em diversas premiações e programas de residência como: Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais (2017), Prêmio Marcantônio Vilaça (2012), Prêmio Brasil Contemporâneo – Fundação Bienal de São Paulo (2010), Artist Links – British Council (2009), entre outros. Suas exposições individuais incluem: Transição de Fase, Funarte (Belo Horizonte, 2018); O Trabalho Gira em Torno, MAMAM (Recife, 2015); Territórios e Capital: Extinções, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2014); Capital: destruction-construction, PROGR Foundation (Bern, Suíça, 2012); Topografia Suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project, Centro Cultural Correios (Recife, 2012). Entre as coletivas recentes, destacam-se: À Nordeste, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2019); Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (São Paulo, 2017 e 2011); Bienal Sur, Centro Cultural Parque de Espanha (Rosário, Argentina, 2017); 5o Prêmio Marcantônio Vilaça, MAC-USP (São Paulo, 2015). Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como: CCSP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), MAR (Rio de Janeiro), MAMAM (Recife), entre outras.

 

Cuquinha e a disputa do simbólico

 

Pollyana Quintella

 

Lourival Cuquinha é amplamente reconhecido no cenário brasileiro por estressar as relações entre arte e política. Lourival Cuquinha é amplamente reconhecido no cenário brasileiro por estressar as relações entre arte e política. Do furto do parangolé de Hélio Oiticica, no início dos anos 2000, às icônicas bandeiras compostas de notas de dinheiro, o artista se dedica há mais de vinte anos a perscrutar as fantasias e as ficções sociais que rondam a prática artística, seus limites, validações e atribuições de valor, bem como as relações íntimas entre exercício político e dimensão simbólica. Crapulocracia, sua primeira mostra individual na Central Galeria, é a terceira de uma trilogia de exposições que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático. A primeira delas, OrdeMha, foi realizada em 2016, em paralelo ao golpe exercido sobre o mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff, enquanto a segunda, Dos meus comunistas cuido eu (Roberto Marinho), presenciou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018. Todas elas, por meio de diferentes estratégias, buscam situar o trabalho do artista à luz desses acontecimentos.

 

No centro da exposição de 2016, uma grande lâmina rotativa, tal qual as placas de Petri – recipientes cilíndricos utilizados por cientistas para analisar microrganismos –, expunha o equivalente a um metro quadrado de lama tóxica da Vale despejada no Rio Doce, como se fosse possível encapsular a catástrofe. Se a lama cumpria o papel de presentificar o desastre e aproximar de nós o evento (tantas vezes reduzido a uma abstração narrativa em razão do bombardeio de notícias e informações), ela também instigava certo fascínio meditativo pela substância em movimento, pondo em tensão as relações entre estética e política ou entre frágeis dicotomias como ação e inação, atividade e passividade.

 

Desta vez, dois torniquetes atualizam o repertório das recentes tragédias brasileiras. Um exibe o petróleo que atingiu as praias do litoral nordestino em 2019, enquanto o outro expõe as cinzas das queimadas que se multiplicaram no território nacional em 2021, formando uma espécie de inventário das destruições que não cessam de nos atravessar. No Brasil do presente, não é exagero dizer que a realidade supera a fantasia; sobra delírio, mas falta imaginação. Lama, fogo, bolsa de colostomia, tudo soa como pura literalidade. Para que metáforas? Resta saber se ver as substâncias assim de perto será o suficiente para perturbar nossa anestesia.

 

O petróleo, material de interesse de Cuquinha há alguns anos, também está presente no neon que dá título à mostra – Crapulocracia. A palavra luminosa contaminada pelo combustível fóssil funciona como um marcador temporal do presente, em que as promessas históricas são suplantadas pela realidade pós-utópica e a imaginação coletiva fracassa continuamente em encontrar soluções para as crises em que estamos imersos, enquanto o país é governado por uma besta.

 

Cuquinha, por sua vez, não se restringe à visão curta e nublada de um presentismo encerrado no aqui-e-agora. Trânsitos entre diferentes tempos históricos situam as complexidades políticas em perspectivas mais amplas, como é o caso de Apólice do Apocalipse (2018-2021), iniciada em 2018. Naquela altura, o artista apresentou uma cômoda de vidro antiga contendo uma transcrição da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro documento escrito no Brasil. Pouco a pouco, a carta ia sendo carcomida por um conjunto de grilos vivos, o que fazia menção direta ao fenômeno da grilagem, cujo nome tem origem no fato de que esses insetos eram utilizados para forjar o envelhecimento de falsos documentos. À luz da ação do artista, a história do país figurava como um gesto inautêntico. Agora, a mesma carta é exposta depois dos efeitos da grilagem, simulando o próprio anacronismo. Afinal, não há nada assim de tão novo no nosso fim do mundo; talvez estejamos mais próximos de um disco arranhado que repete um evento farsesco à exaustão. Junto a isso, a presença de uma lanterna de luz negra permitirá que o público reconheça que a carta foi escrita sobre um papel-moeda, entrelaçando identidade nacional, capital e poder.

 

A relação direta com o dinheiro também está presente em Brasil Sumidouro (2013). Recibos das mais variadas compras realizadas com o cartão de crédito do artista dão forma aos mapas das cinco regiões do país. Trata-se de uma espécie de loteamento simbólico do Brasil a partir de gastos pessoais, nublando as fronteiras entre o público e o privado. Sumidouro – lugar por onde algo desaparece – refere-se ao fato de que os dados impressos em tais notinhas fotossensíveis estão fadados a se apagar com o tempo. Restará apenas a cor do papel, nos fazendo questionar os critérios arbitrários de atribuição de valor no meio da arte.

 

É a obra Vendo Direitos à Venda (2021), contudo, que situa as operações financeiras com mais radicalidade. O artista comprou, em setembro deste ano, 100 ações da Petrobras pelo valor total de R$ 2.493,00. Os interessados em adquirir a obra deverão responder a um breve questionário cuja finalidade é designar se são ou não cidadãos golpistas. Os “brasileiros não golpistas” poderão comprar o trabalho por R$ 5.099,00, valor referente ao preço que as ações alcançaram em maio de 2008, momento de alta da empresa, enquanto “estrangeiros ou brasileiros golpistas” só poderão adquirir o trabalho pelo dobro do preço, R$ 10.198,00. Ao instituir tais condições, Cuquinha desconstrói um suposto espaço de neutralidade garantido pelo capital na comercialização, além de implicar as consequências políticas e econômicas dos últimos anos no seio das ações culturais.

 

Ao longo de todo o percurso definido por Cuquinha, somos reiteradamente provocados: Qual papel resta à prática artística na construção de um imaginário político? Como fazer do campo simbólico um espaço de disputa? Quais as negociações entre sujeito, instituições de poder e os limites da legalidade? Não será possível responder essas perguntas, mas, assim como para Cuquinha, nos caberá sustentar o problema: cutucar, desmontar e revirar as fantasias.

 

 

 

 

Alfredo Jaar no Sesc Pompéia

11/nov

 

O conceituado artista chileno Alfredo Jaar, com 40 anos de trajetória, tem um recorte de seu trabalho feito pela exposição “Lamento das Imagens”, que ocupa os galpões do Sesc Pompéia continuará até 05 de dezembro.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Santiago, em 1956, Alfredo Jaar também é arquiteto, fotógrafo e cineasta. Ele começou sua trajetória artística no Chile, no final dos anos de 1970, quando o país passava pela ditadura militar. E ganhou destaque depois de se mudar para os Estados Unidos em 1982. Foi a partir desse momento que ele começou a colocar em evidência em suas obras as relações de poder internacionais. E passou a discutir temas como a continuidade das violências coloniais no mundo contemporâneo, as violências que provocam a invisibilidade seletiva de povos e populações. Os trabalhos de Alfredo Jaar figuram entre as mais importantes coleções de arte do mundo, como a do MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo; Tate Modern, em Londres; Centre Pompidou, em Paris; MoMA – Museu de Arte Modern e do Guggenheim Museum, ambos em Nova York; e no Centro Reina Sofia, em Madri, entre muitas outras.

Color Bind na Kogan Amaro

10/nov

 

A Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP, recebe, a partir do dia 11 de novembro, a exposição coletiva “Color Bind”, que conta com curadoria de Marcello Dantas e obras de Felipe Góes, Fernanda Figueiredo, Isabelle Borges, Patricia Carparelli e Shizue Sakamoto, artistas representados pela galeria. Dantas foi convidado pelo espaço para propor uma   curadoria a partir das aproximações de cores das obras, revelando assim relações poéticas distintas entre elas.

Foram privilegiadas em sua seleção obras de predominância cromática. “Existem pelo menos 11 milhões de cores no mundo visível aos nossos olhos, mas a maior parte das pessoas só usam os nomes de onze cores no seu dia a dia. Ou seja, a linguagem verbal é uma ferramenta bastante inadequada para representar a linguagem das cores. Como falar sobre o inominável?”, provoca o curador.

 

As aproximações de cores foram analisadas via recursos digitais, considerando os componentes cromáticos de cada obra. Após essa etapa, os resultados foram comparados à sequência da escala Pantone, sistema globalmente aceito de identificação e sequenciamento de cores. A partir dessa tabela, as obras foram dispostas no espaço. “Há alguns anos comecei a pesquisar processos curatoriais que sejam como equações: sistemas que uma vez formulados estão abertos a apresentar resultados surpreendentes. O curador propõe uma forma conceitual de organização e, diante de um conjunto existente, aplica essa métrica para revelar algo sobre o qual nem ele mesmo tem controle sobre a resultante”, comenta Dantas.

É necessário ressaltar que o processo da composição dessa mostra foi profundamente abstrato para Marcello Dantas, que é daltônico e não pôde, de fato, compreender o resultado apresentado, apesar de ter concebido sua lógica. “O daltonismo não é não ver as cores, mas sim ter dificuldade em dar nomes a elas quando justapostas lado a lado, exatamente o que eu estava propondo com essa equação: revelar como as cores conversam entre si, sem uma intervenção do gosto humano”, explica. Com isso, a exposição revela ainda que a cor é uma linguagem própria que se infiltra na percepção humana de um modo subjetivo e que não tem uma explicação exata.

 

A palavra do curador

Obras de arte podem se aproximar de várias formas. Curadoria é um processo muitas vezes subjetivo de criar relações que aproximam coisas distintas com base em uma visão de mundo particular, mas que revela algo intangível. Acredito que a curadoria é também um jogo em que regras se estabelecem e que devemos deixar as ondas se chocarem para analisar a espuma. Essa espuma é a fricção que existe latente nas obras.

Há alguns anos comecei a pesquisar processos curatoriais que sejam como equações: sistemas que uma vez formulados estão abertos a apresentar resultados surpreendentes. O curador propõe uma forma conceitual de organização e, diante de um conjunto existente, aplica essa métrica para revelar algo sobre o qual nem ele mesmo tem controle sobre a resultante.

No caso dessa exposição, fui convidado pela Galeria Kogan Amaro a criar um olhar sobre os artistas da galeria. Acreditei que a aproximação pela cor (color bind) poderia ser uma forma de revelar a relação entre tantas poéticas distintas. Abandonamos as obras figurativas deliberadamente para poder buscar a relação entre trabalhos que se aproximam por sua predominância cromática. Existem pelo menos 11 milhões de cores no mundo visível aos nossos olhos, mas a maior parte das pessoas só usam os nomes de onze cores no seu dia a dia. Algumas línguas, como a tsiname, da Bolívia, só têm nomes para três cores: preto, branco e vermelho; e outras, como a dos esquimós inuítes, têm 50 palavras para definir a cor branca, baseadas na sua observação da neve. Ou seja, a linguagem verbal é uma ferramenta bastante inadequada para representar a linguagem das cores. Como falar sobre o inominável?

Para criar a exposição, solicitamos obras novas aos artistas e usamos recursos digitais que analisaram os componentes da cor de cada obra, os comparamos com a sequência da escala Pantone, um sistema globalmente aceito de identificação e sequenciamento de cores, e seguimos essa tabela para dispor as obras no espaço.

Eu tinha consciência de que esse processo seria algo profundamente abstrato para mim, pois nasci daltônico (colorblind) e não poderia, de fato, compreender o resultado aqui apresentado, mas consigo conceber sua lógica. O daltonismo não é não ver as cores, mas, sim, ter dificuldade em dar nomes a elas quando justapostas lado a lado, exatamente o que eu estava propondo com essa equação: revelar como as cores conversam entre si, sem uma intervenção do gosto humano. A cor é uma linguagem própria que se infiltra na nossa percepção por portas que não sabemos bem explicar.

Marcello Dantas

 

 

 

Abertura: 11 de novembro, das 11h às 17h.

Exposição: Até 18 de dezembro.

 

 

 

 

 

 

 

 

Três artistas na Simões de Assis

08/nov

 

A Galeria Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, inaugura simultaneamente as exposições de André Nacli, Miguel Bakun e Julia Kanter.

 

André Nacli e Miguel Bakun

Se você abrir uma pessoa, irá achar paisagens.

Agnès Varda

 

“Paisagens Interiores” estabelece diálogos poéticos e imagéticos entre a obra de Miguel Bakun, pintor paranaense cuja trajetória foi marcada por um apreço profundo pela paisagem, e de André Nacli, que, pela fotografia, tenta registrar um outro tempo – o das eras geológicas, do crescimento das árvores, do correr dos rios. De um lado, encontramos uma pintura discretamente solar, bastante lavada, marcada pelo uso de verdes, amarelos e azuis pouco saturados e meio manchados; as figuras são pouco definidas, sem contorno, e a urgência da pincelada se faz evidente pelas nesgas de tela que aparecem por detrás, intocadas. De outro, algumas fotografias nítidas trazem recortes da natureza em dias de luz branca e difusa, nas quais a textura dos elementos orgânicos do ambiente se faz intrincadamente visível pela lente; já em outras, apesar da imagem cristalina, há uma névoa densa por toda a superfície que cria uma veladura a embaçar a vista. Em comum, Nacli e Bakun parecem buscar olhar para os mesmos elementos: as típicas araucárias da paisagem paranaense, a mata embaralhada, enquanto também procuram enquadramentos inusitados, ora em composições de pouco ou nenhum céu, ora em perspectivas verticais que recortam apenas um vislumbre da cena. Também em um traço compartilhado pelos dois artistas, os trabalhos sugerem uma certa atmosfera melancólica, talvez pela ausência quase total de figuras humanas ou animais (elementos que, naturalmente, poderiam habitar essas paisagens). Desse modo, mesmo em tempos distintos – afinal, estão distanciados por, praticamente, meio século -, parecem olhar para um mesmo ambiente, um mesmo contexto, um mesmo momento suspenso, que não carrega outras marcas e indícios de civilização que não uma ou outra casinha, e que não revela sua brasilidade a não ser pela espécie de pinheiro típica da região sul do país. Desse modo, é possível notar como tanto o fotógrafo quanto o pintor transmitem em suas obras uma leitura de um lugar, das naturezas que encontram, reproduzindo suas impressões nubladas e suas emoções nostálgicas em cada trabalho. É por isso que a interlocução estabelecida como cerne de “Paisagens Interiores” trata simultaneamente de espaços imaginários e reais, líricos e concretos, imutáveis e fugidios, passados e futuros e, igualmente, sem tempo definido, congelados no gesto da pincelada e no segundo do clique. Bakun e Nacli, mesmo que separados pelo suporte, pela biografia e pela circunstância, encontram-se nessa exposição lado a lado, refletindo sobre o papel da paisagem na construção de uma ideia de lugar, mais do que de um lugar em si.

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Exposição de fotos de Julia Kanter

Diante dos trabalhos de Julia Kater, temos a sensação de que ela parece vagar sozinha, com sua câmera, entre as paisagens, olhando lentamente para a textura da natureza diante de seus olhos. Neste caminho do vagar é que ela encontra os grãos de saturação para suas imagens, nos quais a cor, o som e o movimento são fixados a partir do clique fotográfico, transformando-se em silêncio e em um fluxo atemporal e acalmado. Na série fotográfica Quase um, reunida na mostra individual da artista, ela se coloca em um limiar imaginário existente entre o mar e o céu. Algumas das fotografias partem de uma ideia de contínuo, que nos confunde enquanto espectadores, e, em outros casos, há uma baixa linha do horizonte, que se estende e divide nosso campo de visão. Nestes trabalhos, parece existir uma certa vontade de mar que é interrompida pela imensidão do céu.

Esta vontade de mar relaciona-se ao desejo de habitar um “espaço liso por excelência”[1], ocupado mais por acontecimentos do que por coisas formadas e já percebidas. Neste espaço “liso” não há distinção entre fios nem tampouco entrecruzamentos; há apenas um emaranhado de fibras, que servem como palco e plataforma para a causalidade. Neste desejo, recusa-se aquela paisagem já formada, o espaço estriado, e aponta-se para uma tentativa de construção de uma outra paisagem e de uma outra experiência diante dela.

Ao nos debruçarmos mais atentamente nestas fotografias, percebemos que, além desta linha que se estende horizontalmente, há uma série de cortes feitos em toda sua composição. A fotografia sai do plano, e constrói-se a partir de camadas, que carregam, em si mesmas, os gestos conduzidos pelo corpo da artista. Esta marca de precisa gestualidade nos apresenta uma longa empreitada de pesquisa sobre a paisagem retratada. Kater nos convida a ultrapassarmos uma certa objetividade convencional da fotografia, e sua visão, que constantemente escaneia, disseca e remonta o objeto visível, aponta para a certa invisibilidade que existe no cerne das coisas. Kater não procura duplicar ou replicar pelo corte e pela montagem: ela nos apresenta a singularidade do fenômeno visível.

Quase um é uma metáfora para o modo pelo qual percebemos o mundo. Captamos e decodificamos, continuamente, a partir da luz incidente em nossas retinas, as imagens dos diversos fragmentos espaciais e objetos que nos circundam. Eles tornam-se paisagem a partir do momento em que os entendemos como partes de um todo. Olhar duas vezes para um mesmo lugar é modificar a paisagem. A paisagem não existe sem nossa presença e sem uma unidade temporária que nós mesmos damos a ela.

Nas operações de corte e montagem, realizadas pelo nosso olhar e escancaradas pelas fotografias da artista, revelam-se as cascas do todo paisagem que nos cerca. Estas cascas nos convidam a olhar para dentro, e não através de suas camadas. Neste movimento para dentro é que chegamos às fissuras entre o mundo concreto e o espaço por nós percebido, onde existem e ressoam imaginários profundamente sentidos e, em alguns casos, pouco falados. Em Quase um, Julia Kater nos convida a olhar para as cascas da imagem, nas quais acessamos tanto a memória do instante capturado pela fotografia quanto da performance da própria artista que recorta e remonta sua superfície. Este olhar desestabiliza a certeza de nossas representações de mundo e nos leva a habitar um espaço em que tudo é possível, inclusive vir a ser mar.

Ana Rom

Até 18 de dezembro

In memoriam de Jaider Esbell

04/nov

 

Jaider Esbell transformava mundos e pessoas com sua presença provocadora e generosa. Não vinha para pacificar ou para simplificar, mas para tensionar incansavelmente soluções e arranjos cristalizados, concebidos para manter um status quo violento e opressor. Desmascarava hábitos colonizadores introjetados nas rotinas institucionais, desafiava aqueles que o cercavam a colocar em dúvida suas certezas e, invariavelmente, oferecia modos de resolver impasses, promovendo esforços de diplomacia e tradução com uma energia criadora que parecia inexaurível. Não trilhava caminhos conhecidos ou sequer concebidos antes dele, mas mostrava e demonstrava a necessidade de outras parcerias, outras maneiras de trabalharmos juntos.

 

Era decidido, firme e objetivo, nunca condescendente. Era sempre construtivo, principalmente quando demolia visões ultrapassadas do mundo e da arte. Nos longos meses de preparação da Bienal, poucos momentos foram tão intensos quanto a fala em que Jaider, no pavilhão ainda vazio e silencioso, compartilhou conosco, publicamente, seus sonhos, reafirmando sua atuação fundamental na articulação da cena da Arte Indígena Contemporânea. Fundamental, isto é, para todos, para que chegue mais cedo o momento em que as mudanças que sabemos serem necessárias e inadiáveis possam de fato acontecer.

 

As conversas e trocas com ele foram decisivas na definição da participação de artistas indígenas na Bienal, na realização da mostra Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea no MAM São Paulo e na programação pública batizada por ele como “Bienal dos Índios”.  Sem seu exemplo, teria sido muito mais árido pensar a possibilidade da Relação como qualidade definidora da arte e da experiência humana. O sentido geral da mostra se tornou outro pela sua presença, e agora ele se transforma outra vez por sua ausência. Mas essas trocas tiveram um impacto ainda mais amplo, para além da 34ª Bienal: Jaider Esbell é um dos catalisadores de uma mudança irreversível no debate da arte, da cultura e da diferença no nosso continente.

 

Seus braços iam longe, abraçavam seres, pessoas, saberes, visões de mundo e povos em encontros inaugurais, em que a diferença não era um fim em si mesmo, mas um princípio ativo para iniciativas contracoloniais. Seus olhos brilhavam com a convicção de uma missão a ser vivida, a qual ele podia resumir compartilhando um sonho, criticando os princípios do sistema da arte ou defendendo o sentido ativista e político da atuação tática de artistas indígenas contemporâneos.

 

Para nós, será impossível pensar nesses anos de trabalho e convívio sem sentir saudade do olhar desse artista, curador, escritor, agitador, pensador… desse amigo, desse txai. Sem ele, ficamos com a dor de uma perda gigantesca e irreparável. Ficamos também com a responsabilidade de levar adiante, coletivamente, o que ele iniciou. De seguir no caminho que ele concebeu e demonstrou ser possível. Ficamos com a tarefa de não deixar que o processo que a sua sabedoria soube iniciar se detenha ou regrida, de lutar para que se mantenha contínuo, irreversível e transformador.

 

Jaider Esbell partiu, mas continuará entre nós sua energia, que provoca efeitos imediatos, mas também rearranjos profundos e mudanças duradouras.

Em sua memória, estendemos os braços a todas e todos que foram tocados por sua presença, em especial seus familiares, amigos e aliados de longa data.

 

Gratidão.

 

 

Jacopo Crivelli Visconti e Paulo Miyada

5ª Bela Bienal

Na 5ª Bela Bienal

 

“A Natureza na Arte” é a titulação do tema da 5ª edição da Bela Bienal Europeia e Latino Americana que reúne 130 artistas de vários países e propõe diálogo entre Arte e Sustentabilidade.

 

A arte como agente de reflexão sobre sustentabilidade e questões ambientais. Este é o mote da Bela Bienal Europeia e Latino Americana de Arte Contemporânea, que chega à sua 5ª edição com o tema “A Natureza na Arte” e presta homenagem aos artistas Ivald Granato (in memoriam) e Neville D’Almeida. Evento itinerante que este ano já esteve na Finlândia, aporta no Brasil com agenda em algumas importantes cidades, começando pelo Rio de Janeiro, mais precisamente no Centro Cultural Correios RJ, a partir do dia 04 de novembro. Sob curadoria do finlandês Jari Järnström e do brasileiro Edson Cardoso – proprietário da AVA Galleria, na Finlândia – a mostra reúne 100 artistas brasileiros e 30 de diversas nacionalidades, entre finlandeses, holandeses, italianos, russos, portugueses, mexicanos e argentinos. Todos possuem em comum a proposta de promover um diálogo consistente entre culturas distintas através da exposição de suas obras, manifestadas através de diferentes linguagens (desta vez artísticas): fotografia, pintura, gravura, objetos e uma instalação.

 

“Promovendo esse diálogo intercultural, mostramos ao público em geral o que artistas de diferentes culturas estão desenvolvendo na arte contemporânea, unificando as distâncias continentais através de seus olhares sobre um único tema. Desejamos evidenciar a importância destas obras como agentes de reflexão sobre a preservação ambiental, bem como de suas raízes e tradições”, afirma um dos curadores, Edson Cardoso, que já realizou exposições nas principais cidades do mundo: Sede da ONU, Museu do Louvre, Prefeitura de Osaka, Museu de Braga e em outros espaços importantes no Brasil como Museu Oscar Niemeyer, MAMRio, MuBe – Museu de Esculturas, Museu Histórico Nacional.

 

Relação dos artistas convidados

 

Brasil: Ademar Galvão, Adilson Barbosa, Almir Reis, Alexandre Pinhel, Alzira Chaloub, Amanda  Sanzi, Ana Kariri, Andrea Bretas, Angela Del Nero, Ângela Vielitz, Antônia Célia, Artur Teixeira, Beré Magalhães, Carmen Thompson, Carol Couri, Clau Loureiro, Claudiah Arantes,  Cota Azevedo, Cuscua, Cristina Melo, Damiana Siqueira, Daniele Blóris, Débora Netto, Diego Mendonça, Edilton Gomes, Edith Rizzo, Emily Pinheiro, Francelino Mesquita,  Francisco Schönmann, Gerard Laurence, Gisele Parno, Goretti Gomide, Gui Mazzoni, Glória Chan, Isabella Leme, Itamar Xavier, Ivo Almico, J. Vasconcellos, Jabim Nunes,  John Erick, Joseph Figorelle, Juarez Leitão, Jussara Santos, Karol Schittini, Lemuel Gandara, Lan Liana González, Lu Magalhães, Luah Jassi, Lucia Costa, Luiz Barroso, Luiz  Macedo, Mara Estela, Márcia Chagas Duque, Marcelo Duprat, Márcio Kozlowski, Marcus Amaral, Maria Amélia, Maria Eduarda Boabaid, Maria Esmênia, Mariette Silveira, Marilu Andrasan, Mario Marques, Maximilian Rodrigues, Monsyerra Batista, Moyses Chama, Natalia Krüger, Patylene, Paula Saraiva, Pedro Diniz Kubitschek, Rafael Agostini, Rafael Lucchesi, Ragnaia Coutinho, Renata Costa, Roberto Gallo, Roberto Negri, Rodrigo Cid, Rogério Mariano, Rosa de Jesus, Rúbia Viegas, Sonnia Guerra, Soraya Kolle, Stela Barreto, Tamara Batista, Vanessa Gracie, Vera Goulart, Vinicius Gomes, Vitor Fio, Wesley Monteiro.

 

Finlândia: Anna Emilia Järvinen, Annukka Visapää, Antti Raitala, Bela Czitrom, Dan Palmgren, Elisa Daart, Hanna Uggla, Hanna Varis, Hannele Haatainen, Iria Ciekca Schmidt, Jari Järnström, Kristina Elo, Laura Pohjonen, Maaria Märkälä. Maj-Lis Tanner, Marko Viljakka, Merja Hujo, Mona Hoel, Nonna-Nina Mäki, Paula Mikkilä, Piippa Mutikainen, Päivi, Kukkasniemi, Päivyt Niemeläinen, Raija Kuisma, Seppo Lagom, Sirkka Laakkonen, Sirpa Heikkinen, Ulla Remes, Ulla-Maija Vaittinen, Ursula Kianto.

 

Itália: Alda Picone, Judith Paone, Mauro Trincanato, Umberto Nigi.

 

Rússia: Smolow.

 

Portugal: São Mathias Nunes.

 

Holanda: Adriano Antoine.

 

México: Linda Achar.

 

Até 09 de janeiro de 2022.

BELIZÁRIO

BELIZÁRIO inaugura com Maxim Malhado

“…nesse momento e antes do ontem também, é a possibilidade de me ver e observar o outro!”
Maxim Malhado

 

A BELIZÁRIO Galeria, Pinheiros, inaugura novo espaço cultural em São Paulo com a exposição de Maxim Malhado – “…lá do lugar onde moramos”, sob curadoria de Marcus Lontra, com 15 trabalhos entre esculturas e objetos onde o material de destaque é a madeira que descreve conceitualmente a verdade em que “toda casa é bela; toda casa tem um metro a mais de grandeza, inclusive e principalmente a sua!”, como define o galerista Orlando Lemos.

José Roberto Furtado, Luiz Gustavo Leite de Oliveira e Orlando Lemos, os artífices da nova galeria, inserem no circuito expositivo paulistano uma nova opção de local de propagação artística destinado a divulgar e comercializar obras de arte moderna e contemporânea. O projeto da Belizário Galeria tem origem em Belo Horizonte, onde os três amigos se conheceram e, por sua experiência no cenário artístico mineiro, lhes dá o respaldo necessário para apresentação de um trabalho de alto padrão e originalidade que se estabelece desde sua apresentação ao circuito local com a produção recente e inédita do artista plástico Maxim Malhado.

“…lá do lugar onde moramos” reúne um conjunto expressivo da produção recente do artista. Suas obras dialogam com o artesanato e o design popular construindo uma arqueologia da memória, onde objetos são ressignificados e reconstruídos. Ele dialoga com artistas nordestinos de sua geração como Carlos Mélo e José Rufino e também, com Nuno Ramos e Tunga. Essa é a família expressionista onde o artista se insere; esse é o seu universo, essa é a sua voz”, explica o curador.

Maxim Malhado chega ao circuito artístico nos anos de 1990 com suas obras que transmitem sofisticação e detalhamento na simplicidade da escolha e seleção de materiais e formatos – “os critérios são os mesmos de mestres e ajudantes de obras em seus “canteiros”, o desejo, a vontade e necessidade de solucionar dúvidas e problemas, buscar respostas”, diz o artista. A definição do local onde morar, oferece possibilidades de imersão intelectual que podem direcionar tanto para o aspecto material da “casa”, onde se habita e fixa moradia como mais lúdico, imaterial, direcionado ao “corpo”, o real habitat humano, onde também se constrói história. Nas palavras de Marcus Lontra, “A Bahia hedonista, litorânea, sensual, soteropolitana, abre espaço para a Bahia agreste, interiorana, sertaneja, nordestina. Essa é a terra, o território, a fonte de saberes de onde o artista retira suas pedras e pérolas para montar composições poéticas carregadas de autenticidade e potência natural”.

Participante, consciente e atento ao cenário atual, tanto global como próximo ao local onde desenvolve seus trabalhos, Maxim Malhado assume seu papel de conscientização geral com sua arte, e assume posicionamento não estático, sempre em evolução, em movimento, com o que vem a seguir. “Sempre há desdobramentos, necessário, pois se até as frutas pecam…não existe o erro”, declara o artista.

 

“Admirando essas articulações formais e conceituais, aprendemos com Maxim Malhado que somente a ação criativa dignifica a espécie humana. E que a capacidade de inovar, transformar e interpretar aquilo que chamamos de real, possa municiar ao ser humano as ferramentas essenciais para que a arte e a ciência sejam para todo o sempre os “santos guerreiros” que protejam o mundo dos “dragões da maldade”.” Marcus Lontra

 

Sobre a galeria

 

A BELIZÁRIO Galeria chega ao mercado de arte de São Paulo em 2021 e é resultado de uma parceria entre Orlando Lemos, José Roberto Furtado e Luiz Gustavo Leite. Um conceito de espaço para cultura que nasce em Belo Horizonte com Orlando Lemos e a Objetaria Belizário, que se transforma na Galeria Belizário, também em Belo Horizonte, fazendo exposições de arte de novos e promissores artistas como Paulo Nazareth que inicia sua trajetória no local. Sua proposta visa se apresentar como uma opção adicional de participação e visibilidade da produção de artistas emergentes e consolidados no panorama da arte contemporânea brasileira no circuito paulistano de cultura. A galeria se junta ao movimento que busca promover horizontes que estabeleçam novos meios de redirecionar e ampliar o mercado de arte, pensando nas diferentes trajetórias e produções artísticas que o compõe. Assim, visando a fomentação da diversidade cultural intrínseca na contemporaneidade, serve de palco para artistas novos e estabelecidos, nacionais e estrangeiros, em parcerias com curadores que também estejam imbuídos do mesmo propósito. Na BELIZÁRIO Galeria, procura-se atender a um público que busca a aquisição de trabalhos artísticos e, também, a criação e fomento de novas coleções. O seu acervo é composto por diferentes temas e estéticas, mediante o universo poético de cada artista. Seu repertório abrange trabalhos artísticos de diferentes linguagens, suportes, técnicas e mídias como desenho, escultura, fotografia, gravura, pintura, instalação e outras. A BELIZÁRIO tem Orlando Lemos na direção artística, atuante no universo da arte desde 2001, José Roberto Furtado na gestão administrativa e comercial e Luiz Gustavo Leite na direção social.

Abertura: 06 de novembro, sábado, das 11h às 18h

De 08 de novembro a 05 de dezembro.

Marcela Cantuária – Esperança Equilibrista, 2019

27/out

 

A Gentil Carioca tem o prazer de convidar a todos para “Esperança Equilibrista”, primeira exposição individual da artista Marcela Cantuária em São Paulo, no espaço da Coleção Ivani e Jorge Yunes.

A artista traz parte do projeto “Oráculo Urutu”, realizado em parceria com o fotógrafo Pedro Garcia, com arquétipos derivados de músicas, poesia, arte e literatura brasileiras. Também apresenta “Oratórios”, série inédita de obras-homenagens às mulheres ativistas que tiveram suas trajetórias interrompidas.

“Esperança Equilibrista”, título da exposição, homônimo à primeira obra da série “Oráculo Urutu”, é uma referência direta à canção “O Bêbado e o Equilibrista” composta por Aldir Blanc e João Bosco durante o período ditatorial, e que serviu de hino do fim da repressão. A música, imortalizada pela voz de Elis Regina, fala sobre um porvir de liberdade mesmo em uma situação de violência institucionalizada.

A exposição é um convite da Kura by Camila Yunes para a sexta edição do projeto Caixa de Pandora, que convida artistas contemporâneos a dialogarem com a Coleção Ivani e Jorge Yunes.

 

Visitação de quarta à sexta de 10h às 14h I 27 out a 10 dez 2021
Agendamento em caixa@kuraarte.com.br / www.kuraarte.com.br