Arquivos da Categoria: São Paulo
MAB ao vivo: Conversa com Marcelo D’Salete
21/jul
O Museu Afro Brasil, São Paulo, SP, – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil, organização social de cultura – informa que hoje, 21 de julho, às 17h, ocorrerá a primeira live do projeto MAB ao vivo. Trata-se de uma ação em parceria com a campanha #CulturaEmCasa que busca abrir diálogos entre artistas contemporâneos, intelectuais, ativistas e as propostas curatoriais do museu. Junto de nomes de destaque nas artes plásticas, música, teatro e literatura nacionais, o Museu Afro Brasil realizará conversas para ampliar o diálogo entre os trabalhos dos convidados, a conexão com a missão da instituição e o dia a dia da sociedade brasileira.
Feita de maneira totalmente remota (online), as atividades buscam utilizar redes sociais e canais de comunicação virtual para envolver os públicos em um cenário onde o contato presencial é reduzido.
O primeiro encontro conta com a participação de Marcelo D’Salete. Vencedor do Prêmio Eisner de 2018, D’Salete é um dos principais nomes dos quadrinhos e da literatura brasileira contemporânea, sendo autor de títulos já consagrados como Angola Janga (2017), Cumbe (2014) e Encruzilhada (2011). Além disso, também é professor e mestre em história da arte pela USP; tendo exposto suas obras no Museu Afro Brasil, SESC Araraquara, entre outros.
Acompanhe para saber mais!
INFORMAÇÕES
Quadrinhos, literatura, história e arte afro-brasileiras
Convidado: Marcelo D’Salete / Mediação: Renato A. Rosa
Data: 21 de julho de 2020, às 17h.
Onde? Plataforma #CulturaEmCasa. Para assistir basta clicar aqui.
Diálogos instigantes
12/jun
#MAMonline | 8 jun
08/jun
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museu de arte moderna de são paulo | ||||||||||
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Eleonore Koch / Alfredo Volpi
13/mar
A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 09 de abril a primeira exposição do ano, que reúne obras de Eleonore Koch e Alfredo Volpi. Pinturas produzidas por Volpi nas décadas de 1950 e 1970 dividem o espaço das duas salas da galeria com pinturas que Eleonore Koch produziu nas mesmas épocas. Além destas, um dos cadernos de desenho da artista elaborado entre as décadas de 1950 e 1980 e um farto conjunto de estudos em gravura, pintura e desenho produzidos por ela entre as décadas de 1970 e 1990 também integram a mostra. O diálogo entre Volpi e Eleonore Koch nesta exposição ressoa a importante relação de trocas que tiveram ao longo dos anos – inicialmente como professor e aluna e depois como amigos e parceiros de profissão – dando continuidade ao programa iniciado pela galeria em 2019, que apresenta de maneira simultânea obras de artistas que possuíram um diálogo durante a sua trajetória ou que podem ser lidas a partir de aproximações conceituais e poéticas.
Naturezas-mortas, jardins ingleses, ambientes domésticos, marinhas e desertos. Ao longo de sua produção, Eleonore Koch (Berlim – Alemanha, 1926) explorou, através destes temas, o manejo de cores e formas que materiais como a têmpera, o pastel, o óleo, o grafite e o carvão lhe permitiam. Os campos de cores que preenchem os elementos de suas composições evidenciam sua estrutura através das pinceladas ou dos traços em paralelo que os compõem, transparência de um fazer que se traduz também no uso da perspectiva – quando a representação de alguns objetos mostra-se fiel a um ponto de fuga ao mesmo tempo em que a de outros ignora-o completamente, reduzindo-os a formas geométricas planificadas. Koch permite aos seus jarros de flores que flutuem no espaço e que o chão e o teto se distingam apenas pela cor. Seus estudos em grafite nos mostram que sua preocupação não centrava-se somente na cor, mas também no arranjo das geometrias – das linhas e superfícies – e no balanceamento de tons que o lápis lhe permitia explorar através das intensidades do traçado.
Frequentemente mencionada como discípula de Volpi, Eleonore Koch possuiu uma formação bastante diversa, através de professores artistas como Yolanda Mohalyi, Samson Flexor, Bruno Giorgi, Elisabeth Nobiling e Arpad Szenes e também de suas temporadas de estudo e trabalho fora do Brasil, em Paris entre 1949 e 1951 e em Londres entre 1968 e 1989. A maioria dos estudos e pinturas que integram a exposição foram produzidas justamente durante os vinte anos que viveu na Inglaterra, onde admitiu ter sofrido grande influência da pop art britânica, através do trabalho de artistas como David Hockney. Estão reunidos na mostra alguns conjuntos de estudos que permitem ao público observar o desenvolvimento de uma pintura ou de um pastel a partir de pequenas variações dos elementos que as compõem – como a composição de uma mesa e cadeira que em uma das versões se apresenta somente em traços esquemáticos e em outra já se soma outra cadeira à frente de um fundo negro em carvão, variando em mais três versões. O trabalho com texturas, presente no emprego da têmpera e do carvão, se completa no uso da colagem de papel cartão e papel jornal que dão forma e cor aos vasos, árvores, pétalas e até mesmo aos degraus das escadas dos seus jardins. Recortes do que parecem ser listas telefônicas dos residentes da cidade de Londres dão profundidade e ritmo às frondosas copas das árvores através dos grafismos dos números e das letras que os compõem.
Pertencente a uma geração anterior de imigrantes europeus que fixaram residência no Brasil, Alfredo Volpi (Lucca – Itália, 1896) estabelece-se em São Paulo ainda mais jovem que Eleonore, com apenas um ano de idade. O encontro com Koch se daria dali a 56 anos, em 1953, em seu ateliê no bairro do Cambuci, por intermediação do colecionador, crítico e psicanalista Theon Spanudis. Naquele mesmo ano, Volpi receberia o prêmio de Melhor Pintor Nacional conferido pela Bienal de São Paulo, onde havia apresentado suas “Casas”, representações de fachadas de casas populares sintetizadas em formas geométricas. A década de 1950 marcava um momento de maturação da pesquisa de Volpi sobre a simplificação formal de suas composições. Já distanciada de um certo figurativismo que havia guiado sua produção até então, empenhava-se na construção de um vocabulário de formas elementares que surgiam das portas, janelas, arcos e bandeirinhas que faziam parte de seu cotidiano e que lhe serviram para explorar as possibilidades da técnica e da composição.
Volpi inicia seu contato com a pintura em 1911, trabalhando como pintor decorativo de paredes, ofício que mantém até pelo menos a década de 1940. Sua expertise artesanal também lhe deu suporte quando trocou a tinta a óleo pela têmpera, indo na contramão do imaginário industrial da década de 1950. Foi com Volpi que Eleonore Koch aprendeu as técnicas de uso e preparo da têmpera e de pigmentos feitos a partir de terras naturais, e foi também a partir dali que passou a adotá-las frequentemente em suas pinturas, definindo seu estilo. Os debates figuração vs. abstração, formalismo vs. informalismo eram bastante intensos naqueles anos que Koch passou com Volpi em seu ateliê, entre os anos de 1953 e 1956.
Em 1953 o MAM/RJ organiza em Petrópolis a 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, reunindo diversas tendências do abstracionismo no Brasil, do lírico ao geométrico, e em 1956 o grupo Ruptura organiza a I exposição Nacional de Arte Concreta no MAM/SP, que já explicitava divergências dentro do próprio movimento concreto. Apesar de ter sido um dos participantes desta última mostra – que também ocorreu no Rio de Janeiro no ano seguinte -, Volpi preferia abdicar da associação a grupos ou movimentos, optando pela liberdade de poder incorporar em suas obras elementos plásticos de variadas ordens. Tal posicionamento pode ser explicitado não somente pelos afrescos que produziu na capela de Nossa Senhora de Fátima em Brasília, mas também pela pintura da década de 1950 apresentada nesta exposição, na qual figura um anjo humanóide sobre um fundo de losangos verdes e azuis. Essa fluidez entre a figuração e a abstração ou entre o formal e o informal também pode ser encontrada nas pinturas da década de 1970, como “Fitas e Mastros”, por exemplo. Neste caso, a obra transita entre uns e outros através de uma composição ritmada formada pelo intercalamento de cores em uma malha geométrica irregular.
Um artista e sua coleção
09/mar
A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, expõe a mostra “Coleção de um Artista” com 31 obras de 9 artistas – Alfredo Volpi, Amélia Toledo, Antonio Dias, Claudio Tozzi, Hércules Barsotti, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Tuneu e Willys de Castro – datadas entre 1958 e 2008. O inovador marchand faz uma exposição Pop-Up, com duração de nove dias, resultado de um reencontro entre amigos com mais de cinco décadas de relacionamento estabelecido em bases sólidas e confiança. Ricardo Camargo e Tuneu se reencontram após um longo período o que só reavivou o relacionamento construído pela admiração e respeito mútuos e de ambos pela arte brasileira e seus artistas.
“Na Art-Art conheci Ricardo Camargo que começava sua própria carreira com o irmão. Passaram-se cinquenta e dois anos. Aqui estamos numa exposição da coleção de um artista (Eu). O conjunto de obras que foi possível por meu interesse e amizade com alguns artistas que mantive contato desde o final da década de 1960”, declara Tuneu.
No início da segunda década do milênio, Ricardo Camargo seleciona 29 obras da coleção pessoal de Tuneu, inéditas em quase sua totalidade, com exceção de um Volpi e um Barsotti já com participação em retrospectivas em museus, para a montagem afetuosa de uma exposição.
Trabalhos de Willys de Castro e Hércules Barsotti compõe grande parte da exposição e são artistas com quem Ricardo compartilhou almoços aos sábados no Restaurante Gigetto, onde ouviu, de fonte primária, opiniões, características e conceitos dos grandes mestres da arte brasileira contemporânea. Com sua visão experiente, Ricardo Camargo, juntou à essa seleção duas obras de autoria do próprio Tuneu, de uma pequena série não exibida até o momento.
“Estou lisonjeado por ele ter me dado essa oportunidade de apresentar um conjunto de obras significativas.”, define Ricardo Camargo.
“Acredito que o impacto que a obra de um artista gera em nós, artistas, é nossa afinidade estética e logo vem a pergunta: como fez isto? Nosso primeiro interesse é o diálogo com os colegas. Assim a coleção de um artista tenta manter consigo um diálogo em sua parede e, diariamente, estabelece laços muito particulares com este universo”, conclui Tuneu.
Sobre Ricardo Camargo
Ricardo Camargo começou sua trajetória aos 15 anos de idade, por intermédio de seu irmão, o marchand Ralph Camargo, com quem trabalhou na galeria Art-Art, que em São Paulo foi a pioneira no lançamento dos artistas da geração 1960. A partir daquele momento e ao longo dos 48 anos seguintes de sua carreira firmou parcerias e conheceu várias pessoas que se tornaram importantes para a arte brasileira, como Pietro Maria Bardi (Diretor do MASP por 45 anos), Volpi, Wesley Duke Lee e Flávio de Carvalho. Em meio a tantos anos de profissão se destacou o momento em que recebeu o convite para ser o curador de Anita Malfatti, Lygia Clark e Tarsila do Amaral na exposição “Latin American Women”, em março de 1995, organizada pelo Milwaukee Art Museum em Wisconsin, e que percorreu posteriormente os Museus de Phoenix, Arizona, Denver, Colorado, finalizando em Washington D.C., Estados Unidos. Um traço marcante de sua carreira é a diversidade de estilos, evidente nas mais de 90 exposições que realizou – de exposição de Arte Pré-Colombiana à Vanguarda Tropical, de obras modernistas às contemporâneas. Ricardo Camargo é hoje um dos poucos donos de galeria em São Paulo que atua no mercado de arte desde a década de 1960 e que continua ativo em sua Galeria, que, em 2020, comemora 25 anos de atividades profissionais. Dentre as características próprias da Ricardo Camargo Galeria está o ineditismo de suas exposições “Mercado de Arte”, que reúne a cada edição pelo menos 20 obras inéditas ou que estejam há mais de duas décadas fora do mercado e “Recortes de Coleções”, que capta e comercializa obras das coleções de colecionadores de arte.
Abertura: 18 de março, quarta-feira, às 19h.
Período: 19 a 27 de março.
Encontro com Yuko Mohri
17/fev
Construída por meio de conversas e relações, a 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, busca se expandir no espaço e no tempo por meio de exposições e eventos em curso até setembro de 2020 – muitos em colaboração com outras instituições da cidade. Na Oficina Cultural Oswald de Andrade serão realizados encontros públicos com artistas e curadores convidados, onde será possível conhecer suas pesquisas, discursos e práticas artísticas em proximidade e diálogo.
Sobre a artista
Yuko Mohri nasceu em 980, Kanagawa, Japão. A artista produz instalações compostas por elementos mecânicos vindos de utensílios domésticos e de outros objetos cotidianos. Muitas vezes, se pauta pela filosofia japonesa do You-no-bi, ressignificando esses objetos com um olhar apurado, observando o belo no ordinário. Dentre suas individuais, destacam-se as apresentadas no Camden Arts Centre (Londres, Inglaterra, 2018); Mori Art Museum (Tóquio, 2016). Seu trabalho foi incluído em diversas exposições coletivas, dentre elas: a 5ª Bienal de Arte Contemporânea de Ural (Rússia, 2019); Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam (Havana, Cuba, 2018); 14ª Bienal de Lyon (França, 2017); Kochi-Muziris Biennale 2016 (Índia, 2016); Yokohama Triennale 2014 (Kanagawa, Japão, 2014). Vive em Tóquio. A conversa com o público na Oficina Cultural Oswald de Andrade acontece na quarta, 19 de fevereiro, às 19h30.
Entrada gratuita / 50 vagas (participação por ordem de chegada).
“Portal” de Alexandre da Cunha
10/fev
A Galeria Luisa Strina, Cerqueira Cesar, São Paulo, SP, exibe sua exposição inaugural de 2020, “Portal”, mostra solo de Alexandre da Cunha, a sexta do artista na galeria. Ocupando as duas salas expositivas, pode-se dizer que Da Cunha apresenta duas individuais simultâneas, separadas e distintas. Na sala principal, o artista mostra esculturas baseadas na estrutura de biombos: divisórias feitas de materiais e objetos diferentes, como um pára-quedas, esfregões ou bandejas de alumínio.
Já na sala 2, Alexandre expõe duas séries de desenhos que, datadas de 1987 e 1998, pressagiam vários dos temas e inquietações de toda a sua produção posterior. A maioria das obras estruturadas como biombos é inédita. Existe apenas uma peça dessa nova família de trabalhos que já foi mostrada, em 2017, na exposição do artista no Pivô. “Era uma espécie de porta que na verdade surgiu da apropriação do trabalho manual do cotidiano da indústria do ferro; são placas originalmente utilizadas para recortar pequenos perfis para fazer reparos que, depois de ficarem esburacadas, são descartadas. O que eu fiz foi interromper no meio do processo de cortes uma das chapas que me interessou formalmente, pelos desenhos involuntários gerados pela ação dos operários da indústria”, conta Da Cunha. Essa espécie de estética involuntária, ou expressividade encontrada, é um dos principais leitmotivs da obra do artista, e está presente também nas esculturas feitas de betoneiras, cujas marcas de amassado não foram feitas pelo artista, mas sim vistas por ele como expressão material de interesse. Na obra exposta no Pivô, intitulada Portal, outro leitmotiv de Alexandre se evidencia: a apropriação da estética da escultura modernista feita em metal, como em Anthony Caro, William Tucker ou Phillip King. Com este último, Alexandre realizou uma exposição em 2018 (Duologue, The Royal Society of Sculptors, Londres). Na exposição “Portal”, Alexandre da Cunha apresenta todo o conjunto de obras alinhado, algumas peças presas perpendicularmente às paredes e, outras, autossustentadas sobre o chão, sem diagonais: uma coisa depois da outra. Apesar de terem partido da estrutura de biombo, cada obra possibilita observar através dela, abarcando o conjunto de maneiras diversas, conforme se caminha pelo espaço. “Muita gente fala sobre a criação de um ambiente nas minhas exposições, o que na realidade não é algo que procuro, pois penso cada obra como um elemento autônomo; eu faço esculturas, não faço instalações”, afirma. Outra característica desta nova série é que a ideia das bordas, das divisões, das fronteiras, já trabalhada de outras maneiras pelo artista, ressurge aqui de forma especial, por causa da inversão proposta por Da Cunha: em lugar de criar uma série que é reconhecível pela escolha dos materiais utilizados, prática mais recorrente em sua obra, na exposição apenas a estrutura se repete, enquanto os materiais e objetos utilizados em sua confecção mudam de uma peça para a outra. “Decidi experimentar essa fricção de um material “contra” o outro. Trata-se de um conjunto Página 1 / 3 definido apenas pela tipologia da peça. São esculturas que dividem o espaço.” Uma vez instaladas no espaço da galeria, as novas esculturas estabelecem um diálogo potente com a arquitetura. As duas peças que o artista concebeu a partir de bandejas de alumínio evocam a arquitetura modernista adaptada às necessidades do clima nos trópicos. No final dos anos 1940, o arquiteto francês Jean Prouvé projetou uma casa modular que seria de fácil reprodução, com o objetivo de sanar a falta de moradia nas colônias francesas na África; dois protótipos de sua Maison Tropicale foram construídos, um na Nigéria e outro no Congo, mas a utopia do design de impacto social não foi produzida em larga escala. A ideia do objeto pré-fabricado que se transmuta em obra de arte, entretanto, respira nessas divisórias prateadas de Da Cunha: leves e ventiladas, elas são constituídas de padronagens pré-fabricadas e invertidas (da horizontal para a vertical, da mesa ou do forno para um agrupamento empilhado e elegante dentro de um cubo branco), sua função social (prato-feito, cozinha industrial) escamoteada para que os materiais se sustentem na vertical como presença escultórica. Sobre os desenhos, Alexandre explica que teve uma surpresa ao revisitar esses dois grupos de trabalhos, um que enfatiza a linha do desenho, deliberadamente figurativo e narrativo, o outro constituído de volumes desenhados, algo que se poderia considerar mais próximo da pesquisa pela qual ficou mais conhecido. O que lhe interessou compartilhar desta (re) descoberta foi a presença de temas e de gestos naqueles desenhos que seguem protagonizando a sua obra, como o erotismo, por exemplo.
Sobre o artista
“Meu processo de trabalho é baseado na observação de objetos. Eu sempre fiquei intrigado com a enorme quantidade de coisas que precisamos para viver e os papéis dos objetos ao nosso redor. Estou interessado nos processos de design, fabricação e distribuição deles entre nós. Grande parte do meu trabalho consiste em me forçar a aprender sobre as estruturas dos objetos comuns e as narrativas por trás deles, seus usos culturais e suas implicações na sociedade. O método de transformação ou brincadeira com sua aparência geralmente ocorre por meio de alterações muito sutis; Acredito que esse processo tenha mais a ver com o tempo do que com a intervenção física. Trata-se de criar uma plataforma e permitir que o espectador veja algo familiar de um ponto de vista privilegiado.” (Alexandre da Cunha, em entrevista à Jochen Volz para Mousse, 2017) Exposições individuais recentes incluem: Thomas Dane, Nápoles (programada, 2020); Duologue – colaboração com Phillip King, The Royal Society of Sculptors, Londres (2018); Boom, Pivô, São Paulo (2017); Mornings, Office Baroque, Bruxelas (2017); Free Fall, Thomas Dane Gallery, Londres (2016); Amazons, CRG Gallery, Nova York (2015); Real, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2015). Entre os trabalhos de intervenção urbana, destacam-se as obras comissionadas pelo Art on the Underground para a estação de metrô Battersea, Northern Line Extension, Londres (2021); para a Berkley Square, Londres (programada, 2020); por Samuels & Associates, Pierce Boston Collection, Boston (2017); pelo MCA Chicago, parte do Plaza Project (2015), e pelo Rochaverá Corporate Towers, São Paulo (2015). Exposições coletivas incluem: Mostra de inauguração do museu The Box, Plymouth, Inglaterra (programada, 2020); Contemporary Sculpture Fulmer, Buckinghamshire village of Fulmer, UK (2019); Abstracción Textil, Galería Casas Riegner, Bogotá (2018); Everyday Poetics, Seattle Art Página 2 / 3 Museum, Seattle (2017); Histórias da Sexualidade, MASP, São Paulo (2017); Soft Power, The Institute of Contemporary Art, Boston (2016); Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden aan Zee, Haia (2016); British Art Show 8, Leeds Art Gallery, Leeds (2015); Cruzamentos Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus (2014); When Attitudes Became Form Become Attitudes, Museum of Contemporary Art Detroit (2013); Decorum: Tapis et tapisseres d’artistes, Musée d’art Moderne de la Ville de Paris (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012). Possui trabalhos nas coleções Tate Modern, Inglaterra; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil; CIFO Coleção Cisneros, Miami, EUA; Coleção Zabludowicz, Inglaterra; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; FAMA, Itu, Brasil.
Sobreposições cromáticas de Tiago Tebet
03/fev
Em sua quarta exposição individual na Galeria Luciana Brito, Bela Vista, São Paulo, SP, Tiago Tebet apresenta “From Here to Eternity…But Not”.
Texto de Gabriel Lima
“…uma série marcante de quinze telas, cada uma delas caracterizada por variações de padrões atraentes, ressonantes, que se desenvolvem através de superfícies cromáticas delicadamente sobrepostas. Os arranjos visuais aqui ultrapassam seus limites próprios de tal forma que podemos dizer que estas obras têm como intenção irradiar suas formas particulares através da interação entre experiência sensorial e percepção significante. A configuração de relações resultante recria o efeito de uma espécie de emissão– caracterizada como simultaneamente uníssona e dissonante, que alude à qualidade totalizante desta outra fonte primária da experiência sensorial: o som em todas as suas modalidades– audível, inaudível, musical. Nestas pinturas, os pulsantes motivos visuais remetem tanto à ornamentação e decoração artesanal como à representação ondulante da vibração acústica. A questão da expressão artesanal é tema persistente na obra do artista, mas nunca se manifestou tão intimamente relacionada a um correlativo externo. Esta confluência leva o espectador a estabelecer uma rede de relações entre a logística interna que atribuímos à pintura com a logística externa do nosso entorno perceptível. A combinação de estratégias na pintura de Tebet expande a intersecção entre a experiência representada e a experiência vivida. Em nosso contexto latino americano, o artesanal raramente se dá como uma espécie de recurso excêntrico, ele é de fato fértil em associações e co-extensivo com as dimensões temporais múltiplas de nossa topografia cultural e da nossa experiência. No entrelaçar de cores, superfícies e formas nestes trabalhos nos defrontamos com o paradoxo de um impacto perceptual imediato construído por meio da experiência de duplicação e justaposição temporal de motivos ou padrões: a junção das dimensões permanentes e efêmeras ou transitivas da forma e da visão como uma metáfora de nossa própria condição enquanto criaturas do tempo e do significado, ambos, tempo e significado, ao mesmo tempo limitados e ilimitados. O titulo da exposição remete a uma frase inscrita na obra Spaghettivollmond (1984) do artista alemão Martin Kippenberger. Nesta pintura, braços estendidos para o alto evocam a concepção de rendição e principalmente expiação, ou o desejo de transcendência do mundano, isto é, a fuga improvável da história tal qual expressa na citação “From Here to Eternity but Not”. As sinuosas linhas de espaguete da obra de Kippenberger, dispostas na forma nuclear de uma lua cheia (vollmond), reverberam de modo manifesto junto aos padrões ou motivos visuais das obras do artista brasileiro. Além de suas evidentes diferenças formais e contextuais, uma mesma temática poética ou conceito central inclui os dois artistas: a relação entre a percepção e a elaboração da experiência do tempo, isto é, da razoavelmente explícita e efetiva imbricação e reverberação do tempo histórico, condição de possibilidade dos significados culturais, e a procura pela disseminação ou libertação no tempo. Tiago Tebet redimensiona esta relação e a distribui pelo espaço expositivo. Cada tela nos apresenta os componentes de uma possível experiência sinestésica, o encontro material e perceptivo dos sentidos que alude à transmissão de uma desejada e impossível libertação do tempo no interior do próprio tempo.”
De 01 de fevereiro a 03 de março.
Vicente de Mello no MAM/SP
17/jan
O MAM/SP, Parque do Ibirapuera, apresenta até o dia 16 de fevereiro a instalação “dobra sobre dobra”, do conhecido fotógrafo Vicente de Mello. A curadoria é de Felipe Chaimovich.
A palavra do curador
Esta instalação é composta pelo registro de postes, em diversas posições, observados contra um céu neutro que os reduz a um simples traço-desenho.
A tradução do título é dobra sobre dobra, e a obra evoca a peça homônima do compositor e maestro francês Pierre Boulez, composta entre 1957 e 1962 para soprano e orquestra.
A sonoridade da peça sugeriu a Vicente de Mello uma sequência fotográfica que dialoga com o movimento de notas musicais sobre uma partitura, um grande móbile que se dobra sobre sua dobra, mudando o sentido e a ordem, uma desconstrução visual com a própria música que ressoa no ambiente do MAM, criando uma insólita e errática interpretação de modulação e ritmo, como de breves flashes marcantes sobre um filme velado.
Pli Selon Pli foi criada em 2008, na residência artística Open Projects, em Varsóvia. Sua primeira versão foi apresentada no Projeto Parede/MAM, em 2010, e, em seguida, na Cidade das Artes, em 2016, em impressão lambe-lambe. Em 2017, a proposta de desdobrou em um painel de azulejo de 65 m², comissionado pelo Sesc 24 de Maio. Esta proposição retorna ao Projeto Parede, em 2019, em uma apresentação distinta: agora as imagens dos postes se amalgamaram à textura da parede por uma fina película, destituindo a presença do papel, criando uma única superfície imagética.
Felipe Chaimovich
Curador