Lançamento do livro Reynaldo Fonseca

15/ago

No próximo sábado, dia 17 de agosto, às 16h, a Biblioteca Mário de Andrade, República, São Paulo, SP,  vai realizar o lançamento do livro “Reynaldo Fonseca” (1925 – 2019), de autoria de Denise Mattar e Maurício Redig de Campos. Reynaldo Fonseca é um dos mais importantes artistas pernambucanos de todos os tempos, e, ainda hoje, ocupa um lugar único no circuito de arte brasileiro. A curadora Denise Mattar e Mauricio Redig de Campos, que é sobrinho neto e gestor do acervo do artista, farão uma palestra sobre sua trajetória. Serão distribuídos 100 livros gratuitamente.

Sobre o artista

Pintor, muralista e ilustrador, Reynaldo Fonseca frequentou a Escola de Belas Artes de Pernambuco na década de 1930 onde foi aluno do também pintor Lula Cardoso Ayres. Em 1944 transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar com Cândido Portinari. No Rio estudou ainda com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios e partiu para uma viagem de estudos na Europa. Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), também frequentou o Ateliê Coletivo de Abelardo da Hora. Em 1964, realizou um mural para o Banco do Brasil, no Recife. Voltou para o Rio de Janeiro em 1969 e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustrou diversos livros, entre eles “Pintura e Poesia Brasileiras”, com poemas de João Cabral de Melo Neto. Entre 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promoveu no Rio de Janeiro e em São Paulo uma grande mostra retrospectiva de sua produção. Reynaldo Fonseca manteve, ao longo de sua carreira, temas recorrentes, como cenas familiares com crianças e animais, nas quais predominam um clima de sonho, inquietação e estranheza. O artista inspirava-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e ainda no Surrealismo e na pintura metafísica. Sobre o artista o crítico Roberto Pontual escreveu: “Fonseca concentrava-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico.  A retomada da história da arte era realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia.”

O livro “Reynaldo Fonseca” vem preencher uma lacuna na historiografia da arte brasileira, uma vez que todas as publicações sobre o artista estão inteiramente esgotadas. São apresentados trabalhos desde o início de sua carreira, no Recife, e das diversas temporadas no Rio de Janeiro.  Reynaldo Fonseca teve importante participação na cena artística recifense desde a década de 1940 e grande relevância no movimento de arte carioca.

Sobre a edição

O livro tem 272 páginas, bilíngue, português e inglês, edição capa dura, reunindo um conjunto de obras de toda a produção do artista, desde os anos 1930 até sua morte, em 2019. Uma cronologia ilustrada percorre toda a sua vida e sua significativa inserção na cena cultural brasileira, notadamente nos anos 1980, no Rio de Janeiro. A fortuna crítica com textos de Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Frederico Morais, Geraldo Edson de Andrade, José Cláudio, Ladjane Bandeira, Olívio Tavares de Araújo, Olney Krüse, Roberto Pontual e Walmir Ayala permeia toda a publicação. A edição foi realizada com o patrocínio do REC Cultural, através da Lei de Incentivo à Cultura.

A autora do livro, a curadora Denise Mattar declarou: “Fazer este livro foi uma tarefa que se revestiu de extrema dificuldade, pela quantidade de material, de todas as ordens, guardadas pelo artista e conservadas pela família. Uma verdadeira avalanche de desenhos, cartas, entrevistas, catálogos, convites, e artigos de jornais e revistas. A pesquisa desse material revelou a marcante presença de Reynaldo na cena artística pernambucana, apesar de seu legendário retraimento. Como era hábito na época, os textos eram recortados sem referências de data e veículo e, embora tenhamos conseguido situar grande parte deles, outros não puderam ser devidamente catalogados mas, por sua importância, foram mantidos na publicação. Tenho certeza de que esta obra será de significativa contribuição para o entendimento da obra de Reynaldo Fonseca.”

Sobre os autores

Denise Mattar é curadora. Atuou no Museu da Casa Brasileira, SP de 1985 a 1987, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 1987 a 1989 e do Museu de Arte Moderna RJ, de 1990 a 1997. Como curadora independente realizou mostras retrospectivas de artistas como Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Portinari, Alfredo Volpi, Guignard, Yutaka Toyota (Prêmio APCA). Mostras Recentes: 2022 O Gênesis segundo Eva, Museu de Arte Sacra de São Paulo, Armorial 50 Centro Cultural Banco do Brasil, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Magliani, Fundação Iberê Camargo, RS, Sandra Mazzini, Farol Santander, São Paulo, Tereza Costa Rêgo, Galeria Marco Zero, Recife, Modernismo Expandido, Museu Nacional, Brasília. 2023 Ianelli – 100 anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Armorial 50, Museu de Arte Popular da Paraíba, Campina Grande, PB, Elke Hering, Instituto Collaço Paulo, Florianópolis, SC, Elas, Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, CE, Fachinetti, Danielian Galeria de Arte, XXII Unifor Plástica, Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, CE, A Máquina do Tempo – Museu da Fotografia, Fortaleza, CE, Armorial 50, Museu do Estado de Pernambuco, Recife, PE, Di Cavalcanti, 125 anos, Farol Santander, SP, Yutaka Toyota, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, PE. 2024 Pancetti, Farol Santander, SP, Armorial 50, Museu de Arte da Bahia, Iuri Sarmento, Farol Santander, SP.

Maurício Redig de Campos é sobrinho neto do pintor Reynaldo Fonseca. Bacharel em administração de empresas, com MBA em gestão de pessoas e especialização em comércio exterior. Atua em multinacionais e em empresas consolidadas no mercado nacional. É também proprietário da Redig Artes responsável por todas as atividades institucionais, avaliações de autenticidade, catalogação das obras e gestão do acervo da família.

Lançamento do livro Reynaldo Fonseca

Na ocasião haverá tarde de autógrafos e conversa com os autores. Serão distribuídos 100 livros gratuitamente

Palestra com os autores Denise Mattar e Maurício Redig de Campos: Sábado, 17 de agosto, às 16h: Biblioteca Mário de Andrade – Rua da Consolação 94 – República – São Paulo.

Exposição e livro de Gonçalo Ivo

14/ago

A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abrirá para o público no dia 19 de agosto a exposição “Gonçalo Ivo – Zeitgeist”, com 79 pinturas criadas pelo artista nos últimos cinco anos, das séries “Le jeu des perles de verre” (“Jogos de contas de vidro”), “Cosmogonias”, “Cardboards” e “L’inventaire des pierres solitaires” (“Inventário das pedras solitárias”). A exposição permanecerá em exibição até 28 de setembro.

Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, presidente do Conselho do Museu de Arte do Rio, amigo do artista, e que acompanha seu trabalho há mais de trinta anos responderá pela curadoria. A quase totalidade dos trabalhos é inédita, e apenas cinco deles estiveram na exposição homônima realizada no Paço Imperial, em abril de 2022, que teve 26 obras selecionadas pelo mesmo curador.

Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho destaca que Gonçalo Ivo “é considerado um dos maiores coloristas contemporâneos do país”. O artista nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1958, e se divide entre seus ateliês na serra de Teresópolis, no Rio de Janeiro, em Paris e em Madri. O termo Zeitgeist significa “espírito de tempo”, e foi usado inicialmente pelo filósofo e escritor alemão Johann Gottfried von Herder (1744-1803). Será exibido o filme “Gonçalo Ivo – uma biografia da cor” (2024, 28’), dirigido por Katia Maciel, com fotografia de Daniel Venosa, feito especialmente para a mostra.

A exposição será acompanhada do livro “Gonçalo Ivo – Zeitgeist” (Edições Pinakotheke), bilíngüe (port/ingl), com 328 páginas, em formato 21 x 27cm. A organização é de Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, apresentação de Max Perlingeiro, e textos de Tomás Paredes, Nicholas Fox Weber, diretor-executivo da Josef & Anni Albers Foundation, Lêdo Ivo (1924-2012) e Nélida Piñon (1934-2022) – que fez sua última visita ao ateliê do artista em Teresópolis em maio de 2022 -, e um poema visual inédito de Luciano Figueiredo, criado especialmente para a publicação. O livro contém ainda uma detalhada cronologia do artista, e a mais longa entrevista concedida por ele, dada a Luiz Chrysostomo, “iniciada em janeiro de 2022, enquanto Gonçalo estava em suas residências-ateliê de Madri e Paris”, e finalizada “numa manhã ensolarada, no início do outono de 2023, no Museu Isamu Noguchi, em Nova York”.

Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho afirma que a exposição e o livro refletem “as inquietações do artista nos últimos cinco anos, vindo de uma sequência de vivências intensas, descobertas e afetos”. “Manifesta um profundo desejo de partilhar uma longeva trajetória de arte, marcada por percepções corajosas e fragmentadas de nossa contemporaneidade. Lidar com a não linearidade que a vida nos impõe e os espantos decorrentes dela, como bem disse o poeta Gullar, revela que a persistência é uma característica diferenciada da construção humana. Insistir, rever ou retornar não são contradições, mas ações que nos permitem existir e revelar um outro lado possível”, diz. O curador enfatiza que suas séries de trabalho “falam do tempo como tema central, buscam dar conta de um presente mutante, desobstruem uma voz interna que estava por vezes emudecida”. Outros aspectos do artista assinalados por Luiz Chrysostomo são “a facilidade com que navega e deglute manifestações do românico ao barroco espanhol, de culturas africanas ancestrais ao modernismo europeu”, e que se “confunde com o domínio técnico com que manipula pigmentos, têmperas e óleos”.

Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, destaca que o público vai se surpreender com a exposição. “Além de trabalhar as cores como ninguém, ele está em constante mutação, como pode ser visto nessas três séries novas que surgiram em 2018”. Ele conta que a ideia do livro e da exposição surgiram ao ver a pintura “Cosmogonia – Melancolia, para Giacomo Leopardi e Francisco de Goya” (2021), na montagem da exposição no Paço Imperial, acompanhado por Luiz Chrysostomo: “Tive a certeza de que iria entrar nesse universo mágico da produção do seu novo livro. E que livro!”.

Programação infantil

Nos sábados, dias 31 de agosto e 14 de setembro, às 11h, haverá oficinas para as crianças, coordenadas pela equipe do educativo da Pinakotheke Cultural, a partir da exposição de Gonçalo Ivo. No primeiro sábado, a atividade será “Colagens Fantásticas: Transforme Papelão em Arte”, inspirada na série “Cardboard”. Em 14 de setembro, a oficina “Galáxias de Arte: Pinturas Mágicas das Cosmogonias” vai propor ao público infantil fazer pinturas, partindo das obras da série “Cosmogonia”. A entrada é gratuita, e a classificação é livre.

Vinicius Gerheim n’A Gentil Carioca São Paulo

A Gentil Carioca anuncia “Tororó”, a primeira exposição de Vinicius Gerheim n’A Gentil Carioca São Paulo. O texto crítico é assinado por Felipe Molitor, que observa: “Tororó apresenta um conjunto pujante de paisagens que vacilam entre cenários interiores e exteriores, onde mesmo as figuras mais evidentes são fugidias o suficiente para se libertarem em uma enxurrada de abstrações. Como se fossem reminiscências, os parcos registros de um quarto, sala, cozinha, quintal se misturam a jardins, matagais, céus ou riachos – uma confusão típica da fantasia dos sonhos. A dimensão onírica também pode fazer referência às imagens fugazes da memória, afinal, recordar lugares e momentos do passado envolve uma boa dose de imaginação.”

As obras, inéditas, despertam os sentidos com suas camadas de tinta ricas em cor e textura. Elas constroem perspectivas variadas, criando uma espacialidade única que transcende o racional. Os elementos emergem conforme as demandas da própria pintura, adaptando-se às formas e cores: um trovão pode se transformar em um galho, uma flor em uma boca, um galho em uma cobra, uma folha em um pássaro…

O artista ainda ressalta a beleza que surge da repetição e sobreposição de formas e cores nas telas: “É algo que exige muita paciência, dedicação, disciplina e uma certa energia atlética, pois é necessário repetir o processo várias vezes, aproveitando a camada de baixo enquanto ainda está ligeiramente molhada, sem perder o timing das outras camadas. Acho que tudo isso enriquece o processo.”

A individual ficará aberta à visitação até o dia 21 de setembro.

Viagem Pitoresca pelo Brasil

13/ago

Nara Roesler São Paulo apresentará, a partir do dia 17 de agosto, a exposição “Viagem Pitoresca pelo Brasil”, com dezenove fotografias em grande formato, recentes e inéditas, de Cássio Vasconcellos, produzidas nos últimos três anos, em que faz uma homenagem às florestas brasileiras, resultado de incursões pelos vestígios de mata atlântica em São Paulo, Paraná, e Rio de Janeiro. Em cartaz até 12 de outubro.

No salão com pé direito duplo, um painel curvo, com doze metros de extensão por três de altura, com a imagem de uma figueira da mata gaúcha, dará um caráter imersivo para o público. A curadoria é de Ana Maria Belluzzo, crítica e pesquisadora, professora titular de Historia da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo. O evento integra o Circuito Jardim Europa, que acontecerá neste dia.

Para produzir cada fotografia, muitas vezes o artista leva um dia inteiro de buscas pela luz e pelo ângulo perfeitos. As imagens são então trabalhadas digitalmente em várias etapas e camadas, até obter o resultado desejado. “Em uma representação que lembra muito os artistas viajantes, como Thomas Ender e Rugendas, Cássio faz um trabalho requintado, em que mesmo em fotos panorâmicas é possível identificar cada um dos elementos, em um naturismo e detalhismo tais que por instantes há a dúvida se é fotografia ou gravura”, observa o pesquisador e curador Theo Monteiro.

Na abertura, no dia 17 de agosto, será lançado o livro “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil” (Fotô Editorial, 2024), com 192 páginas, formato 32 x 23,5cm, e textos da curadora e pesquisadora Ângela Berlinde, do historiador Julio Bandeira e do botânico Ricardo Cardim.

O título da exposição faz referência aos primeiros registros conhecidos das florestas brasileiras, iniciados pelo aristocrata e arqueólogo francês Conde de Clarac (1777-1847), com seu desenho “Floresta Virgem do Brasil”, gravado em metal por Claude François Fortier (1775-1835), em 1822, referência para os chamados “artistas viajantes” do século 19, integrantes da Missão Artística Francesa, como Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que ao voltar à França publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839).

O curador e pesquisador Theo Monteiro salienta que “é muito difícil fotografar mata fechada, e com o tratamento feito por Cássio ele consegue criar um tipo de representação que lembra muito o que os viajantes estrangeiros faziam – Clarac, Rugendas (1802-1858), Thomas Ender (1793-1875) – só que é fotografia”. “Com este tratamento muito requintado e elaborado, ficamos na dúvida por alguns instantes se é fotografia ou gravura, que é uma ideia da fotografia e da arte contemporânea: de que meio estamos falando? Até que ponto aquele meio é verídico ou não, se é real ou imaginário? Não é simplesmente uma releitura de um trabalho acadêmico. Tem um jeito de fazer um enquadramento no olhar que fica compreensível. Por mais panorâmico que seja o trabalho do Cássio, você consegue identificar cada um dos elementos. Tem um naturismo, um detalhismo. Não é simplesmente bater uma foto da mata”, afirma.

Cássio Vasconcellos ressalta: “Não tenho a preocupação de revisitar os locais feitos pelos artistas viajantes, e até nem seria possível, com a transformação havida na paisagem desde então”.

Para o público perceber este diálogo proposto pelo artista com os pintores viajantes, estarão na exposição reproduções em alta qualidade das obras “Fôret Vierge Du Brésil” (“Floresta Virgem do Brasil”),1822, buril, 68 x 87 cm, gravura em metal de Claude Francois Fortier a partir de desenho do Conde de Clarac; “Forêt Vierge (Le bords du Parahiba)” e “Valle da Serra do Mar” (“Chaine de Montagnes près de la Mer”), litografias de Charles Motte (1784-1836), a partir de desenhos de Jean-Baptiste Debret, presentes na edição de “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, Paris, Firmin Didot Frères, tomo I,1834.

Ana Maria Belluzzo, no texto que acompanha a exposição, destaca que “o artista apura valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais”. “A imagem ganha teor expressivo ao aparecer revestida de dimensões plásticas, gráficas, táteis”, observa. “Sob comando da escrita da luz, os raios luminosos emitidos pela vegetação chegam até nós. Vistas em contraluz introduzem o sujeito/observador no interior da mata. Em contrapartida, o desfoque do fundo das fotos e o aspecto turvo de entes vegetais, em destaque, tendem a recriar cenários enigmáticos, até fantásticos. Motivam sensações oníricas. A visão da natureza nos escapa. A irrealidade da paisagem também se insinua pela extrema limpidez de pormenores ampliados. Imagens nos transportam para um mundo fantástico, por vezes fantasmático”.

Edições 10 e 11 da Casa Tato

06/ago

A Galeria Tato, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta o “Ciclo Expositivo 10 e 11”, mostra que reúne cerca de 30 obras de 28 artistas participantes de duas edições da Casa Tato, programa principal da galeria, que trabalha a inclusão de artistas promissores no sistema da arte. A abertura ocorre em sua sede, na Barra Funda, o circuito efervescente de arte na capital paulista. A curadoria é de Sylvia Werneck e Claudinei Roberto da Silva, com assistência de Maria Eduarda Mota. Em exibição até 28 de agosto.

Nessa exposição, os artistas participantes das edições 10 e 11 da Casa Tato se encontram no meio do caminho. O primeiro grupo conclui seu ciclo de acompanhamento, enquanto o segundo o inicia. São eles, respectivamente:

Adriana Nataloni, Anna Vasquez, Bianca Lionheart, Desirée Hirtenkauf, Edu Devens, Gela Borges, Glenn Collard, Isabel Marroni, Janice Ito, Jaqueline Pauletti, Marcelus Freschet, Marina Marini Mariotto Belotto, Neto Maia, Tomaz Favilla.

Catia Goffinet, Chalirub, Christian Sendelbach, Fause Haten, Genô Ribeiro, Izidorio Cavalcanti, Leandersson, Mariana Serafim, Mariane Chicarino, Melina Cohen Rubin, Otavio Veiga, Paulo Troya, Silvana Archillia e Simone Freitas.

Nova representação

05/ago

A Simões de Assis anuncia a representação de Manfredo de Souzanetto. Sua poética singular é pioneira. Desde a década de 1980 o artista utiliza pigmentos naturais extraídos das terras de Minas Gerais em um movimento de ativismo ecológico, tornando a terra, na condição de pigmento, matéria do seu trabalho. A produção de Manfredo de Souzanetto transita entre os planos bidimensional e o tridimensional na criação de relevos orgânicos, em que as formas criadas pelas cores estão diretamente relacionadas com os formatos das telas.

Sobre o artista

Manfredo de Souzanetto nasceu em Jacinto, MG, 1947. Possui obras em importantes instituições como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Brasileira FAAP, São Paulo, Brasil; MAC-USP, São Paulo, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Brasil; MAM-Rio, Brasil; IMS-Rio, Brasil; MAC-Niterói, Brasil; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil; Musée de l’Abbaye Sainte-Croix, Les Sables d’Olonne, França; Fond National d’Art Contemporain, França; Coleção Statoil, Stavanger, Noruega; Museu de Arte de Israel, Tel Aviv, Israel; e Brazilian American Cultural Center of Washington, EUA.

Nara Roesler SP exibe Julio Le Parc

Exposição Julio Le Parc: Couleurs, 50 obras recentes e inéditas do gênio da arte cinética estarão em exibição na Galeria Nara Roesler São Paulo, Jardins, SP, a partir do dia 08 de agosto.

Trata-se da exposição “Julio Le Parc: Couleurs” do grande mestre da arte cinética. Pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas – em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente – ocuparão dois andares da Nara Roesler São Paulo. Ativo aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”.

Entre as obras, está um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”, criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebem as mínimas partículas de cor presentes nas composições. Nesses trabalhos que têm tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, Julio Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo. No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.

Outra série pictórica presente na mostra na qual Julio Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174” (2024), “Gamme 14 couleurs Variation 8” (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7” (1972/2024) e “Théme 72-7” (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.

Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico colorido suspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duas estruturas luminosas – “Continuellumière” (1960/2023) e “Continuellumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricos. Uma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.

Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29x21cm cada um, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativo e experimental de Julio Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”. O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou para a Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.

Até 19 de outubro.

Vania Toledo – O Terceiro Olhar

01/ago

A Galeria Base, Jardim Paulista, São Paulo, SP, abre a exposição “O Terceiro Olhar”, uma homenagem à artista Vania Toledo, falecida em 2020. A mostra homônima foi apresentada em 2001 na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com textos de Antonio Bivar (in memoriam), Emanoel Araújo (in memoriam) e Diógenes Moura. A Galeria Base tem o prazer de reeditar a citada exposição, tal qual a vontade da artista, segundo seu filho Juliano Toledo. Ao todo são 22 fotografias. A abertura será no dia 03 de agosto, sábado, das 12 às 15h, ficando em cartaz até 31 do mesmo mês.

No dizer do escritor e dramaturgo Antonio Bivar, amigo íntimo de Vania “Esta exposição é diferente de tudo que Vania Toledo já fez, mas absolutamente pertinente com tudo que ela tem feito, como artista e experimentalista, em sua carreira de fotógrafa.” E acrescentou “Dos seus trabalhos, este é um dos mais originais”. Pela primeira vez, em quase uma década de existência da galeria, uma individual será apresentada exclusivamente no andar superior do espaço, “o que se justifica pela potência e diálogos viscerais entre as obras”, afirma Daniel Maranhão, diretor da galeria.

“É um imenso prazer poder realizar tal mostra, algo só possível pela convergência de interesses entre a família da artista, a galeria e o conceituado escritor Diógenes Moura”, comemora Daniel Maranhão. No texto de Diógenes Moura, ele narra os muitos encontros que teve com a artista, cujas conversas culminaram na ideia de executar a série “O Terceiro Olhar”, vejamos, “Ela tudo olhou, sorriu com certeza, colocou os pesos sobre os papéis e, outra vez, o inesperado: seus pesos e leveza, as sombras, os contornos iluminados, as cores e transparências de um mundo suspirando dentro dos vidros pareciam terem sido pensados um para o outro. Como nos casos de amor que apenas a fotografia é capaz de imortalizar”.

Já segundo Emanoel Araújo, igualmente muito ligado a Vania Toledo e então diretor da Pinacoteca, durante a exposição ora em comento, “Linda ideia de ver unido o mundo de Vania ao mundo da Pinacoteca, através dos seus pesos de papel, alguns venezianos, outros franceses, possivelmente outros brasileiros. Não importa. Vania Toledo é Vania Toledo. E assim o tenho dito.”.

The other side of morning por Sérgio Fernandes

“Despojai-vos de todas as esperanças, antes de entrar.” – leu Dante à entrada do Inferno.

Acontecerá na próxima sexta-feira, dia 02 de Agosto, às 17 horas, a abertura da exposição individual “The other side of morning”, de Sérgio Fernandes, na Kubikgallery São Paulo, Barra Funda.

“Não entramos no inferno, mas no desconhecido. The other side of morning de Sérgio Fernandes é um convite, uma passagem, onde o risco e a incerteza são permanentes. Esta exposição é a segunda parte de Dias Bárbaros, (Kubik Gallery. Porto 2022). Uma vez mais é apropriado citar Torquato Neto “um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. (…) quem não se arrisca não pode berrar”. Inventando o perigo, cada pintura instiga-nos a confrontar a incerteza e a arriscar. Como Torquato Neto se refere à poesia, Sérgio Fernandes pinta. Arrisca, coloca-se em perigo em nome de algo divino, maravilhoso.

Texto de Joana Duarte

As imperfeições substituem a habitual perfeição. Pinceladas, retirar de matéria, “subtrair até nada ficar” como Sérgio Fernandes refere, denunciam os gestos. Gestos de pintor. Irreverência que coloca questões, mas nunca sugere respostas, já que “nada é perfeito, nada é para sempre”. Este conjunto de pinturas não quer ser mais do que isso mesmo, pinturas. Pinturas a óleo sobre papel onde o vazio é revelado através de uma luminosidade que transparece. Pinturas que sugerem algo que está para além de, algo que não é visível. Passagens. The other side of morning é, à semelhança de Dias Bárbaros, uma reflexão sobre o tempo, sobre o depois da morte e o antes da vida, condições vividas ou por viver das quais não existe memória. É necessariamente o agora. O título sugere isso mesmo, uma reflexão sobre o lado obscuro e desconhecido da manhã, acerca da sua imprevisibilidade, de possíveis inícios sem qualquer objetivo a não ser o próprio início, “dias escuros, porém esperançosos”. É neste limbo que a pintura acontece. The other side of morning é um convite para o desconhecido. Sérgio Fernandes, arrisca, coloca-se em perigo, berra através do silêncio, incitando-nos a berrar com ele.

Joana Duarte

Cenas do cotidiano por Thiago Goms

30/jul

A Galeria Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP,  apresenta a nova exposição “Brincando com o Vento”, do artista Thiago Goms. Com abertura marcada para 03 de agosto, às 16h, a mostra conta com a curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap, texto de Mmoneis e Harry Borges, trazendo ao público uma reflexão profunda sobre a arte urbana e suas influências no cenário cultural contemporâneo. Em cartaz até 04 de setembro.

Thiago Goms, reconhecido por seus personagens híbridos com cabeça de gato, centra a exposição na temática dos pipas. A exposição traz um pouco de algo semelhante ao grafitti que, nos anos de 1990 era muito comum nos bairros de periferia das cidades. Quando criança, observava assim como os pipas no céus em férias escolares, os grafittis também lhe roubavam a atenção e ali se formava um interesse por algo sobre o qual ainda não tinha muita informação. Após 26 anos, tendo como inspiração a cultura de rua como um todo, Goms retorna ao Brasil após um período de cinco anos no exterior, trazendo uma nova perspectiva, ao mesmo tempo nostálgica e inovadora.

“Brincando com o Vento”, a exposição, conta em 11 trabalhos, cenas do cotidiano de uma das brincadeiras mais comuns que, por décadas, segue como uma cultura que tem linguagem própria, regras e ensinamentos.

Ao longo de sua carreira, Thiago Goms tem explorado diversas técnicas e linguagens, expandindo seu vocabulário artístico. Suas obras atuais refletem essa evolução, combinando elementos de nostalgia com novas influências adquiridas em sua trajetória. A exposição na Galeria Alma da Rua I destaca essa dualidade, oferecendo ao público uma experiência visual que conecta passado e presente. Thiago Goms convida o público a revisitar memórias e vivências através de suas obras, que capturam momentos de tensão e alegria. “Brincando com o Vento” promete ser uma experiência imersiva, onde cada tela é uma janela para o passado e uma reflexão sobre a evolução da arte urbana. Sobre como existem maneiras e culturas distintas dentro da mesma cidade.