Fotografias de José Manuel Ballester.

22/nov

Artista de renome com obras que integram coleções de importantes instituições mundo afora, José Manuel Ballester encerra o calendário de exposições do Instituto Cervantes  de São Paulo, Avenida Paulista, em 2024. “Maravilha”, mostra de fotografias com curadoria de Juan Manuel Bonet. José Manuel Ballester realiza um percurso visual e arquitetônico por algumas das principais metrópoles do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. Através de fotos capturadas em diversas viagens pelo país, desde 2007, José Manuel Ballester convida o visitante a contemplar paisagens urbanas e espaços pelo seu olhar refinado e poético, destacando as peculiaridades de cada uma dessas cidades retratadas. Este projeto sucede outras duas exposições: “Fervor do Brasil”, realizada na Casa de América em 2019, e uma anterior, na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2010, quando foram apresentadas apenas fotografias da cidade de São Paulo.

Sobre o artista

José Manuel Ballester nasceu em 1960 em Madrid, pintor e fotógrafo. Licenciou-se em Belas Artes em 1984 pela Universidade Complutense de Madrid e recebeu diversas pemiações como o Prêmio Nacional de Gravura em 1999. Prêmio Goya de Pintura Villa de Madrid e, posteriormente, em 2008, o Prêmio de Fotografia da Comunidade de Madri. Prêmio Nacional de Fotografia 2010. Prêmio Lifetime Achievement da Enaire Foundation 2023. Sua carreira artística começou na pintura com um interesse especial pela técnica das escolas italiana e flamenga dos séculos XV e XVIII. A partir de 1990, começou a combinar pintura e fotografia. Entre as suas inúmeras exposições destacam-se “Lugares de Passagem” (Valência 2003), “Setting Out” (Nova Iorque 2003) ou “Sala 523” (Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid 2005), “Fervor de Metrópolis” (Pinacoteca del Estado de São Paulo 2010), “Abstração na Realidade”, Sala Alcalá 31 (Comunidade de Madrid 2011), “Espaços Ocultos” na Academia de Espanha em Roma (2012), Edifício “Bosques de luz” Tabacalera, Madrid (2013) e recentemente “Allumar” Museu da Electricidade (Lisboa 2015) e “Museos en Blanco” na Ivorypress Gallery (2015). “Bilbao 2020-05-15” no Museu Guggenheim de Bilbao (2020) e “Hidden Spaces 2007 2020” no Museu da Nova Jerusalém em Moscou. Coletivamente, ele expôs em inúmeras ocasiões na ARCO, ART CHICAGO, ART FORUM BERLIN, PARISPHOTO e ART MIAMI, além de outras cidades como Nova York, Dallas, São Paulo, Dubai, Pequim, Xangai, Toronto, entre muitas outras. Suas obras fazem parte das coleções do Centro de Arte Reina Sofia (MNCARS), Museu Marugame de Arte Contemporânea Espanhola no Japão, IVAM em Valência, Museu de Arte Pérez e Fundação de Arte Cisneros Fontanals em Miami, Academia Central de Belas Artes em Pequim, Patio Herreriano em Valladolid, Museu do Século 21 em Kentucky, Museu Würth em Logroño, Fundação Telefónica, Banco Espírito Santo de Lisboa, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Guggenheim de Bilbao, Coleção Iberdrola, Coleção Cristina Masaveu Peterson, Fundação Enaire, Fundação Engel, Museu de Arte Pérez, Fundação Coca Cola e Museu do Prado, entre outros.

Até 28 de fevereiro de 2025.

Temas existenciais e sociais.

14/nov

“Raízes do Sentir: Conexões e Reflexos” no Espaço do Feminino, exposição de Micha na Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP, explora o coração como elo transformador e sensorial.

A Galeria Alma da Rua I apresenta “Raízes do Sentir – Ecos, Reflexos e Conexões”, sob curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap. Micha, a artista expositora, possui uma trajetória marcada pela investigação profunda das emoções humanas e do universo feminino reúne obras recentes em uma série de esculturas, pinturas, instalações e objetos, revelando a constante busca pela transformação do ser por meio da arte. Em sua sexta exposição individual, Micha explora o coração humano ampliado para além de sua função biológica, tratá-lo como um portal para uma percepção sensível e subjetiva. A abertura acontece em 16 de novembro.

A mostra se organiza como uma exploração das múltiplas camadas emocionais e quânticas que constituem o ser humano. O coração emerge como símbolo central, representando um espaço de conexão e transmutação. Para Micha, ele é um elemento de estudo que dialoga com questões da neurociência, anatomia e estudos quânticos, uma abordagem que a artista desenvolve com rigor e que reflete em cada obra apresentada. A essência do feminino permeia toda a exposição, revelando aspectos de afeto, intuição e vulnerabilidade, elementos intrínsecos ao processo criativo da artista.

Com a exibição de obras inéditas e outras que já circularam em bienais e instituições culturais, Micha convida o espectador a se aproximar de uma linguagem visual que vai além da tinta e do papel. Trabalhando com materiais variados como couro, metal, cerâmica portuguesa, gesso, madeira e prata, a artista experimenta texturas e superfícies que complementam o conteúdo simbólico de sua pesquisa. Em uma abordagem que une o sagrado feminino e elementos decoloniais, suas criações assumem uma identidade única e coesa, impulsionando reflexões sobre o interior do ser e suas conexões invisíveis.

Ao longo de sua carreira, Micha tem se destacado por uma prática que une a arte visual à pesquisa científica, colaborando com o Instituto Heart Match (EUA) e desenvolvendo projetos urbanos, culturais e sociais. Com participação em mostras no Brasil e no exterior, sua obra reflete uma identidade artística marcada pelo estudo contínuo e pela experimentação, integrando temas existenciais e sociais de maneira crítica e poética.

Até 18 de dezembro.

O Surrealismo de Walter Lewy.

O centenário do surrealismo nas artes visuais é celebrado mudialmente. A Galeria Frente, Cerqueira César, São Paulo, SP, sob curadoria do crítico de arte Jacob Klintowicz exibe exposição retrospectiva de Walter Lewy e promove uma visita guiada no dia 21 de novembro. O movimento artístico e literário surgido na Europa teve grande impacto cultural, pois valorizava a intuição e a criação, e acreditava que o subconsciente era fonte inesgotável de criatividade e liberdade. O poeta francês Guillaume Apollinaire criou a expressão “surrealismo” em 1917, mas o manifesto surrealista foi lançado oficialmente em Paris, em 1924, pelos franceses André Breton, Yvan Goll e Marcel Alland.

O movimento surrealista chegou ao Brasil por volta de 1930, durante o movimento modernista, e podemos reconhecer sua influência nas obras de Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Ismael Nery. Mas foi somente em Walter Lewy que ele encontrou plena realização. A trajetória do artista alemão nascido em Bad Oldesloe foi marcada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. De origem judaica e com formação erudita na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, entre 1923 e 1927, ele se viu obrigado a fugir dos delírios nazistas em sua terra natal.

Walter Lewy marcou presença ativamente do cenário cultural, tendo participado das primeiras Bienais de São Paulo: 1° Bienal em 1951, 2° Bienal em 1953, 3° Bienal em 1955, 6° Bienal em 1961, 8° Bienal: Sala Especial Surrealismo e Arte Fantástica em 1965, 13° Bienal em 1975, e na mostra Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, em 1985. Também integrou várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna, além de inúmeros Panorama de Arte Atual Brasileira, realizados pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Seu currículo extenso de exposições conferiu ao artista amplo reconhecimento de seu trabalho e prestígio entre importantes atores e agentes culturais do sistema das artes visuais no Brasil.

Visita guiada para ver Cildo Meireles.

12/nov

A Galatea São Paulo, convida para uma visita guiada às exposições do artista Cildo Meireles intituladas Uma e algumas cadeiras/Camuflagens, na galeria Luisa Strina, e Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977, no espaço da Galatea na rua Padre João Manuel. O curador Diego Matos assina o texto crítico de ambas as exposições e conduz a visita que ocorre nesta quarta-feira, 13 de novembro, às 19h.

Após um hiato de cinco anos sem uma exposição robusta de Cildo Meireles no país, as mostras oferecem, juntas, uma visão ampla e complementar do seu trabalho.

A Galatea traz uma seleção de desenhos produzidos desde 1964, quando o artista tinha apenas 17 anos, até 1977, colocando em destaque o Cildo Meireles desenhista, faceta menos explorada em comparação a outras vertentes da sua produção. Por outro lado, é essa a sua prática mais constante e longeva, sendo o desenho muitas vezes a gênese do seu trabalho no campo tridimensional.

Baravelli exibe 235 pinturas-gato.

11/nov

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jatdins, São Paulo, SP,  apresenta entre 22 de novembro e 17 de janeiro de 2025, “235 pinturas-gato”, exposição individual de Luiz Paulo Baravelli. A mostra reúne 235 pinturas produzidas durante o último ano, que revisitam, através do pequeno formato, o vocabulário pictórico e imagético que o artista vem desenvolvendo há mais de cinquenta anos.

As 235 pinturas-gato estabelecem com o público uma relação que não busca a identificação imediata, se dá pelo estranhamento do primeiro contato. Para o artista, elas servem de mediadoras na relação que estabelece com o tempo e com a história, construída através do remix, de avanços e recuos, em um processo de digestão constante que ele chamou de “Manifesto Onívoro”.

Baravelli compõe em camadas, recorta e sobrepõe referências, estilos, materiais e texturas. Tais operações estão carregadas de um senso de humor que tem permitido ao artista estabelecer uma relação espirituosa com sua obra e que se faz evidente nos modos de abordar questões tão diversas como o amor, a história da arte, figuras de poder como políticos e colecionadores, problemas de planejamento urbano e a sensação de tédio de uma noite como outra qualquer. Não são temas, são questões que atravessam a qualquer um de nós, e que no trabalho de Baravelli surgem como comentários inusitados, mas sutis, daqueles que poderiam passar despercebidos em uma conversa com os mais desatentos. “Há pinturas-cachorro e pinturas-gato. As pinturas-cachorro fazem como os cachorrões carentes: assim que você entra elas vem babando com as patas sujas de tinta, pulam na sua blusa branca e lambem sua cara. Você sai correndo e xingando e não volta mais”, conclui Baravelli.

Sobre o artista

Baseando sua prática na intersecção entre a produção e o ensino de arte, Baravelli fundou em 1970 a Escola Brasil, junto a José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser. “Centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo”, a Escola Brasil foi importante na formação de dezenas de artistas brasileiros. Participou também da fundação da Revista Malasartes entre 1975 e 1976 e da Revista Arte em São Paulo entre 1981 e 1983, junto a relevantes artistas e críticos da cena contemporânea. Luiz Paulo Baravelli participou de inúmeras exposições individuais e coletivas desde o final dos anos 1960, destacando-se: Bienal de São Paulo, Brasil; Bienal de Veneza, Itália; Bienal de Havana, Cuba; Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil; MASP – Museu de Arte de São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Argentina; MAC – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil.

Exposição de Gian Gigi Spina.

08/nov

O Ateliê397, Higienópolis, São Paulo, SP, anuncia para o dia 30 de novembro a exposição Não desperdice o bilhete, individual de Gian Gigi Spina com curadoria de Juliana Caffé. A mostra tem como ponto de partida dois vídeos relativos ao período em que o artista morou entre a Palestina, o Líbano e a Jordânia. Jordão (2019) desenvolve um polivalente retrato do Rio Jordão, mesclando imagens de satélite, de arquivo e outras, captadas pelo próprio artista.

O filme expõe a forma como o rio foi gradualmente formado e usado através dos séculos para a construção de identidades e crenças, e para a manutenção do projeto colonial israelense. Sobre Bandidos (2024), trata da crise econômica ocorrida no Líbano em 2022, que levou a uma onda de assaltos a bancos realizados pelos cidadãos, com o intuito de recuperar o seu próprio dinheiro, que havia sido confiscado. Foram reunidas entrevistas com os depositantes Sally Hafiz, Bassam El-Sheikh, Abdallah El-Saii e a teórica crítica Nadia Bou Ali, junto com imagens de arquivo e material de TV. “Assalto a banco é uma iniciativa de amadores. Profissionais de verdade fundam um banco.” A frase de Bertolt Brecht é a linha condutora para refletir sobre a situação do Líbano no momento.

A exposição Não desperdice o bilhete, cujo título faz referência ao poema “Travel Tickets” do autor palestino Samih al-Qasim, busca produzir uma aproximação do público brasileiro à situação da Palestina e do Líbano, complexificando a conjuntura que é exibida cotidianamente na mídia. Na abertura haverá uma conversa com Juliana Caffé e Gian Gigi Spina, na qual abordarão os vídeos e a experiência do artista.

De 30 de novembro até 14 de desembro.

Quimeras 100 anos do Surrealismo.

07/nov

No centenário do surrealismo, o Espaço Arte M. Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta a exposição coletiva “Quimeras – 100 anos do Surrealismo”, uma jornada que explora as profundezas do imaginário e do inconsciente em um contexto contemporâneo. Sob curadoria de Jurandy Valença, a mostra reúne um conjunto de 54 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos, esculturas e fotografias, de 18 reconhecidos artistas nacionais e internacionais que oferecem diferentes interpretações do Surrealismo e suas influências persistentes nas artes.

O Surrealismo, foi fundado por André Breton em 1924, revolucionou a forma como o inconsciente e a imaginação eram abordados nas artes. Inspirado por elementos do romantismo e caracterizado pela ênfase no poético e no onírico, o movimento foi, acima de tudo, uma rebelião contra os padrões conservadores de sua época. O Surrealismo não só redefiniu os contornos da arte, mas também impactou profundamente o pensamento filosófico e cultural, ao destacar o papel da imaginação e da fantasia na construção da realidade.

Jurandy Valença observa que o Surrealismo ainda mantém uma força emancipada e provocadora, mesmo um século após sua origem. Segundo o curador, “o Surrealismo, mais do que um movimento histórico, é uma forma de ver o mundo que resiste ao tempo e desafia o espectador a questionar as próprias noções de realidade. Ao selecionar as obras, buscamos não só a representação tradicional do movimento, mas também como ele reverbera nas expressões e interpretações artísticas de hoje”.

Na exposição, figuras como o alemão Walter Lewy, que se manteve fiel ao Surrealismo até o fim da vida, e brasileiros como Flávio de Carvalho e Mário Gruber, que criaram universos que transcendem o comum, estão ao lado de nomes como Regina Silveira e Cildo Meireles, cujas obras estabelecem diálogos menos evidentes, mas significativos com o movimento. Também presentes estão os brasileiros Octávio Araújo, com cenas que evocam mistério e magia, e Marcello Grassmann, que explora figuras mitológicas e combina o humano e o animal. A mostra aborda a questão da representatividade feminina no surrealismo, reconhecendo que o movimento foi historicamente misógino. No entanto, propõe um olhar crítico sobre essa questão, explorando como o Surrealismo, apesar de suas limitações, contribuiu para discussões sobre identidade e subjetividade.

A exposição “Quimeras – 100 anos do surrealismo” convida o público a refletir sobre a atemporalidade do Surrealismo e sua capacidade de transcender fronteiras culturais e temporais, expandindo os limites da percepção e da interpretação artística. Ao explorar como o imaginário e o inconsciente seguem vivos e desafiadores na produção artística contemporânea, a mostra reafirma o Surrealismo não apenas como um marco histórico, mas como um movimento em constante transformação, que continua a inspirar novas gerações de artistas e a ressoar profundamente nas sensibilidades atuais.

Artistas partcipantes

Alejandro Lloret, Cildo Meireles, Flávio de Carvalho, Marcello Grassmann, Mario Gruber, Octávio Araújo, Regina Silveira, Roberto Magalhães, Sonia Menna Barreto, Vik Muniz, Walter Lewy, Wifredo Lam, Juarez Machado, Vito Campanella, Leon Ferrari, Fernando Cardoso, Inos Corradin e Victor Brecheret.

Até 14 de desembro.

Projetando para outro horizonte.

A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar My Black Utopia, primeira exposição do artista O Bastardo n’A Gentil Carioca São Paulo, com abertura no dia 09 de novembro, sábado, das 14h às 19h. O texto crítico é assinado por Lilia Schwarcz, que aponta:

“My Black Utopia diz respeito, portanto, ao protagonismo preto. Não se trata de apenas “pegar e copiar”, como diz O Bastardo. Mas de “pegar e projetar para outro horizonte”, como na “Alegoria da Caverna”, escrita por Platão. Neste texto, o filósofo mostra como pessoas presas desde a infância neste local acreditavam que as sombras que projetavam nas paredes eram as únicas realidades existentes. Pois bem, nosso artista mostra como toda tela carrega outras possibilidades – expressas ou ocultas – e assim nos convida a olhar de novo, e enxergar diferente.”

A partir de um processo de apropriação de símbolos e ícones presentes em obras canônicas da história da arte ocidental, O Bastardo propõe a criação de um mundo utópico onde as figuras dessas obras habitam uma realidade paralela, marcada pela presença e protagonismo da figura preta. O artista descreve esse processo como um “atropelamento” dos clássicos, uma sobreposição que expõe a existência desse universo alternativo.

A individual ficará aberta à visitação até o dia 18 de janeiro de 2025.

Onde o fim se insinua em Juan Casemiro.

04/nov

Marli Matsumoto Arte Contemporânea, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Depois que acaba”, a primeira individual do artista Juan Casemiro na galeria, com texto crítico de Ana Roman.

Na exposição “Depois que acaba”, Juan Casemiro nos conduz por um território onde o tempo não se extingue, mas se dilata, criando espaços de pausa, onde o fim se insinua como uma nova possibilidade. O que termina, na verdade, nunca acaba por completo. O apagamento é parcial, deixando rastros, vestígios que se recusam a desaparecer por completo. O trabalho de Casemiro habita justamente esse intervalo, onde os objetos, em seu silêncio, ainda carregam as marcas das histórias que viveram.

Metros de madeira desgastados pelo uso, fitas cassete guardando músicas que talvez nunca mais sejam ouvidas, fósforos queimados que já cumpriram sua função – esses são os materiais que ele resgata. São fragmentos de um cotidiano abandonado, objetos que, mesmo fora de contexto, continuam a falar. E o que dizem não é apenas sobre sua função original, mas sobre as mãos que os tocaram, os momentos que eles presenciaram, os pequenos gestos que ficaram impregnados em suas superfícies.

Nas obras de Casemiro, o ordinário se transforma em matéria poética. Um metro de madeira ou uma fita cassete ganham uma segunda vida, não para serem úteis novamente, mas para existirem como portadores de memórias. Ao não revelar tudo, ao manter certos segredos intactos – como as músicas gravadas em uma fita que nunca será tocada – o artista preserva o mistério. O silêncio que envolve essas fitas se torna um espaço de imaginação, onde o espectador é convidado a projetar suas próprias histórias, a preencher as lacunas com aquilo que nunca será dito.

É essa suspensão que marca Depois que Acaba. Ao escolher guardar e não expor completamente, Casemiro estende a vida desses objetos para além de sua obsolescência. O fim se converte em uma pausa, onde as histórias permanecem, abertas, prontas para serem reimaginadas, mas nunca concluídas. As obras sugerem que o fim de algo não é uma anulação, mas uma transformação que, mesmo em seu silêncio, continua a reverberar.

A exposição propõe uma reflexão sobre o que permanece depois do fim – o que ainda resiste nas camadas invisíveis do tempo. Os objetos, assim como as histórias que eles contêm, permanecem vivos, suspensos entre o que já foi e o que ainda pode ser. O gesto de Casemiro é uma forma de cuidado, uma maneira de prolongar o instante em que o passado ainda ecoa no presente. Em cada peça, há um convite para escutar o silêncio, para perceber o intervalo entre o fim e o que vem depois.

São  Paulo, outubro de 2024

Ana Roman

A primeira exposição individual de Cipriano.

01/nov

A NONADA SP inaugurou a primeira exposição individual do artista Cipriano, intitulada “Saravá o Invisível”. Com curadoria de Paulo Azeco e texto crítico da curadora angolana Paula Nascimento, a mostra reúne trabalhos inéditos que exploram a relação entre memória, espiritualidade e materialidade, utilizando elementos como algodão, carvão e pemba. As obras de Cipriano evocam gestos ritualísticos que dialogam com sua trajetória pessoal e sua vivência no terreiro, abrindo uma reflexão sobre o passado e o presente, tanto em suas dimensões pessoais quanto coletivas. A mostra aborda memória, espiritualidade e ressignificação cultural.

Paula Nascimento, angolana, pesquisadora, curadora e arquiteta, ganhadora do Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2013, destaca no texto crítico o caráter performático das pinturas de Cipriano, onde os processos de repetição e sobreposição criam uma narrativa visual rica em significados. Através de suas composições, o artista explora o legado do tráfico transatlântico, a interligação entre culturas materiais e as tecnologias de resistência e cura. “Saravá o Invisível” é uma ode à continuidade da vida, aproximando o visível e o invisível, o pessoal e o coletivo, em uma reflexão sobre as experiências partilhadas e universais.

Sobre o artista

Cipriano, nascido em Petrópolis, RJ, é artista, escritor e pesquisador, com foco na africanidade. Sua obra, presente em diversas exposições individuais e coletivas, é marcada por um profundo diálogo com o espectador, ressignificando símbolos e tradições culturais. Esta é sua primeira exposição individual consolidando seu papel como uma voz emergente no cenário artístico contemporâneo.

Até 25 de janeiro de 2025.