Jac Leirner, “Adição”

23/maio

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Adição”, nova exposição de Jac Leirner. A mostra inclui esculturas com embalagens de sedas, uma instalação com pontas de cigarros de maconha e sequências fotográficas montadas sobre madeira. Compulsão e consumo, acúmulo e reorganização são questões recorrentes na obra de Jac Leirner. Ela utiliza materiais próximos do seu cotidiano, em sua maioria descartáveis ou sem valor. Assim, se no passado a artista usou cigarros, cartões de visita, sacolas de museus, talheres e cobertores de aviões, aqui ela emprega a imagem e os materiais associados ao consumo de cocaína e maconha. Nas imagens, pequenas pedras de cocaína são rodeadas por objetos pessoais como moedas, pinças e souvenirs.

 

Jac fez as fotos em 2010 e as editou seis anos depois, formando narrativas cinemáticas que se encerram em capítulos independentes. As pequenas esculturas retratadas transfiguram-se em cone, cabeça, roda, esfera e coração até desaparecerem. A disposição horizontal dos trabalhos, sobrepostos em cinco linhas ao longo da galeria, enfatiza essa vocação literária, ao mesmo tempo em que evidencia aspectos formais de cor e composição. Alguns objetos usados nas fotos retomam materiais previamente usados pela artista, ao passo que outros revelam um aspecto de intimidade absoluta, num grau máximo de justaposição entre vida e obra. “About Men and Animals”, por exemplo, cria uma história com objetos em miniatura, enquanto “Macbeth” faz referência direta à literatura. “Oh Yes Yes”, e “Round Ones” reúnem as imagens com moedas e cédulas de dinheiro. “Landscape”  por sua vez, forma uma cena quase abstrata. As esculturas intercalam-se às sequências fotográficas e, de maneira análoga, lidam com a matéria residual do fumo. “Freezing Flame”, “Sugar Baby”, “Statement”, entre outros, são criadas com embalagens de sedas para cigarro montadas sobre madeira.

 

Essas obras ganham corpo a partir do formato irregular das embalagens quando desmontadas e se organizam em composições cromáticas. A artista insere ainda níveis de precisão nos suportes, revelando o sentido de equilibro tão essencial a esses trabalhos. As noções de consumo e acúmulo dos materiais ganham contornos arquitetônicos na obra “High and Low”. Ocupando o segunda andar da galeria, cabos de aço dão estrutura a pontas de cigarros de maconha. A escultura se define por linhas que tensionam o espaço, alcançando o grau mínimo da matéria, sintetizada em seu menor elemento.

 

Na ocasião da abertura, a publicação “Three White Nights” será lançada no Brasil. O livro de artista, realizado em parceria com a designer holandesa Irma Boom, reúne todas as imagens da série fotográfica que integram a exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Jac Leirner nasceu em São Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes em instituições, destacam-se: Institutional Ghost , IMMA (Dublin, 2017); Add it up , The Fruitmarket Gallery (Edimburgo, 2017); Borders are drawn by hand , MoCA Shanghai (Xanghai, 2016); Funciones de una variable , Museo Tamayo (Cidade do México, 2014); Pesos y Medidas , CAAM (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 2014), Hardware Seda – Hardware Silk , Yale School of Art (New Haven, 2012); Jac Leirner , Estação Pinacoteca (São Paulo, 2011). Seu extenso 

 

currículo de exposições inclui ainda participações em: Bienal de Sharjah (2015), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (1997 e 1990), Documenta de Kassel (1992), Bienal de São Paulo (1989 e 1983). Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: Tate Modern (Londres), MoMA (Nova York), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), Carnegie Museum of Art (Pittsburgh, EUA), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museo Reina Sofía (Madri), entre outras. 

 

 

 

De 26 de maio a 28 de julho.

 

Na Bergamin & Gomide

15/maio

A exposição individual “Mira Schendel: Sarrafos e Pretos e Brancos”, da artista suíça, naturalizada brasileira, Mira Schendel, próximo cartaz da Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresentará cerca de 20 obras cuidadosamente selecionadas, produzidas entre as décadas de 1960 e 1980, circulando entre suas diversas fases criativas.

 

Mira Schendel, uma das artistas brasileiras mais significativas do século XX, desenvolveu um corpo de trabalho extremamente complexo e único. “Sarrafos” (1987), última série completa produzida da artista, conta com 12 obras e quatro delas estarão em exposição na galeria. Produzidos sobre uma base totalmente branca, na qual uma haste de madeira preta se sobressai, nos Sarrafos “o caráter tridimensional do elemento acaba por transformar efetivamente o jogo, ao materializar aquilo que, por princípio, deveria ser virtual e ilusionista. E exatamente a relação íntima entre o elemento e a superfície da qual se desprega, vem a gerar um campo plástico vivo e indecidível. Ao se anunciar pintura, o trabalho35 se revela quase escultura”, escreveu o crítico de arte Ronaldo Brito em 1988.

 

A série de obras faz referência ao momento de incerteza política vivida no país: “nasceu de um momento de falta de decisão, de desordem, que o Brasil viveu em março, quando parecia que estávamos morando em uma Weimar tropical. Naquele momento, como todos, eu também sentia necessidade de ter uma direção, um rumo. Essas obras são uma reação ao marasmo daquele momento”, comentou Mira em 1987.

 

Desenvolvida entre 1985 e 1987, a série “Pretos e Brancos”, que precede “Sarrafos”, é “lírica”, uma vez que sua ênfase está no movimento e no espaço. São pinturas de têmpera e gesso que, à distância, remetem a painéis planos pontuados por arcos e linhas. Porém, depois de uma inspeção mais minuciosa, revelam pequenas variações de textura que projetam sombras e formam sutis relevos esculturais.

 

Pinturas e outras obras produzidas sobre papéis de arroz japonês são caracterizadas por motivos geométricos minimalistas, linhas delicadas ou letras compostas que investigam noções de temporalidade e transitoriedade. Experimentando materiais efêmeros, Schendel tornou-se cada vez mais interessada em transformar letras e elementos linguísticos em objetos gráficos – uma abordagem mais comumente associada à poesia concreta. Nessas obras, as letras são liberadas e desconstruídas, levantando questões sobre linguagem, escrita, desenho e imagem.

 

As primeiras obras geométricas abstratas de Mira, feitas com uma palheta terrosa, foram a público em exposições individuais em 1950 e 1952. Ela participou da primeira Bienal Internacional de São Paulo de 1951; recebeu prêmios nos Salões da Bahia e do Rio Grande do Sul entre 1951 e 1953; e, em outubro de 1954, realizou sua primeira grande exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, exibindo pinturas das séries “Geladeiras ou Fachadas”.

 

A individual da artista, em parceria com a Hauser & Wirth e colaboração de Olivier Renaud-Clément, fica em exposição entre os dias 22 de maio e 23 de junho, na Galeria Bergamin & Gomide.

Desver a Arte

14/maio

A palavra de ordem é diversificar. É com este espírito que a Emmathomas Galeria, Jardins, São Paulo, SP, exibe “Desver a Arte”.  Sob a gestão do artista, colecionador e empresário Marcos Amaro e direção artística do curador Ricardo Resende, a galeria voltou ao mercado de arte com uma proposta mais ousada e inovadora, rompendo amarras e apresentando ao público um corpo de artistas diverso.

 

A exposição “Desver a Arte” marca essa reabertura da Emma, com os 16 artistas representados: ao lado do já consolidado pintor e escultor Gilberto Salvador, por exemplo, Mundano, um dos grafiteiros mais atuantes da cidade de São Paulo. Às delicadas esculturas e cerâmicas da japonesa Kimi Nii, somam-se os objetos imbuídos de narrativa surrealista do paulistano Hugo Curti. Os ambientes e as pinturas realistas em três dimensões de Alan Fontes, contrapõe-se às telas de atmosfera fantástica de Sani Guerra.

 

“De gerações diferentes, de diversas linhagens, vertentes e suportes, são artistas com interesses também incomuns. A galeria ousa mostrar essas diferenças experimentais plásticas e poéticas de cada um dessa família artística, características que se faz visível na diversidade do que é visto na arte contemporânea”, afirma o curador Ricardo Resende.

 

Além dos artistas já citados, comparecem Alex Flemming, Armando Prado, Carl Emanuel Wolff, Carlos Mélo, Francisco Klinger Carvalho, Isabelle Borges, Jens Hausmann, Katia Salvany, Marcia Grostein e Paula Klien.

 

 

Última semana, até 19 de maio.

Um outro Brasil na Zipper Galeria

11/maio

A exposição coletiva “Desmedida” é o novo cartaz da Zipper Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, com abertura para o próximo dia 17 de maio. O título da exposição é tomado emprestado do livro “Desmedida”, do escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho. Trata-se de um relato poético de viajante quando de sua prospecção pelo Brasil, a partir de excursão pela bacia do Rio São Francisco. “Vários artistas estabelecem relações poéticas e visuais semelhantes ao escritos de Ruy. Há uma geração de artistas trabalhando com a ideia de redescobrimento. O interior do país passou por transformação sócio econômica radical nos últimos 20 anos”, afirma o curador Diego Matos.

 

Na exposição coletiva “Desmedida”, prelúdio de uma pesquisa curatorial mais ampla desenvolvida na última década, o curador Diego Matos reúne um conjunto de trabalhos que retratam o Brasil, seu lastro histórico e suas múltiplas realidades à luz de um imaginário construído nas duas últimas décadas do século XXI. Na contramão aos parâmetros de uma história oficial baseada nas ideias grandiosas de progresso e civilização e na atenção ao desenvolvimento das grandes metrópoles, as investidas dos artistas aqui selecionados conflagram largo interesse em explorar, reconhecer territórios grandiosos mas invisíveis. Trata-se desse mesmo Brasil que, no momento, seja por temor, ignorância ou elitismo, é dado as costas.

 

Em busca de narrativas que refletem sobre outros entendimentos do que seria o chamado “Brasil profundo”, “o grande sertão”, a dimensão da floresta ou a errônea percepção da natureza “selvagem”, a seleção contempla produções de André Penteado (São Paulo, 1973), Daniel Frota (Rio de Janeiro, 1988), Haroldo Sabóia (Fortaleza, 1985), João Castilho (Belo Horizonte, 1978), Marcelo Gomes (Recife, 1963), Karim Aïnouz (Fortaleza, 1966), Regina Parra (São Paulo, 1981), Romy Pocztaruk (Porto Alegre, 1983) e Tuca Vieira (São Paulo, 1974). “Muitas destas pesquisa encontram nas profundezas do interior, deste íntimo do país, alguma condição universal, um sentimento comum demasiadamente humano. O interesse é este: confrontar o íntimo e o universal, o micro e o macro, confundindo escalas”, afirma.

 

De Tuca Vieira, a série fotográfica “Viagem ao Brasil” (2013) faz um retrato deste novo habitus construído sob a égide do desenvolvimento econômico e que se sobrepõe aos discursos globalizantes e homogeneizadores. Dois vídeos de Haroldo Sabóia – “Carta à Solidão (2016)” e “Na medida em que caminho” (2017) – fazem uma espécie relato poético sobre paisagens interioranas do Nordeste do país. Também o faz o vídeo “Sertão de Acrílico Azul Piscina” (2004), da dupla Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, com tom documental e prospectivo, mas de caráter eminentemente experimental e poético. É por ele que a própria narrativa expositiva começa. O último vídeo da coletiva, “Barca Aberta” (2016), de João Castilho, reflete sobre deslocamentos de trabalhadores no interior mineiro, perpetuando a idéia permanente de movimento enquanto forma de sobrevivência.

 

De André Penteado, fotografias da série “Missão Francesa” (2017) desvendam o processo civilizatório e cultural de “catequizar” o Brasil a partir de referências ocidentais. Talvez seja esse contexto registrado que demarca a primeira ação de caráter simbólico no país, na construção de uma modernidade forjada. E, de Romy Pocztaruk, trabalhos da série “A Última Aventura” (2014) investigam os vestígios materiais e simbólicos remanescentes da construção da rodovia Transamazônica, um projeto faraônico, utópico e ufanista, relegado ao abandono e esquecimento. Regina Parra é a única artista a apresentar uma pintura da mostra. “Um Perigo um Chance” (2017), pintura de escala monumental, vem de uma pesquisa da artista que reflete sobre temas como imigração, iminências de transformação e condições inóspitas, colocando o espectador em real situação de desequilíbrio. Por fim, Daniel Frota, com sua peça sonora “It’s a Perpetual Way”, investindo na natureza circular e mântrica da musica popular brasileira, manipula a canção de Caetano Veloso, “It’s a Long Way”, de 1972, abrindo alas aos que chegam à galeria, o que põe em contato o público e o privado.

 

 

Sobre o curador

 

Diego Matos nasceu em Fortaleza, CE, 1979), é pesquisador e curador; mestre (2009) e doutor (2014) pela FAU-USP. Foi um dos curadores do 20o Festival de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil, Sesc Pompéia, 2017. É organizador, com Guilherme Wisnik, do livro “Cildo: estudos, espaços, tempo”, pela Ubu Editora, 2017. Foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010); membro do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2011 – 2013); curador assistente do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil (2013); e curador das exposições Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente (Pivô, 2012) e Quem nasce pra aventura não toma outro rumo (Paço das Artes, 19º Videobrasil), todos em São Paulo, entre outras. Foi coordenador de Acervo e Pesquisa da Associação Cultural Videobrasil (2014-2016). Foi curador de exposições individuais de artistas como: Michel Zózimo, Rafael Pagatini, Raquel Garbelotti, Yiftah Peled, entre outros. Atuou também como professor em centros de ensino de arte e arquitetura em São Paulo (Instituto Tomie Ohtake, Escola São Paulo, Centro de Pesquisa e Formação e outras unidades do Sesc São Paulo). Ademais, escreve textos para catálogos de exposições; livros e exposições de artistas e colabora com revistas acadêmicas e de arte.

 

 

Até 16 de junho.

 

Cenas Contínuas

O Face Gabinete de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta pela primeira vez as pinturas da jovem artista Luisa Zimmer Ritter, na mostra “Nachleben – Cenas Contínuas” com vernissage marcado para o dia 16 de maio. Pinturas de séries realizadas entre 2014 e 2018 (óleo e cera de abelha sobre tela), intituladas “Rio Espelhado” e “Paisagens Vila Ipojuca”, serão apresentadas de forma inédita na capital paulista. A exposição tem curadoria da historiadora Eugênia Gorini Esmeraldo.

 

“Nachleben” em alemão pode significar vida após a morte e sobrevivência, como uma sequência de cenas que se estendem por tempos, eras, culturas… Aby Warburg se referia à sobrevivência das imagens e motivos, à continuidade ou pós-vida e à metamorfose das imagens. “Nachleben” envolve sequências não literais, gesto e ruptura, relacionados com o modo de ver, encontrar e lembrar dessas imagens abordadas nas diferentes séries, às sequências delas, que se conectam, mas também levam para uma particularidade específica. Uma mistura de vida urbana, vida familiar, nostalgia, trabalho, viagens. Isso tudo ressignificando e dando movimento às sequências de imagens.

 

 

Sobre a artista

 

Luisa Zimmer Ritter nasceu em Montenegro, RS, em 1988. Vive e trabalha em São Paulo. Com formação em publicidade, morando em São Paulo desde 2008, a artista fez experimentações com tecidos, objetos, fotografia. Porém a pintura acabou se revelando seu interesse maior e é isso que agora a leva para a Alemanha, onde pretende aperfeiçoar sua produção pictórica em um residência artística. Suas pinturas ilustraram a capa e a página central do Caderno Ilustríssima (21/jan/2018) do jornal A Folha de São Paulo. A pintura conquistou a artista quando frequentou cursos de história da arte. Decidida a seguir nessa trilha, aos poucos deixou as experiências que realizava e passou a fazer estudos de obras clássicas em frequentes visitas à coleção do MASP e às Bienais. Percebe-se também o uso da fotografia, mas ela avança e amplia o espaço ou modifica o real com inserções próprias. Seu trabalho tem uma pincelada segura, utiliza pigmentos de alta qualidade e consegue em cenas banais momentos de grande beleza com a luz cuidada e delicada que insere, principalmente nas paisagens. As cores fortes não resvalam para o excesso, dando boa resolução para suas composições. Os temas, mesmo que autorreferentes, retratam o mundo jovem, sugerem um viés pop que não pesa ao olhar e permite identificação imediata. Sua dedicação e seu trabalho persistente sugerem uma carreira promissora. 

 

 

Sobre a Face Gabinete de Arte

 

Com quase um ano de funcionamento, o espaço é dirigido pelo colecionador Francisco de Assis Cutrim Esmeraldo e pela historiadora Eugênia Gorini Esmeraldo e tem como foco a difusão de artistas brasileiros modernos e arte popular. 

 

 

A palavra da artista

 

“Nachleben” em alemão significa vida após a morte e sobrevivência, uma sequência de cenas que se estendem por tempos, eras, culturas… Aby Warburg se referia a sobrevivência das imagens e motivos, a continuidade ou pós-vida e a metamorfose das imagens. “Nachleben” envolve sequências não literais, gesto e ruptura, relacionados com o modo de ver, encontrar e lembrar dessas imagens abordadas nas diferentes séries, às sequências delas, que se conectam, mas também levam para uma particularidade específica. Uma mistura de vida urbana, vida familiar, nostalgia, trabalho, viagens. Isso tudo ressignificando e dando movimento às sequências de imagens. O tema gira em torno das pinturas que produzi nos últimos anos, muitas das cenas fazem parte do acervo de imagens que herdei do meu avô Ivan Zimmer. Fotografias que retratam do sul ao norte do Brasil. Na sequência a série “Rio Espelhado”, que faz parte de uma descoberta de negativos deteriorados da minha primeira ida ao Rio de Janeiro, em 1994. O fato gerou uma grande inspiração cinematográfica na minha infância; eram somente recortes, não lembrava das cenas até reencontrar as imagens quase 20 anos depois. Os retratos de Caroline Bittencourt, da série “Todas as Cores, do Preto ao Branco”, levam a essa permanência da imagem, quando a fotógrafa registra minha fase bem jovem. Projeto nas pinturas o que somente nas fotografias seria possível rever. As demais séries, mesmo sendo memórias mais recentes, também têm este significado marcante por serem visões contemporâneas. Nas duas pinturas “Pitangueira”, são retratos de uma árvore que secou. Mas cujos resquícios estão ainda presentes no jardim da casa da minha família, em Montenegro, no Rio Grande do Sul. 

 

A série “Paisagens Vila Ipojuca” é uma homenagem ao amigo Emerson Pingarilho, que faleceu precocemente ano passado. Ali nos vimos pela última vez e foi onde fizemos nosso último filme. O lugar é especial para mim por estar ao lado do atelier em que passei os últimos três anos em São Paulo. Há uma vibração pictórica que vive por ali, que me lembram Van Gogh e Cézanne. Deve ser por causa das árvores e pedras, que foi o que me inspirou também em São Bonifácio, na Serra do Tabuleiro em Santa Catarina, da série “Terras de Egon Schaden”. Fui levada a notar com mais cuidado as cenas que a natureza nos apresenta, as histórias antropológicas sobre cada lugar; paisagens sublimes que mostram a passagem do tempo, pedras que mostram seres inanimados. Resquícios de que lá um dia foi mar e mais ainda, foi  terra de outros habitantes.

 

 

Sobre a Face Gabinete de Arte

 

Com quase um ano de funcionamento, o espaço é dirigido pelo colecionador Francisco de Assis Cutrim Esmeraldo e pela historiadora Eugênia Gorini Esmeraldo e tem como foco a difusão de artistas brasileiros modernos e arte popular. 

Presença Afro Brasil

09/maio

Mostra homenageia artistas e personalidades negras dos séculos XIX e XX, além da arte afro-atlântica de Cuba e do Haiti. No dia 12 de maio, sábado, Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, inaugura a exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”. A mostra, com curadoria de Emanoel Araújo, destaca a definitiva presença negra na arte, história e memória brasileiras.

 

Nos 130 anos da abolição da escravidão (1888), o Museu Afro Brasil ressalta a competência, o talento e a resistência negra nos campos da arquitetura, artes plásticas, escultura, ourivesaria, literatura, música, dança, teatro, idioma e costumes. A mostra destaca a produção dos séculos XIX e XX, por meio de pinturas, fotografias, litografias, esculturas e desenhos que evidenciam e valorizam a fundamental contribuição africana e afro-brasileira na construção do país..

 

“Isso é Coisa de Preto é um jargão, um termo preconceituoso e racista nacional, muito usado para descriminar a condição de ser afro-brasileiro. Ressignificar tal terminologia, com o objetivo de ressaltar que ‘coisa de preto’ é ter excelência nas artes, ciências, esportes, medicina e em outros campos relevantes da sociedade, é um dos objetivos da exposição”, salienta Emanoel Araújo.

 

Mulheres e homens negros que marcaram época na recente história brasileira em suas respectivas áreas, tais como o médico Juliano Moreira, o poeta Luiz Gama, o escritor Manuel Querino, a cantora Elza Soares, o editor Francisco Paula Brito, os músicos Dorival Caymmi, João do Vale, Cartola, Milton Nascimento, Luiz Melodia, Jamelão, Pixinguinha, Paulinho da Viola e Itamar Assumpção, a bailarina Mercedes Baptista, o abolicionista José do Patrocínio, a atriz Ruth de Souza, o jogador Pelé, Madame Satã, entre outros, estão entre as personalidades negras representadas na mostra.

 

Nomes como o dos irmãos Arthur Timótheo e João Timótheo, Heitor dos Prazeres, Solano Trindade, Yedamaria, Mestre Valentim, Nelson Sargento, Eustáquio Neves, Walter Firmo, Rubem Valentim, Estevão Silva, José Teóphilo de Jesus, Benedito José Tobias, Mureen Basiliat, Rafael Pinto Bandeira, Washington Silveira, Otávio Araujo, Waldomiro de Deus, Antonio Firmino Monteiro, Pierre Verger, Carybé, João Alves, Maria Lídia Magliani, Caetano Dias, Belmiro de Almeida, Mestre Benon e João da Baiana são alguns dos artistas com trabalhos na expostos na mostra.

 

“Se por um lado a data marca os 130 anos da extinção do trabalho escravo no Brasil, por outro ainda somamos 400 anos de preconceitos, racismo e indiferença das elites oligárquicas desse país com relação aos negros e negras. São 400 anos de ausência de políticas públicas capazes, ao menos, de sanar esses absurdos que não só envolvem a questão de cor e de raça, mas também a pobreza que atinge as comunidades onde a maioria negra é constantemente objeto do maltrato, do isolamento e da violência noticiada todos os dias pela imprensa, como se normal fosse o mal que atinge em pleno século XXI essa camada da população excluída da educação, da saúde, da moradia e dos direitos e privilégios das outras classes sociais”, afirma o curador sobre os 130 anos da abolição da escravatura no Brasil.

 

 

 

Arte Afro-Atlântica de Cuba e Haiti

 

A exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”, revê ainda a produção artística de dois países com predominante população negra: Cuba e Haiti. Obras provenientes do sincretismo religioso e da união entre os cultos do vodum e da igreja católica, presentes no cotidiano de inúmeras famílias destas duas nações abastecidas por corpos negros durante o período do tráfico negreiro também integram a exposição.

 

Esculturas e pinturas que remetem à prática religiosa nos templos afro-cubanos e revelam a sintonia deste povo com a ancestralidade africana, em especial seus escultores que entenderam intimamente como interpretar este sincretismo, integram a o núcleo dedicado a república socialista de Cuba.

 

A exposição mostra também a vitalidade criativa do povo haitiano, através das linguagens que a obra de arte pode oferecer: das esculturas em ferro recortadas com seres míticos, das assemblagens evocando associações secretas e das bandeiras bordadas com miçangas, com símbolos do sincretismo religioso. Todo esse cabedal exposto nesta exposição revela um povo voltado para manifestações artísticas profundas, unido pela fé e pelo desejo espiritual das permanências ancestrais.

 

 

Vernissage com música africana ao vivo

 

O grupo Os Escolhidos, criado em 2014, no Brasil, e formado por imigrantes e refugiados da República Democrática do Congo, se apresentará durante abertura da exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”. Na ocasião, o grupo entoará diferentes gêneros musicais como rumba congolesa, acapela, zouk, world music, além de estilos próprios da região do Congo cantados em diferentes idiomas como lingala, kikongo e swahili.

 

Até 29 de julho.

Ismael Nery no MAM/SP

Ao programar esta exposição, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, e o “… curador pensaram sobretudo nos jovens que se interessam por arte, nos professores e no grande público que ainda não tinha contato com a obra de Ismael Nery (1900-1934). Não é uma exposição para especialistas, embora esses possam ter o prazer de revisitar trabalhos já conhecidos. É uma exposição em que se revela um artista que, na sua época, teve a coragem de caminhar sozinho, descobrir-se e procurar um olhar que estivesse absolutamente sincronizado com o seu tempo, mas – incrível – não com os intelectuais de seu país. 

 

Em um momento em que era moda intelectual ser materialista e mesmo anticlerical, o homem que se dizia católico e professava sua fé em discussões filosóficas, na sua casa e na casa de amigos no Rio de Janeiro, era um dândi narcisista. Assim como a de sua mulher, sua beleza física evidente e muito impositiva, aliada à sua habilidade intelectual de polemista nas rodas de discussões, contribuía para elevar sua vaidade. Basta lembrar a quantidade de autorretratos – e autorretratos com Adalgisa. Era exímio dançarino e, na época, era o que chamamos hoje de “um artista performático”. A questão de gênero não estava ausente na sua corajosa produção: figuras andróginas atravessam toda a sua obra, assim como a relação entre o feminino e o masculino.

 

Agora vamos às obras. Os grupos estão divididos por gêneros: os nus, as figuras, os retratos e autorretratos, as danças, os cenários, as obras surrealistas – estas pioneiras do gênero no Brasil, junto com as de Cícero Dias (1907-2003). É apenas uma das formas de se mostrar e examinar as pinturas e os desenhos. Antes, o que ressalta aos olhos? Evidentemente, as pequenas dimensões da maioria desses trabalhos. Essa escala muito íntima demonstra um certo desprezo pelo mundo no qual a arte irá circular enquanto mercadoria. A maior parte deles não admite nenhuma distância, tem de ser vista de muito perto – para cada trabalho, um olhar. “

 

A curadoria de “Ismael Nery: feminino e masculino” é do crítico de arte Paulo Sergio Duarte.

 

 

De 08 de maio a 19 de agosto.

Nassar está na Pinacoteca Estação

25/abr

A Pinacoteca Estação, São Paulo, SP, exibe a retrospectiva do artista paraense Emmanuel Nassar. Com patrocínio de Credit Suisse, “Emmanuel Nassar: 81-18” abre o calendário de exposições do prédio, que é da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado.

 

Com sua produção, Nassar provoca reflexões sobre o “erudito” e o “popular”. Suas pinturas e objetos estão marcados por interações aparentemente banais: das logomarcas pintadas em fachadas de rua à geometria rigorosa que remete ao concretismo brasileiro; da pintura popular do circo e do parque de diversões que circula o país à ironia da arte-pop americana. Além disso, o uso de símbolos como a bandeira nacional, a logomarca da Coca-Cola e a referência à Hollywood estão também presentes sem hierarquias, mas apresentadas com um senso de humor irônico.

 

“O trabalho de Emmanuel Nassar é muito potente. Fez com que a crítica do sudeste repensasse a noção idealizada que existia do pintor dito ingênuo”, explica o curador Pedro Nery.

 

A mostra apresenta quatro décadas de produção, reunindo trabalhos conectados por temas que são recorrentes ao longo desse período. Serão abordadas questões sobre identidade, a pop-arte ou a iconografia circense. Serão mais de cem trabalhos, entre eles “Receptor”, de 1981, o mais antigo presente na retrospectiva e que marca uma guinada em sua produção artística. Também “Fachada”, obra do acervo da Pinacoteca que representa em escala real o pórtico de um circo de rua e que foi feita para servir de entrada para a sala do artista na Bienal de 1989.

 

Vale lembrar que esta individual dá continuidade ao programa de exposições que pretende realizar uma revisão da carreira de artistas que iniciaram suas trajetórias na década de 1980 e construíram um percurso destacado no contexto da arte contemporânea brasileira.

 

“O que há de mais perene no conjunto da obra de Nassar é, possivelmente, a ambiguidade de dois mundos brasileiros, um informal das ruas e da experiência mundana em contraste com a formalidade geométrica e utópica”, completa Nery.

 

A Pinacoteca prepara um catálogo que reunirá dois textos inéditos escritos pelos autores Pedro Nery e Thierry Dufrêne, historiador da arte. O livro trará ainda reproduções das obras expostas.

 

 

 

Até 02 de julho.

Os africanos, cinco exposições

16/abr

O Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugura cinco exposições e homenageia Mestre Didi e Frans Krajcberg. Nova geração de artistas africanos e o olhar europeu na fotografia contemporânea também estão entre os destaques das mostras. Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, abre simultaneamente no sábado, 21 de abril, às 11h00, cinco novas exposições: “Um Frans, a natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e fotografias”; “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade”; “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea”; “África Contemporânea” e “África e a presença dos espíritos”.


Com curadoria de Emanoel Araújo, os destaques das exposições ficam por conta das homenagens póstumas a dois nomes fundamentais das artes visuais no Brasil no século 20, ambos, coincidentemente, com íntima relação com a natureza: o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans Krajcberg (1921-2017), falecido no ano passado, e Mestre Didi (1917-2013), cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 2 de dezembro.


Um Frans

Conhecido por dedicar sua vida e obra à defesa da natureza brasileira, a mostra individual “Um Frans”, a natureza reúne esculturas, relevos e fotografias de Krjacberg que revelam a revolta do artista contra a destruição do planeta.  A exposição destaca o modo criativo com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um grito da natureza por socorro”. “Frans foi um eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma peregrina as matas e florestas do Brasil. Em sua longa vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas, das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da sua obra”, ressalta o curador.

 

 

 

Um Deoscóredes  

 

 

A exposição “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade” é uma homenagem ao centenário de nascimento de Mestre Didi (1917-2013), Alapini do Ilê Asipa e filho de Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista, produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira.

 

Repleta de elementos da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi “é como a união da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”, define Emanoel Araújo. Dentro da exposição, será exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário “Alapini: A Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá”, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold.

 

 

 

Os africanos

 

Muitos foram os fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos e das manifestações culturais África afora. “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea” reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester (Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia (Portugal).

África Contemporânea

 

A exposição “África Contemporânea” apresenta trabalhos de artistas de países como Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana, tais como Dominique Zinkpè, Aston, Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas, esculturas, instalações, desenhos e colagens. Sobre a atual produção artística em África, Emanoel destaca o compromisso das novas gerações com temas da atualidade: “A arte contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais, extrai daí sua invenção plástica”.

África e a Presença dos Espíritos

 

A mostra “África e a Presença dos Espíritos” reúne esculturas, máscaras, asens e moedas produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão espiritual desses diferentes povos”, explica Emanoel.

 

 

De 21 de abril a 10 de junho.

Aula Aberta 397

É namoro ou amizade: É possível definir as relações entre artistas e curadores?
No dia 17 de abril, o Ateliê397, Pompéia, São Paulo, SP,  reúne seu time de professores para discutir a relação entre artistas e curadores. Junto à mesa formada pelos artistas Rodrigo Bivar e Raphael Escobar e os críticos-curadores Thais Rivitti e Carlos Eduardo Riccioppo, os alunos dos cursos e público interessado problematizarão sobre o tema.
Desde a histórica mostra de Harald Szeemann “When attitudes becomes form”, de 1969, o papel do curador tem sido fundamental para criar mediação entre artista, instituições e público. Mas, embora essencial, tal prática se vê comumente questionada, paradoxalmente, pelas mediações propostas. Nesse sentido, observamos uma independência do artista da figura do curador, tornando ele próprio artista-etc, como disserta Ricardo Basbaum em seu provocativo artigo “Amo artistas-etc”, como parte da publicação coletiva “The Next Documenta Should Be Curated By An Artist”, que reuniu artistas para pensar como seria a organização de uma grande mostra com a ausência da figura de um curador.Durante o encontro, não pretendemos defender lados, mas sim provocar o pensamento acerca das práticas tanto curatoriais, quanto artísticas, e elencarmos (se possível) razões que aproximam, distanciam ou geram casamentos de sucesso entre esses dois agentes da arte contemporânea. 

TRELA #3 apresenta: Denise Alves Rodrigues

 

O programa TRELA, que estreou este ano no Ateliê397, tem como estrutura convidar a(o) artista para trazer e debater um trabalho de sua autoria, numa conversa aberta guiada a partir de interlocutores convidados. TRELA parte do anseio de encontrar novas formas de trazer trabalhos a público, mesmo na ausência de grandes estruturas, mediações institucionais ou cronogramas, sem que seja perdida a densidade do debate que as obras podem provocar.
Em sua terceira edição, Denise Alves-Rodrigues apresenta a Série T2283Bunke. No dia 19/04 será realizado o debate com interlocução de Julia Coelho e mediação de Flora Leite.

 

A Série T2283Bunke foi desenvolvida pela artista em residência na KIOSKO Galería (Santa Cruz, Bolívia) em 2016. Tamara Bunke foi uma guerrilheira argentina que lutou ao lado de Che Guevara na Bolívia morta em 1967 e o asteróide 2283Bunke foi descoberto pela astrônoma soviética Lyudmila Zhuravlyova em 26 de Setembro de 1974 e nomeado em sua homenagem. T2283Bunke é composta por trabalhos que constróem diferentes mecanismos e resultados de coleta e apresentação de dados relacionados à guerrilheira e ao asteróide.

 

Sobre a artista
Denise Alves-Rodrigues em 1981, vive e trabalha em São Paulo. É tecnóloga autodidata, artista plástica e astrônoma amadora. Iniciou seus estudos de Artes em Ribeirão Preto – SP e é bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo – 2012.  Inventa aparatos eletrônicos e dispositivos astronômicos para coleta de dados – do céu, da água e da terra – pesquisando as fricções entre técnica e representação.

 

 

De16 a 22 de abril.