Debut de Jandyra Waters

05/abr

A Galeria Sancovsky, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura com curadoria de Marcos Moraes, a exposição individual de Jandyra Waters. A artista ganha, aos 97 anos, sua primeira individual na Galeria Sancovsky. A exposição acontece no momento em que a pintora paulistana comemora sete décadas de trajetória artística. Esta mostra destaca as investigações cromáticas e pictóricas que Jandyra Waters realiza até hoje, assim como fica demonstrado seu interesse e acompanhamento pelo experimentalismo e a geometria.

 

 

De 05 de abril a 05 de maio.

Materiais orgânicos  

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura “Inventário”, exposição individual do artista plástico Dudu Garcia, sob curadoria de Marcus de Lontra Costa, composta por 12 pinturas em técnica mista que busca reunir, pela primeira vez, um recorte de sua produção, abordando como tema principal o tempo e a matéria, em uma pesquisa sobre a expansão dos limites da pintura. 

 

Entre o abstracionismo informal e o hiper-realismo, o trabalho de Dudu Garcia procura trazer o deslocamento de paisagens urbanas despercebidas para dentro da tela, sendo o diálogo com a ação do tempo uma das principais ferramentas utilizadas em sua investigação pictórica. Ao se utilizar de materiais como carvão, pó de pedra, poeira, linóleo, borracha e limo, suas pinturas tomam forma em suportes que variam entre telas de linho, cânhamo e canvas de algodão. Nos dizeres do próprio artista: “Meu trabalho é muito orgânico. As cores são cores naturais que encontramos no mundo, fora da pintura. A técnica envolve monotipia, infusão, colagem, pintura, todos feitos em técnica muito autoral, desenvolvida dentro do studio”.  

 

Para a mostra na Verve Galeria, foram selecionados trabalhos realizados entre 2002 e 2018, no intuito de criar um amplo panorama da produção do artista. Sobre essa produção, o curador Marcus de Lontra Costa comenta: “Há, em sua ação, uma espécie de aura romântica, um compromisso com a criação do belo e com a revelação de um mundo escondido diante de nosso olhar. Para ele, o artista é um desbravador, um descobridor, e a tarefa maior de seu ofício é desnudar os véus do olhar. A pintura é instrumento de sensibilização, simples e sofisticada como o pão e o vinho. Através de manchas de cores formadas por camadas de tinta sobrepostas, o trabalho do artista revela um processo pictórico sensível e bem elaborado”.  

 

Acerca de suas criações, Dudu Garcia acredita no exercício prático e contínuo do trabalho como fonte de ideias e de realização. “Seus objetos, desenhos, pinturas, esculturas superam as tradicionais classificações da arte e se afirmam como elementos totêmicos de grande força e potência visual, revelando um artista maduro, inteligente e sensível, que domina os seus meios expressivos e insere a sua produção na vigorosa arena complexa e perturbadora que abriga e espelha a arte contemporânea e seu papel fundamental no mundo em que vivemos”, conclui Marcus de Lontra Costa
 
De 09 de abril a 26 de maio.

Viva Arte, novos e consagrados

28/mar

A Bossa Nova Sotheby´s International Realty, São Paulo, SP, aposta em um novo projeto e abre as portas para receber artistas de diferentes linguagens para fomentar o encontro entre obra x espectador e propor uma nova discussão de como consumimos e vemos arte. Chamado de “Viva Arte”, a ação abrigará em seu calendário uma série de eventos voltados à produção artística contemporânea, que terá abertura com exposição coletiva e exclusiva da Verve Galeria.

 

Com projeto geral da “Se Joga Beth” e da curadora Beth Leone, a ação tem o objetivo de reunir clientes, colecionadores e artistas no escritório central da marca em São Paulo. “Queremos abrigar em um espaço comercial objetos artísticos e promover exposições, performances, apresentações musicais e tantas outras manifestações artísticas. A atividade comercial não exclui o universo simbólico nem o da imaginação, ao contrário, um completa o outro.”, explica Amanda Pimenta, gerente de marketing da Bossa Nova Sotheby’s International Realty.

 

A exposição inaugural, que fica em cartaz de 03 de abril a 05 de maio, contará com 18 artistas (novos e já consagrados), entre eles: Fabiano Al-Makul, Beatriz Albuquerque, Kikyto Amaral, Michael Drumond, Eduardo Garcia, Luiz Martins, Paulo von Poser e Ricardo Hachiya, que fazem parte do cenário de arte contemporânea atual. A mostra, que tem curadoria de Ian Duarte Lucas e Allann Seabra da Verve Galeria, apresenta uma série de trabalhos entre pintura, fotografia, escultura e gravura, que exploram diversas linguagens artísticas, que compreendem processos contínuos e complementares.

 

Revelação abstrata na Pinacoteca

23/mar

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, exibe no primeiro andar da Pina Luz – Praça da Luz, “Hilma af Klint: Mundos Possíveis”, sua primeira exposição do calendário de 2018 e um dos grandes destaques do ano. Com patrocínio de Banco Bradesco e Ultra, chega pela primeira vez na América Latina uma mostra individual da pintora sueca Hilma af Klint (1862-1944), cujo trabalho vem sendo reconhecido como pioneiro no campo da arte abstrata e que passou despercebido durante grande parte do século XX.

 

Hilma af Klint frequentou a Real Academia de Belas Artes, principal centro de educação artística da capital sueca, mas logo se distanciou do seu treino acadêmico para pintar mundos invisíveis, influenciada por movimentos espirituais como o Rosa-cruz, a Teosofia e, mais tarde, a Antroposofia. Ela integrou o As cinco”, grupo artístico composto por artistas mulheres que acreditavam ser conduzidas por espíritos elevados que desejavam se comunicar por meio de imagens e já experimentavam desde o final do século 19 a escrita e o desenho automático, antecipando as estratégias surrealistas em mais de 30 anos.

 

A exposição inclui 130 obras. Destaque para a série intitulada “As dez maiores”, realizada em 1907 e considerada hoje uma das primeiras e maiores obras de arte abstrata no mundo ocidental, já que antecede as composições não figurativas de artistas contemporâneos a af Klint como Kandinsky, Mondrian e Malevich. Além deste conjunto, a exposição em São Paulo contará com algumas séries de obras que nunca foram apresentadas ao público.

 

A mostra da Pinacoteca tem curadoria de Jochen Volz, diretor geral da instituição, em parceria com Daniel Birnbaum, diretor do Moderna Museet, e é uma colaboração com a Hilma af Klint Foundation. “O trabalho de Hilma af Klint dialoga de certa forma com o sincretismo e a pluralidade de cosmovisões tão presente na cultura do Brasil. A serialidade encontrada em sua obra também aparece na arte brasileira, em especial no concretismo e neoconcretismo”, explica Volz.

 

O trabalho de af Klint foi exposto pela primeira vez em 1986 na mostra “The Spiritual in Art: Abstract Paintings 1890–1985”, realizada no Los Angeles County Museum of Art.  Mas apenas a grande retrospectiva organizada pelo Moderna Museet de Estocolmo em 2013 e, consequentemente, a sua itinerância pela Alemanha, Espanha, Dinamarca, Noruega e Estônia permitiu que o trabalho de af Klint fosse reconhecido internacionalmente pelo grande público. Desde então, suas obras participam de exposições realizadas na Europa e Estados Unidos.

 

A Pinacoteca prepara um catálogo bilíngue, português-inglês, que reunirá três textos inéditos escritos pelos autores Jochen Volz, Daniela Castro, curadora independente, e Daniel Birnbaum. O livro trará ainda reproduções das obras expostas e uma cronologia escrita por Luciana Ventre, pesquisadora brasileira que lança nos próximos meses uma biografia de Hilma af Klint.

 

 

Até 16 de julho.

Fotos de Alice Quaresma

21/mar

A Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta no dia 24 de março, o projeto solo “Coisas da Vida”, da artista carioca Alice Quaresma. O projeto é inédito e traz como foco o questionamento do movimento e cronologia através da fotografia. Para a sala de projeto solo da Casa Nova, a artista criou um mural fragmentado usando fotografias e paneis coloridos pendurados individualmente criando profundidade e distanciamento entre cada imagem e cor. A instalação permite que o público percorra o trabalho de forma que se surpreendam com a fotografia panorâmica da cidade natal da artista, Rio de Janeiro, ao fundo da sala.
Além disso, o projeto “Coisas da Vida” contemplará seis obras únicas, onde Alice Quaresma cria linhas e marcas gestuais sobre fotografias tiradas no Rio de Janeiro, nos últimos 15 anos. A artista continua investigando os limites da fotografia como um objeto de precisão e verdade. A geometria e marcas gestuais são elementos constantes nos trabalhos da artista, nos quais investiga maneiras de romper com formas representadas nas fotografias. Decisões subjetivas e ocasionais são constantes e aparentes em seus trabalhos, de modo que aproximam suas obras a acontecimentos da vida, trazendo um olhar poético para pequenos encontros e desencontros do dia a dia, criando assim, uma história sem cronologia.

 

 

Sobre a artista

 

Alice Quaresma nasceu no Brasil em 1985 e vive atualmente em Nova York. Possui em seu currículo uma série de prêmios, convites para projetos especiais e residências, incluindo o renomado Prêmio da Foam Talent em Amsterdã. Em 2017, Alice participou de exposições coletivas e individuas na Europa, Estados Unidos e Brasil e integrou um grupo de artistas em duas residências nos Estados Unidos e teve seus trabalhos publicados em revistas, jornais e sites importantes no Brasil, Japão, EUA e Europa. Cursou o MFA no Pratt Institute em 2009 e foi selecionada como umas das vencedoras do prémio PS122 durante o mesmo ano.

 

 

De 24 de março a 21 de abril.

 

Matsutani na Bergamin & Gomide

09/mar

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, exibe “Takesada Matsutani: Selected Works 1972 – 2017”, uma seleta de obras de Takesada Matsutani. Nascido no Japão e membro da segunda geração do grupo Gutai, Takesada Matsutani participou em 2017 da mostra Grafite Works, em Nova York e da 57ª Bienal de Veneza, Itália.

 

Entre as características que marcam a obra de Takesada Matsutani, artista japonês radicado em Paris, está o material utilizado para compor seus trabalhos: a cola de vinil – uma espécie de adesivo de contato de aderência rápida e flexibilidade após a secagem. O artista representa a nova tomada do expressionismo abstrato e estará presente na exposição inédita no Brasil que a Bergamin & Gomide apresenta a partir do dia 03 de março, em parceria com a galeria Hauser & Wirth e organizada com Olivier Renaud-Clément.

 

Em seus primeiros experimentos, Matsutani impregnou a superfície da tela com elementos bulbosos, usando sua própria respiração para criar formas inchadas e rompidas, evocando carne e feridas. A carreira do artista começou nos anos 1960 como membro-chave da “segunda geração” na Gutai Art Association, o inovador e influente coletivo de arte do Japão na pós-guerra. Um dos mais importantes artistas ainda em produção, Matsutani continua a demonstrar o espírito de Gutai, transmitindo a reciprocidade entre o gesto puro e a matéria-prima. Suas pinturas, desenhos e esculturas envolvem temas do eterno e ecoam os intermináveis ​​ciclos de vida e morte.

 

Para a exposição na Bergamin & Gomide, foram selecionadas cerca de 20 trabalhos com grafite, cola de vinil, colagem e acrílico, entre outros materiais, tendo como suporte o papel, a tela e a madeira. Nos últimos três anos, Matsutani realizou as exposições individuais no Manggha Museum of Japanese Art and Technology (Krakow, 2018), na Hauser & Wirth Los Angeles (Los Angeles, 2017), na Hauser & Wirth, Zurique, (Suíça, 2016), no Otani Memorial Art Museum, “Correntes”, Nishinomiya (Japão, 2015) e na Hauser & Wirth New York (Nova York, 2015).

 

Além da exposição na Bergamin & Gomide, Matsutani realizará uma programação paralela na JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista. Entre 06 e 11 de março, o espaço receberá duas obras do artista, além de performances exclusivas. Uma delas, aberta ao público, será realizada no dia 11 e integrará a programação do evento Paulista Cultural; iniciativa que prevê uma programação especial em diversas instituições da Avenida Paulista, como Casa das Rosas, Centro Cultural Fiesp, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e MASP. Criada pelo governo japonês em São Paulo, Los Angeles e Londres, a JAPAN HOUSE se propõe a ser um ponto de difusão de todos os elementos da cultura contemporânea japonesa para a comunidade internacional com programação cultural e vivências abertas ao público.

 

O Maravilhamento das coisas

28/fev

A Galeria Sancosky, Jardim Paulista, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “O Maravilhamento das Coisas”, coletiva com curadoria de Julie Dumont – The Bridge Project.  A mostra propõe uma reflexão sobre os desdobramentos da estética do cotidiano na arte contemporânea e reúne trabalhos que borram os limites entre arte erudita e popular, figuração e abstração, original e cópia. Participam os artistas Daniel Barclay, Mariano Barone, Bruno Brito, Leda Catunda, Matheus Chiaratti, Tatiana Dalla Bona, Mayla Goerisch, Martin Lanezan, Mano Penalva e Sergio Pinzón.

 

Através de instalações, esculturas, pinturas e assemblages, a exposição reflete sobre as estratégias de apropriação de referências corriqueiras através da lente subjetiva e afetiva dos artistas, usando objetos e imagens familiares e projetando-os para ou além da parede. Criando novas funções e significados, derrubando fronteiras e transpondo lugares conhecidos para o lugar da arte, a coletiva traz à tona os deslocamentos operados pelos artistas, transformando as coisas do cotidiano e aplicando o paradigma da arte contemporânea na sua relação mais íntima com o público. Neste jogo de possibilidades, de expansão e permeabilidade dos conceitos de obra de arte, beleza e finitude, o visitante é convidado a uma jornada empática no universo pessoal dos artistas, no campo lúdico da arte, o do maravilhamento das coisas.

 

 

Até 31 de março.

Ícone da Arte contemporânea

Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar a mostra “ZAZEN”, individual do artista Daniel Arsham, importante ícone da arte norte-americana contemporânea. O ato de sentar e permitir o fluxo livre e contínuo de pensamentos recebe, no budismo, o nome de zazen. “Za” significa “sentar” e “zen” refere-se a um estado de concentração profunda. Zazen existe enquanto estado mental, no qual espaço e tempo são suspensos. Em “ZAZEN”, os trabalhos reunidos propõem uma outra experiência e percepção do fluxo do tempo.

 

Conhecido por trabalhos situados entre arte e arquitetura, nos quais intervém em nossas impressões sobre o espaço, a poética de Arsham também tange a dimensão temporal. Os trabalhos do artista tensionam a temporalidade na qual se inscreve a arquitetura onde se instalam: suas obras apresentam-se, no momento e espaço contemporâneos, como objetos que tem permanência em uma escala temporal quase geológica. O tempo, para o artista, não parece ter início ou fim absoluto, pois ele é percebido como uma longa duração, que atravessa e suspende a espacialidade.

 

Dentre os trabalhos que compõe a mostra, destacam-se “Ash and Rose Quartz Eroded Televisions” e o vídeo “Future Relic”. Tais trabalhos fazem parte da série “Fictional Archeology”, no qual o artista se coloca como um arqueólogo do futuro e convida os espectadores a fazerem o mesmo: objetos do presente são recriados como esculturas e expostos como relíquias. Nessa arqueologia ficcional, os artefatos contemporâneos parecem ter sido petrificados, pois são compostos por uma mistura de materiais rochosos, minerais e cimento. Ao contrário do que são hoje, objetos feitos em escala massiva e industrial, marcados pela rápida obsolescência do mundo do consumo, eles assumem um caráter único. Colocamo-nos diante deles como se estivéssemos diante de preciosidades, que resistiram ao tempo e às intempéries, mas que nos fazem rememorar nosso presente.

 

As obras “Blue Gradient Teddy Bear” e “Blue Gradient Seated Female Figure” integram uma instalação semelhante a “Blue Garden”, site specific realizado no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em 2017, no qual Daniel Arsham recria um jardim zen com areia e duas esculturas.  Na cultura milenar japonesa, tal jardim é um refúgio para concentração e para o fluxo de energia.  As marcas na areia realizadas com um restelo simbolizam, deste modo, o fluxo de água.  No jardim de Arsham, a figura da mulher sentada e de um urso de pelúcia também petrificados substituem as tradicionais pedras como elemento decorativos e criam uma situação de simultaneidade entre o universo tradicional, que se estende temporal e espacialmente, e o mundo contemporâneo fugidio e acelerado. Nos trabalhos que compõem a mostra, Arsham propõe ao espectador a experiência de um tempo que não é concreto – apesar da materialidade dos objetos de suas esculturas e instalações. O tempo, como no budismo, aparece como amplo e cíclico. Ele é, simultaneamente passado, presente e futuro, em um contínuo sem começo, meio e fim.

 

 

De 03 a 31 de março.

 

No Baró Contêiner

Galeria Baró, Jardins, São Paulo, SP, têm o prazer de apresentar “Refôrma”, exposição individual de Amanda Mei, no Baró Contêiner. Nela, as obras expostas giram em torno do conceito da reorganização e reequilíbrio de um modelo, matriz ou molde.

 

Segundo a própria artista: “Refôrma traz a experiência de devolver para a natureza uma geometria falha, um novo uso, um desvio da função original dos materiais por meio da ideia de artificio e camuflagem. A mostra é composta por pinturas e esculturas que tratam do equilíbrio entre elementos de formação do universo, com composições tridimensionais construídas pelo homem ou apropriadas diretamente da natureza. São combinações que se reorganizam de acordo com o meio em que estas se encontram, tal qual uma estrutura molecular ou um planeta.”

 

O conjunto de trabalhos trata da dinâmica dos movimentos de transformação e destruição, a ideia de progresso e sobrevivência. Estes pontos se colocam como um pacto entre o homem e a natureza – seja pelo embate dos diferentes materiais com o espaço físico, da tinta com a parede e dos visitantes com as obras. Os fragmentos de madeira, papelão, argila, tinta se transformam em formas tridimensionais e parecem crescer no espaço como uma arquitetura “não oficial” por um período determinado de tempo. Tais procedimentos refletem a ideia de camuflagem em relação ao deslocamento, função e transformação dos materiais.

 

 

De 03 a 31 de março.

Jorge Feitosa na Galeria VilaNova

23/fev

A Galeria VilaNova, localizada Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inicia seu calendário expositivo de 2018 com “Lágrimas de Ouro”, do artista visual Jorge Feitosa, sob curadoria de Bianca Boeckel. Por meio de doze fotografias, oito objetos/esculturas, dois vídeos-performance, uma instalação e um painel formado por vinte imagens, a mostra apresenta um mergulho nas emoções mais íntimas do artista e propõe reflexão sobre a memória do corpo, trazendo a tona questões como deslocamento, identidade e morte.

 

“Nasci em Porto Velho (RO) e me mudei para São Paulo ainda adolescente. Desde pequeno, quando saía com meu pai, costumava ficar sempre olhando para o lado de fora do carro para não perder nada do que se passava, e são algumas dessas imagens e paisagens que permanecem na minha memória, mesmo que fragmentadas.” Ao se aprofundar nessas lembranças ou fragmentos de memórias, Jorge Feitosa extrai de si tudo que há de mais íntimo e pessoal, como afetividades, deslocamentos, informações, emoções e sentimentos, dos quais resultam sua produção artística. Em “Lágrimas de Ouro”, o artista performa frente à câmera cenas advindas de seu próprio subconsciente e as fotografa, criando assim uma forte carga imagética e que, em alguns trabalhos, se aproxima da foto-performance. “Ao interagir com o meio, animais vivos e mortos e matérias orgânicas, suas fotografias e vídeos ganham genuinidade e textura – é como se embarcássemos juntos em suas viagens”, comenta Bianca Boeckel, curadora da exposição.

 

Sobre a técnica, Jorge Feitosa prefere que ela seja desenhada e utilizada naturalmente, para não limitar as possibilidades de suporte. “Fico sempre aberto e atento, observando cada detalhe de tudo, só ai decido a técnica e suporte.” Para esta nova mostra na Galeria VilaNova, a temática do resgate da memória afetiva e emocional continua sendo sua escolha, mas agora na condição de um indivíduo que sofreu um deslocamento físico – remetendo principalmente a sua mudança de Porto Velho (RO) para São Paulo, quando adolescente. Em suas palavras: “Quando estou com uma imagem na cabeça e quero torná-la física, busco fazer isso no menor espaço de tempo para que ela não se perca. Ganho tempo já na seleção do que levo para minhas locações – duas câmeras, um tripé, três baterias, além e claro de contar com a luz natural do ambiente. Gosto que tudo seja rápido, pois na minha cabeça já tenho toda imagem resolvida. Acredito que isso conserva o frescor e a fidelidade que quero transmitir com um trabalho”.

 

A partir da pesquisa de imagens e fragmentos de memória, o artista dá início a um trabalho, revendo a origem dessas imagens. O próximo passo desse processo é sair a campo, geralmente entre São Paulo e Rondônia, onde tenta tornar física a inspiração estética que seu subconsciente buscou. Nas palavras de Ananda Carvalho, professora, crítica de arte e curadora: “Jorge Feitosa reflete sobre as buscas de uma identidade mestiça. O artista nasceu e cresceu em Porto Velho (Rondônia), mas vive na cidade de São Paulo há mais de 30 anos. Mas, além das referências biográficas, seu trabalho procura discutir uma concepção ampliada entre as forças que interferem na constituição das subjetividades do indivíduo contemporâneo”.

 

 

Sobre o artista

 

Jorge Feitosa nasceu em Porto Velho, RO, 1969. Vive e trabalha em São Paulo. É graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2013) e também possui formação em fotografia pelo MAM de São Paulo, onde participou junto ao coletivo de fotógrafos da publicação do livro Luz Marginal Procura Corpo Vago. Pesquisa a performance e sua relação com a fotografia e vídeo, trazendo à tona um imaginário que apresenta questões inerentes ao homem contemporâneo, como por exemplo, a ideia de enraizamento e deslocamento. Entre suas principais exposições destacam-se Foto-Performance, Oficina Cultural Oswald de Andrade, SP (2015), Mappa Dell’arte Nuova – Imago Mundi Art – Fondazione Giorgio Cini, Veneza-Itália (2015), 2ª Bienal de Veneza/Neves, MG, (2015), Das Matizes as matrizes, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2015), Performa-Projetos Curados/Curated Projects, SP-Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo (2015), Impressões Impressas, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2014), Da Luz ao Inacabado, Galeria 13 – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2014), Transfigurações – O que precede o corpo, Verve Galeria (2013) e Diálogos e Expressões Gráficas, SP ESTAMPA, no Museu de Belas Artes de São Paulo (2012).

 

 

 

Sobre a Galeria VilaNova

 

Localizada na região do Parque Ibirapuera, a Galeria VilaNova promove artistas em ascensão e consagrados, e tornou-se ponto de encontro para quem aprecia boa arte. Em sua 22ª exposição, a galeria atende a um público exigente, sempre em busca de novidades em fotografia, pinturas, esculturas e diversas mídias. Através de intensa pesquisa e de uma curadoria detalhista, exibe uma grande variedade de arte conceitualmente significativa e visualmente estimulante. Uma combinação de mostras coletivas e solo, além de um acervo eclético e em constante renovação, permitem que colecionadores apreciem trabalhos sempre novos e aprendam sobre as últimas tendências. Bianca Boeckel, proprietária e diretora, atua também como consultora de artistas e clientèle, lançando mão de sua experiência internacional.

 

 

De 1º de março a 07 de abril.