Livro e exposição de Valeska Soares

06/out

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Lugar Comum”, quinta exposição individual de Valeska Soares.  Em esculturas e trabalhos de parede recentes a artista utiliza linho, bastidores de costura, tapeçaria e peças de mobiliário para explorar a relação entre a abstração, a memória e experiência cotidiana. “Lugar Comum” refere-se metaforicamente a um denominador emocional que estes objetos de natureza e épocas distintas criam na relação entre a obra e o público.

 

Ground (2016) dá título a um grupo de trabalhos composto por tapetes antigos recortados, pintados, dobrados e enrolados em composições geométricas simples que se estruturam em termos da escala e da padronagem – quase imperceptível pela idade dos tapetes – mas também do peso, brilho e cor.  A escolha do tapete parte do interesse por uma qualidade doméstica e transcultural, por ser um objeto de uso religioso, decorativo e até monetário presente em inúmeras culturas na história do Oriente e Ocidente.

 

A geometria também está presente nos trabalhos da série Conjunction (2016) feitos com bastidores de costura aplicados diretamente sobre linho cru e preto, sem chassis. Os bastidores delimitam áreas lisas na superfície drapeada que são então bordadas, pintadas ou laminadas. A paleta é reduzida ao tom bege do linho, ao vermelho, preto e branco das linhas e tintas e, finalmente, à prata e ao ouro que banham os bastidores da obra Constellation (2016). Referências históricas à Abstração Geométrica permeiam os trabalhos de forma oblíqua. Construtivismo, Minimalismo, Concretismo sugerem um lugar de origem da artista – e das obras – sem se revelar nominalmente em um trabalho ou outro.

 

Na obra que dá nome a exposição, Lugar Comum (2016), quatro cadeiras de madeira e palhinha são unidas por seus acentos formando uma cruz perfeita onde a forma toma o lugar da função. Num movimento igualmente preciso, Valeska substitui uma portinhola retangular de uma antiga porta por um espelho de latão para compor a obra Untitled (2016). Nas duas esculturas fica evidente o jogo entre abstração, afeto e memória que permeia todas as obras da exposição.

 

Na ocasião da abertura da exposição, foi lançada a publicação “Valeska Soares”, uma co-publicação das editoras Mousse (Milão) e Cobogó (Rio de Janeiro). O livro cobre a produção da artista nos últimos dez anos e inclui texto de Jens Hoffmann e uma entrevista com a artista conduzida por Kelly Taxter, respectivamente Diretor de Exposições e Curadora Assistente do Jewish Museum, Nova York (EUA).

 

 

Sobre a artista

 

Valeska Soares participou das Bienais de São Paulo (2008), Sharjah (2009), Istambul e Taipei (2006), além da 51ª Bienal de Veneza (2005). Em 2009, inaugurou um pavilhão individual no Inhotim Centro de Arte Contemporânea (MG). Entre suas exposições individuais destacam-se Jewish Museum, Nova York (EUA); Bronx Museum of the Arts, EUA; Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey, México; New Museum, EUA. Sua obra está em importantes coleções públicas, como Hirsh horn Museum and Sculpture Garden, Washington; The Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; The Carnegie Museum of Art, Pittsburgh; Cisneros Fontanals Art Fundation, Miami; e Tate Modern, Londres.

 

 

 

Até 22 de outubro.

 

 

Olhar Compartilhado: Incerteza Viva

27/set

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulista, SP, implementando iniciativas em busca da melhor compreensão e proximidade do público com a arte contemporânea, em parceria com a artista plástica Anete Ring, abriga uma edição especial do projeto “Olhar Compartilhado”, onde a artista constrói leituras das obras, somando os olhares dos participantes, levantando dúvidas e questionamentos. O que está dentro do campo da arte contemporânea representada hoje pelos artistas da Bienal Internacional de São Paulo? Por que química, biologia, antropologia, literatura estão inseridas nas artes plásticas? Afinal, o que é arte e o que não é, é possível definir?

 
Em três datas pré-definidas, um grupo será preparado e acompanhado a uma visita a Bienal Internacional de São Paulo, na sua 32ª edição – Incerteza Viva. Dois dos encontros ocorrem na galeria, onde serão discutidos os conceitos centrais que norteiam a curadoria e os artistas que compõe a mostra. Os encontros anteriores à visita permitem um brainstorm coletivo para que o grupo chegue às obras com “ainda mais questionamentos e com uma proposta de aproximação às poéticas dos artistas e das questões da arte”, diz Anete Ring.

 
São quatro as vertentes curatoriais apresentadas: narrativa/incerteza, cosmologia/incerteza, ecologia/incerteza e educação/incerteza. As conversas buscam construir um raciocínio de como se dá o fluxo entre estes temas e o trabalho dos artistas. As obras selecionadas de artistas como Pierre Huyghe, Francis Alis, Lais Myrhha, Franz Krajberg, Leon Hirszman, Koo Jeong A, serão comentadas e analisadas para possibilitar um melhor entendimento de suas trajetórias e suas proposições para esta edição.

 
A Bienal é um dos eventos mais importantes no mundo da arte contemporânea. A proposta central de “Olhar Compartilhado “ é a de possibilitar a potencialização da experiência da visita guiada à exposição, composta por obras de 81 artistas do mundo inteiro. “Todas as ações foram pensadas de forma participativa e ativa, aprimorando o olhar e a sensibilidade de cada um, compartilhando dúvidas, inquietudes e construindo uma experiência única”, define Anete Ring.

 
26, 27 (Verve Galeria) e 29 (Bienal de São Paulo) de setembro de 2016.
Horário: das 19h30 às 21h30

 

Sinais na Arte, MAM-SP

22/set

O MAM, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, participa – de 27 a 30 de setembro – da VI Semana Cultural Sinais na Arte, com atividades focadas nas culturas surdas como oficinas, visitas guiadas e uma sessão de cinema com cinco curtas-metragens nacionais produzidos em Libras, seguido de um bate-papo em português em Libras sobre o cenário do público surdo em São Paulo.

 

Pioneiro no processo de acessibilidade do público surdo aos museus e instituições culturais, o Museu de Arte Moderna de São Paulo promove a VI Semana Cultural Sinais na Arte, com programação gratuita de atividades artísticas realizadas na língua brasileira de sinais (Libras). A ação demonstra como a Libras integra a cena de São Paulo por meio de uma programação que conta com oficinas, visitas mediadas e, pela primeira vez, apresenta a mostra SURDOCINE – O som e o Sentido, que exibe curtas-metragens nacionais produzidos em Libras.

 

O ciclo de filmes propõe um intercâmbio de percepções entre surdos e ouvintes com a apresentação de cinco curtas-metragens, legendados em português, que abordam diversas vivências da cultura surda. Realizado pela primeira vez no Festival Curta Brasília do ano passado, a mostra apresenta as produções O resto é silêncio (RJ), de 2015; Sophia (PB), de 2013; Os estranhos entre amigos (RS), de 2015; Atrás do mundo (SP), de 2009; A onda traz, o vento leva (PE), de 2010. Após a sessão de cinema que totaliza 70 minutos, acontece um debate (em libras e em português) com os participantes, mediado pelo educador Leonardo Castilho.

 

Segundo a coordenadora do Educativo e de Acessibilidade do MAM, Daina Leyton, a sexta edição do evento visa a comemorar as melhorias das condições de vida e de acesso à cultura do público surdo. “Vários avanços nas últimas décadas levaram à melhoria das condições de acesso da comunidade surda à vida social e diversos espaços públicos e privados contam com surdos trabalhando e profissionais com conhecimento de libras para receber bem o público surdo, como é o caso do MAM, ” completa.

 

Todas as atividades têm vagas limitadas. Para participar é necessário fazer inscrição prévia pelo telefone (11) 5085-1313 ou pelo e-mail: educativo@mam.org.br.

 

27/9 – Terça-feira

10h30- Experimentações com tintas naturais com Mirela Estelles. Descrição: Neste encontro os participantes são convidados a experimentar diversos gestos, movimentos e sensações a partir da vivência com tintas atóxicas feitas artesanalmente.

Local: Ateliê do MAM

 

28/9 – Quarta-feira

10h30- Oficina de performance com Leonardo Castilho. Descrição: No encontro, os participantes experimentam o corpo como linguagem poética e expressiva.

Local: Ateliê do MAM

 

14h- Mostra audiovisual em Libras Surdocine – O som e o sentido, seguido de debate com mediação do educador Leonardo Castilho

Local: Auditório do MAM

 

29/9 – Quinta-feira

10h30- Oficina Brincadeiras Poéticas em Português e Libras com os educadores Leonardo Castilho e Mirela Estelles. Descrição: Os participantes exploram diversos recursos poéticos por meio de poesias, músicas e brincadeiras.

Local: Ateliê do MAM

 

14h30- Jogo de poesias com o Corposinalizante. Descrição: Os participantes exploram diferentes formas de expressar e criar poesias.

Local: Ateliê do MAM

 

30/9 – Sexta-feira

10h- Visita mediada em Libras nas exposições O útero do mundo e Volpi – pequenos formatos com o educador Leonardo Castilho.

Local: espaço expositivo

Os Muitos e o Um

21/set

O título “Os muitos e o um” pauta o fundamento desta primeira exposição organizada a partir de uma das maiores e mais importantes coleções de arte no Brasil: “Andrea e José Olympio Pereira”. Na condução da curadoria, o consagrado crítico norte-americano Robert Storr, com o apoio de Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, optou por privilegiar obras individualmente vigorosas, com potência própria, independentemente de possíveis diálogos que possam estabelecer com os demais trabalhos e produções reunidos.

 

“Cada uma destas decisões foi tomada após exame das qualidades especiais e pontos fortes de uma obra exclusiva, mesmo quando se considera seu lugar em um contexto mais amplo composto por outras obras do mesmo artista, conjuntos de obras de outros artistas de orientação semelhante e a obra completa de artistas de estilos e convicções evidentemente diferentes e possivelmente contrários”, afirma Storr.
 

Para a exposição, que ocupa todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, o curador selecionou cerca de trezentas peças – pintura, desenho, escultura, instalação e vídeo – de mais de cem artistas brasileiros, entre as mais de duas mil obras nacionais e internacionais pertencentes ao acervo particular. Segundo ele, trata-se de um conjunto que, além de sua monumentalidade, dispõe de trabalhos icônicos da produção de muitos artistas. A mostra, portanto, proporciona um olhar afinado sobre o panorama artístico contemporâneo brasileiro e seu momento anterior, ao focalizar a produção dos anos 1950 até hoje. “Estamos vivendo uma era pluralista e também um momento de excepcional diversidade e hibridez […] Em lugar algum este pluralismo é mais rico, heterogêneo e fecundo do que nas Américas; em nenhum lugar das Américas há maior efervescência artística de todos os tipos do que no Brasil”.
 

No elenco, integram um núcleo histórico nomes como Alfredo Volpi, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Mira Schendel, Willys de Castro, Helio Oiticica, Amilcar de Castro e Geraldo de Barros. Já no eixo central da exposição, que engloba os anos 1970 a 1990, há artistas que se destacam pela importância que desempenham na coleção, seja pelo volume de trabalhos, seja pelo papel que assumem na narrativa da arte contemporânea ou ainda pela variedade de suportes e linguagens que exploram, como Waltercio Caldas, Iran Espírito Santo, Anna Maria Maiolino, Paulo Bruscky, Miguel Rio Branco, Adriana Varejão, Tunga, Carmela Gross, Claudia Andujar, Luiz Braga, Leonilson, Jac Leirner, José Resende, Daniel Senise, Sandra Cinto, Ernesto Neto, Paulo Monteiro, Marcos Chaves, Rivane Neuenschwander, Rosangela Rennó, entre outros. Por fim, completa a mostra uma seleção de artistas que despontaram mais recentemente, indicando os desdobramentos e caminhos possíveis da arte contemporânea, como Erika Verzutti, Marina Rheingantz, Daniel Steegman, André Komatsu, Eduardo Berliner, Tatiana Blass e Bruno Dunley.

 

 

 

Sobre o curador

 

 

Robert Storr, artista, crítico e curador, foi o primeiro americano a ser nomeado diretor de artes visuais da Bienal de Veneza (2004 e 2007).  Foi curador do departamento de pintura e escultura do Museu de Arte Moderna – MoMA, em Nova Iorque (1990 e 2002), onde organizou exposições temáticas como Dislocations and Modern Art Despite Modernism, e individuais de importantes artistas, como Elizabeth Muray, Gerhard Richter, Max Beckmann, Tony Smith e Robert Ryman. Foi professor de História da Arte Moderna no Institute at Fine Arts, na New York University. Atualmente é professor de pintura na Yale University.

 

 

 

Até 23 de outubro.

Rubem Valentim – A Pintura Pulsa

19/set

A Galeria Berenice Arvani, Jardins, São Paulo, SP, exibe série de trabalhos de Rubem Valentim com curadoria assinada por Celso Fioravante. Rubem Valentim é considerado um dos maiores artistas representantes da cultura afro-brasileira. Movido por questões ideológicas, buscou na cultura popular africana as características que norteariam seu trabalho até o final da vida, em suas pinturas, esculturas e objetos. Ele sintetizou os elementos presentes nos cultos de candomblé, como os oxês de Xangô em objetos
geométricos, em linearidade.

 

 
Rubem Valentim criou uma espécie de escrita para esses elementos, uma nova signografia, uma arte semiótica, que promove uma leitura profunda, sintética e habilidosamente cromatizada da identidade afro-brasileira.

 

 

Até 21 de outubro.

OLHO : Vídeo arte

15/set

A mostra “OLHO video art cinema”, em sua segunda edição, que apresenta: Território não Mapeado / Uncharted Land, apresenta 16 obras de artes em vídeo de artistas brasileiros e internacionais. Com entrada gratuita, a Cinemateca Brasileira (SP), o Cine 104 (BH) e a Cinemateca do MAM (RJ) recebem mostra de artistas contemporâneos brasileiros e internacionais.

 

A segunda edição da mostra, “OLHO video art cinema”, acontece na Cinemateca Brasileira em São Paulo (nos dias 29, 30 de setembro e 01 e 02 de outubro), no Cine 104 em Belo Horizonte (nos dias 06, 07 e 08 de outubro) e no Rio de Janeiro (nos dias 17, 18 e 19 de outubro) trazendo uma seleção de filmes de artistas hoje relevantes para a Arte Contemporânea.

 

São eles (nome, país e número de títulos na Mostra): Ana Vaz (BR, três títulos), Anri Sala (AL, um título),Basim Magdy (EG, dois títulos), Ben Rivers (EN, três títulos), Graeme Arnfield (EN, dois títulos), Fiona Tan (RI, um título), Letícia Ramos (BR, um título), Mihai Grecu (RO, dois títulos), Shingo Yoshida (JP, um título) e Yael Bartana (IS, um título).

 

A mostra, que apresenta 16 títulos que abrangem o período de produção dos autores entre os anos de 2003 e 2016, tem curadoria de Alessandra Bergamaschi (graduada em Comunicação pela Universidade di Bolonha, doutoranda em História da Arte pela Puc-Rio) e Vanina Saracino (MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona, UAB, curadora do canal de arte IkonoTV, Berlim, Alemanha), criadoras, em 2013, do coletivo cultural OLHO, projeto que pretende tornar-se uma plataforma criativa e crítica para os profissionais que estão refletindo sobre o estatuto da obra de arte a partir da imagem em movimento.

 

“Olho – video art cinema” busca apresentar ao público uma mostra internacional  que explora as possibilidades oferecidas pelo cinema como espaço de recepção para a videoarte.

 

Fragmentos sacros

14/set

A exposição “Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra” reúne na sede do MAS/SP, Luz, São Paulo, SP, fragmentos oriundos de demolições de catedrais, igrejas e capelas brasileiras. São objetos valiosos, pedaços de desmanche das construções, pinturas, obras de arte e santos feitos por mestres santeiros reconhecidos. A curadoria é de Percival Tirapeli.

 

No início do século modernista, os registros demonstram que a demolição das igrejas coloniais no centro antigo de São Paulo era quase uma rotina, assim como no interior e em estados como Bahia e Rio de Janeiro. Foram demolidas a Sé, igrejas do Pátio do Colégio, São Pedro dos Clérigos, Misericórdia, além dos conventos Carmelita, Beneditino de Santa Teresa e dos Remédios.

 

Constituída a partir do final dos anos 1990, a Coleção de Arte Sacra de Rafael Schunk enfatiza produções artísticas do período bandeirista a partir do século XVII, desde o surgimento da arte barroca brasileira até suas ramificações na cultura caipira, com permanência de arcaísmos até a modernidade. São, na maioria, fragmentos oriundos de catedrais do interior de São Paulo, como da antiga catedral de Taubaté, de Pindamonhangaba, da Basílica Velha de Aparecida, de Queluz e de Bananal. Um dos destaques é o conjunto de 60 azulejos da Osirarte, oficina que desenvolveu trabalhos para inúmeros edifícios públicos, a exemplo do MEC-Rio e representou a tradição da azulejaria brasileira desenvolvida no período moderno. Os azulejos das coleções do MAS/SP e de Schunk, apresentam esta importante técnica, tão apreciada pelos portugueses.

 

Outro destaque são as esculturas em terracota de pequenas dimensões de frei Agostinho de Jesus (1600/ 1661) e os denominados santos paulistinhas. O acervo de Rafael Schunk conserva obras de grandes artistas nacionais do período colonial e imperial, tais como frei Agostinho de Jesus, Mestre de Itu, Mestre do Cabelinho em Xadrez, Mestre Valentim da Fonseca e Silva, José Joaquim da Veiga Valle, Pituba, Luzia e santeiros populares do Vale do Paraíba. Soma-se a esta rica diversidade um conjunto de tocheiros, mísulas, oratórios e palmas de altar originários do Vale do Paraíba e Tietê. As obras, de culto coletivo e doméstico, representam a diversidade da arte sacra produzida em terras de bandeirantes, índios e jesuítas. Algumas pinturas de tradição cusquenha enfatizam a ligação e intercâmbio de São Paulo com os castelhanos da América Espanhola.

 

“A presença e reconhecimento de um fragmento advém da nossa maneira cultural de reverenciar o passado e nele encontrar um elo perdido dentro da História, e também nos ajuda a compreender a importância de ruínas”, explica o curador da mostra, Percival Tirapeli.

 

Em 1943, uma obra prima do Mestre Valentim, a igreja de São Francisco dos Clérigos, no Rio de Janeiro, foi destruída para a abertura da avenida Presidente Vargas. As partes oriundas daquele desmanche são pontos de partidas para a reflexão sobre os fragmentos presentes tanto em coleções particulares como nos acervos de museus. Na coleção de Rafael Schunk estão a cabeceira de cama e dois anjos. No MAS/SP, ficaram os dois anjos voantes, a Verônica e o entalhe do rosto de Cristo.

 

“O diálogo entre os fragmentos de ambas as coleções proporciona um olhar mais agudo sobre as partes de ornamentos que, desmembrados de sua totalidade, geram novas investigações sobre a técnica, o estilo, o douramento, constituindo assim um documento que é parte integrante de nosso patrimônio sacro”, diz o curador Percival Tirapeli.

 

 

De 18 de setembro a 20 de novembro.

David Magila na OMA galeria

“Frequentes Conclusões Falsas” é nome de seis das 11 obras (pinturas, gravuras e desenhos) que David Magila apresenta na exposição “Meio-Fio”, na OMA Galeria. Peças que integram uma série com mais quadros e questionam as interpretações que damos às cenas cotidianas. O texto curatorial é assinado por Sarah Rogieri.

 

Com traços bidimensionais e uma paleta de cores opacas que saltam aos olhos, o artista não utiliza de muitos truques para instigar o público a reconhecer lugares que mostram-se comuns e, ao mesmo tempo, apenas guardados na memória, em que não se sabe ao certo o quanto ainda há de movimentação e intervenção humana, mas em suas telas é possível sentir que naqueles traços há uma história presente no local retratado.

 

Segundo o galerista do espaço, Thomaz Pacheco, que conheceu a arte de Magila há mais de um ano – desde então foi iniciado um diálogo para a realização de ações na galeria –, as nomenclaturas escolhidas por ele dizem um tanto sobre o que o espectador vai encontrar. “Meio-fio (que denomina a exposição) é um lugar define limites. Muito se passa nessa linha de concreto denominada Meio-fio, e talvez essa seja uma pista, um convite para adentrar em sua poesia. Afinal, qual limite é esse que o David quer mostrar? Há um sarcasmo nas construções retratadas, e a meu ver, essa brincadeira de sobrepor as partes que compõem a imagem, criando formatos únicos e ao mesmo tempo reconhecíveis, acaba por aproximar o espectador”, comenta.

 

 

A palavra do artista

 

“Estas obras falam das coisas que passam. Chamo atenção para cenas corriqueiras, que representam um vazio comum e que a primeira vista não têm um foco de atenção expressivo. É um jeito de dar valor para estes momentos que passam desapercebidos”, finaliza.

 

 

Sobre o artista

 

Com 37 anos, nascido no ABC Paulista, em São Caetano do Sul, porém morador da capital paulista desde a infância, David Magila retorna à região com um currículo de peso. Ele já recebeu alguns prêmios importantes, como no 40º Salão de Arte de Ribeirão Preto; SP e o 3º Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, Palácio do Itamaraty, Brasília-DF; possui obras nas coleções públicas do Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ministério das Relações Exteriores, Casa do Olhar, Santo André-SP; Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Santos – SP.

 

 

Até 22 de outubro.

 

Vanguarda brasileira, anos 1960

13/set

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebeu a exposição “Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright”, um recorte de 80 obras realizadas entre as décadas de 1960 e 1970 no Brasil pelos artistas mais representativos da nova figuração, do teor político e da explosão colorida do pop, como Wesley Duke Lee, Claudio Tozzi, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Raymundo Colares, Rubens Gerchman, Carlos Zilio, entre outros.

 

A mostra de longa duração celebra o comodato de 178 obras estabelecido em março de 2015 entre a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, a Pinacoteca e a Associação Cultural Goivos, responsável pela Coleção Roger Wright. Além disso, também dá continuidade à narrativa iniciada com a exposição “Arte no Brasil”, em cartaz no segundo andar e que apresenta os desdobramentos da história da arte no Brasil do período colonial aos primeiros anos do modernismo em 1920.

 

“Com esse conjunto, o museu oferece aos visitantes a possibilidade de ver e compreender processos recentes que contribuíram para a formação da visualidade brasileira. Sem contar, que a Pinacoteca se consolida como um museu nacional da história da arte no Brasil, constituído por núcleos articulados em uma narrativa extensa e representativa”, explica José Augusto Ribeiro, curador da exposição.

 

A exposição tem patrocínio, via leis de incentivo, de Pirelli, Klabin e CreditSuisse. Sua realização foi possível também graças ao apoio direto de amigos pessoais do colecionador Roger Wright, como Paulo S.C. Galvão Filho e José Olympio da Veiga Pereira.

 

 

 

Comodato

 

A Coleção representa a produção brasileira dos anos 1960 e possui importantes instalações produzidas a partir de 2000. Foi montada por Roger Wright e seus dois filhos desde 1996 e, após o acidente que vitimou a família em 2011, Christopher e Ellen Mouravieff-Apostol, irmão e mãe de Roger Wright, decidiram manter as obras em solo brasileiro. Para isso, consultaram vários museus nacionais, buscando encontrar algum que apresentasse condições seguras e plenas de pesquisa, comunicação, salvaguarda e projeção pública.”Estou muito feliz com a perspectiva de ver em breve a coleção aberta ao público na Pinacoteca. Acima de tudo, tenho certeza que tanto o Roger como os filhos estariam orgulhosos com esse novo rumo na história da coleção que eles montaram com tanta dedicação”, disse Christopher.

 

A Pinacoteca tem experiência em acomodar obras de grande relevância por meio de comodatos, como a Coleção Brasiliana – Fundação Estudar, que após o período de empréstimo foram doadas ao museu e hoje compõem o seu acervo, e o comodato assinado em 2004 com a Fundação Nemirovsky com trabalhos importantes do período modernista.

 

 

Até 26 de agosto de 2019.

Peças ressignificadas

12/set

Spinners, portas, saídas de emergência, trem de pouso, manuais de instrução, hélice e outros itens que se transformam em peças únicas, abordando temas como a obsolescência, a memória e a passagem do tempo. Os 29 trabalhos realizados por um grupo de 19 artistas compõem a exposição “A.R. [Artefato Refeito]”, na Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, com curadoria do 358.

 

O acúmulo de peças do universo da aviação deu asas à imaginação e à criatividade de um grupo de artistas que compartilham seus ateliers no 358, residência artística no bairro paulistano do Cambuci. Anderson Barbosa, Ayco, Ermãos Monjon, Evandro Angerami, Fabio Q, Felipe Guimarães, Felipe Ikehara, Heverton Ribeiro, João Cunha, Keyla Rosa, Mari Mats, Monocrew, Renan Cruz, Rafael Hayashi, Ronah, São, Valdinei Calvento Jr, Walter Muller e W2 receberam peças isoladas de aeronaves ou uma das páginas de Manuais de Bordo para integrar ao contexto de seu trabalho, objetos que em outro momento tiveram forma e/ou função distintas. O suporte é proveniente de coleção feita ao longo de décadas, de tudo o que se possa imaginar relativo a uma aeronave.

 

A proposta foi de estabelecer novos significados às obras: Um trem de pouso transformou-se em escultura, exibindo conceitos de equilíbrio e fluidez; O spinner quadripá, parte dianteira da aeronave, ganhou iluminação interna e transformou-se em objeto de onde emanam raios de luz; uma hélice transforma-se em objeto cinético e uma porta em suporte para pintura da forma de uma libélula, inseto que realiza apenas um voo em vida.

 

“Partes de partes sem funcionalidade em si quando não acopladas a outras. Promessas de que em conjunto nos fazem voar. Os artistas, acostumados a se encontrar nos corredores de seus ateliers, têm cada um uma visão de mundo. Da combinação entre eles e as peças, e entre as peças e eles, surgem novas conexões no tal fluxo ininterrupto em que estamos imersos”, define Angela Varela Loeb, que assina o texto curatorial da mostra. A coordenação é de Allann Seabra e Ian Duarte Lucas.

 

 

De 15 de setembro a 31 de outubro.