Destaque na Galeria Fonte do Instituto Inhotim

21/dez

A exposição “Direito à Forma”, está em destaque na Galeria Fonte do Instituto Inhotim, Brumadinho, MG. A partir de uma seleção poderosa, a mostra proporciona uma investigação profunda sobre a relação entre forma e narrativa na arte de autoria negra no Brasil. Para isso, conta com trinta artistas negros e negras, cujas obras, parte da coleção do Inhotim, transcendem questões figurativas, ampliando as possibilidades da presença negra no fazer artístico brasileiro. A exposição reúne trabalhos de diferentes gerações, como Mestre Didi, Rubem Valentim, Emanoel Araujo, Castiel Vitorino Brasileiro, Luana Vitra e Tadáskía, entre outros importantes nomes da arte nacional.

 

Até 01 de março de 2024.

 

 

Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira

Com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, foi aberta ao público em 16 de dezembro e permanecerá em cartaz até 18 de março de 2024. A mostra reúne obras produzidas por 61 artistas negros, de diferentes regiões, nos últimos dois séculos no Brasil. São cerca de 150 pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e documentos abordando uma variedade de temáticas, técnicas e descritivos, distribuídos pelos cinco andares do CCBB, São Paulo.

“O propósito da mostra é um diálogo transversal e abrangente da produção artística afro-brasileira no país”, explica o curador Deri Andrade, pesquisador, jornalista, curador assistente no Instituto Inhotim e criador da plataforma Projeto Afro de mapeamento e difusão de artistas negros/as/es da cultura afro-brasileira. A exposição é um desdobramento do Projeto Afro, em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 300 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000. “A exposição traz outra referência e um novo olhar da arte nacional aos visitantes”, afirma o curador. “A história da arte do Brasil apaga a presença negra e o artista negro do seu referencial”, completa.

Cinco eixos, cinco artistas. Assim foi desenhada a exposição que, a partir de cinco nomes centrais, revela diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade e discute eixos temáticos em torno de artistas negros emblemáticos: Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro, RJ,1882-1922), Lita Cerqueira (Salvador, BA, 1952), Maria Auxiliadora (Campo Belo, MG, 1935-São Paulo, SP,1974), Mestre Didi (Salvador, BA,1917-2013) e Rubem Valentim (Salvador, BA,1922-São Paulo, SP, 1991). 

Cada um dos nomes acima lidera, respectivamente, um eixo: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão (sobre engajamento político e direitos), Orum (sobre as relações espirituais entre o céu e a terra, a partir do fluxo entre Brasil e África) e Cotidianos (discussão sobre representatividade).

 

Dois artistas argentinos em foco

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, encerra 2023 fortalecendo seus laços com o Malba – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, ao trazer para São Paulo “Yente – Del Prete. Vida venturosa”, mostra organizada e apresentada no museu argentino em 2022, mesmo ano em que receberam a retrospectiva de Anna Maria Maiolino, organizada originalmente pela instituição cultural paulistana. Até 18 de fevereiro de 2024. 

Focada no casal de artistas Eugenia Crenovich (Eugenia Crenovich, Buenos Aires, Argentina, 1905-1990), conhecida como Yente, e Juan Del Prete (Vasto, 1897 – Buenos Aires, 1987), a presente exposição, com curadoria da pesquisadora e curadora-chefe do Malba, María Amalia García, ressalta a sinergia criativa do casal e o vínculo amoroso como uma forma de abordar o fazer artístico.

Durante mais de 50 anos, Yente e Juan Del Prete não só compartilharam a vida de casal, mas também trocaram diariamente ideias sobre arte. Realizaram inúmeras exposições individuais e participaram de diferentes coletivas, porém nunca expuseram juntos. Esta exposição reúne-os pela primeira vez com uma seleção de mais de 150 obras, entre pinturas, esculturas, tapeçarias, desenhos e livros de artista, abrangendo a ampla gama de suas carreiras, das décadas de 1930 a 1980. Existem dois elementos constantes na produção do casal: o trânsito entre figuração e abstração, abrangendo diversos estilos e a experimentação marcante de materiais. Na paixão pelo fazer, Yente e Del Prete se apropriaram das múltiplas correntes da arte moderna através de diversas referências, sempre usando os materiais como meios de experimentação.

Nas palavras de Maria Amalia García: “A transição entre figuração e abstração foi uma constante no casal, abrangendo vários estilos (cubismo, surrealismo, abstração, expressionismo, entre outros), bem como uma marcada experimentação, tanto com materiais de arte (suportes diversos, têmperas, tintas, tintas a óleo trabalhadas com pincel e espátula; extensos empastamentos e gotejamentos), bem como com uma vasta gama de elementos de bricolagem e materiais descartados. Yente e Del Prete, na sua paixão irreprimível pelo fazer, apropriaram-se do cânone da arte moderna através de diversas referências, correntes e representações”, destaca a curadora. As peças expostas são provenientes principalmente da Coleção Yente – Del Prete, dirigida por Liliana Crenovich (sobrinha da artista) e de importantes coleções privadas e públicas argentinas, como o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires e a Coleção Amalita, entre outros.

 

Embora a abstração tenha sido um caminho de exploração criativa que os uniu de maneira fundamental, a mostra não se limita a esse recorte, percorrendo ambas as trajetórias e abrangendo o arco completo de suas ricas experimentações. “Vida Venturosa” é organizada em dois grandes núcleos: “A união na abstração” e “Voracidade”, que são divididos em subnúcleos, atravessando mais de cinquenta anos de produção. Apesar das diferenças entre si – ele, um imigrante italiano instalado no bairro de La Boca e formado sob tutela dos pintores do bairro; ela, de Buenos Aires, graduada em filosofia e a caçula de uma família judia abastada de origem russa – o casal percorreu um caminho conjunto de pesquisa artística através de diversas linguagens e materiais. Se conheceram no inverno de 1935, quando Del Prete já havia passado três anos na Europa, onde dedicou-se à experimentação com a colagem e à abstração, expondo em companhia da vanguarda construtivista parisiense. De volta a Buenos Aires, realizou duas exposições emblemáticas, onde apresentou fotomontagens, pinturas abstratas, colagens com cordões e chapas metálicas, esculturas em gesso esculpido e projetos de decoração, gerando rejeição e incompreensão na cena artística portenha. Paralelamente a seus estudos de filosofia, Yente realizava retratos familiares e caricaturas e ilustrações para revistas. No início dos anos 1930 ampliou sua formação plástica em passagem pelo Chile. Depois do encontro com Del Prete, começou sua pesquisa na abstração e por volta de 1937 produziu composições biomórficas: núcleos arredondados e coloridos que às vezes apresentam elementos figurativos. Nos anos 1940 seguiu com propostas mais construtivas, escolha que a levou a destruir sua obra anterior, ação em consonância com as sistemáticas destruições de Del Prete, em seu caso justificadas pela falta de espaço. Contudo, a produção aniquilada de Yente não foi documentada como a dele. O casal não escapou aos papéis de gênero vigentes à época, e a carreira de Del Prete foi privilegiada. Nada do entorno do casal parece ter ficado sem exploração em seus trabalhos. Para além de posição crítica diante das modas, Yente e Del Prete tiveram empatia e flexibilidade para se deixarem atrair pelas diversas possibilidades que a visualidade abria. Segundo Maria Amalia García, “Em um constante ir e vir entre figuração e abstração, durante os anos 50 e 60 abraçaram a experimentação pictórica, a colagem, a montagem de objetos e os têxteis. Ainda que de maneiras diferentes, foram vorazes apropriadores de estilos, materiais e técnicas. As anedotas da arte argentina remetem à “gula” de Del Prete para se referir a sua desenfreada produção. Yente, embora mais moderada em seus procedimentos, não foi por isso menos voraz. Sua obra se desdobrou em diversos suportes: não apenas se dedicou ao desenho, à pintura, aos relevos e à escultura, mas também expandiu seu trabalho aos têxteis, aos livros de artista e ao trabalho de arquivo”, completa.

 

 

Instalações de Joana Vasconcelos no Brasil

14/dez

Museu Oscar Niemeyer promove até maio de 2024, a maior exposição individual de Joana Vasconcelos no Brasil. O Museu Oscar Niemeyer (MON) levará seu público a uma imersão no mundo mágico da atista portuguesa Joana Vasconcelos. “Extravagâncias” é a maior exposição individual da artista no Brasil e uma das mais grandiosas já promovidas pelo MON.

“Olho e diversos espaços singulares abaixo dele, andares da torre e a principal rampa interna do Museu foram ocupados pelo colorido e pela criatividade dessa artista que vive e trabalha em Lisboa, mas cuja arte transborda os limites de Portugal e da Europa e fascina o público de vários continentes”, diz a diretora-presidente do Museu, Juliana Vosnika. “Instalações e esculturas monumentais extrapolam o espaço e invadem o MON, convidando o visitante a mergulhar num universo jamais criado no Museu”, acrescenta. Sua “Valquíria Miss Dior”, obra internacionalmente famosa, é a atração do mais nobre espaço expositivo do Museu. Com estratosféricas dimensões (aproximadamente 7 metros de altura e mais de 20 metros de comprimento), a incrível obra mistura crochê de lã feito à mão, tecidos e poliéster, suspensa em cabos de aço, numa peça única.

“Outro destaque é a “Valquíria Matarazzo”, que recepciona o público instalada sobre a rampa principal de acesso ao Museu, na entrada de visitantes, local nunca antes utilizado como espaço expositivo”, conta Juliana Vosnika. A secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, afirma que mais uma vez o Museu Oscar Niemeyer se consolida como um dos mais importantes do cenário internacional da arte contemporânea ao receber a maior exposição da artista Joana Vasconcelos no Brasil. “Tenho certeza de que esta será uma experiência inesquecível para o público visitante”.

A artista plástica Joana Vasconcelos diz estar muito feliz por voltar ao Brasil e poder reunir a última “Valquíria (Miss Dior)” com a que criou para a Matarazzo, num diálogo muito interessante não só entre as duas obras, mas também com a arquitetura do Museu. “Concebi ainda, especialmente para o MON e pela primeira vez na minha carreira, uma mostra de maquetes que vai permitir explorar a ligação da obra de arte com o espaço e a arquitetura, uma ideia que surgiu a partir do privilégio que é expor no “Olho” do Niemeyer”.

 

A curadoria

 O curador da mostra, o francês Marc Pottier, afirma que “Extravagâncias” transcende o barroco e o kitsch. “Depois do Guggenheim de Bilbao, do Château de Versailles, do Palazzo Grassi de Veneza, a artista apresenta a sua primeira exposição museológica no Brasil”, afirma. Ele explica que a gigantesca instalação “Valquíria Miss Dior” foi criada neste ano pela artista para o desfile da Dior, em Paris, e atualmente figura nas vitrines da marca em vários locais do planeta. “É uma obra que desafia todas as tendências artísticas e quebra a monotonia de uma estética”, diz o curador. “A seleção de modelos dos seus principais projetos site-specific realizados em todo o mundo permite-nos captar a amplitude de uma personalidade extraordinária que parece ter o céu como limite”, acrescenta.

Além do Olho e da rampa do Museu, o trabalho da artista ocupa os andares da torre e espaço Araucária, onde o público poderá ver obras como “Pantelmina”, “Big Booby”, maquetes dos icônicos “Solitário”, “Castiçais”, “Gateway”, “Bolo de Noiva”, “Máscara” e “Sapato”, além de diversos painéis.

 

Sobre a artista

Joana Vasconcelos tem uma trajetória profissional de aproximadamente 30 anos que abarca uma enorme variedade de técnicas. Reconhecida pelas suas esculturas monumentais e instalações imersivas, descontextualiza objetos do cotidiano e atualiza o conceito de artes e ofícios para o século XXI, estabelecendo um diálogo entre a esfera privada e o espaço público, a herança popular e a alta cultura. Com humor e ironia, questiona o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva. A aclamação internacional teve início em 2005, com “A Noiva”, na primeira Bienal de Veneza curada por mulheres. Foi a mais jovem artista e primeira mulher a expor no Palácio de Versalhes. Em 2012, a sua exposição foi a mais visitada na França em 50 anos, com um público recorde de 1,6 milhão de pessoas. Em 2018, Joana Vasconcelos tornou-se a primeira artista portuguesa a ter uma individual no Guggenheim de Bilbao, a quarta melhor daquele ano no ranking do The Art Newspaper e a terceira mais visitada da história do museu. Atualmente, em 2023, ela concretizou a honra de expor nas Galerias Uffizi e no Palácio Pitti, em Florença, ao lado de mestres clássicos como Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Caravaggio e Botticelli. Com obras de arte e exposições em quatro continentes, a artista foi agraciada com mais de 30 prêmios. Em 2009, recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique pela Presidência da República Portuguesa e, em 2022, tornou-se Oficial da Ordem das Artes e Letras pelo Ministério da Cultura Francês. Desde 2006, mantém o Atelier Joana Vasconcelos, com mais de 50 funcionários. Em 2012 criou a Fundação Joana Vasconcelos para conceder bolsas de estudo, apoiar causas sociais e promover a arte para todos.

 

Sobre o MON 

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.

 

As cores vívidas de Thalita Hamoui

O MAC Paraná, Curitiba, apresenta a exposição individual da artista visual Thalita Hamoui. Suas obras já foram exibidas em diversas instituições renomadas, incluindo a Foley Gallery, em Nova York, e o Centro Cultural São Paulo. As pinturas são repletas de cores vívidas, revelam uma elaboração singular e não são construídas pela observação, mas por resquícios sensoriais de suas memória.

Sob a titulação de “A Terra e o Devaneio da Vontade”, Thalita Hamoui, recebeu curadoria de Priscyla Gomes. O título remete à obra homônima do filósofo francês Gaston Bachelard, publicada em 1948. O museu, que funciona temporariamente no MON, recebe a mostra na Sala 9. Thalita Hamoui graduou-se em Artes Plásticas na  Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 2006.

Segundo Priscyla Gomes, curadora da mostra, “A Terra e o Devaneio da Vontade” estabelece um paralelo com a obra do filósofo francês Gaston Bachelard, propondo uma jornada pela percepção. A filosofia de Bachelard é refletida nas telas de Thalita Hamaoui, evidenciando a importância da interação física, da manipulação e da exploração da Terra.

“Há nessas paisagens um indiscernimento entre noite e dia, entre o que é vegetal, o que é aquático e o que é terroso. Tudo é miscível e se completa, numa fusão extasiante de tons áureos”, afirma a curadora. A mostra de Thalita Hamoui é um convite à imersão sensorial, uma intersecção entre arte visual e filosofia que materializa, por meio de seus devaneios, a sua percepção da Terra.

 

Residências artísticas cruzadas

13/dez

Aliança Francesa e Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresentam o resultado da residência artística do pintor francês Louis Guillaume. “Synchretismo” é a primeira produção realizada no ateliê localizado na casa onde viveu o pintor Iberê Camargo, no bairro Nonoai.

No próximo sábado, 16, a Aliança Francesa Porto Alegre e a Fundação Iberê Camargo apresentam “Synchretismo: mostra de residência de Louis Guillaume”. O evento acontece na Casa Iberê, Rua Alcebíades Antônio dos Santos, 110 – bairro Nonoai, das 11h às 17h, e contará com interpretação de LIBRAS e tradução.   

Aos 28 anos, o artista francês vive e trabalha em La Rochelle, onde desenvolve uma prática artística ligada à natureza e às estações, na qual cada mês do ano permite a colheita de materiais do meio ambiente. Através de seu olhar e manipulação, esses elementos, recolhidos em passeios e deambulações no espaço natural e urbano, transformam-se em instalações orgânicas que preservam os atributos originais dos materiais e enfatizam suas capacidades plásticas, sem deixar, portanto, de evocar a natureza. Em Porto Alegre, o artista recolheu materiais na Trilha Iberê – localizada atrás do prédio da Fundação Iberê Camargo, na orla do rio Guaíba e no Mercado Público. Além de se hospedar na casa que viveu Iberê Camargo, foi no ateliê do pintor que Louis produziu as obras desta mostra. 

 

Camila Proto: uma artista brasileira na França

A residência cruzada acontece no âmbito do 6º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea, que também selecionou a artista brasileira Camila Proto para uma residência artística no Centre Intermondes de La Rochelle, em 2024. O prêmio é promovido pela Aliança Francesa Porto Alegre, com apoio da Fundação Iberê Camargo, Consulado da França em São Paulo, Centre Intermondes de La Rochelle e Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e conta com o patrocínio da Timac Agro. 

Aos 27 anos, Camila é doutoranda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre sua participação em exposições, destacam-se o Prêmio de Arte Contemporânea da Aliança Francesa (2019 e 2020, Porto Alegre), o 10º Festival Novas Frequências (2020, Rio de Janeiro), a Exposição Internacional “ComCiência” (2019, Belo Horizonte), o I Circuito Latino-americano de Arte Contemporânea (2021, Porto Alegre) e a exposição Abre-Alas 18, na Galeria A Gentil Carioca (2022, Rio de Janeiro). Ela também se consagrou como uma das artistas mais novas a ter uma exibição individual no MARGS. TERRALÍNGUA, que especulou a composição da linguagem e do planeta, integrou em 2023 o programa público Poéticas do Agora.  

 

 

Celebrando Michelangelo Pistoletto

Exposição em São Paulo celebra os 90 anos do artista Michelangelo Pistoletto. A exibição gratuita acompanha o calendário mundial de homenagens ao artista fundamental do movimento italiano Arte Povera e fica em cartaz até 03 de março de 2024.

O Instituto Artium de Cultura apresenta a exposição de arte Terzo Paradiso – uma seleção especial de obras do grande artista italiano Michelangelo Pistoletto, no palacete histórico em Higienópolis, São Paulo. A mostra é parte de uma série de exposições do artista em curso pelo mundo, que aconteceram em Paris; Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos; e Turim, Itália.

Maior expoente do movimento artístico Arte Povera – que se propõe usar materiais inúteis – há quase 20 anos, o trabalho de Pistoletto é dedicado ao que chamou Terceiro Paraíso – uma reconfiguração do símbolo do infinito, que dá nome à mostra. Nas extremidades, a natureza e o artificial; no centro, a inserção de um círculo que simboliza abertura, criação, uma proposta de práticas para uma transformação responsável da cultura e da sociedade.

 

Figuras humanas de Giovani Caramello

Até 18 de fevereiro de 2024, a Caixa Cultural São Paulo, apresenta a exposição “Hiper-realismo no Brasil” de Giovani Caramello, escultor hiper-realista brasileiro. A mostra exibe dez obras impressionantes, que abrangem a carreira do artista entre 2017 e 2022, utilizando diversas materialidades e linguagens. A exposição, que já atraiu 8.200 visitantes em Curitiba, destaca esculturas em silicone e bronze, explorando técnicas como cerâmica e resina.

Giovani Caramello, reconhecido como um dos principais escultores hiper-realistas do Brasil, traz pela primeira vez a São Paulo suas esculturas que reproduzem figuras humanas com impressionante precisão de detalhes e a diversidade de técnicas utilizadas pelo artista, desde as esculturas hiper-realistas em silicone até as mais recentes produções em bronze.

O curador Ícaro Vidal destaca que a obra de Caramello fortalece o movimento hiper-realista da arte contemporânea brasileira, provocando reflexões sobre a fragilidade da vida e a impermanência das coisas materiais. Ícaro Vidal salienta ainda que “…as esculturas de Caramello transcendem o mero espetáculo visual, levando o espectador a refletir sobre a construção da vida humana”.

A exposição também presta homenagem ao trabalho autoral de Giovani Caramello, expondo breves biografias das figuras notáveis que ajudaram a consolidar o gênero hiper-realista. O evento ocorre na Caixa Cultural São Paulo, Praça da Sé, Centro. Com a entrada gratuita, o espaço proporciona acesso ao poder transformador da arte, promovendo o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade social e o bem-estar da população.

 

Museu da República exibe Yoko Nishio

08/dez

 

A Galeria do Lago, no Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, exibe – até 10 de março de 2024 – a exposição “Corpo Formoso”, com 11 pinturas inéditas da artista carioca Yoko Nishio, que faz sua primeira exposição individual, depois de ter participado de diversas coletivas no próprio Museu da República, no Centro Cultural Correios de Niterói e no Sesc Teresópolis, entre outros reconhecidos museus e galerias.

Com cores fortes e vibrantes, em tinta a óleo sobre tela, as pinturas, têm como tema a relação entre o corpo e a cidade, destacando os ornamentos que a artista vê nas pessoas e nos lugares, combinados às suas memórias e fabulações. Estão retratados nas obras a feirante de Vila Isabel, com sua tatuagem no braço; pai e filho arrumados para uma festa em Cabuçu, em Nova Iguaçu; corpos que caminham na multidão de Calolé, na Bahia; as senhoras que conversam no bairro do Encantado, no Rio de Janeiro, com estampas combinando com os ornamentos das fachadas; o bar em Madureira, cujos azulejos ornam com as roupas dos frequentadores; o homem que mostra orgulhoso a tatuagem com nome de seu filho no pescoço, entre muitos outros.

“O olhar interessado e atento de Yoko encontra nos anônimos que percorrem as ruas de cidades também sem identificação alguma, o objeto de seu interesse. O corpo se faz formoso porque é essencial. É necessário que a beleza e o cuidado prevaleçam sobre tudo que pode nos derrotar. Encontrar o prazer de enfeitar muros, casas, corpos ou vestimentas é uma maneira de dizer ao empobrecimento, às perdas diárias que sofremos, às muitas faltas na vida, que nada é mais forte do que a vontade de superar. Procurar a alegria das cores e estampas faz parte de uma cultura de sobrevivência que o olhar da artista captura e compartilha com a mesma alegria”, afirma a curadora Isabel Portella.

Yoko Nishio sempre teve na vida urbana, nas cidades e nas pessoas a inspiração para o seu trabalho artístico. “Minha pesquisa tem esse aspecto de campo, de andar, procurar, fotografar, conversar, o ateliê é só mais uma etapa de uma construção que começa muito antes”, conta a artista, que também é professora e pesquisadora. Desta forma, os trabalhos sempre surgem na rua. E não foi diferente com esta nova série. Em Belém do Pará, ao ver uma pessoa ornamentada com diversas estampas, iniciou a pesquisa que deu origem aos trabalhos que são apresentados na atual exposição. Apesar de ter começado a partir de uma estampa, a série fala sobre os ornamentos de forma geral. “Não é só estampa, também está na pele, na tatuagem, nos acessórios, como brincos, colares, pulseiras, e também nas cidades, nas superfícies das casas, dos bares, nos pisos, nas grades”, explica a artista, que completa: “São muito corpos, é o meu corpo, o corpo do outro e o corpo da cidade”.

Os títulos das obras são os nomes dos locais onde os ornamentos foram encontrados, que inclui muitos bairros do Rio de Janeiro e vários outros estados brasileiros, mostrando a diversidade dos corpos, das cores, dos ornamentos, nas pessoas e nas cidades. Para realizar os trabalhos, a artista vai para as ruas de diversas cidades, fotografa o que chama a sua atenção, tanto de maneira mais posada, como também colocando a câmera mais baixa, na altura do seu corpo, de forma a mostrar o que seu corpo está vendo. “As faces nem sempre me interessam tanto, mas sim estar entre os corpos, por isso às vezes há alguns cortes, pois coloco a câmera mais baixa, de maneira que não pareça uma fotografia e sim meu corpo andando e captando todos aqueles ornamentos”, diz.

Durante a pesquisa, a artista lembrou do famoso livro “Ornamento e crime”, escrito em 1908 pelo arquiteto austríaco do início do século XX Adolf Loos, que afirmava que a ornamentação era uma prática de povos primitivos, de criminosos e de outros degenerados. Nos seus termos, as sociedades mais desenvolvidas e modernas deveriam rejeitar os usos da ornamentação na produção de suas roupas, casas e instrumentos. “Hoje, seu argumento é compreendido como uma fala impregnada por preconceitos social-darwinistas, racistas e coloniais. Ornar nos faz ver profundamente o cotidiano e onde está a resistência a ele; ornar desobedece a essas normatizações; ornar é in.corporar o agir. E essa expressão do movimento do corpo atravessa a cidade. Eis um convite: azulejos, grades, tatuagens, vestidos florais, enfeites, chão, piso, pele. A cidade também é corpo e caminhar pelas ruas faz com que o corpo ganhe contornos, já que a vida urbana é feita das relações corpo-cidade”, afirma Yoko Nishio. Para não associar seus trabalhos à teoria de Loos, de quem discorda totalmente, a artista optou por usar no título da mostra a palavra “formoso” ao invés de ornamento. “Quando comecei a pensar o que seria este corpo ornamentado, entendi que é um corpo que quer sorrir e cheguei na palavra formoso, um adjetivo que está na boca das pessoas mais velhas e está associado à beleza, a estar bem, a estar feliz. O corpo formoso é um corpo que sorri, que vibra, decora, para produzir alegria, felicidade. Isso não quer dizer que não tenha precariedade, dificuldade, luta, tristeza, mas apesar disso tudo a gente vai botar o ornamento para tentar sorrir”, diz a artista.

 

Sobre a artista

Yoko Nishio vive em Vila Isabel, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ e no seu ateliê, no Santo Cristo, zona portuária do Rio de Janeiro. Suas pinturas discutem cidade e violência e suas últimas exposições coletivas incluem “Nem Sempre Dias Iguais”, no Museu da República (Rio de Janeiro, 2022), “No (Entre) Tempo das Imagens”, no Sesc Teresópolis (Rio de Janeiro, 2022), “Brasil Delivery” e “Primavera Tua”, ambas no Espaço Travessia, do Instituto Municipal Nise da Silveira (Rio de Janeiro, 2022), “Salão Ver-Ão”, na Galeria Oasis, (Rio de Janeiro, 2022), “Nas águas que se escondem”, no Espaço Cultural dos Correios Niterói (Rio de Janeiro, 2019), “9º Salão dos Artistas Sem Galeria”, nas galerias Zipper e Sankovsky (São Paulo, 2018) e Orlando Lemos (Minas Gerais, 2018), “Abre Alas 14”, na galeria A Gentil Carioca (Rio de Janeiro, 2018). Atualmente é representada pela Diáspora Galeria, localizada em São Paulo.

 

Sobre a curadora

Isabel Sanson Portella é graduada em museologia pela UNI-RIO (1989-1992), com especialização em História e Arquitetura do Brasil pela PUC-RJ (1995-1996), Mestrado (1998-2000) e Doutorado (2006-2010) em Crítica e História da Arte pela Escola de Belas-Artes/UFRJ. Atualmente é Coordenadora e curadora da Galeria do Lago Arte Contemporânea do Museu da República (IBRAM). Crítica e curadora independente desde 2005, com textos e entrevistas em várias publicações (catálogos, periódicos e livros), elaborou textos de diversas exposições, entre elas: Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015 e 2016 e da exposição “Aquilo que nos une”, no Centro Cultural da Caixa Federal-SP. Em 2022, foi co-curadora do Projeto Decorporeidade: poéticas artísticas da deficiência selecionado no apoio às artes da DGArtes, Portugal e 2023 foi autora de um artigo sobre acessibilidade no livro “Hackeando o Poder”, de Pamnella Castro.

 

Acessibilidade 

Com o objetivo de promover a acessibilidade, a exposição contará com mediação acessível e todas as obras terão audiodescrição, disponibilizada através de QR Code. A ideia é proporcionar uma paisagem sonora e uma vivência com a obra para todos os públicos. A produção é de Camilia Oliveira e da antropóloga Bárbara Copque, com narração de Ana Paula Conde e Yoko Nishio.

 

Deserto e sertão de Heloísa Maia

Enquanto visitava o Marrocos, a artista plástica paraibana Heloísa Maia teve uma epifania. Ela viu o Marrocos no sertão nordestino, e o sertão no Marrocos. Dessa sua percepção, que envolve fisionomias, paisagens, flores, bichos, nuanças de cores, silêncios e uma incrível luminosidade, nasceu sua exposição “Deserto. (De)sertão, Sertão… Ancestral”, na galeria da Igreja São Francisco, em João Pessoa. Uma obra que magnetiza. 

Tal inspiração de Heloísa brotou de memórias familiares, relatos de seu pai que em uma viagem identificou-se afetivamente com o Marrocos. Para materializar em quadros seu sentimento de vínculo àquele país, a artista trouxe de lá pigmentos minerais e materiais orgânicos, que misturou aos do nosso sertão. “A mostra é muito bonita. Eu a apreciei ainda mais por ter ouvido, na véspera, da própria Heloísa o que a motivou e inspirou. As fotos são do pátio interno azulejado da Igreja São Francisco”. 

Fonte: Hildegarde Angel Jones.