Modernismo Brasileiro em Londres.

27/jan

Uma exposição na Royal Academy of Arts em Londres apresenta 130 obras do Modernismo brasileiro, incluindo artistas como Tarsila do Amaral, Portinari, Lasar Segall e Djanira. A mostra abrange 60 anos da Arte Brasileira, com influências europeias e destaca a diversidade cultural, ficará aberta ao público até 21 de abril.  Uma seleta de mais de 130 obras de dez artistas do Modernismo Brasileiro, movimento cultural iniciado no país no começo do século XX.

Roberta Saraiva Coutinho, uma das curadoras da exposição “Brasil! Brasil! The birth of Modernism” (“Brasil! Brasil! O nascimento do modernismo”), apresentada para a imprensa na Royal Academy of Arts, de Londres, resumiu à agência de notícias AFP a importância da mostra: – Um momento único para ver as obras-primas de um país magnífico. A mostra é uma espécie de relato narrativo que abrange cerca de 60 anos da história da arte brasileira – explica Adrian Locke, da Royal Academy of Arts, um dos outros curadores da exposição, que reúne trabalhos produzidos entre 1910 e 1970. O movimento nasceu com a chegada de correntes culturais e artísticas iniciadas na Europa, como o Cubismo, o Futurismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o Surrealismo, mas com foco nos elementos da cultura brasileira.

A exposição, principalmente de pinturas e com artistas de renome reúne Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Lasar Segall, Vicente do Rego Monteiro, Flávio de Carvalho, Cândido Portinari e Djanira conta também com fotografias de Geraldo de Barros e esculturas de Rubem Valentim.

 

Curso de cerâmica pelo Ateliê Casa Torí.

24/jan

O Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, oferece curso de cerâmica. As vagas são limitadas e todo o material e a queima das peças estão inclusos no valor de matrícula. A atividade é ministrada pelo maravilhoso Ateliê Casa Torí, dos ceramistas Kazue Morita e Denny Chang. Não é preciso experiência prévia para participar da atividade. Classificação indicativa: a partir de 14 anos.

A reprodução de figuras de animais é uma prática que existe há séculos. Desde os primeiros desenhos nas paredes das cavernas, os animais têm uma forte presença e carregam muitos significados através da história. Miniaturas de animais em cerâmica podem ser amuletos de proteção, representações divinas, ou simplesmente a memória de um animal de estimação querido, que mantemos viva através de um pedaço de argila modelada e queimada. Nesta oficina, vamos partir da paixão pelos animais para praticar a modelagem em argila, construindo uma mini escultura. Os participantes também aprenderão a aplicar engobes – coloração à base de argila, para dar cor e detalhes às esculturas, trazendo mais personalidade e riqueza de detalhes ao trabalho.

Importante: após a modelagem, as peças seguirão para o processo de secagem e queima, sob o acompanhamento dos professores, sendo entregues aos alunos até o final de abril.

Sobre os ministrantes.

Com quem vamos aprender: O Ateliê Casa Torí é uma marca de cerâmica artesanal criada por Kazue Morita e Denny Chang. As cerâmicas produzidas pela dupla têm como inspiração os animais e as diferentes formas encontradas na Natureza. A produção do ateliê é organizada por coleções temáticas com peças únicas, limitadas, modeladas e pintadas à mão. Além da produção, o ateliê também oferece aulas regulares de torno e oficinas temáticas.

Nelson Leirner em retrospectiva.

23/jan

A Caixa Cultural São Paulo apresenta a primeira exposição retrospectiva póstuma do artista Nelson Leirner (1932 – 2020). Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra  “Nelson Leirner – Parque de Diversões” reúne 74 obras – algumas delas, realizadas em seus últimos anos de vida -, incluindo esculturas, pinturas, colagens, fotografias e objetos, oferecendo um panorama abrangente da produção multifacetada do artista ao longo de sua carreira.

Nelson Leirner foi um artista provocador, cuja obra buscava desafiar convenções e questionar o sistema da arte e da cultura de massa. Transitando por diversos suportes e linguagens, o artista trouxe uma abordagem irônica e reflexiva à arte, mesclando elementos do popular e do erudito, e abordando questões políticas e sociais com um senso crítico. Sua obra explora temas como a banalização do consumo, a iconografia religiosa, e a própria sacralização do objeto artístico. Nelson Leirner ganhou destaque a partir da década de 1960, sendo uma das figuras centrais no movimento de arte conceitual no Brasil. Sua obra, marcada pela crítica institucional e pela exploração das fronteiras entre arte e vida, permanece relevante e atual, destacando-se pela capacidade de dialogar com diferentes contextos e gerações.

Em trecho do texto curatorial presente no catálogo, Agnaldo Farias explica que “…Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas, produzindo arte, apesar dela mesmo, quer dizer, apesar da seriedade com que muitos a encaram, uma seriedade hipócrita, fingida, pois faz de conta que não percebe as incongruências do mundo em que ela está metida”.

A exposição “Nelson Leirner: Parque de Diversões” segue em cartaz até 23 de fevereiro na Caixa Cultural, Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo, SP. Você pode visitá-la de terça a domingo, das 09h às 18h. A entrada é gratuita.

Final de exposição no Instituto Tomie Ohtake.

21/jan

De quantas formas uma exposição se desdobra além de sua presença física e de sua duração? Essas e outras questões serão discutidas no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, na conversa Escritura-desenho: diálogos com Mira Schendel, que marca o encerramento da exposição Mira Schendel – esperar que a letra se forme.

Os curadores Galciani Neves e Paulo Miyada, juntos à curadora e escritora Carina Bukuts*, conversam sobre as relações de cada pessoa com as obras apresentadas e como estas podem ser rememoradas sensível e intelectualmente. A atividade será realizada no hall do Instituto Tomie Ohtake e contará com *tradução simultânea.

Sábado, dia 01 de fevereiro, ás 11hs, atividade gratuita.

O livro de Ana Maria Gonçalves.

17/jan

Imagine atravessar a história de resistência negra no Brasil, conduzido pela narrativa poderosa de “Um Defeito de Cor”, livro de Ana Maria Gonçalves. A exposição homônima está em cartaz no Sesc Pinheiros, São Paulo, até 26 de fevereiro, reunindo mais de 370 obras de artistas brasileiros e internacionais. É uma oportunidade de dialogar com temas como escravidão, diáspora africana, ancestralidade e protagonismo feminino, em uma imersão que vai muito além do que está nos livros de história. “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde o muro da entrada.

Os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do MAR (Museu de Arte do Rio), fizeram o convite a Ana Maria Gonçalves para uma construção curatorial conjunta a repensar a trajetória do livro de forma imagética: da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana nasceu esse encontro a partir de produções de 131 artistas – entre 77 vivos e 37 já falecidos, além de 17 convidados a produzir novas obras para a mostra, com nomes como Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê e Goya Lopes. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Sobre os curadores

Amanda Bonan é gerente de curadoria do Museu de Arte do Rio – MAR, doutoranda em Artes pela USP, mestre em História e Crítica da Arte pela UERJ (2013) e bacharel em Produção Cultural pela UFF (2006). Foi consultora da UNESCO em projetos internacionais de cultura e coordenadora de programação e produção do festival Europalia Brasil, na Bélgica. Trabalhou no Centro de Artes Visuais da FUNARTE (2010) e na Galeria Laura Marsiaj Arte Contemporânea (2005-2006). Atuou como curadora em diversas exposições de arte e mostras de cinema.

Ana Maria Gonçalves escritora mineira nascida em 1970, formada em Publicidade. Após residir em São Paulo por 13 anos, mudou-se para Itaparica, na Bahia, onde dedicou os cinco anos de residência à literatura. A imersão pela pesquisa à cultura da diáspora africana culmina na escrita de seu primeiro romance “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, de 2002, e o aclamado “Um Defeito de Cor”, de 2006.

Marcelo Campos é professor associado do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes (UERJ) e curador chefe do Museu de Arte do Rio. Foi diretor da Casa França-Brasil (2016-2017) e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Membro dos conselhos dos Museus Paço Imperial (RJ) e do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV, da Escola de Belas Artes da UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e internacionais. Em 2016, lança “Escultura Contemporânea no Brasil: reflexões em dez percursos”, pela Editora Caramurê, um levantamento de mais de 90 artistas da produção moderna e contemporânea brasileira.

Carlito Carvalhosa em retrospectiva.

16/jan

Nesta primeira exposição retrospectiva da obra instalativa do artista Carlito Carvalhosa (1961-2021) no Sesc Pompeia, São Paulo, SP, as obras estão remontadas conforme o projeto original. Ocupando o galpão principal do espaço projetado por Lina Bo Bardi, foram selecionadas quatro obras que evocam os principais materiais utilizados pelo artista em suas instalações: postes de iluminação pública, lâmpadas fluorescentes, tecidos e gessos, além das ativações sonoras.

Curadoria de Luís Pérez-Oramas e Daniel Rangel, e curadoria adjunta de Lúcia Stumpf.

Até 9 de fevereiro.

Artistas brasileiros no Pérez Art Museum Miami.

15/jan

One Becomes Many

(Um se torna muitos)

One Becomes Many, em exposição até 16 de abril no Pérez Art Museum Miami, FL, explora os legados duradouros que transcendem gerações nas obras de dez artistas negros brasileiros. Através de motivos tradicionais, abstrações geométricas e uma profunda reverência pela cultura brasileira, esses artistas oferecem vislumbres de um mundo onde a resiliência não é apenas uma característica, mas uma herança sagrada.

No centro da exposição está o Candomblé, a religião afro-brasileira que se baseia nas tradições dos grupos étnicos da África Ocidental, como os iorubás, os fon e os bantos, bem como alguns aspectos do catolicismo romano. Inspirados em práticas rituais, estes artistas prestam homenagem a divindades e espíritos ancestrais, exalando potência e sabedoria divinas nas suas obras. As imagens simbólicas reinventadas do Candomblé servem como um testemunho visual da força de um povo que resistiu, persistiu e prosperou.

Os temas da Diáspora também ressoam profundamente nesta coleção de obras, refletindo as experiências partilhadas dos artistas de deslocamento, sobrevivência e continuidade cultural. Através de narrativas sobre identidade e pertencimento, os artistas justapõem complexidades da história com realidades contemporâneas de comunidades afro-brasileiras. “One Becomes Many” convida os espectadores a uma viagem em que o passado se entrelaça com o presente e os ecos da sabedoria ancestral nos guiam em direção a um futuro iluminado pelo que ainda perdura.

Os artistas apresentados são Emanoel Araújo, Mestre Didi, Sonia Gomes, Gustavo Nazareno, Paulo Nazareth, Antonio Obá, Rosana Paulino, Hariel Revignet, Tadáskía e Nádia Taquary.

Organização e Suporte

“One Becomes Many” foi organizada por Jennifer Inacio, curadora associada da PAMM.

Horizonte Cerrado.

14/jan

Exposição no Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta um panorama da poética do Cerrado, a partir da coleção de Sergio Carvalho, ao mesmo tempo em que estabelece conversas-embates entre obras que configurem este universo que o centro excêntrico (em relação ao mapa cultural brasileiro) produz como discurso visual e estético. Com curadoria de Marília Panitz, a mostra reúne cerca de 140 obras de mais de 40 artistas, será inaugurada no dia 25 de janeiro.

O Bioma Cerrado é o segundo maior da América do Sul. As modernas capitais dos estados abarcados pelo bioma vão tendo que se haver com a potência da ancestralidade em seus entornos. Cada vez mais, os habitantes desses centros, e em especial aqueles cujo matéria prima do trabalho é a poética, lançam mão da natureza e da cultura ao redor, um redescobrimento que deixa sua marca na produção artística e na ação política de declarar suas especificidades em relação a outras regiões. E suas semelhanças. A proposta desta mostra é estudar, dentro da Coleção Sérgio Carvalho, os indícios de tal hipótese. Sérgio Carvalho é um colecionador de arte contemporânea brasileira, com um acervo que contempla todas as regiões do Brasil. Mas, talvez por viver em Brasília, tenha um documento dos mais interessantes da produção artística – do final do século passado e das duas primeiras décadas deste em que vivemos -, no centro do país. Com obras que abrangem as últimas décadas do século XX e as duas primeiras deste século, Horizonte Cerrado reflete a potência artística de uma região que, embora geograficamente central, é culturalmente excêntrica. Ao reunir produções dos estados do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e regiões limítrofes de Minas Gerais e Bahia, é possível traçar um mapeamento cultural que transcende fronteiras geopolíticas. O Cerrado, enquanto espaço físico e simbólico, influencia não apenas os que nasceram ali, mas também aqueles que, por escolha ou destino, passaram a habitá-lo, reinterpretando sua força e beleza em diversas linguagens artísticas.

Artistas participantes.

Dirceu Maués, Fernanda Azou, Gisele Camargo, Irmãos Guimarães, Ismael Monticelli, Marcos Siqueira, Pedro Gandra, Athos Bulcão, Elder Rocha, Evandro Prado, Helô Sanvoy, Luiz Mauro, Miguel Ferreira, Raquel Nava, Rava, Virgílio Neto, Adriana Vignoli, Alice Lara, David Almeida, Florival Oliveira, Isadora Almeida, João Angelini, Karina Dias, Luciana Paiva, Ludmilla Alves, Marcelo Solá, Matias Mesquita, Pedro David, Pedro Ivo Verçosa, Wagner Barja, Andrea Campos de Sá, Walter Menon, Antônio Obá, Coletivo Três Pe, Derik Sorato, Léo Tavares, Valéria Pena Costa, Bento Ben Leite, Camila Soato, Fabio Baroli, Pamella Anderson.

O colecionador.

Residente em Brasília, Sérgio Carvalho, advogado, 64 anos, começou sua coleção de artecontemporânea em 2003, quando conheceu Nazareno, José Rufino, Eduardo Frota e  Valéria Pena-Costa, que o apresentaram a outros artistas. Encantado com o universo poético de cada um deles, Carvalho resolveu vender as gravuras de Oswaldo Goeldi que possuía para comprar fotografias de Lucia Koch. Hoje – 22 anos após iniciar sua coleção – Sérgio Carvalho reúne obras de alguns dos mais importantes artistas contemporâneos brasileiros, entre os quais Regina Silveira, Nelson Leirner, Iran do Espírito Santo, Efrain Almeida, Sandra Cinto, Emmanuel Nassar, Hildebrando de Castro, Rubens Mano, Berna Reale, Ana Elisa Egreja, Jonathas de Andrade, Flavio Cerqueira, Sofia Borges, Camila Soato e Rodrigo Braga, Zé Crente, Cícero e Mestre Paquinha.

Lygia Clark na Alemanha.

10/jan

A Neue Nationalgalerie exibirá a primeira retrospectiva da artista brasileira Lygia Clark (1920-1988) na Alemanha. Com cerca de 150 obras, a ampla mostra no salão superior apresentará suas obras das décadas de 1950 a 1980, que vão desde pinturas geométricas abstratas até esculturas participativas e performances. A abordagem interativa no trabalho de Lygia Clark será o aspecto central da exposição. Os visitantes poderão interagir com um grande número de réplicas criadas especialmente para a mostra.

Lygia Clark é considerada uma inovadora radical, pois redefiniu fundamentalmente a relação entre artista e espectador, obra de arte e espaço. Como figura de destaque do Neoconcretismo (movimento Neoconcreto), iniciado no Rio de Janeiro em 1959, ela entendia a arte como um fenômeno orgânico. Ela exigia uma experiência artística subjetiva, corporal e sensorial, que incluía a participação ativa do espectador. Esta abordagem participativa dentro do trabalho de Lygia Clark estará disponível para os visitantes experimentarem através da interação com cópias de esculturas e objetos sensoriais da exposição. Além disso, apresentações e workshops regulares irão ativar o trabalho desta notável artista do século XX.

Após as primeiras pinturas construtivistas compostas por vários painéis de madeira, Lygia Clark abandonou totalmente a pintura na década de 1960 e desenvolveu sua ideia da obra de arte como um corpo. Ela produziu esculturas geométricas que são construções móveis. Quando os espectadores as dobram, elas assumem configurações diferentes. Após a dissolução do grupo Neo-Concreto em 1961, Lygia Clark continuou a desenvolver sua ideia da obra de arte como um organismo vivo até seu último trabalho na década de 1980. No início da década de 1970, ela criou a série Corpo Coletivo, que significa ações performáticas de construção de comunidade para participantes de um grupo. No final de sua carreira, desenvolveu sua própria terapia corporal.

A retrospectiva na Neue Nationalgalerie reúne cerca de 150 empréstimos de coleções privadas e museus internacionais, incluindo o Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Nova York.

Catálogo da Exposição

A exposição será acompanhada por um catálogo de edição bilíngue em alemão e inglês na E. A. Seemann Verlag. É a primeira publicação em língua alemã sobre Lygia Clark e oferece uma visão abrangente de seu trabalho. A exposição tem curadoria de Irina Hiebert Grun e Maike Steinkamp, ​​Neue Nationalgalerie. Financiado pela Kulturstiftung des Bundes (Fundação Cultural Federal Alemã) e pela Beauftragte der Bundesregierung für Kultur und Medien (Comissário do Governo Federal para Cultura e Mídia). Organizado em cooperação com o Kunsthaus Zürich, onde a mostra estará em exibição do Outono de 2025 à Primavera de 2026.

Trata-se de uma exposição especial da Nationalgalerie – Staatliche Museen de Berlin.

Exibição das reflexões de Ismael Monticelli.

09/jan

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “O Teatro do Terror”, exibição individual de Ismael Monticelli (vencedor da quinta edição do Prêmio FOCO da ArtRio), que propõe uma reflexão sobre os ataques antidemocráticos ocorridos em 08 de janeiro de 2023. Em diálogo com o Futurismo – movimento artístico do início do século XX associado ao fascismo -, Ismael Monticelli realiza uma instalação que transforma o edifício projetado por Grandjean de Montigny em um palco de combate, violência e teatralidade, evidenciando o caráter midiático e espetacular da tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito.

Após receber mais de 40 mil visitantes no Museu Nacional de Brasília, a instalação chega ao Rio de Janeiro em um momento simbólico de dois anos dos atos que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, reexaminando suas complexidades, ressonâncias e desdobramentos. O público é convidado a refletir sobre como a violência se entrelaça com a celebração, ecoando na estética dos movimentos extremistas e suas representações culturais. Com texto assinado por Clarissa Diniz.

A instalação de Ismael Monticelli ocupa os 30 metros de extensão da nave central da Casa França-Brasil e apresenta uma cena de conflito com figuras humanas em escala real, pintadas em tinta acrílica sobre caixas de papelão abertas e recortadas. Para criar essas figuras, o artista se apropriou do imaginário das obras do italiano Fortunato Depero, produzidas na década de 1920. Nesse período, Depero estava alinhado ao programa estético e ideológico do futurismo, criando imagens que exploravam o tema da guerra e do combate. Em uma obra em particular, intitulada Guerra=Festa (1925), Depero retratou em tapeçaria uma cena da Primeira Guerra Mundial. No entanto, ao contrário das expectativas de truculência e sanguinolência, a imagem esconde a violência sob um véu alegre e lúdico, sugerido pela profusão de cores e formas na composição.

É na fronteira entre a violência e o jogo que se situa Guerra = Festa, onde Fortunato Depero retratou o conflito como um grande espetáculo, uma celebração, num motim de formas e cores, alinhando-se completamente ao programa futurista de “glorificar a guerra” como uma força capaz de “curar, purificar a sociedade”. As obras de Fortunato Depero desse período parecem ressoar com os eventos de 08 de janeiro, que transformaram a violência e a destruição em um jogo festivo, um “turismo da violência”. Nos grupos de WhatsApp organizados para planejar a ação, os organizadores utilizavam uma mensagem em código para sinalizar a ocupação da Esplanada dos Ministérios, referindo-se ao evento como um ”dia de festa”. A senha escolhida foi: “Festa da Selma” (em alusão ao grito militar “Selva”).

Ismael Monticelli Monticelli escolheu o papelão como material principal para sua instalação, não apenas por suas propriedades físicas, mas também por sua história simbólica. Durante as Guerras Mundiais, o papelão desempenhou um papel crucial em diversas aplicações militares, como na fabricação de capacetes, contêineres de armazenamento e até embarcações. Devido à necessidade de redirecionar metais para o esforço de guerra, muitos itens cotidianos, que antes eram feitos de lata, chumbo e ferro fundido, passaram a ser produzidos em papelão.

Outra questão crucial da escolha do material é sua precariedade: “A instalação, que tem frontalidade evidente, utiliza a nave da Casa França-Brasil como um palco teatral desprovido de sua caixa cênica, expondo a fragilidade que sustenta o conflito retratado na parte frontal. Ao observar a obra por trás, revela-se uma paisagem de silhuetas de papelão, com as bordas borradas pela tinta e sustentadas por blocos de concreto. É uma espécie de cenografia que se desnuda, revelando suas próprias entranhas e ressaltando a vulnerabilidade inerente à materialidade e à narrativa que compõe”, ressalta o artista.

Um dos principais procedimentos artísticos de Ismael Monticelli é repensar imagens, histórias e narrativas estabelecidas, reorganizando-as ao confrontá-las com questões atuais. Em “O Teatro do Terror”, o artista revisita os eventos de 08 de janeiro à luz de uma das vanguardas do início do século XX – o futurismo. “Uma das primeiras perguntas que me fiz foi: como abordar esse acontecimento com uma estética e um programa ideológico que se alinhem a ele? O Futurismo me pareceu uma forma de pensar as invasões em Brasília, especialmente porque tanto essa vanguarda quanto o 08 de janeiro parecem compartilhar uma ânsia pela destruição de tudo”, comenta o artista.

O Futurismo e o Fascismo

Inaugurado há mais de 100 anos, o Manifesto Futurista (1909), escrito por Filippo Tommaso Marinetti e publicado no jornal francês Le Figaro, estabeleceu as bases de um programa que seria desenvolvido e refinado pelos artistas italianos ao longo dos anos. O manifesto exaltava a velocidade, a violência e a destruição como fontes de energia e renovação. Os futuristas celebravam a guerra, a masculinidade, o militarismo, o patriotismo como forças purificadoras, capazes de abrir caminho para uma nova ordem. A relação complexa do Futurismo com a guerra é destacada por sua postura paradoxal durante o conflito. Enquanto muitos movimentos vanguardistas, como o Dadaísmo, condenaram a guerra e as instituições responsáveis, os Futuristas, apoiaram-na entusiasticamente. Eles defendiam a destruição de museus, bibliotecas, universidades e qualquer resquício de sentimentalismo, que consideravam sinais de fraqueza. Para os futuristas, recomeçar do zero era essencial, incluindo a rejeição do feminismo e da igualdade social, vistos como valores ultrapassados e covardes.

A exposição é uma realização da Portas Vilaseca Galeria e dá início às comemorações dos 15 anos da galeria carioca em 2025.

Sobre o artista

Nasceu em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1987. Vive e trabalha em Cachoeirinha, RS e Rio de Janeiro, RJ. A pesquisa de Ismael Monticelli tem como ponto de partida a observação sensível de seu entorno, com desdobramentos em ações dirigidas em criar uma organização racional. Ele apresenta instalações, objetos, fotografias, mostrando elementos domésticos de um ponto de vista alternativo e revelando o não visto. 2017 – Doutorando em Arte e Cultura Contemporânea/Processos Artísticos Contemporâneos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2012/2014 – Mestrado em Artes Visuais, Linha de Pesquisa: Processos de criação e poéticas do cotidiano, Universidade Federal de Pelotas – UFPel, Pelotas, RS, Brasil. 2006/2010 – Bacharelado em Artes Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS, 2005/2010 Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS.