Oito artistas no Centro Cultural Correios

10/ago

 

“Os Seres do Mundo” inaugura no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Elementos zoomórficos e extraídos da fauna e flora tropicais são destaques em exibição até 24 de setembro mostra coletiva sob curadoria de Marcus Lontra.

 

“No momento em que a discussão sobre a preservação da paisagem natural brasileira alcança dimensão internacional, é fundamental apresentar essa temática em todo o seu potencial, colaborando para a elaboração de propostas que tenham por objetivo integrar de maneira harmônica o homem e o seu meio ambiente”, afirma Marcus Lontra, o curador de “Os Seres do Mundo” que reúne artistas contemporâneos de diversos estados brasileiros, representados pela Dila Oliveira Galeria, de São Paulo: Alina Fonteneau, Claudio Cupertino, João di Souza, Lucas Elias, Raquel Saliba, Selma Parreira, Sérgio Helle e Weimar.

 

Esculturas, pinturas e desenhos se articulam na construção de cenários povoados por surpresa e encantamento. Ocupando três salas no Centro Cultural Correios RJ, a partir do dia 11 de agosto, a maior parte dessas obras possui grandes dimensões e dialoga com a arquitetura do prédio em estilo eclético. Marcus Lontra propõe a criação de um caminho expositivo variado e surpreendente, apontando vertentes da arte contemporânea produzida no Brasil.

 

“Nossa galeria define suas ações profissionais como uma ferramenta de integração entre o mercado e as instituições culturais, colaborando para a divulgação cada vez mais necessária da obra de importantes artistas nacionais…”, afirma Dila Oliveira.

 

Sobre os artistas

 

Alina Fonteneau nasceu em Cuba e viveu em Porto Rico, Venezuela e nos EUA antes de se mudar para o Brasil. Referências a flores, conchas e vida do oceano…um universo único de cor, formas e movimento, uma síntese do fantástico e do orgânico. Luas, sementes, estrelas, formas que se voltam e se abrem para o sol, ou que brilham do oceano ou do céu, encontram vida no infinito movimento em espiral da liberdade e criatividade da artista.

 

Claudio Cupertino nasceu em Minas Gerais, em 1980. Hoje é radicado em São Paulo. Começou a sua carreira no ano de 2011. Iniciou o processo de construção de sua identidade pictórica sobre papel e hoje pinta em tela, com a mesma poética. Após sua primeira Residência Artística em Athenas, Claudio Cupertino desenvolveu – em  2012 – uma técnica própria a partir de estudos sobre os princípios básicos da litografia.

 

João di Souza é natural de Itabuna, Bahia, sua produção artística atual apresenta paisagens tropicais fantásticas em telas de grandes dimensões, com um convite para que o olhar, desvendando os meandros entre o lúdico e o erótico. A juventude do artista é resgatada através destes trabalhos, em que memória e imaginação se mesclam em composições de atmosferas calorosas e úmidas. João di Souza aborda em sua produção a questão do tempo da observação, tão relevante à contemporaneidade.

 

Lucas Elias é graduando em Artes Visuais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Vive e trabalha em Sombrio, SC. Pesquisa por meio da pintura, do desenho e do bordado narrativas simbólicas sobre o processo pedagógico, questões ambientais através de uma visão afetiva e conceitos de nação. Em 2020 foi selecionado para o programa de mobilidade acadêmica na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal. Participou do 46° Salão de Arte Ribeirão Preto e do 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais.

 

Raquel Saliba naceu em Itaúna, Minas Gerais. É artista plástica graduada em Psicologia, com formação em Psicanálise. Após morar em diferentes países, voltou a residir no Brasil em 2016. Desde 2010, tem se dedicado exclusivamente à arte, em especial às esculturas cerâmicas.

 

Selma Parreira nasceu em Buriti Alegre, Goiás, atualmente vive e trabalha em Goiânia/GO. Iniciou sua carreira nos anos 1980 com pintura, participou de vários salões de arte e mostras individuais e coletivas realizadas em várias capitais brasileiras e algumas no exterior. Selma Parreira é bacharel em Artes Visuais e possui pós- graduação em Arte e Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais/UFG.

 

Sérgio Helle vive e trabalha em Fortaleza, Ceará. Desenvolve um trabalho no qual mescla ferramentas digitais com tradicionais técnicas de desenho e pintura. Com trinta e quatro anos de carreira, foi um dos primeiros artistas cearenses a utilizar o computador como instrumento artístico.

 

Weimar nasceu, vive e trabalha em Ribeirão Preto, São Paulo. Desde 2010 tem a sua produção artística acompanhada por Josué Mattos. Nas décadas de 1980/90 participou do ateliê de Pedro Manuel-Gismondi. Em 2019 foi premiada no 5º SAP – Salão de Aquarelas de Piracicaba, constando sua obra no acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra. Tem obras no acervo do MARCO, Campo Grande e do MARP, Ribeirão Preto. Participou do programa de Residência Artística na Casa do Sol, Instituto Hilda Hilst, Campinas. Foi premiada na mostra Artistas de Ribeirão (MARP, Ribeirão Preto, 2001) e no SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto (MARP, Ribeirão Preto, Prêmio Aquisição em 1984 e 1986).

 

A palavra do curador

 

A paisagem sempre foi a principal referência da identidade nacional, desde Franz Post e as suas primeiras imagens do continente americano representando a várzea pernambucana. Durante o século XIX, a paisagem é um instrumento da brasilidade e o modernismo dela se apropria registrando ao longo das décadas as mudanças de um país agrícola e rural para um país industrial e urbano. A mostra “Os Seres do Mundo” reúne um grupo de artistas contemporâneos que apresentam as várias realidades paisagísticas do Brasil de hoje. Ela é um painel sintético da capacidade criativa da arte e da diversidade étnica e cultural que formam a nação brasileira.

 

Sobre Marcus Lontra

 

Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro. Nos anos 1970 morou em Paris onde conviveu e trabalhou com Oscar Niemeyer, então marido de sua mãe. Trabalhou com o casal na revista Módulo. Foi crítico de arte do Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto é. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80?”. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Atualmente coordena a implantação da Estação Cultural de Olímpia, SP.

 

As paixões na Laura Alvim

09/ago

 

 
“Incomensurável Paixão” é o nome da nova exposição de Isabela Francisco, na Casa de Cultura Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A mostra contará com cerca de 30 obras, entre elas o livro-instalação “Equilíbrio” e uma peça com quatro metros. A ideia é aproximar do espectador as paixões desmedidas que avassalam, principalmente o universo feminino, e mostrar que a vulnerabilidade, infelizmente, ainda se faz presente. As visitas poderão ser feitas até 09 de outubro.

 

Entre os quadros e instalações podemos destacar: “Matadouro”, é simplesmente o amor desmedido que explode.  Já o livro instalação “Equilíbrio” simboliza a vida. “Vou nascer e morrer de  uma de nebulosa. Durante todo trajeto me equilibro em um fio, tentando atingir o inalcançável. As batidas do coração são meu norte e o sangue arterial e venoso me acompanham pelo caminho”. Nas “Encabeladas”, a artista utiliza seus próprios cabelos, se fazendo presente neles. Ali deixa a sua marca, seu DNA. O crescimento da “Árvore da Paixão” simboliza as artérias em que fios de cobre se entrelaçam e de onde rompem frutos da paixão.

 

Ações paralelas

 

Isabela Francisco fará algumas ações paralelas como a visita comentada (a ser disponibilizada também on-line), a veiculação de um vídeo da mostra nas redes sociais e a postagem semanal nas redes sociais no programa “Fazendo Arte por Toda Parte”.

O verão de 1945 na Itália

08/ago

 

 

Exposição fotográfica que traz ao Brasil uma seleção de 45 imagens do Arquivo Patellani conservado no Museu de Fotografia Contemporânea de Cinisello Balsamo – Milão, “Fotografia | O verão de 1945 na Itália: a viagem de Lina Bo nas fotografias de Federico Patellani Maeci” tem curadoria de Francesco Perrotta-Bosch. Em cartaz até 10 de agosto no Giardino dell’Istituto Italiano di Cultura, Higienópolis, São Paulo, SP.

 

As fotos retratam a viagem realizada por Federico Patellani, entre julho e setembro de 1945, pelas cidades italianas de Milão, Marzabotto, Florença, Buonconvento, Radicofani, Acquapendente, Viterbo, Cassino, Valmontone e Roma. Neste percurso Patellani esteve com dois jovens arquitetos, Lina Bo e Carlo Pagani, com o intuito de registrar as condições de moradia na Itália deste período. Federico Patellani (1911-1999) é considerado o precursor do fotojornalismo na Itália e exponente da fotografia neorrealista. Graças a seu olhar de viés sócio antropológico produziu incontáveis séries que documentaram fatos importantes e personalidades do século XX.

Sinfonia das Pedras 3

03/ago

 

 

A Confraria das Pedras organiza mais uma edição da mostra coletiva intitulada “Sinfonia das Pedras”, a realizar-se no Espaços Cultural Correios, localizado no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, Porto Alegre, RS. Participam desta edição 29 artistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, perfazendo cerca de 54 esculturas em pedra, nas mais variadas linguagens, indo da Abstração à Figura Humana.

 

A Confraria das Pedras foi criada em outubro de 2017, pelo escultor José Kanan, a partir de um grupo de escultores da Serra e de Porto Alegre (oriundos do Atelier Livre), com o objetivo de congregar e divulgar os trabalhos dos escultores, principiantes e profissionais, que se dedicam ao ofício da escultura em pedra (mármore, granito, basalto, pedra sabão, sodalita, quartzo e outras). Em 2017, houve a primeira mostra coletiva da Confraria, na Casa de Pedra de Canela, em 2018, na Fundação Sport Clube Internacional, e em 2019 e 2021, no Espaço Cultural Correios, onde novamente ocorrerá a mostra. A curadoria de “Sinfonia das Pedras 3” é do professor de escultura do Atelier Livre, José Francisco Alves.

 

Artista participantes

 

Adriano Mayer, Alceo Luiz da Costa, Alfi Vivern, Ana Álvares Tita, Ana Andueza, Daniele Almiron, Edemir Wandescheer, Elisa Troglio, Frederico Krahe, Gotto, Hidalgo Adams, Jorge Schroder, José Carlos Albuquerque, José Kanan, Leo Mathias, Lúcio Spier, Guto Rubin, Mario Cladera, Marta Santos, Milton Caselani, Paulo Aguinsky, Ricardo Aguiar (fotos), Ricardo Blauth, Ricardo Giuliani, Rogério Maduré, Rose Paim, Sobral, Sol Stangler, Sônia Seibel.

 

Surrealismo na Tate Modern

01/ago

 

 

O surrealismo não é apenas um movimento, mas um estilo de vida que subverte a realidade e é justamente isso que a exposição “Surrealism Beyond Borders” (Surrealismo Além das Fronteiras) na Tate Modern, Londres, enfatiza.

 

A exposição reúne os grandes mestres do movimento surgido em Paris na década de 1920. Desta vez, a Tate Modern, não só apresenta os grandes expoentes do surrealismo, mas também lança luz sobre o movimento em geral e mostra como, pouco a pouco, ele se espalhou pelo mundo.

 

Para isso, a equipe curatorial do famoso espaço cultural pesquisou por um período de seis anos o máximo possível sobre o surrealismo em todas as partes do mundo. O resultado obtido pelos especialistas foi espetacular porque descobriram um tipo inesperado de ecossistema surreal que não havia sido detectado.

 

A exposição mostra, de forma super bem executada e em infinitas obras que foram feitas por um grande número de artistas que viveram em Buenos Aires, Cairo, Tóquio, Rio de Janeiro (como prova a participação de Tarsila do Amaral) e Cidade do México, que o surrealismo é radical e anti-sistema.

 

Os trabalhos de Picasso, Max Ernst, Dali e Yayoi Kusama certamente são os grandes destaques mas há espaço para algumas grandes (e desconhecidas) pérolas nesse movimento artístico. A centelha do surrealismo foi acesa em Paris no início da década de 20, mas ao longo de 60 anos espalhou-se literalmente por todo o mundo. Para o Brasil é vital o destaque da obra de Tarsila do Amaral nesta exibição.

 

“Surrealismo além das fronteiras” estará aberta ao público até 29 de agosto.

 

 

No Planetário do Carmo

29/jul

 

 

Proporcionando uma experiência sensorial e artística num espaço científico de pesquisa astronômica, a artista visual Marcia Ribeiro vai interseccionar saberes e criar relações de complementaridade entre as dimensões do macro e do microcosmos na mostra gratuita “Elipse, Eclipse, Apocalipse”, em ocupação que ocorrerá entre 31 de julho a 30 de outubro, no Planetário do Carmo, em São Paulo, SP.

 

Com obras pictóricas, instalações e proposição de exercícios criativos, ela estabelece pontes entre as noções de subjetividade e de coletividade. Em todas as obras, Marcia propõe uma reflexão sobre a nossa condição enquanto “parte de um todo”, exercitando a noção de consciência universal. “Ao olharmos para o céu, nos deparamos com algo expandido, desconhecido, preenchido de vazios e corpos celestes que sabemos imensos, mas que, ao mesmo tempo, parecem mínimos. Quando observamos o mais longínquo da dimensão do fora, nos deparamos com o infinito, mas somos, também, convidados a olhar para o que está dentro de nós”, afirma a artista.

 

Através dessas intersecções entre elementos opostos e complementares, a artista desenha um percurso com obras que espelham corpos celestes e átomos e que jogam com as noções de observação e imaginação, de atemporalidade e instante, de subjetividade e objetividade.

 

Sobre as obras

 

Na primeira instalação, um conjunto de bandeiras, com as palavras “Galáxia”, “Universo” e “Planeta” Marcia dialoga com o trabalho do artista brasileiro Antonio Dias, “Anywhere is my land”. Nela, discute o conceito de território e o apagamento das fronteiras em um mundo globalizado onde, para além das delimitações de ordem política e econômica, tem-se uma casa comum, habitada por todos. Já em “Cápsula Atômica”, o visitante adentra um espelho circular composto por três arcos, experimentando a sensação de perder-se o chão, de flutuar no céu e de, ao mesmo tempo, ser o núcleo de um átomo. Mais adiante, em uma sequência de oito pinturas de grande porte suspensas no ar por cabos, camadas de tinta são sobrepostas e expostas, através do gesto de raspagem, o que conduz o visitante a percorrer um caminho imagético contínuo e, ao mesmo tempo, fragmentado. Nas camadas da memória e do corpo da matéria em sobreposição, o tempo se revela em movimento contínuo e em pausas. Nas palavras de Ulisses Carrilho, crítico que escreveu o texto da exposição: “Em tinta acrílica, guache, bastão oleoso ou lidando diretamente com pigmentos, percebemos um corpo de trabalhos que ora parecem ser um gozo liberado de experimentação da forma, ora parecem ter o ímpeto de revelar o que a ciência ainda não conseguiu desvelar. Como espécies de mirações ou visões alucinógenas, percebemos uma psicodelia da forma que não obedece à rigidez dos projetos concretos e neoconcretos, tão importantes para a arte brasileira, mas ainda assim percebemos uma vontade geométrica nas composições estruturadas pela artista”. “Ao mirar suas pinturas”, continua ele, “reconhecemos enigmas que demandam tempo do espectador: desobedecem à rapidez da ordem do dia, parecem esgarçar o tempo, convidar a uma vagareza. Tal demora, própria da reflexão, poderia levar-nos a viajar no tempo e especular um regime de concomitâncias, de associações livres de respaldo ou fixidez: em Hilma af Klint (1862-1944), pintora sueca que experimentou o abstracionismo antes mesmo de Kandinsky ou Mondrian, também percebemos uma representação física, em tela, daquilo que não é visível”. Na arte de Hilma, “a tinta relembra que a matéria, por meio do gesto, não opera apenas naquilo que é concreto ou apreensível, por meio do que já foi elucidado. Ganha um quê espiritual – própria não apenas dos alfarrábios da história da arte, mas também possível de ser pareada à arte contemporânea brasileira produzida por artistas indígenas”, na análise Ulisses Carrilho.

 

Em outra obra, “Ciao Mondo – Réquiem Elíptico” – que se realiza no grande domo do planetário -, Marcia projeta cores e estrelas no imenso espaço esférico, com uma trilha sonora polifônica composta por Arthur Braganti que indica o ciclo de um dia. A imersão na luz e no som leva o visitante a uma viagem cósmica. No lugar da noite como espaço para criação de futuro e novas possibilidades e cantando em uníssono com o neurocientista Sidarta Ribeiro, a artista  coloca o sonho em um lugar central, importante, na vida de todos nós. E, quem sabe, como nós encontraremos o caminho para um amanhã melhor. “O trabalho propõe tomar consciência do fluxo dos próprios pensamentos, instigando a reflexão, o mergulho onírico e a renovação numa nova manhã”, enumera Marcia. O título sugere chegada e também partida.

 

O último trabalho, a proposição “Escrito nas Estrelas”, será interativo. A ideia é que o público compartilhe seus sonhos, desejos e pensamentos num ritual digital, através da #elipseeclipseapocalipse. O público torna-se coautor de uma grande obra coletiva, com infinitas possibilidades imaginativas. Trabalha-se, então, com as noções de destino, imaginação e transformação da realidade. Com esse exercício imaginário, diante de um momento em que a perspectiva da nossa condição planetária é apocalíptica, Márcia sugere uma espécie de elipse, uma volta para que possamos cultivar nossas potencialidades transformadoras: a nossa subjetividade e a noção de coletividade – de maneira espelhada. Segundo Carrilho, “em “Elipse, Eclipse, Apocalipse”, Marcia insiste na percepção. Provoca o encontro de seus trabalhos com aqueles que vêm até o planetário para, por meio de seus corpos, ter uma noção ampliada do universo onde vivemos – e morreremos”. Por fim, a artista acredita que realizar uma mostra de arte nesse local mágico, que permeia nosso imaginário e nos oferece um céu lúdico que estimula a sonhar, se torna pertinente sobretudo neste momento em que uma lógica perversa domina as diretrizes vigentes e explicitamente nega a ciência, a arte, a pesquisa. A natureza sinaliza que os impactos do Antropoceno já são irreversíveis, exigindo uma mudança comportamental urgente. Olhando para “fora”, questionamos o que está “dentro”, onde estamos e o que fazemos com isso. Ao olhar para o céu, temos o infinito como referencial e as coisas se ressignificam, do micro ao macro. É imaginar o “impossível” para pautar o possível!

 

A mostra ainda conta com uma apresentação especial do Corpo de Theatro Municipal de São Paulo em data a ser confirmada.

 

Sobre a artista

 

Trabalhando com pintura, instalação e desenho, Marcia Ribeiro tem como parte da sua poética os elementos do universo, das camadas do tempo e da memória dentro de uma perspectiva arqueológica, processos alquímicos, noções de coletividade e subjetividade. Formada em artes plásticas pela FAAP – SP, com pós-graduação em Ensino da Arte pela UERJ – RJ. Realizou as exposições individuais “In Between” na Svenska Kyrkan, NYC e “Um Pouco do Nada”, Casa da Luz, em São Paulo. Sua exibição mais recente foi a coletiva “Still Utopia: Island” na MC Gallery em NYC. É cocriadora do Festival Cajubi.

 

 

O Mapa da Mina por Alex Flemming 

26/jul

 

 

No ano do Bicentenário da Independência, em “O Mapa da Mina”, exposição individual do artista plástico Alex Flemming é proposto o debate sobre as riquezas naturais do Brasil.

 

A partir de 30 de julho, a Biblioteca Mário de Andrade, República, São Paulo, SP, recebe a série de obras feitas em chapas de madeira, recortadas no formato do mapa do Brasil, cravejadas de pedras nativas como topázios, ametistas, citrinos, opalas, rodolitas, peridotos, rubilitas e kunzitas, compondo uma cartografia visual que sustenta uma profunda potência estética e política.

 

A mostra exalta a riqueza e beleza gerada em nosso solo e traz um convite à reflexão sobre sua utilização: “Minha proposta com essas obras é discutir as riquezas do Brasil, a forma de extração e sua má distribuição. Desde nossa colonização o extrativismo gera fortunas que vão para os bolsos de uma minoria, escancarando a desigualdade da população”, explica Flemming. A mostra carrega também uma carga simbólica de pertencimento e deslocamento que os mapas fazem emergir, o que sem dúvida dialoga muito com Alex Flemming – artista que divide seu tempo entre o Brasil, país de origem, e a Alemanha, onde reside desde 1991. Flemming é um artista multimídia que transita pela pintura, gravura, instalação, desenho, colagem, esculturas, fotografia e objetos, com foco na “pintura sobre superfícies não tradicionais” como o próprio artista define. Foi professor da Kunstakademie de Oslo, na Noruega, entre 1993 e 1994 e em 1998 produz sua obra pública de maior impacto, na estação Sumaré do Metrô em São Paulo, com 44 retratos em vidro recobertos por poesia. Em 2016 inaugura mais 16 retratos em vidro colorido na Biblioteca Mário de Andrade, também em São Paulo.

 

Sobre o artista

 

Alex Flemming nasceu em São Paulo, SP e o reside na Alemanha desde 1991. Cursou Arquitetura na FAU-USP e frequentou o Curso Livre de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, entre 1972 e 1974. Na década de 1970, realizou filmes de curtas-metragens e participou de inúmeros festivais de cinema. Em 1981, se muda para Nova York, onde permanece por dois anos e desenvolve projeto no Pratt Institute, com bolsa de estudos da Fulbright Foundation. A partir dos anos 1990, realiza instalações em espaços expositivos (MASP e XXI Bienal Internacional de São Paulo) usando bichos empalhados pintados com fortes cores metálicas, inaugurando assim uma duradoura série de pinturas sobre superfícies não tradicionais. Posteriormente passa a utilizar como material suas próprias roupas, móveis, objetos utilitários e computadores. Flemming também cria silhuetas de aviões feitas com tapetes persas na série “Flying Carpets” e aborda os dilemas da guerra em fotografias de grandes dimensões na série “Body-Builders”, só para citar algumas de suas frentes de trabalho nos 40 anos em que atua como artista. Em 2002, são publicados os livros Alex Flemming, pela Edusp, organizado por Ana Mae Barbosa, com textos de diversos especialistas em artes visuais; Alex Flemming, uma Poética…, de Katia Canton, pela Editora Metalivros; e, em 2005, o livro Alex Flemming – Arte e História, de Roseli Ventrella e Valéria de Souza, pela Editora Moderna. Em 2006 a editora Cosac & Naif publica Alex Flemming com texto e entrevistas produzidas pela jornalista e curadora Angélica de Moraes. Em 2016 tem sua primeira retrospectiva no MAC-USP com curadoria de Mayra Laudanna e a exposição e livro Alex Flemming editado pela Martins Fontes. Em 2017 expõe a série “Anaconda” na Fundação Ema Gordon Klabin, e de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 tem sua segunda retrospectiva – de CORpo e Alma – no Palácio das Artes em Belo Horizonte, com curadoria de Henrique Luz. No ano de 2019, expõe a série “Ecce Homo” na Galeria Kogan Amaro, em São Paulo, e a série “Apokalypse” em uma grande individual na Kirche am Hohenzollernplatz em Berlim (Alemanha). Em 2020, com a pandemia, Alex Flemming, em uma ação com a Companhia do Metrô de São Paulo ressignifica a sua mais conhecida obra pública, a estação Sumaré do Metrô. Para conscientizar a população sobre o uso de máscaras em espaços públicos, o artista aplica formas pentagonais de cores vibrantes que remetem à máscaras sobre os já conhecidos retratos da estação.

 

A exposição “ALEX FLEMMING: o Mapa da Mina” terá vernissage aberta ao público dia 30 de julho(sábado) às 11h, e poderá ser visitada até 28 de agosto das 11h às 18h.

 

 

Daniel Lannes no Paço Imperial

22/jul

 

 

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaula”, individual do artista carioca Daniel Lannes, com curadoria e texto crítico de Lilia Schwarcz, que acontece até o dia 23 de outubro. A exposição conta com a produção recente do artista, marcada por pinturas a óleo que retratam hipóteses históricas do Brasil através de uma perspectiva subjetiva e transfigurada. Daniel Lannes foi vencedor do Prêmio Marcantonio Vilaça, o mais importante prêmio de Artes Visuais do país e teve uma tela adquirida para o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo neste ano.

 

Sobre o artista

 

Daniel Lannes nasceu em Niterói em 1981, e vive e trabalha em São Paulo. O artista é mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006). Daniel Lannes protagonizou exposições em grandes instituições nacionais e internacionais como as individuais ‘Pernoite’ na Galeria Kogan Amaro, São Paulo (2020), ‘A luz do fogo’ na Magic Beans Gallery, Berlim (2017), ‘Republica’ no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011) e ‘Midnight Paintings’ no Centro Cultural São Paulo (2007). Suas obras integram importantes coleções como do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, entre outros.

 

A natureza vista por Rodrigo Bivar

21/jul

 

 

Rodrigo Bivar apresenta a exposição individual “Breve” na Casa de Cultura do Parque, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP. A mostra faz parte do II Ciclo Expositivo de 2022 da instituição e reverbera a produção figurativa do artista. As dezessete pinturas, todas em pequeno formato, trazem pássaros e naturezas mortas, criando uma continuidade do interesse de longo prazo do artista em cenas cotidianas, natureza e retratos.

 

Neste conjunto, Bivar voltou-se à representação de elementos que poderia nomear, orientando-se para o seu entorno. Na série “Bípedes”, fez retratos de passarinhos, explorando um recorte de imagem que se assemelha a uma fotografia, explorando um olhar que humaniza esses animais. O artista ressalta, nesta mostra, a efemeridade, o curto instante que temos para observar um pássaro, que geralmente rapidamente alça voo.

 

Em “Breve” observamos o esforço de captar o transitório e registrá-lo por meio da tinta na tela. A exposição fica aberta até 18 de setembro, uma rara oportunidade de adentrar o universo proposto por Rodrigo Bivar.

 

Duas mostras no MASP

 

 

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, abriga duas exposições poderosas que apontam uma parte da diversidade nacional: “Dalton Paula: Retratos Brasileiros”, com pinturas sobre lideranças e personalidades negras; e “Joseca Yanomami: Nossa Terra-Floresta”, com obras sobre a vida e a cosmologia do povo Yanomami. As duas mostras ficam em cartaz de 29 de julho a 30 de outubro.

 

Arte negra

 

Com curadoria de Adriano Pedrosa, Glaucea Britto e Lilia Schwarcz, a mostra “Retratos Brasileiros” reúne 45 pinturas – muitas delas inéditas – do artista contemporâneo brasiliense Dalton Paula. Ele produziu 12 desses trabalhos com apoio do MASP, e, por isso, as obras foram doadas para a instituição. As pinturas retratam lideranças e personalidade negras que foram historicamente invisibilizadas no Brasil. As obras são o resultado de um longo processo criativo, que passa por um estudo de biografias dos homenageados e a coleta de documentos sobre eles, como fotos e recortes de jornal. Entre essas figuras, estão a escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista negra no país; Manuel Congo, o líder da maior rebelião de escravos no Vale do Paraíba; e Assumano Mina do Brasil, um famoso alufá (nome dado aos líderes religiosos muçulmanos no norte da África) no Rio de Janeiro. Em sua investigação, o artista busca ressignificar e dar protagonismo às contribuições de personalidades afrodescendentes.

 

Arte Yanomami

 

Já a mostra “Nossa Terra-floresta” é pautada pela celebração aos 30 anos da homologação da terra indígena Yanomami. Com curadoria de Adriano Pedrosa e David Ribeiro, a exposição reúne 93 desenhos do artista Joseca Yanomami, que retrata personagens, cenas, paisagens, mitologia desse povo indígena. O artista adota como referência a floresta amazônica e os vários seres que a habitam. Os cantos xamânicos, a vida cotidiana dos Yanomami e as lutas das lideranças indígenas e dos espíritos também são elementos presentes nas obras, que foram produzidas entre 2011 e 2013. Muitos dos desenhos são acompanhados por descrições feitas originalmente em yanomami pelo artista e que dão conta das dimensões cosmológicas presentes em sua narrativa visual. A obra “Urihi xi wãrii tëhë thë urihi huëmaɨ wihi thëã (Os xamãs seguram a terra quando esta entra em caos)”, de 2011, por exemplo, se preocupa em demonstrar o trabalho de preservação da terra pelos xamãs.