Individual de Marina Saleme no CCBB

06/out

 

 

 

A partir do dia 06 de outubro, o CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ inaugura a exposição “Apartamento s”, com uma grande instalação da artista paulistana Marina Saleme, com 1500 obras, dentre desenhos e pequenas pinturas, recentes e inéditas, produzidas nos últimos três anos, que tratam de temas como a espera, a solidão e a separação. As obras começaram a ser produzidas cerca de um ano antes da pandemia, mas ganharam um novo sentido com o isolamento.

 

 

Os trabalhos ocuparão uma grande parede, de 5,70m X14m, na Sala B, no segundo andar do CCBB RJ, do chão ao teto do espaço, formando uma imagem monumental e fragmentada. Conhecida pelas pinturas em grandes dimensões, a artista criou, para esta exposição, uma instalação com obras em pequenos formatos, que reproduzem uma mulher sentada, com as mãos nos ombros, a cabeça abaixada, as pernas e os pés tensos. Apesar de reproduzirem a mesma imagem, nenhum é igual ao outro. O nome da exposição, “Apartamento s”, tem dois sentidos, o de moradia e o de estar apartado.

 

MAHATMA

01/out

 

 

 

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS / SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com Consulado Geral da Índia em São Paulo e o Swami Vivekananda Cultural Centre, trazem ao público paulistano a exposição “MAHATMA” com 17 fotografias que exibem registros da jornada de vida de Mahatma Gandhi abrangendo alguns eventos importantes de sua vida. Sob curadoria de Puja Kaushik, a mostra ocupa o espaço expositivo da Sala MAS/Metrô Tiradentes e é parte das celebrações do 75° aniversário de Independência da Índia.

 

 

“A vida de Mahatma Gandhi nos lembra o poder da verdade, da paz e da não-violência. Enquanto a Índia celebra o 75º ano de sua independência do domínio colonial, esta exposição captura a transformação de Gandhi de uma pessoa comum em um líder de massas, que derrotou o Império Britânico usando métodos simples de não cooperação e desobediência civil. A vida de Mahatma continua a inspirar pessoas em todo o mundo. Os princípios e ideais de Gandhi oferecem uma solução prática para encarar os desafios enfrentados pela humanidade”, declara Amit Kumar Mishra, Consul Geral da Índia em São Paulo.

 

Mohandas Karamchand Gandhi é considerado um dos líderes espiritual, social e político mais venerado do mundo sendo a principal liderança do movimento de independência da Índia, que adotou uma filosofia única de resistência não violenta, desobediência civil e não cooperação para, não apenas alcançar o fim do colonialismo britânico, mas também para criar transformação social. Os principais pilares de sua filosofia são: a verdade e a não violência. Porém a definição desses conceitos vai além do significado das expressões. Para Gandhi, “verdade vai além da simples veracidade das palavras e ações, incluindo também a fé na verdade suprema e uma forte crença na moralidade; ao mesmo tempo em que a não violência, não é mera ausência de violência, mas significa amor por todas as criaturas vivas”.

 

 

As imagens selecionadas pela curadora para compor a mostra, cujos originais pertencem ao acervo do National Gandhi Museum, New Delhi, India, revelam alguns eventos que tiveram grande importância na trajetória de Mahatma Gandhi e deram origem à arma mais poderosa conhecida pela humanidade – Satyagraha (princípio da não agressão). Cada fotografia destaca um marco importante na vida e na jornada de Gandhi.

 

 

A curadoria de Puja Kaushik está atenta à necessidade de contextualização do tema e, como informações adicionais, adicionou itens que agem como complemento à assimilação da história e sua importância pela sociedade ocidental. Uma escultura de bronze de Mahatma Gandhi, por Biman Bihari Das, renomado artista indiano; um Charkha – roda giratória – que era a personificação física e o símbolo do programa construtivo de Gandhi; Selos, com um recorte de filatelia, com abrangência mundial, emitidos em memória de Mahatma Gandhi, bem como algumas publicações importantes, da editora Palas Athena, que ajuda a explicar o papel que Gandhi e seus ensinamentos já desempenham no Brasil para promover a não-violência.

 

 

No momento atual onde o planeta passa por adaptações e mudanças que destacam ainda mais todos os problemas como injustiça social, desigualdade econômica, corrupção e pobreza, a o tema “MAHATMA” é de grande importância para dar destaque a esforços que devem ser feitos pelo bem comum e o trabalho necessário para que pessoas se reconectem com os ensinamentos e a filosofia de Gandhi. “Acredito que a ideologia de Gandhi – “Seja a mudança que você quer ver” – é de grande importância. Hoje, todos falamos sobre os problemas da sociedade ou de pessoas ao nosso redor, mas dificilmente fazemos algo a respeito. É importante que, primeiro, façamos a mudança em nosso círculo e então, somente então, o mundo mudará” explica a curadora.

 

 

“MAHATMA”, não apenas dá ao público um vislumbre dos eventos marcantes da vida de Gandhi, mas também compartilha a jornada de um homem comum se tornando o “Mahatma”.

 

 

Puja Kaushik

 

 

Até 31 de outubro.

 

 

 

 

 

Oskar Metsavaht no MAC Niterói

08/set

 

 

No salão principal do MAC Niterói, RJ, a exposição “Ícones e arquétipos”, de Oskar Metsavaht, traz um conjunto de obras – fotografias, pinturas e vídeos – que estabelece uma correlação entre os dois monumentos construídos em concreto armado, símbolos das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Um dos eventos que celebram os 90 anos do Cristo Redentor e os 25 anos de inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Curadoria de Marcus de Lontra Costa.

 

 

A palavra do artista

 

 

Nesta exposição, eu apresento as analogias estéticas que vejo na construção tanto do MAC quanto do Cristo Redentor. Tive o prazer de poder mergulhar no olhar de ambos, na sensibilidade para desenhar as suas linhas, curvas e retas. E, com isso, compartilhar com o espectador que venha conhecer a exposição, o meu olhar de detalhes que fazem desta obra do Niemeyer um dos símbolos da arquitetura modernista brasileira, junto à estátua do Cristo Redentor.

 

 

De 08 de Setembro a 15 de Dezembro.

 

Paulo Pasta: LUZ

03/set

 

 

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS / SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, abre “Paulo Pasta: Luz”, exposição do artista plástico Paulo Pasta, sob curadoria de Simon Watson. A mostra apresenta 19 telas dos últimos 10 anos, com dimensões que oscilam entre mural e laptop. “Pasta cria pinturas que são meditações físicas sobre a metafísica e mais palavras e emoções quando sabemos o que estamos mostrando …”, define o curador.

 

 

“Paulo Pasta: Luz” é a vigésima mostra individual institucional do artista e a primeira após a “Projeto e Destino”, no Instituto Tomie Ohtake de 2018, com curadoria de Paulo Miyada. Desde a sua primeira individual em 1983, Paulo Pasta faz exposições continuamente e suas obras são aceitas e abraçadas por instituições públicas e coleções privadas. Ao longo dos anos, sua prática de pintura evoluiu para uma meditação silenciosa sobre cor, espaço e luz. Poucas opções de cor – de três a seis matizes por tela, todos com valores tonais semelhantes – seus campos de composição sugerem um enquadramento com pilares arquitetônicos, entablamentos e vigas. Os contrastes sutis entre cores semelhantes fazem com que vibrem e se movam sutilmente para a frente e para trás no espaço. Eles sugerem elegantemente a captura de luz e alude às formas como a luz muda suas características ao longo do dia.

 

O aspecto formal das telas de Paulo Pasta sugere um diálogo permanente com Giorgio Morandi e Alfredo Volpi, bem como com Old Masters onde, de uma forma semelhante, possuem uma consciência populista. Eles nos levam para a rua. Eles nos convidam a conhecer o mundo ao nosso redor, de paredes e fachadas pintadas em cores vivas que podem ser encontradas no dia a dia e em todos os locais no Brasil. Exuberantes em cores e serenas em estrutura, as pinturas de Paulo Pasta são profundamente meditativas e afirmativas da vida.

 

 

Destacada por uma instalação mínima e iluminação dramática, a exposição “Paulo Pasta: Luz” é composta por quatro grandes pinturas em escala muralista (duas verticais e duas horizontais), cada uma ladeada por pinturas de tamanho médio que dialogam com suas cores e composições. A segunda, no espaço do claustro, são instalações do próprio estúdio do artista, onde em uma parede corrida você encontra um salão de meditação que interage de forma alegre a íntima.

 

“As pinturas de Paulo Pasta são uma manifestação física da presença da luz, como em um reflexo durante um passeio matinal. São também etéreas, sugerindo a imaterialidade da luz. Luz do espírito e da imaginação, luz que irradia e eleva.”

 

 

Simon Watson

 

 

Projeto LUZ Contemporânea

 

 

LUZ Contemporânea é um programa de exposições de arte contemporânea que se desdobra em eventos e ações culturais diversas, públicas e privadas. Desenvolvido pelo curador Simon Watson, o projeto, atualmente, encontra-se baseado no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Nesse espaço, LUZ Contemporânea apresenta exposições temáticas de artistas convidados, de modo a estabelecer diálogos conceituais e materiais com obras do acervo histórico da instituição. Embora fortemente focada no cenário artístico brasileiro atual, LUZ Contemporânea está comprometida com uma variedade de práticas, cultivando parcerias com artistas performáticos e organizações que produzem eventos de arte.

 

 

O primeiro ano de programação de LUZ Contemporânea, no Museu de Arte Sacra, foi concebido como uma trilogia que visa responder à pandemia. O ciclo teve início com João Trevisan: Corpo e Alma, sendo seguida por Esperança, coletiva com 12 artistas, e culmina com Paulo Pasta: Luz. A trilogia vai do escuro ao claro, dos noturnos de João Trevisan à meditação de Paulo Pasta sobre a luz.

 

 

Sobre o artista  

 

 

Paulo Pasta nasceu em Ariranha/SP, 1959.  Doutor em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA / USP (SP). Recebeu a Bolsa Emile Eddé de Artes Plásticas do MAC/USP (SP) em 1988. Dentre as exposições realizadas, destaque para individual na no Centro Cultural Maria Antonia, em 2011, para o Panorama dos Panoramas, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2008, e para individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2006. Como professor, lecionou pintura na Faculdade Santa Marcelina – FASM, entre 1987 e 1999, e desenho na Universidade Presbiteriana Mackenzie, entre 1995 e 2002. É professor da USP desde 2011 e, da FAAP, desde 1998. Realizou exposições individuais em diversos espaços, como Instituto Tomie Ohtake e Galeria Millan, São Paulo, SP (2018); Galeria Carbono, São Paulo, SP, e Paulo Darzé, Salvador, BA (2017); Embaixada do Brasil, Roma, Itália (2016); Galeria Millan e Museu Afro Brasil, São Paulo, SP (2015); SESC Belenzinho, São Paulo, SP (2014); Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS (2013); Centro Cultural Maria Antonia, São Paulo, SP (2011); Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2008); e Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2006), entre outros. Também participou de importantes exposições coletivas, entre elas: MAC-USP no Século XXI – A Era dos Artistas, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP (2017); Clube de Gravura – 30 Anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP, e Os Muitos e o Um, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2016); 30 x Bienal, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP (2013); Europalia, International Art Festival, Bruxelas, Bélgica (2011); Matisse Hoje, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2009); Panorama dos Panoramas, MAM-SP, SP (2008); MAM(na)Oca, Oca, São Paulo, SP (2006); Arte por Toda Parte, 3ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2001); Brasil + 500 – Mostra do Redescobrimento, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP (2000); e III Bienal de Cuenca, Equador (1991), entre outras. Suas obras integram diversas coleções, entre as quais: Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP; Museu de Belas-Artes do Rio de Janeiro, RJ; Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York, EUA; e Kunsthalle, Berlim, Alemanha.

 

 

Sobre o curador

 

 

Simon Watson, nascido no Canadá e criado entre Inglaterra e Estados Unidos, Simon Watson é curador independente e especialista em eventos culturais baseado em Nova York e São Paulo. Um veterano com trinta e cinco anos de experiencia na cena cultural de três continentes, Watson concebeu e assinou a curadoria de mais de 250 exposições de arte para galerias e museus, e coordenou programas de consultoria em colecionismo de arte para inúmeros clientes institucionais e particulares. Nas últimas três décadas, Watson trabalhou com artistas emergentes e os pouco reconhecidos, trazendo-os para a atenção de novos públicos. Sua área de especialização curatorial é identificar artistas visuais com potencial excepcional, muitos dos quais agora são reconhecidos internacionalmente na categoria blue-chip e são representados por algumas das galerias mais famosas e respeitadas do mundo.

 

 

Sobre o museu

 

 

 

O Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, é uma das mais importantes do gênero no país. É fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969, e sua instalação data de 29 de junho de 1970. Desde então, o Museu de Arte Sacra de São Paulo passou a ocupar ala do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na avenida Tiradentes, centro da capital paulista. A edificação é um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial paulista, construído em taipa de pilão, raro exemplar remanescente na cidade, última chácara conventual da cidade. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1943, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo, em 1979. Tem grande parte de seu acervo também tombado pelo IPHAN, desde 1969, cujo inestimável patrimônio compreende relíquias das histórias do Brasil e mundial. O Museu de Arte Sacra de São Paulo detém uma vasta coleção de obras criadas entre os séculos 16 e 20, contando com exemplares raros e significativos. São mais de 10 mil itens no acervo. Possui obras de nomes reconhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Antônio Francisco de Lisboa, o “Aleijadinho” e Benedito Calixto de Jesus, entre tantos, anônimos ou não. Destacam-se também as coleções de presépios, prataria e ourivesaria, lampadários, mobiliário, retábulos, altares, vestimentas, livros litúrgicos e numismática.

 

 

Até 08 de Novembro.

 

Um jardim imaginário

 

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, Sedac, exibe a partir do dia 04 de setembro, a exposição inédita “Yeddo Titze – Meu jardim imaginário”.

A mostra tem por objetivo prestar uma homenagem ao professor e artista gaúcho falecido em 2016, aos 81 anos. Com curadoria de Paulo Gomes e Carolina Grippa, “Yeddo Titze – Meu jardim imaginário” tem lugar na Galeria Iberê Camargo e na sala Oscar Boeira, no segundo andar do Museu, e seguirá em exibição até 28 de novembro.

Apresentando mais de 40 obras desde a década de 1950 até 2010, “Meu jardim imaginário” contempla a trajetória de Yeddo Titze (1935-2016) desde o início da sua formação até seus últimos anos de produção. Com ênfase na temática de jardins, flores e paisagens, destaca uma série de tapeçarias e pinturas, produzidas em diversas técnicas.

A exposição traz a público obras dos acervos do MARGS, da Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura de Porto Alegre e da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da UFRGS, que são agora pela primeira vez reunidas e exibidas. Trata-se de um conjunto de peças adquiridas recentemente pelos acervos, por meio de doação da família do artista, ao qual se somam obras já anteriormente pertencentes às coleções das instituições.

No texto curatorial, os curadores Paulo Gomes e Carolina Grippa escrevem:

“Yeddo Titze é um nome que, quando citado, lembra antes a sua atuação como professor na UFSM e na UFRGS. Em Santa Maria, instalou o primeiro curso de tapeçaria em uma universidade federal, divulgando o suporte têxtil em toda sua potencialidade artística; e, em Porto Alegre, dedicou-se ao ensino da pintura. Mas e o artista? (…) A maioria dos trabalhos, agora expostos, nunca foi vista pelo público, sendo este um gesto de reconhecimento da importância do artista para a arte sul-rio-grandense e um convite à aproximação entre os seus públicos e a sua poética.”

“Yeddo Titze – Meu jardim imaginário” integra o programa expositivo do MARGS intitulado “Histórias ausentes”, voltado a projetos de resgate, memória e revisão histórica. Com o programa, procura-se conferir visibilidade e legibilidade a manifestações e narrativas artísticas, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas, em especial aquelas inviabilizadas no sistema da arte e/ou pelos discursos dominantes da historiografia oficial. Assim, a presente exposição dá prosseguimento ao programa “Histórias ausentes”, que estreou com a mostra “Otacílio Camilo – Estética da rebeldia”.

Nas palavras do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol: 

“Esta exposição presta uma homenagem ao mestre e artista Yeddo Titze, tendo por objetivo oferecer um justo e necessário resgate em sua memória. Assim, com essa união de esforços entre as instituições, a intenção é também valorizarmos as políticas de aquisição de nossos acervos públicos, celebrando esta importante doação da família em seu conjunto e conferindo a devida e necessária solenidade ao gesto.”

Desde sua reabertura, em 11.05.2021, o MARGS mantém uma série de medidas sanitárias e de regras de acesso para garantir uma visita segura e que ofereça uma experiência que possa ser aproveitada da melhor maneira: controle de fluxo de entrada e quantidade de público, uso obrigatório de máscara, medição de temperatura e respeito à distância de 2m.

TEXTO CURATORIAL

Yeddo Titze – Meu jardim imaginário

“Quando acordo pela manhã, abro minha janela e através de uma leve cortina vejo o meu jardim imaginário. Ele está bem próximo de mim, oferecendo-me suas folhas e flores, que pelo visto tentam dialogar comigo, transmitindo-me uma mensagem”. Yeddo Titze, março 2004

Yeddo Titze (1935 – 2016) é um nome que, quando citado, lembra antes a sua atuação como professor na UFSM e na UFRGS. Em Santa Maria, instalou o primeiro curso de tapeçaria em uma universidade federal, divulgando o suporte têxtil em toda sua potencialidade artística; e, em Porto Alegre, dedicou-se ao ensino da pintura. Mas e o artista? Essa exposição, inserida no programa “Histórias ausentes” do MARGS, tem como objetivo destacar o Yeddo artista, mostrando um recorte de sua produção, desde a década de 1950, enquanto aluno no Instituto de Artes, até o ano de 2010, próximo ao seu falecimento. A mostra é uma ação conjunta de três instituições públicas de Porto Alegre, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, a Pinacoteca Barão de Santo Ângelo (Instituto de Artes, UFRGS) e a Pinacoteca Aldo Locatelli (Prefeitura de Porto Alegre), que já possuíam obras do artista, mas que receberam recentemente importantes doações de trabalhos e documentos.

As flores, as paisagens e as cores são elementos distintivos na produção de Yeddo Titze, que perpassam as diversas técnicas e os gêneros que ele praticou. A maioria dos trabalhos, agora expostos, nunca foi vista pelo público, sendo este um gesto de reconhecimento da importância do artista para a arte sul-rio-grandense e um convite à aproximação entre os seus públicos e a sua poética.

Paulo Gomes e Carolina Grippa 

Sobre o artista

Yeddo Nogueira Titze nasceu em 10 de janeiro de 1935, em Santana do Livramento, RS, filho de Roberto Titze e de Desideria Nogueira Titze. Em 1955, matriculou-se no Curso de Artes Plásticas no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, sendo diplomado em 1960. Entre 1960 e 1962, foi bolsista do governo francês em Paris, estudando pintura no ateliê de André Lhote e na École Nationale Superieure des Arts Decóratifs, onde foi aluno de Marcel Gromaire. Após essa temporada em Paris, mudou-se para Florença, onde estudou na Academia de Belas Artes. Ao retornar ao Brasil, recebeu o Prêmio de Pintura no 9º Salão de Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes (1962) e, em seguida, foi contratado como professor para a Faculdade de Belas Artes, na recém-criada Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Um dos primeiros professores do curso, Yeddo foi o responsável por implementar a disciplina de Arte Decorativa, baseando-se nas experiências adquiridas no Instituto de Belas Artes e na École de Paris. Retornou à França entre 1968 e 1969, para estudar tapeçaria em Aubusson. Após o período lecionando em Santa Maria, transferiu-se para o Rio de Janeiro e, depois, para Brasília. Nesta cidade, entre 1976 a 1979, foi o responsável pelo Setor de Artes Plásticas na Funarte e também coordenador da Galeria Oswaldo Goeldi. Após essa temporada, retornou ao Rio Grande do Sul, atuando como professor na UFSM e, após, no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde permaneceu até a sua aposentadoria, em 1993.  Em 2011, recebeu foi homenageado com Destaque Especial do Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, e no mesmo ano teve sua obra reconhecida e homenageada em uma mostra na Sala Angelita Stefani na Universidade Franciscana (UNIFRA), em Santa Maria. Faleceu em Porto Alegre, em 2016.

Homenagem ao mestre e artista

Considerado um importante representante da geração moderna das artes visuais do Rio Grande do Sul no século 20, Yeddo Titze morreu em 2016, aos 81 anos, após ser vítima da fatalidade de um atropelamento em Porto Alegre. Notabilizou-se sobretudo como professor, tendo uma trajetória que o consagrou em nossa história da arte como um dos pioneiros da tapeçaria, uma referência da arte têxtil, tendo por isto obtido reconhecimento nacional e mesmo internacional. Mas Yeddo foi mais do que tapeceiro. Dedicou boa parte de sua produção à pintura, sendo apontado como um dos primeiros a explorar ou flertar com a abstração no Rio Grande do Sul ao lado de artistas como Rubens Cabral, Nelson Wiegert e Carlos Petrucci. Era um passo ousado, uma vez que a pintura abstrata foi repelida pelo então cenário conservador do Estado, que via nela a invasão de uma tendência internacional descomprometida politicamente e capaz de corromper os valores da arte figurativa vigente e de viés regionalista. “Yeddo Titze – Meu jardim imaginário” presta uma homenagem ao mestre e artista, tendo por objetivo oferecer um justo e necessário resgate em sua memória. A exposição traz a público obras dos acervos do MARGS, da Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura de Porto Alegre e da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da UFRGS, que são agora pela primeira vez reunidas e exibidas. Trata-se de um conjunto de peças adquiridas recentemente pelos acervos, por meio de doação da família do artista, ao qual se somam obras já anteriormente pertencentes às coleções das instituições. Assim, com essa união de esforços, a intenção é também valorizarmos as políticas de aquisição de nossos acervos públicos, celebrando esta importante doação em seu conjunto e conferindo a devida e necessária solenidade ao gesto. “Yeddo Titze – Meu jardim imaginário” integra o programa expositivo do MARGS intitulado “Histórias ausentes”, voltado a projetos de resgate, memória e revisão histórica. Com o programa, procura-se conferir visibilidade e legibilidade a manifestações e narrativas artísticas, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas, em especial aquelas inviabilizadas no sistema da arte e/ou pelos discursos dominantes da historiografia oficial. Assim, a presente exposição dá prosseguimento ao programa “Histórias ausentes”, que estreou com a mostra “Otacílio Camilo – Estética da rebeldia” (2019).

Francisco Dalcol – Diretor-curador do MARGS

Sobre os curadores

Paulo Gomes 

Professor Associado no Bacharelado em História da Arte na UFRGS e no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da mesma instituição. Historiador, curador e crítico de arte. Atua como membro do Comitê de Acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli (PMPA) e do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e coordena a Pinacoteca Barão de Santo Ângelo (Instituto de Artes/UFRGS). É membro das seguintes instituições: AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte, ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, CBHA – Comitê Brasileiro de História da Arte e da ANPAP – Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Dentre suas publicações, destacam-se: “MARGS 50 anos” (2005), “Artes plásticas no Rio Grande do Sul: uma panorâmica” (2007), “Pedro Weingärtner: obra gráfica” (2008), “100 anos de artes plásticas no Instituto de Artes da UFRGS” (2012), “Pinacoteca Barão de Santo Ângelo: catálogo geral 1910-2014” (2015), “Zoravia Bettiol: o lírico e o onírico” (2016), com Paula Ramos.

Carolina Bouvie Grippa

Mestra em História, Teoria e Crítica de Arte (UFRGS), bacharela em História da Arte (UFRGS) e em Moda (Universidade Feevale). Desde 2017, pesquisa sobre tapeçaria brasileira, com foco na produção do Rio Grande do Sul. Desenvolve trabalhos em curadoria, como as mostras que realizou juntamente com Caroline Hädrich: “Influências da arte pop em acervos de Poa”, no MARGS (2018), pela qual receberam o Prêmio Açorianos 2019 na categoria “Difusão de acervos”; e “Os quatro – Grupo de Bagé”, na Fundação Iberê Camargo (2019). Também atua na produção cultural, sendo produtora da 12° e 13° Bienal do Mercosul.

Aquarelas de Nemer

02/set

 

 

Depois de passar pelo Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, a exposição “Nemer – aquarelas recentes”, do mineiro José Alberto Nemer, chega no dia 18 de setembro à Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. A mostra é a continuação de uma série que vem sendo apresentada desde os anos 1990 e reúne 20 obras produzidas sobre papel francês. São quadrados, retângulos, grelhas, hachuras, círculos, trapézios, elipses, cruzes e arcos que povoam peças de diferentes formatos, começando nos 100 x 100 cm, até o inusual, pelas grandes dimensões, formato de 150 x 200 cm.

 

 

“Trabalho com a geometria, com o gestual, com as manchas, com as formas mais rigorosas. Às vezes eu começo construindo uma geometria, que na metade acaba se desconstruindo; é quando você reconhece que a aquarela é indomável, escorre até onde ela quer escorrer e o pigmento se concentra onde sequer imaginávamos. Todos os deslizes, todos os ‘erros’ são incorporados e fazem parte do processo não só da aquarela, mas da arte como um todo”, diz Nemer, pertencente à geração dos chamados Desenhistas Mineiros, que se afirmou no cenário da arte brasileira, a partir da década de 1970.

 

Para o curador Agnaldo Farias, os trabalhos de Nemer propiciam um intermitente confronto entre uma orientação construtiva e um impulso orgânico. Diluídos na água, seus pigmentos correm pela folha, adivinhando suas minúsculas fissuras e revelando o acidentado da topografia do papel. A dimensão construtiva de suas obras se expressa, continua Farias, no recurso a figuras geométricas variadas, veloz e cuidadosamente executadas com lápis de grafite duro, com o apoio de régua, compasso.

 

Também chama a atenção em suas aquarelas o preto, uma cor pouco usada na técnica e terminantemente proibida na época em que estudou na Escola de Belas Artes: “Durante o curso, senti uma atração muito grande pela aquarela como técnica. Cada vez que eu começava pintar, os professores vinham e diziam: ‘a aquarela tem que ser mais transparente, e você está pesando muito. Isso aí está mais para guache do que para aquarela’. Outras vezes colocava um preto, e eles voltavam e falavam: ‘atenção, nunca se usa o preto na aquarela’. Foi aí que guardei a aquarela e me dediquei ao desenho. Os anos passaram, em um processo terapêutico, resolvi fazer algumas reflexões desenhadas e com aquarela. E, sintomaticamente, comecei pelo preto e nunca mais parei”, conta.

 

 

Aliás, foi por meio da psicanálise que a aquarela entrou na vida do artista. “Perguntei à analista se podia fazer um relatório usando aquarelas, e a técnica se adequou à minha introspecção e silêncio, ao meu temperamento. Domou a vontade de controle sobre tudo”, conta. A partir daí veio a primeira série, intitulada “Ilusões Cotidianas”, exposta, nos anos 1980, em São Paulo e na Bienal de Cuba.

 

 

Espaço em movimento

 

 

Em uma das itinerâncias de “Nemer – aquarelas recentes”, um visitante escreveu ao artista sobre o que encontrou na mostra e que, agora, os gaúchos verão na Fundação Iberê Camargo: “Aquarelas que fluem, flutuam e ocupam o espaço em movimento, como nuvens de cor preenchendo o olhar. Com sutil delicadeza, convidam para um momento de serenidade e paz”.

 

 

“A aquarela ensina o imponderável. Ao trabalhar numa superfície com água e pigmento, você tem um controle muito relativo, e essa impossibilidade de querer controlar tudo trouxe ensinamentos para a vida. Na Fundação Iberê, o visitante vai encontrar o silêncio, a possibilidade de silêncio interior, do que aprendi com a técnica e que vem muito ao encontro do meu processo de produção”, afirma Nemer.

 

 

Ateliê de Gravura

 

 

Para marcar sua passagem pela Fundação Iberê Camargo, José Alberto Nemer participará do projeto “Artista Convidado”, do Ateliê de Gravura. Ele já está em conversação com Eduardo Haesbaert, responsável pelo Ateliê, sobre sua nova criação.

 

 

Sobre o artista

 

 

José Alberto Nemer é doutor em Artes Plásticas pela Université de Paris VIII. Lecionou em universidades brasileiras e estrangeiras, como a UFMG (1974 a 1998) e a Sorbonne (1974 a 1979). Pertencente à geração dos chamados desenhistas mineiros, que se afirmou no cenário da arte brasileira a partir da década de 1970, Nemer participa de salões e bienais no Brasil e no exterior. Sua obra obteve, entre outros, o Prêmio Museu de Arte Contemporânea da USP (1969), Prêmios Museu de Arte de Belo Horizonte (1970 e 1982), Prêmios Museu de Arte Contemporânea do Paraná na Mostra do Desenho Brasileiro (1974 e 1982), Grande Prêmio de Viagem à Europa no Salão Global (1973), Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo no Panorama da Arte Brasileira (1980). Incluído pela crítica e por júri popular entre os dez melhores artistas de Minas Gerais na década de 1980, Nemer foi o artista homenageado, com Sala Especial, no Salão Nacional de Arte Edição Centenário, realizado no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte (1997/1998). Entre suas exposições, destacam-se a do Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB Rio (2000), a dos espaços culturais do Instituto Moreira Salles, em circuito itinerante pelo País (2003 a 2005), e a da Galeria Anna Maria Niemeyer, no Rio (2009). Num ensaio sobre a obra do artista, intitulado Razão e Sensibilidade (2005), Olívio Tavares de Araújo diz: “Só um virtuose da aquarela – a mais exigente de todas as técnicas, a mais inflexível, na qual é impossível enganar –  conseguiria dar este enorme salto de escala sem atraiçoar-lhe em absolutamente nada a essência. Ao que eu saiba, ninguém nunca, em qualquer tempo, fez aquarelas das dimensões dessas, de Nemer. Mas, a despeito do tamanho, elas permanecem, definitivamente, aquarelas. Conservam sua natureza de música de câmara, e não sinfônica, delicada, econômica, sempre transparentemente instrumentadas. Parece-me terem fluído com a naturalidade, quase, de uma fonte”.

 

O Sertão Virou Mar

01/set

 

 

 

Azol, artista potiguar com formação em Cinema e Artes Gráficas, apresenta exposição multimídia com curadoria de Marcus de Lontra Costa. Artista multimídia que sempre empregou a variedade de plataformas a favor da criatividade, Azol recorre a linguagens distintas para revelar um sertão mágico na exposição “O Sertão Virou Mar”. Através de fotomontagens, pinturas e uma videoinstalação, ele vislumbra este mundo utópico, a partir do dia 09 de setembro, no Centro Cultural Correios, RJ.

 

 

Morando há quase 30 anos em São Paulo, Azol nasceu no Rio Grande do Norte e tem o sertão no DNA, enraizado nos seus antepassados – pais, avós, bisavós -, todos oriundos de lá. É tema recorrente dos seus trabalhos: já inspirou muitas telas e rendeu um acervo com mais de 6.000 fotografias, registradas em duas longas incursões pela rota do cangaço, quando realizou laboratórios e pesquisas. Há alguns anos, fez uma curadoria que resultou numa seleção de 60 fotos, matriz para suas primeiras fotomontagens unindo fotografia e pintura, instigado pelo historiador Marcus de Lontra Costa, curador de “O Sertão Virou Mar”. O intuito, introduzir elementos dramáticos à narrativa, gerando imagens que remetem ao realismo poético.

 

 

“Procuro ajudar o observador a embarcar numa jornada para o sublime. O mar é uma metáfora utópica para a criação de um sertão que é o contraponto da sua realidade. As fotografias produzidas apresentam fragmentos do real que se impregnam de múltiplos significados e sentimentos, se tornam plurais, transformadas pela provocação que se faz à imaginação. Caatinga, seca, a rudeza e a aspereza dos ambientes registrados são transformados em novas realidades, aquelas que, em nosso inconsciente, as chuvas poderiam revelar: abundância, esperança, fertilidade. O mar é água, é a força transformadora do sertão; nos convoca à construção de uma possível existência”, avalia Azol.

 

 

Nessa série de fotomontagens, a sobreposição das duas linguagens foi combinada com a utilização de multicamadas de filtros.

 

 

“A técnica usada é basicamente colagem digital. Transferi as fotos e as pinturas e fui manipulando as imagens. O processo é demorado… Foram meses de tentativas e erros, até chegar a um resultado satisfatório”, esclarece o artista.

 

 

O horizonte que se estende na fronteira entre a ficção e a realidade, explora situações que provocam a distorção dos cenários, gerando uma representação excêntrica que amplia as percepções. As diferentes leis que regem esse mundo novo são aceitas pelos olhos da realidade óbvia do homem, convidando o observador a explorar suas próprias fantasias e sonhos.

 

 

Texto do curador Marcus de Lontra Costa

 

 

PELOS SERTÕES

 

 

Há um sertão que se apresenta pela paisagem árida, sofrida, repleto de carências e onde a vida e a morte se sucedem em meio ao vazio e ao silêncio.

Há um sertão que se revela através da mitologia e da crença, que transforma casebres em catedrais, melancolias em beleza rara e perturbadora.

Há um sertão que habita a alma de todos nós, que recupera memórias, que descobre verdades e mentiras jamais vividas nesse território da fantasia.

Há um sertão que resgata vários outros, que amplia a lembrança, alarga o olhar, aquece o coração como uma cantiga antiga, relicário de lembranças.

 

 

Azol passeia por suas terras, percorre suas paisagens e através de fotografias, pinturas e até mesmo objetos, constrói um mundo que surge do talento e da sensibilidade do indivíduo da arte para espraiar encantos, mistérios, descobertas que fazem da vida humana uma aventura pelos vários cenários do mundo.

 

 

Tudo aqui inspira cuidados, olhares delicados, e um curioso equilíbrio de ser parte integrante dessa paisagem e, ao mesmo tempo, dela manter certo distanciamento para identificar e valorizar elementos que provoquem no espectador o desejo de decifrar e conhecer com mais profundidade o que as imagens oferecem ao olhar.

 

 

Potiguar, o artista reside há bastante tempo na cidade de São Paulo. Esse ser urbano, em plena paisagem rodeada de prédios e de concreto armado, convive com o outro (e o mesmo) garoto sertanejo, que entende a distância, a profundidade, os volumes e as cores de uma realidade que estrutura o afeto, o sentimento e a inteligência do artista. Azol atua como regente de saberes variados, temperando conceitos e imagens que retratam e recriam a imensidão das várias realidades sertanejas.

 

Esse é o sertão transfigurado; essa é a revelação da misteriosa riqueza dessa paisagem repleta de surpresas e mistérios. Essa é a reunião de um conjunto de obras elegantes e precisas com as quais o artista constrói uma exposição sensível que amplia o olhar regional para se afirmar numa linguagem sofisticada a revelar todos os sertões que permanecem em nossa mente e em nosso coração.

 

 

Sobre o artista

 

 

Artista visual formado em Cinema e Artes Gráficas nos Estados Unidos, Azol dirigiu curtas-metragens e produziu conteúdos para as TVs Manchete, Bandeirantes e Globo. Trabalhou com publicidade e participou de projetos de criação para a internet e vídeos institucionais para empresas. Desde 2010, trabalha em seu ateliê em São Paulo, onde realiza pesquisas artísticas em diferentes plataformas (pintura, escultura, colagem, mural, vídeo-arte e fotografia). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior (França, EUA e Nações Unidas), participou de feiras de arte no Carroussel Du Louvre, em Paris, e da Art Expo, em NY. O artista já integrou grupos de estudos de pintura, roteiro, oficinas de poesia e escrita criativa, outra paixão sua. Possui obras nos acervos da Pinacoteca do Rio Grande do Norte, da Funcarte (prefeitura de Natal) e no Sistema Fiern (Federação da Indústria e Comercio do RN). Em 2020, foi diplomado pela Fundação da Cidade de São Paulo (Academia de Ciências, Letras e Artes).

 

 

Até 24 de Outubro.

 

 

 

IN.Visível Sagrado

 

 

Artista mineiro apresenta trabalho fotográfico utilizando duas ferramentas da fotografia para a criação. Gui Mazzoni apresenta, a partir do dia 09 de setembro, sua individual “IN.Visível Sagrado”, no Centro Cultural Correios RJ. A primeira, denominada de “Sonofotografia” (trabalho autoral que cria imagens do seu próprio corpo, não reconhecíveis, em vias da técnica de ultrassonografia) permite a ampliação do olhar estético diante da estrutura humana interna. Já a segunda, “Fotorecorte”, é uma sequência de fotos que atuam no frame do real. Por meio de aparato tradicional, como câmeras, as fotos são capturadas para posteriormente serem alteradas no computador, em uma busca pela subversão da técnica.  Composta por 20 quadros fotográficos e quatro impressões transparentes em tecidos, em alta resolução, presas do teto ao chão da sala, simulando a ideia de quatro pilastras e/ou quatro pórticos de quase quatro metros – a exposição totaliza 24 obras no espaço expositivo. As grandes dimensões das obras têm o propósito de ampliar a sensação de sublime e sagrado do não-visível, da vida que acontece nas “pequenezas”, contendo uma simbologia importante na vivência da contemporaneidade.

 

“As fotografias geradas são recortes aproximados das coisas e do mundo para produzir uma outra visão, desconfigurando o real, mas, ainda sim, com uma forte presença plástica das linhas e formas da imagem. Todo o conjunto da obra se dialoga em “dar voz” aos detalhes da vida, o que normalmente não se pode ser percebido sem um apuro sensível e técnico”, afirma o artista.

 

“IN.Visível Sagrado” propõe a fotografia do não-real como captura do estado de vida “Nas entranhas do ver. Assim, o trabalho do Gui Mazzoni, fotógrafo e médico, vem penetrando na arte. As suas obras partem das miudezas da vida e das suas incessantes buscas pelas formas e surge uma linguagem imagética que se dissolve no indelével das coisas do mundo. A partir do som se reconstrói um corpo, um outro, que não é visto ao olho nu. Aquilo que não se enxerga ganha visibilidade em imagens com ritmo e cores contrastantes.  Esta construção pode ser apreciada nas fotos denominadas de “sonofotografias”, técnica que o artista desenvolveu a partir de autorretratos corpóreos realizados por meio do aparelho de ultrassonografia.  As composições abstratas partem de um quadro de experimento em que desregula o sistema, o aparato, e lança mão de uma estética não-normativa, afastando-se da metodologia científica e projetando no universo artístico. O Sagrado é representado não pelo estado simplista da santificação de uma imagem, há um sagrado profano-coletivo nas fotografias, onde encontram-se as belezas nas minúcias, na pluralidade das coisas e nos vislumbres das possibilidades de vivencias do real”, avalia Cota Azevedo, que assina a produção e a curadoria com Edson Cardoso.

 

 

Sobre o artista

 

 

Fotógrafo, médico, mestre e doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerias, UFMG, e referência no diagnóstico por imagem por meio da ultrassonografia. A sua especialização no campo da medicina o possibilitou desenvolver o pioneirismo da técnica de “Sonofotografia” que cria e imprime fotos a partir da autoimagem dos ecos oriundos do seu corpo, que são obtidas pelo equipamento tecnológico da ultrassonografia. Sua pesquisa na arte direcionada para a fotografia abstrata teve início há mais de 30 anos, quando o seu pai, fotógrafo-profissional o ensinava diante da estética da imagem. Gui estudou na Escola Guignard e nas Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, em segmentos como fotografia digital, Photoshop e Flash. Desde 2017 atua com as fotografias autorais do som e realiza cursos de especialização no Núcleo de Estudos Fotografia, Arte e Cultura, em Belo Horizonte, MG.

 

 

Até 24 de Outubro.

 

 

 

 

 

Ursula Tautz no Paço Imperial

 

No dia 09 de setembro, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “O Som do Tempo ou tudo que se dá a ouvir”, com uma grande instalação inédita da artista carioca Ursula Tautz, com curadoria de Ivair Reinaldim. Resultado de cinco anos de pesquisa, a instalação aborda o tempo e a memória. Composta por nove toneladas de terra negra, em formato de pirâmide, que soterram uma cadeira com braços e alto espaldar, além de areia dourada e badalos de sinos, a instalação de dois metros de altura é envolta por três filmes, que são projetados pelo ambiente. Por meio de uma obra imersiva, integrada ao espaço e ao entorno, cada visitante terá uma experiência única na mostra, que irá se transformar ao longo do tempo, com o germinar da terra que integra a instalação. Um desdobramento do trabalho será apresentado na ArtRio, de 08 a 12 de setembro.

 

 

“A exposição nos trará a oportunidade de presenciar não apenas um trabalho instalativo de arte contemporânea, mas a apreensão de uma experiência singular de montagem de imagens, sons e tempos, num jogo entre memórias pessoais e coletivas, realidade e ficção. Para além do visual ou do sonoro, a mostra é uma experiência para o corpo. Um convite para a vivência não virtualizada do mundo”, afirma o curador Ivair Reinaldim.

 

A exposição tem uma forte carga histórica e foi pensada especialmente para o Paço Imperial, palco de importantes acontecimentos da história do Brasil, como o Dia do Fico, a Abolição da Escravidão e a Proclamação da Independência do Brasil. “A obra tem relação com o nosso País. O trono soterrado pela terra faz alusão à colonização. E, após a pandemia da Covid-19, não foi mais possível desvincular o monte de terra das cenas que vimos todos os dias em consequência das inúmeras mortes causadas pelo vírus. Mas a terra é forte, preta e fértil, enquanto a areia dourada é uma referência às nossas riquezas, revelando a dicotomia do nosso país”, conta a artista Ursula Tautz.

 

Sobre a montanha de terra, estarão diversos badalos de sinos quebrados, “badalos mudos, parados, que trazem memórias de um tempo congelado, uma tentativa de unir passado e presente”, diz a artista. No entanto, é possível ouvir, de dentro do Paço Imperial, o badalar dos sinos das diversas igrejas ao seu redor, que marcam as horas. O som destes sinos estará sincronizado com os filmes, comandando sua projeção. Quando as badaladas que marcam a meia hora tocarem, os filmes serão paralisados. Quando as badaladas das horas inteiras tocarem, os filmes apagarão e retornarão após o término das badaladas, repetindo o processo ao longo de todo o dia.

 

 

“São vários tempos conversando ao mesmo tempo: o tempo do agora, marcado pelas badaladas dos sinos, o tempo passado dos filmes, o tempo histórico do Paço Imperial e das igrejas. São diversas maneiras de ver e sentir e cada um terá uma experiência única, particular”, diz a artista, cuja intenção foi criar um ambiente imersivo para os visitantes. “Estamos tão saturados de imagens, que a arte tem que te capturar, te transportar para outro lugar”, ressalta.

 

 

Os filmes têm a exata duração do tempo que o Paço Imperial fica aberto diariamente, seis horas. Desta forma, cada visitante terá uma experiência distinta. “Ou ele verá um trecho diferente do filme, ou não verá imagem nenhuma, ficará apenas diante do grande soterramento com seus cheiros e texturas”, diz a artista. Além disso, a instalação irá se transformar durante o período da exposição. Da terra negra, que é fértil, com certeza germinarão plantas.

 

 

“Trata-se de uma instalação impossível de ser narrada e/ou fotografada na sua totalidade, uma vez que nem relatos nem registros são capazes de dar conta das sequências e simultaneidades promovidas pela vivência da matéria, sons e visualidades no ambiente expositivo – fragmentos que, em conjunto, extrapolam aquilo que separadamente evocam”, diz o curador.

 

 

Filmes sobre a Memória

 

 

Projetados na parede, ao redor da instalação, estarão três vídeos produzidos pela artista, que falam sobre memória, sobre diferentes memórias. No primeiro, estão imagens da viagem da artista para a Polônia, onde foi à cidade da avó materna, Uldersdorf an der Biele, aldeia alemã localizada na baixa Silésia, que hoje não existe mais, pois o território foi devolvido à Polônia após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Neste filme estão diversos tipos de memória, a que ela ouviu e testemunhou da avó alemã, a memória do local e dos moradores, além de imagens da viagem que a mãe dela fez 20 anos antes para o mesmo lugar.

 

No segundo filme, também na Polônia, está a imagem de um estábulo onde passarinhos fizeram seus ninhos, e que se relaciona arquitetonicamente com o Terreirinho (espaço no Paço Imperial onde a exposição será apresentada). “São imagens de um transe, os pássaros voando, os sinos tocando, pois quando visitei a cidade era feriado de Corpus Christi e os sinos estavam por todos os lados, nos conventos, nas igrejas, nas procissões e nas ruas”, conta Ursula Tautz.

 

 

O terceiro tem como base o filme “No Paiz das Amazonas”, de Silvino Santos, com imagens da cidade de Manaus no início do século XX. Ele foi o primeiro cinegrafista brasileiro e fez o filme para os seringueiros, com o objetivo de livrá-los de acusações de extermínio étnico. Mesmo filmando uma realidade “maquiada”, é uma documentação fundamental, que aos olhos de hoje causa indignação. Para a exposição, este filme foi mesclado a vídeos enviados por 18 artistas, com imagens oníricas, a fim de se construir uma memória coletiva. “É como se fosse um sonho, com diversas imagens que não necessariamente têm relação umas com as outras, mas que me ajudam a construir uma memória de minha avó manauara, sobre a qual eu nada sei”, afirma a artista. Os artistas que participam do filme são: Analu Cunha, Ariana Schrank, Bel Lobo, Bianca Madruga, Carlos Vergara, Claudia Lundgren, Denise Adams, Jozias Benedicto, Juliane Peixoto, Laura Gorski, Letícia Tandeta, Marcos Bonisson, Patrícia Gouvea, Pedro Gandra, Rafael Adorján, Raphael Couto, Renata Solci Cruz e Vitor Mizael.

 

 

Cinco anos depesquisa

 

 

Para realizar o projeto, a artista fez uma longa pesquisa, que incluiu a viagem para a Polônia, além de estudos sobre os sinos, sua história, visitação às artesanais fábricas e entrevistas, como, por exemplo, com Manoel dos Sinos, o último sineiro do Rio de Janeiro. “Os sinos são símbolos universais, objetos solenes, marcam as horas, os ofícios e o cotidiano, ele são sinais sonoros de nossa humanidade comum. Os sinos nos acompanham há tempos, eles fazem parte da história humana e de nossos rituais desde o Egito Antigo; na Idade Média, a Igreja o fixou em suas torres e em nosso cotidiano, os sinos eram marca de poder, controle territorial e celestial, eram vistos como a manifestação concreta da voz de Deus”, escreveu a historiadora Luciana Muniz Sousa no texto que acompanha a exposição.

 

 

O Paço Imperial está adaptado às regras sanitárias, com medição de temperatura, uso obrigatório de máscara e monitoramento do fluxo de visitantes em todos os ambientes para garantir o distanciamento social recomendado de dois metros.

 

 

ArtRio

 

 

Como desdobramento da exposição, a artista apresentará na ArtRio deste ano, de 08 a 12 de setembro, um projeto solo no stand da galeria FASAM, onde apresentará o vídeo “Tudo que se dá a ouvir” e trabalhos que sintetizam o conceito da exposição no Paço Imperial.

 

 

O vídeo traz o registro de uma performance inédita na qual, vestindo calça e camisa de algodão cru e luvas brancas – em referencia ao filme-propaganda “No Paíz das Amazonas”, de Silvino Santos – a artista lançará doze badalos de sinos antigos e quebrados (que posteriormente serão expostos no Paço Imperial) contra as paredes do espaço, fazendo toda a caixa metálica ressoar, libertando o som do tempo.

 

 

Logo à frente do vídeo estará a memória da performance: a roupa utilizada, um badalo e as luvas. Estarão expostas, ainda, fotografias do filme “No Paíz das Amazonas” e dois trabalhos compostos por redomas e badalos em diferentes dimensões, areia, cordas e arames dourados, que resumem o conceito desenvolvido.

 

 

Sobre a artista

 

Por proposições multimídia, Ursula Tautz desenvolve experiências artísticas que buscam perverter o tempo cronológico através de sua contínua transformação, gerando novas memórias e narrativas. Identidades culturais e históricas são muitas vezes evocadas através do tempo percebido pelo movimento pendular, seja um som, um balanço ou pelos badalos. Pesquisando as relações que envolvem o habitar, o pertencer, a artista utiliza a (re)significação do espaço para o desenvolvimento de suas questões. As ocupações tendem ao uso da instalação. Destes trabalhos de grandes dimensões derivam estudos, desenhos, fotografias, objetos, vídeos. Nos últimos anos o som vem se apresentando como uma nova forma de experimentação. A artista foi finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE e participou da Siart Bienal 2018 – Bienal Internacional de Arte da Bolívia em La Paz, e da residência artística Echangeur22, que resultou na exposição “Mobilité, Immobilité”, La Chartreusse, Villeneuve-lez-Avignon, França. Além de ter sido selecionada para a Bienal de Bahia Blanca. Suas obras integram o acervo do Museu de Arte do Rio (MAR).

 

 

Até 21 de Novembro.

 

 

Linhas em Ruptura – Gravuras do acervo

26/ago

 

A FAMA Museu, Itu, SP, inaugura a exposição “Linhas em Ruptura – Gravuras do acervo”, com gravuras de figuras centrais do modernismo brasileiro e de artistas que se destacaram a partir da década de 1960. A mostra reúne cerca de 113 gravuras e a abertura acontece no dia 28 de agosto na Sala Marcos Amaro.

 

 

Com curadoria de Luiz Armando Bagolin, a mostra exibe gravuras, matriz e impressões de representantes do movimento, como Flávio de Carvalho, Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo, Maciej Babinsky e Darel, e de artistas com produções a partir dos anos 60, 70 e 80, como Mestre Noza, Edith Behring, Wesley Duke Lee, Evandro Carlos Jardim, Regina Silveira e Anna Bella Geiger.

 

 

Durante a modernidade, a gravura deixa de ser apenas um recurso ou técnica que servia à transmissão e reprodutibilidade de ideias ou exortações de caráter moral, político e científico, e passa a ter mais autonomia e liberdade. “Ao todo, a exposição reúne 113 obras dos principais artistas históricos da gravura brasileira. A seleção deles foi feita com o intuito de mostrar a diversidade de temas e de técnicas dentro da gravura.”, explica Luiz Armando Bagolin.

 

 

Para garantir a acessibilidade e inclusão, “Linhas em Ruptura” disponibilizará a opção de audioguia, obras adaptáveis e videolibras.

 

 

A entrada é gratuita, agende sua visita!