Natureza-Morta no MAM Rio

03/abr

O MAM RIO, Parque do Flamengo, Rio de janeiro, RJ, apresenta a partir do próximo dia 06 de abril, a exposição “Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio”. Com o mesmo título de uma instalação de Adriana Varejão, a exposição investiga este importante gênero da pintura, em obras em diversos suportes pertencentes ao acervo do Museu criadas por 35 artistas de várias gerações. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a mostra reúne mais de 40 obras – entre pinturas, esculturas, vídeos, fotografias e instalações – produzidas por 39 artistas de diferentes gerações. A exposição dá continuidade às investigações de gêneros da pintura a partir dos acervos do Museu, mostradas em “Constelações – O Retrato nas Coleções MAM Rio” e “Horizontes – A Paisagem nas Coleções MAM Rio”, em cartaz até o próximo dia 12 de maio de 2019.

 

Com o mesmo título de um backlight fotográfico de Adriana Varejão, de 1999, a exposição busca revelar não só a dimensão mais histórica do gênero natureza-morta, mas também “possibilidades de releituras contemporâneas desse conceito”, como informam os curadores. O conjunto de obras não foi reunido “somente com base no enquadramento estrito das obras nas características evidentes deste gênero, mas também na livre correlação dos trabalhos com o sentido mais geral da exposição”, explicam. “Sob tal licença, “Alegria” também transborda do âmbito da pintura, da gravura, do desenho e da fotografia, para aquele, expandido, da escultura, do vídeo e de instalações para traçar um panorama aberto desse gênero da pintura no Brasil no exterior”, contam Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.

 

Os artistas que integram a exposição são de várias gerações, como Volpi, Guignard, Dacosta, Vicente do Rego Monteiro, a portuguesa Lourdes Castro, Wilma Martins, Adriana Varejão, Ivens Machado, Karin Lambrecht, Artur Barrio e Raul Mourão.

 

 

Natureza-Morta

 

A natureza-morta, da mesma forma que o retrato e a paisagem, foi um dos grandes gêneros da pintura europeia, entre os séculos XV e XVI, na Renascença. “Esses gêneros ganharam corpo como alternativa às pinturas de cenas religiosas, proibidas nos países que aderiram à reforma protestante, como a Holanda, que viu nascer o primeiro mercado de arte de que se tem notícia”, dizem os curadores. “As naturezas-mortas podem ser caracterizadas pela representação de objetos inanimados, vistos de uma curta distância. Sua escala intimista, somada à composição feita com base em motivos banais, mas agradáveis – frutas, flores, alimentos e objetos familiares ao olhar burguês – não significava, porém, que tais pinturas tivessem um teor laico-secular, apenas contemplativo, função que somente se consolidaria no começo do modernismo. Ainda que tratassem de cenas domésticas, essas pinturas, a despeito de sua fatura naturalista, tinham um teor simbólico então acessível a todos: evocavam o agradecimento pelo pão nosso de cada dia, conquistado pelo trabalho humano, sob a bênção divina”. O gênero atravessou os tempos, e na segunda metade do século XIX as naturezas-mortas já haviam se libertado de sua simbologia protestante inicial, e se tornaram “fundamentais para a revolução que permitiu à pintura superar a ênfase no tema que a havia marcado no romantismo e no neoclassicismo – batalhas, coroações, funerais e casamentos reais, pintados em formatos grandiosos que direcionavam o olhar para a narrativa e não para a própria pintura”. Os curadores complementam: “A banalidade temática das naturezas-mortas abriu caminho para a contemplação exclusiva de elementos cromáticos, formais, espaciais e compositivos, que não só se tornaram essenciais para a fruição modernista, como abriram caminho para a arte abstrata com Wassily Kandinsky, em 1910”.

 

 

Artistas expositores

 

Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Vicente do Rego Monteiro, Aldo Bonadei, Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Glauco Rodrigues, Lourdes Castro, Anna Bella Geiger, Wilma Martins, Luis Humberto, Eduardo Costa, Ivens Machado, Wanda Pimentel, Artur Barrio, Waltercio Caldas, Vilma Slomp,Claudia Jaguaribe, Karin Lambrecht, Brígida Baltar, Jorge Barrão,Roberto Huarcaya, Marcos Chaves, Edgard de Souza, Franklin Cassaro, Katia Maciel, Adriana Varejão, Efrain Almeida, Raul Mourão, José Damasceno, Julio Bernardes, Pedro Calheiros, Rodrigo Braga e Felipe Barbosa.

 

 

De 06 de abril a 07 de julho.

Xadalu: Residência Artística

02/abr

No dia 12, sábado, das 14h às 17h, o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, abrirá suas portas para que o público possa acompanhar a produção do artista. A atividade é gratuita e as inscrições devem ser feitas pelo link https://forms.gle/cp6ZeBAWLjnL1FRRA.

De 08 a 15 de abril, a Fundação Iberê recebe o artista visual Xadalu para uma Residência Artística no Ateliê de Gravura. Neste período, ele experimentará a técnica da gravura em metal, tendo como tema a mitologia “Guarani Mbya”. Prêmio Açorianos de Artes Visuais 2019 – Destaque em Exposição Individual, Xadalu tem uma profunda relação com a arte e a cultura indígenas no Rio Grande do Sul, e seu envolvimento com a causa Mbya-guarani traz luz para a questão do resgate e continuidade da cultura indígena no Estado.

Olhar às etnias

Dione Martins (Xadalu) e um amigo imaginaram criar uma empresa que leva o nome dos artista. O sonho foi realizado logo nas primeiras intervenções nas ruas, com o indiozinho que colava pelas paredes. Xadalu não reivindica a identidade indígena, mas, por meio de sua arte, quer dar visibilidade às etnias. “Sou mestiço e não fico à espera por mudanças na sociedade, potencializo a minha arte para agir na escala individual”, explica. Em 1996, Maria Catarina e Dalva, mãe e vó de Xadalu, deixaram Alegrete para tentar uma nova vida em Porto Alegre. Até 1999, ele e a mãe juntavam latinhas para sobrevivência. Depois foi gari, até que em 2003 criou uma oficina de serigrafia na Vila Funil, onde morava.

O personagem Xadalu surgiu pela primeira vez em 2004, como uma forma de manifestação artística, trazendo luz ao tema da destruição da cultura indígena, abordando essa e outras causas sociais e ambientais. Hoje, o indiozinho está presente em mais de 60 países, nos quatro continentes, fazendo parte de um cenário mundial da arte urbana contemporânea, participando de exposições e diversos festivais de arte, com obras em acervos de museus do Rio Grande do Sul, sempre com foco na informação e conscientização dos temas abordados. Xadalu tem fortalecido sua relação com comunidades indígenas do Estado, sempre buscando formas de contribuição e apoio aos moradores das aldeias. Da mesma forma o artista está atento às demandas dos bairros periféricos, ministrando cursos e oficinas em escolas e comunidades.

Ernesto Neto na Pinacoteca

29/mar

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e o Banco Bradesco apresentam, de 30 de março a 15 de julho, a exposição “Ernesto Neto: Sopro”, que ocupa o Octógono, sete salas do 1º andar e outros espaços da Pina Luz. Com curadoria de Jochen Volz e Valéria Piccoli, diretor e curadora-chefe do museu, respectivamente, a retrospectiva reúne 60 obras de um dos nomes mais proeminentes da escultura contemporânea. Desde o ínicio de sua carreira nos anos 1980, o artista vem produzindo obras que colocam em diálogo o espaço expositivo e as diversas dimensões do espectador.

 

A partir de uma compreensão singular da herança neoconcreta, Ernesto Neto (Rio de Janeiro, 1964), desdobra suas esculturas iniciais – elaboradas com materiais como meias de poliamida, esferas de isopor e especiarias – em grandes instalações imersivas, que propõem ao espectador um espaço de convívio, pausa e tomada de consciência. Sua prática escultórica engendra-se a partir da tensão de materiais têxteis e de técnicas como o crochê. Essas grandes estruturas lúdicas acolhem ações e rituais que revelam as preocupações atuais do artista: a afirmação do corpo como elemento indissociável da mente e da espiritualidade.

 

Desde 2013, o artista vem colaborando com os povos da floresta, principalmente a comunidade indígena Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. A população dessa etnia, com mais de 7.500 pessoas, habita parte do estado do Acre e forma a mais numerosa população indígena do estado. “A turma da floresta tem uma ligação muito mais profunda com a natureza. Inclusive, a palavra natureza, como algo que está fora de nós, seres humanos, nem existe nessa comunidade. Eles não veem essa separação”, conta o artista.

 

“A convivência com eles me trouxe um entendimento profundo da espiritualidade, desta força de continuidade do “corpo-eu” e do “corpo-ambiente”, e também uma base estrutural “espíritofilosófica”, além da compreensão de que há muito o que descobrir enquanto humanidade: quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?”. O entendimento do planeta como organismo interdependente permeia boa parte das obras de Ernesto Neto.

 

Para esta mostra na Pinacoteca, o artista concebeu novos trabalhos, entre eles, um para o espaço do Octógono, que acolherá quatro ações/rituais participativas abertas ao público ao longo do período expositivo. Integra também o conjunto uma obra seminal em sua trajetória: “Copulônia”, de 1989. De poliamida e esferas de chumbo, seu título faz referência à “cópula” (termo utilizado pelo artista para caracterizar um tipo de elemento, presente na obra, em que duas partes se penetram) e à “colônia” (seção da obra na qual os elementos se repetem). “Traz a ideia de população, família, corpo coletivo e convivência simbiótica”, define o artista.

 

“Copulônia marca o momento em que Neto começa a pensar a escultura não mais como um único volume mas como um todo composto de partes. Outras obras icônicas dele integram a seleção, como aquelas que contem especiarias (cravo, açafrão, urucum), as Naves (arquiteturas de tecido em que o visitante é convidado a entrar) e mesmo as mais recentes estruturas habitáveis confeccionadas em crochê. As obras do Neto convocam a participação do visitante e ativam outros sentidos além do olhar”, comenta Piccoli.

 

A exposição propõe demonstrar como a fisicalidade, o indivíduo e o coletivo sempre estiveram presentes, desde o início, na prática do artista, moldando sua poética. Sua colaboração atual com líderes políticos e espirituais das nações Huni Kuin, cujas contribuições ao artista recebem na mostra uma sala própria, aparece como uma consequência natural de sua pesquisa escultórica. “Neto vem explorando e expandindo os princípios da escultura radicalmente desde o começo de sua trajetória. Gravidade e equilíbrio, solidez e opacidade, textura, cor e luz, simbolismo e abstração ancoram sua prática, num contínuo exercício acerca do corpo individual e coletivo e da construção em comunidade”, observa Jochen Volz.

 

Esta é também a primeira exposição que propõe traçar seus primeiros experimentos nesse campo através da investigação e da apropriação do espaço expositivo até atingir seu atual engajamento social. Num momento marcado pelo descompasso entre humano e natureza, Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis. “O artista é uma espécie de pajé. Ele lida com o subjetivo, com o inexplicável, com aquilo que acontece entre o céu e a terra, com o invisível. Desse lugar, consegue trazer coisas”, finaliza Neto.

 

A mostra é acompanhada de um catálogo e tem patrocínio do Banco Bradesco, Escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr e Quiroga Advogados, Iguatemi São Paulo e Havaianas. Após sua estreia na Pinacoteca, a exposição será recebida pelo Malba – Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Argentina e pelo Centro Cultural Palacio de La Moneda, em Santiago no Chile. “Ernesto Neto: Sopro” integra a programação de 2019 da Pinacoteca, dedicada à relação entre arte e sociedade. Por meio dela, a instituição propõe examinar as dimensões sociais da prática artística, apresentando exposições que redimensionam a ideia de escultura social, cunhada pelo artista e ativista alemão Joseph Beuys.

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: GaiaMotherTree, Zurich Main Station, apresentado pela Fondation Beyeler, (Zurique, Suíça, 2018); Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Destacam-se, ainda, suas participações nas Bienais de Veneza (2017, 2003 e 2001), de Lyon (2017), de Sharjah (2013), de Istambul (2011) e de São Paulo (2010 e 1998). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, entre elas: Centre Georges Pompidou (Paris), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MCA (Chicago), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres) e TBA21 (Viena).

Arte e Inteligência Artificial

28/mar

Em “Das tripas coração”, individual que a artista visual Katia Wille apresenta na Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro, Catete, RJ, apesenta obras com características originais. A ideia é estabelecer uma simbiose sensorial entre obras de arte e o espectador. Para que isso fosse possível, a artista desenvolveu, em parceria inédita com a Microsoft, um conceito que integra inteligência artificial ao ambiente, que será mostrado pela primeira vez em uma exposição de arte no Brasil. Utilizando a capacidade da inteligência artificial na nuvem, as obras reagem à presença de pessoas, se movimentam a partir da análise de sentimento do visitante e interagem por meio de movimentos diante de estímulos visuais, faciais e sonoros.

 

“Quero expor ao máximo a vulnerabilidade das relações humanas, e questiono como seria esticar-se para além do nosso ponto de ruptura? Fazer das tripas coração representa a eterna busca pelo impossível, alcançar o outro e estabelecer relações de ressonância. As membranas em látex são estruturas que reluzem, se movimentam, provocam sensações e se espalham pelo espaço como se quisessem respirar o ar que respiramos e pulsar com a frequência do nosso coração, indo além do diálogo entre obra e espectador. O objetivo final é começar a criar um espelho de nós mesmos nas obras: o corpo seria representado pelos braços robóticos e sensores responsáveis pelos movimentos, a mente pela inteligência artificial que aprende com os nossos sentimentos e dá os comandos para que os movimentos aconteçam e a alma é representada pela arte das membranas de eco látex pintadas como uma pele frágil e reluzente. Está estabelecida assim uma relação de confiança e imersão entre o artista, obra e público”, afirma Katia Wille.

 

A curadoria é de Isabel Sanson Portella, coordenadora e curadora da Galeria do Lago: “As obras de Katia Wille se espalham pelo espaço, suas figuras brilham com paixão e fúria. Os corpos incham em cor, elas balançam e torcem, pernas se estendem em uma dança que quer aproveitar e amplificar a vulnerabilidade das relações humanas, não suavizar”.

 

“A IA já não é algo distante do dia a dia das pessoas e a possibilidade de integração da inteligência artificial ao ambiente artístico, modificando a forma como interagimos com uma obra e a experiência que temos em uma exposição, mostra justamente isso. A Microsoft assumiu o compromisso de democratizar a IA e esse é um projeto que dialoga com esse propósito”, diz Maisa Penha, diretora de tecnologia para parceiros e IA na América Latina.

 

A ocupação do espaço expositivo se dá de forma fluida, com pinturas em painéis de grandes dimensões em tecido metalizado, dialogando com instalações em eco látex (material desenvolvido pela própria artista a partir da mistura de látex líquido, reciclado com tecidos e outros materiais). As obras em eco látex ficam suspensas pelo teto ou onduladas nas paredes. Trata-se de um material poroso, ora em forma de bolhas, ora esticado ou ondulado, o que permite destacar texturas e o brilho acobreado da superfície. As cores dos tecidos de base para as pinturas, em tons primários como o azul, vermelho e amarelo, contrastam com os tons metálicos das instalações.

 

As obras foram divididas em três momentos que se interconectam: encantamento, simbiose e irradiação. Marcado por tons de azul, o primeiro momento tem a intenção de mostrar uma mudança; a ordem das coisas foi invertida, os pés estão para o alto, algumas nadadoras e nadadores – figuras retratadas pela artista -, caindo, fazendo referência ao momento do Encantamento, ao “cair de amores”, à busca e ao encontro. A cor vermelha e seus sobretons pontuam o segundo momento: o desdobramento e a formação de amálgamas humanos, seres simbióticos, quando existe a busca pelo outro. Já o terceiro momento assinala o encontro do equilíbrio com a cor amarela, selando a formação do duplo perfeito onde não é necessário mais esforço, muito menos caber no outro, cada um com a sua identidade, irradiando- se mutuamente.

 

 

Sobre a artista

 

Katia Wille nasceu no Rio de Janeiro. É formada em artes visuais pela Universidade de Amsterdam, Holanda, e passou os últimos dez anos morando e trabalhando entre a Europa, a Ásia e o Brasil. As questões do feminino, da busca de sua essência e transformações, sempre povoaram as obras da artista, que pensa movimento e cor integrados ao todo. A delicadeza das formas, a ação que se desenvolve tanto em círculos e entrelaces, convida o espectador a mergulhar em águas míticas e se deixar levar pelos encantos do olhar de suas ninfas, pelo poder das deusas, pela força da mulher. Exposições individuais: “Mas Afinal: Quem tem medo de tamanha liberdade?” – Galeria VillaNova/SP; “Fluxofloração” – Centro Cultural da Justiça Federal/RJ; “Maria dos olhos de piscina” – H.Contemporaneo/RJ; “O Tudo Do Todo” – Z42 Arte Contemporanea/RJ ; “E daí? Eu adoro voar” – Tramas Arte Contemporânea/RJ; “CompulsArt” – Casa Ipanema/RJ; “As Nadadoras – Livre Galeria/RJ. Exposições coletivas:  “Um dia de sol” – Galeria Sal/RJ; “Arte brasileira na contemporaneidade” – InnGaleria/SP; “Para Todos” – Galeria Carpintaria/Fortes D’Aloia & Gabriel/RJ”; “Olhar Feminino” – Galeria André/SP; “Somos todos Clarisse” – Museu da República/Galeria do Lago/RJ; “A Máquina do Mundo – residência artística” – Z42/RJ; “Weel Chair Fest/ Rio Olympic Games” –  Boulevard Olímpico/RJ.  Publicações: “Arte brasileira na contemporaneidade” – Volume: III, Ornitorrinco – São Paulo, Brasil. Agosto 2018 Autora: Carmen Pousada; Prêmios e programas de residência artística: “European Union Visual Arts and Design Awards” – Tokyo (Japão), Março 2010; Z42 – Rio de Janeiro, Brasil.

 

Até 31 de maio.

Visões de Iberê Camargo 

Para celebrar os 247 anos da cidade de Porto Alegre, a Fundação Iberê inaugurou a exposição “Visões da Redenção”. A mostra traz um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas), produzidas no início dos anos 1980 – quando o artista retornou à Capital gaúcha, após um período de 40 anos vivendo no Rio de Janeiro. Frequentador assíduo do Parque da Redenção, o artista gostava de observar o ir e vir das pessoas: anônimos, músicos, palhaços, ciclistas, moradores de rua e performers. De simples registros desses passeios, logo as anotações do artista ganharam um significado maior. Os “personagens” da Redenção foram convidados para aturem como modelos vivos em seu ateliê, e, muitos deles, desdobraram-se nas séries “Fantasmagoria”, “Ciclistas” e “Ecológica” (Agrotóxicos).

 

 

Teatro de rua 

 

Em 1985, Iberê Camargo assistiu a performance “A dúzia suja”, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, se encantou com a apresentação e, durante um final de semana, transformou a Terreira da Tribo – como é chamado o espaço do grupo – em ateliê. Lá desenhou os atores vestidos com o figurino do espetáculo para a série “Ecológica”. A única exposição individual com o conjunto completo da série (mais de 20 guaches) foi realizada em 1986. Parte dela foi exposta em outras capitais do Brasil e Uruguai e, hoje, encontra-se em coleções particulares.

 

Para este trabalho, o artista expressou as formas da natureza e da condição humana, atingidas pela vida, por meio de árvores fantasmagóricas e de figuras que habitavam a cena, sem rumo. O parque mais tradicional da cidade – e palco para as mais diversas manifestações sociais, culturais e políticas – revelou-se como um portal, um deslocamento da realidade para outra ordem no tempo. Delírio e devaneio – um novo estar no mundo.

 

“Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida, que é minha vida, e tua vida, é nossa vida nesse caminhar no mundo. Pinto porque a vida dói.” (Iberê Camargo).

 

“Acompanhei inúmeras jornadas de Iberê pela procura dessas imagens que nos ferem com delicadeza, cheias de visualidade e significados. Esses rascunhos, por si só, são maravilhosos, mas serviam para recriações na volta ao estúdio. Surgiam daí guaches sobre papel, elementos novos nas pinturas e potentes gravuras em metal. Foi num dia desses, quando o artista ainda morava na rua Lopo Gonçalves, que saímos a pé para mais um percurso no Parque da Redenção. Chegamos na fonte entre árvores, naquele momento riscada pela luz do sol: um cenário de filme. À volta dela vários mendigos conversavam e lavavam as suas roupas. O artista pareceu iluminado. Apenas com os olhos e a mão em movimento, executou desenhos lindos e fluidos como música. Depois num gesto de gratidão pagou os modelos: entregou uma nota de dinheiro a cada um deles e fomos embora. Nesse dia uma figura me provocou a atenção: o homem flagrado de frente, curvado sobre o espelho d’água da fonte, com o olhar fixo no artista e suas costas acima da própria cabeça, passava uma sensação simultânea de dignidade e sofrimento, como se estava pronto para carregar o peso do mundo”, conta o artista plástico Gelson Radaelli.

 

 

 

Até 21 de abril.

 

 

 

Fundação Iberê Camargo

19/mar

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, promove no sábado a Pedalada do Iberê com show de Glau Barros. Pela primeira vez, a Fundação Iberê se soma às atividades comemorativas aos 427 anos de Porto Alegre com uma série de eventos nos dias 23 e 34 de março (sábado e domingo), no centro cultural e no Parque Farroupilha. Haverá bate-papo e oficinas de escrita criativa, de modelos vivos e desenhos de paisagem, em diálogo com a nova exposição “Visões da Redenção”, que apresenta um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas) de árvores e frequentadores do parque, que se desdobraram nas famosas séries “Fantasmagoria” e “Ciclistas”.

 

No sábado tem a Pedalada do Iberê, com saída às 16h da Usina do Gasômetro até a Fundação, onde o público será recebido com show de Glau Barros. Todas as atividades são gratuitas.

Este ano, com auxílio de patrocinadores e parcerias, como a Fundação Iberê, a Prefeitura de Porto Alegre contará com mais de 100 eventos espalhados pela cidade, contemplando cultura, educação, história, lazer e saúde.

De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados. Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000

 

 

Como chegar:

 

A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park. As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.

 

Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.

Promoção da Fundação Iberê

14/fev

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, recebe no próximo sábado, 16 de fevereiro, a historiadora Iris Germano e o ator Thiago Pirajira para o “Bate-papo sobre as histórias de Carnaval de Porto Alegre”. Eles farão um passeio pelos blocos de carnaval que entraram para história até o movimento popular criado há pouco mais de dez anos que, hoje, ultrapassa 50 blocos de rua por toda a cidade. O evento ocorre às 16h, no Átrio da Fundação, com entrada franca.

 

No domingo, o Programa Educativo promove a “Oficina de Confete e Serpentina”. A partir desses dois elementos símbolos do carnaval e inspiradas em artistas como Vik Muniz, as crianças e suas famílias serão convidadas a criar, coletivamente, uma macro paisagem e, também, a retratar sua própria cena de carnaval. A atividade é gratuita. Além do centro cultural, as atividades vão ocorrer no Barra Shopping Sul. O encerramento será no dia 03 de março, das 17h às 20h, com o Bloquinho de Carnaval, no Barra. O evento gratuito terá a animação de um bloco de carnaval da cidade e de um oficineiro, que pintará os rostos das crianças para a grande festa.

 

 

Sobre os convidados

 

Com especialização em História Social da Cidade e mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Iris Germano pesquisa a identidade negra gaúcha por meio do carnaval.

 

Thiago Pirajira é mestrando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Bloco da Laje e diretor artístico do Grupo Pretagô.

Pele & Sombra no MARGS

12/fev

 

Intitulada “Magna Sperb/Pele e Sombra”, é a exposição individual que Magna Sperb – apresentando 15 esculturas em aço carbono oxidado – exibe na Sala Iberê Camargo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. Com curadoria de André Venzon, as peças foram criadas entre 2016/2018, inspiradas em elementos orgânicos e artesanais – como tramas, redes, telas, panos, cipós, galhos, cascas, raízes, teias e ninhos – são tapeçarias metálicas finas e delicadas que, colocadas sob a luz, projetam sombras em formas de desenhos, sugerindo movimento e leveza.

 

Para o curador André Venzon, mais que o reconhecimento da trajetória artística de Magna Sperb – que trabalha no campo do desenho, da pintura, da fotografia e da escultura -, a exposição propõe a expansão de sua obra. Conhecida no meio da arte e também da arquitetura – Magna Sperb prestou assessoria em cor para projetos arquitetônicos durante quinze anos – a artista retoma a poética da transformação, que caracterizou etapas anteriores da sua pesquisa artística no campo da representação. “Da pintura na tela, para os recortes em MDF, depois para as revistas e destas para o outdoor, agora são as placas de aço que traçam e expressam todos estes caminhos, processos e trânsitos que entranham a sua criação artística que continua a se metamorfosear e nos surpreender”, afirma o curador.

 

Os estudos de tramas, cuidadosamente colecionados pela artista, são o ponto de partida para a criação das esculturas de “Pele e Sombra”. Magna redesenha essas tramas e as tece digitalmente, trabalhando em seguida o aço carbono com corte a laser. As peças são dobradas e amassadas à mão e expostas às intempéries do tempo, para adquirir textura. “Minhas esculturas são intencionalmente incorporadas à própria sombra: delicadas, leves, quase um desenho no ar, mas agressivas, com pontas que riscam o espaço. Valorizar tanto a sombra como a forma é aceitar e compreender que cada coisa é muito mais do que se vê e se percebe”, afirma a artista.

 

“É na subtração, no recorte e na ausência que sua obra se materializa”, explica o curador. “Portanto, tudo tem uma estrutura profunda, até a sombra que provem da arquitetura da luz. Enquanto a natureza e o humano teimam em cobrir e fechar, a artista prossegue a vazar sua pele de aço”, completa.

 

 

Sobre a artista

 

Magna Sperb nasceu, vive e trabalha em Novo Hamburgo/RS. Possui Pós-Graduação em Poéticas Visuais e Processos Híbridos, Pós-Graduação em Artes Visuais, Especialização em Cor e é formada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Feevale. Desenvolve sua pesquisa em desenho, pintura, fotografia e escultura. Foi professora de História da Arte e Educação Artística na rede de ensino pública e privada. Durante quinze anos prestou assessoria em cor para projetos de arquitetura. É uma das idealizadoras do Mesa de Arte na Praça, um projeto de ocupação artística contemporânea para formação de público. Desde 2007 participa de exposições coletivas no Brasil e exterior. Dentre as individuais destacam-se: Recortes, IAB/RS – Porto Alegre, 2014, Metamorfose, MAC/RS – Porto Alegre, 2011 e (Des)Encontros, Usina do Gasômetro – Porto Alegre, 2009. Suas obras fazem parte dos acervos do MARGS, MAC e IAB/RS.

 

 

Até 12 de maio.

FIC exibe Cecily Brown 

11/fev

Entrou em cartaz na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, a exposição “Se o paraíso fosse assim tão bom”, da artista britânica Cecily Brown, um dos nomes de maior destaque na pintura contemporânea internacional. A mostra pode ser visitada até o dia 30 de março, no terceiro andar. Antes, foi exibida com sucesso, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, e Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Com curadoria de Paulo Miyada, a exposição reúne um conjunto de obras que especula sobre a ideia de paraíso. Para isso, traça diálogos com a história da arte, em contato com artistas tão diversos quanto Bosch, Michelangelo, Brueghel e Rubens.

 

Cecily Brown emergiu nos anos 1990 e, atualmente, é uma das pintoras mais celebradas em todos os continentes. As 16 pinturas e os oito desenhos selecionados pela artista representam a frequente reflexão sobre um assunto que a tem fascinado: o paraíso. As obras são repletas de cor e movimento; faces – animais e humanas – espreitam os espectadores por entre véus de cor; figuras exploram o espaço pictórico e recusam-se à imobilização e fixação. Tudo está movimento, nada está assentado.

 

Para o curador, “Seus aspectos associáveis ao inferno (dinamismo, choque e confusão) seriam talvez bem-vindos para os cidadãos do presente, tão apaixonados pelo espetáculo de gratuidade e destruição que desfila nas velhas e nas novas mídias dia após dia, minuto a minuto”.

 

 

Sobre a artista

 

Cecily Brown nasceu em Londres em 1969. Seu trabalho figura em coleções públicas como Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; Whitney Museum of American Art, Nova York; MFA, Boston; Tate Gallery, Londres; Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, D.C.; e National Gallery of Art, Washington, D.C. Suas principais exposições individuais incluem exibições em museus como o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, D.C. (2002); Macro, Roma (2003); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri (2004); Museum of Modern Art, Oxford (2005); Kunsthalle Mannheim (2005/06); Des Moines Art Center, Iowa (2006); Museum of Fine Arts, Boston (2006/07); Deichtorhallen, Hamburgo (2009); Kestner Gesellschaft, Hanôver (2010, itinerante para GEM, Museum of Contemporary Art, Haia; e Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea, Turim (2014). A artista também realizou inúmeras exposições individuais em galerias, incluindo a Gagosian Gallery, Maccarone Gallery, Victoria Miro, CFA, Kukje Gallery, entre outras. Cecily Brown vive e trabalha em Nova York.

 

 

Sobre a Fundação Iberê Camargo

 

A Fundação Iberê Camargo é uma instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1995, a partir de um desejo do próprio artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e com o apoio de amigos e empresários de Porto Alegre.

 

Há 23 anos, a Fundação desenvolve ações culturais e educativas com a missão de preservar o acervo, promover o estudo, a divulgação da obra de Iberê Camargo e estimular a interação de seu público com arte, cultura e educação, por meio de programas interdisciplinares. A sede da instituição, inaugurada em 2008, foi projetada pelo português Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo. O projeto recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (2002) e é mérito especial da Trienal de Design de Milão.

 

 

Sobre Iberê Camargo

 

Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994 – Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries “Carretéis”, “Ciclistas” e “As idiotas”, em obras que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.

Palestra de Rosana Paulino

01/fev

O programa “Contatos com a arte” receberá, no dia 07 de fevereiro, quinta-feira, às 19h30, a artista Rosana Paulino para uma conversa sobre sua obra presente na exposição “Passado/Futuro/Presente: arte contemporânea brasileira no acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo”.

 

 

Sobre a artista

 
Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP. É especialista em gravura pelo London Print Studio, de Londres e Bacharel em Gravura pela ECA/USP. Foi Bolsista do Programa Bolsa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e Capes de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália.

 

Como artista vem se destacando por sua produção ligada a questões sociais, étnicas e de gênero. Seus trabalhos têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por esta população decorrente do racismo e das marcas deixadas pela escravidão.

 

Possui obras em importantes museus tais como MAM; Unm – University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA e Museu Afro-Brasil – São Paulo

 
Conversa com Rosana Paulino

 

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº. Acesso pelos portões 2 e 3

 
Horário: 19h30 às 21h30

 
Tel: (11) 5085-1300