Remontagem no MAM/SP

11/jan

“Passado/Futuro/Presente: Arte contemporânea brasileira no acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo” mostra exibida em 2017 no Phoenix Art Museum, chega à cidade de São Paulo. Setenta obras icônicas da coleção do MAM, Parque do Ibirapuera,  mostraram ao público norte-americano que a “brasilidade” não é um traço essencial da arte brasileira e que a diversidade de estilos, temas e suportes dá à arte produzida no país um caráter internacional e cosmopolita. A mostra agora será remontada no MAM.

 

 

De 22 de janeiro a 21 de abril.

Abstração informal

07/jan

A exposição “Oito décadas de abstração informal”, – em conjunto com o Museu de Arte Moderna de São Paulo – encontra-se em cartaz na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. Em exibição, obras assinadas, dentre outros, por Tomie Ohtake, Roberto Burle Marx, Vieira da Silva, Antônio Bandeira, Iberê Camargo, Maria Martins, Fernando Lindote, Lucia Laguna, Maria Polo, Ivald Granato, Jorge Guinle, Takashi Fukushima, Shirley Paes Leme, Tatiana Blass, Yolanda Mohaly, Nuno Ramos, Maria Bonomi, Leda Catunda, Edith Derdyk, Luiz Aquila, Manabu Mabe e Dudi Maia Rosa. Os trabalhos apresentados datam entre os anos de 1940 a 2010.

 

 

Texto de Felipe Chaimovich e Lauro Cavalcanti

 

A arte abstrata começou a ser praticada no Brasil, na década de 1940. Desde o início, surgiram duas linhas: a abstração informal e a abstração geométrica. A abstração informal caracteriza-se pela expressão de gestos do artista, seja com os materiais da pintura, ou da escultura; como resultado, o estilo de cada artista torna-se muito singular. A abstração geométrica, por outro lado, parte de princípios universais da matemática e da geometria, criando uma identidade mais coletiva. Os artistas que praticaram a abstração informal no Brasil não constituíram grupos permanentes, pois a singularidade do estilo de cada qual se impunha sobre princípios gerais. Assim, não há uma escola da abstração informal, ao contrário da geométrica, que levou à formação de grupos como o Ruptura, o Frente e o Neoconcreto. Da mesma forma, não se destacaram críticos de arte que representassem os artistas informais, embora houvesse aqueles que defendessem a abstração geométrica e acusassem a abstração informal de excessivo subjetivismo.

 

Entretanto, a abstração informal semeou no Brasil um extenso campo de arte gestual e da exploração da matéria da obra de arte. Ao reunirmos duas das coleções mais importante do Brasil, a do Museu de Arte Moderna de São Paulo e a do Instituto Casa Roberto Marinho, exibimos a permanência e a potência da abstração informal ao longo das últimas oito décadas. Apesar de ataques recorrentes contra o informal e dos modismos que defendem a arte geométrica, os artistas que praticaram a abstração informal no Brasil testemunham a coerência de seus estilos singulares, a radicalidade na exploração da matéria artística e o lirismo visual de suas composições. Convidamos o público a reencontrar-se com oito décadas de nossa abstração informal.

 

 

Até 09 de junho.

 

Quatro no Museu da República

20/dez

A Galeria do Lago, Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, encerra o ano com a abertura de “Quimera”, mostra que reúne três gerações com quatro artistas e curadoria compartilhada de Isabel Sanson Portella com Ricardo Kugelmas, curador do espaço Auroras em São Paulo. Ana Prata, Bruno Dunley, Veío  e Liuba Wolf são os artistas que expõem suas pinturas, esculturas e desenhos. Trata-se, primeiramente, de um diálogo de gerações onde a exaltação imaginativa em diferentes técnicas aparece como destaque. A Quimera mitológica, símbolo complexo de criações imaginárias do inconsciente, representa a força devastadora dos desejos frustrados, dos sonhos que não se realizam, da utopia e fantasias incongruentes. Monstros fabulosos alimentam, desde sempre, a imaginação do homem com devaneios necessários à expansão da alma.

 

“O diálogo que se estabelece entre os quatro artistas resulta numa mostra de identidades e poéticas que se aproximam enquanto falam de desejos e expectativas. Embora as práticas sejam distintas existe a mesma procura pela excelência, pela abstração e simplicidade das formas. A eles interessa o prazer criativo, a “brincadeira séria” e a liberdade de sonhar”, avalia a curadora, Isabel Sanson Portella, que também é diretora da Galeria do Lago.

 

 

Sobre os artistas

 

Liuba Wolf

 

Inserida na tradição da escultura moderna desde os anos 1950, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir. Inicialmente figurativa, a artista passou, a partir dos anos 1960, por uma significativa mudança formal que a levou à “quase abstração”, tendo a figura do animal como referência. Suas obras, como a própria artista afirma, vêm do inconsciente e são uma “simbiose entre vegetal e animal.” A força e beleza de seus trabalhos inspirou, certamente, toda uma geração de artistas que se seguiu.

 

Véio

 

Artista sergipano dos mais destacados na arte popular brasileira, utiliza a madeira para representar o seu olhar crítico sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Transforma restos de troncos da beira do rio, em esculturas coloridas, seres imaginários e personagens místicos que surgem das histórias de assombração ouvidas na infância. O universo de Véio, autodidata e muito enraizado em sua terra natal, é povoado pela tradição popular que o faz perceber o poder da transformação e da luta pela forma pura.

 

Ana Prata

 

A artista entende a pintura como meio de experimentação e linguagem. Seus trabalhos apresentados em Quimera trazem algumas propostas bastante significativas nesse diálogo de gerações e lugares de fala. A procura pela liberdade, o prazer criativo e a imaginação são pontos em comum nos quatro artistas selecionados. Para Ana Prata é importante variar, criar sempre algo novo para que outros sentimentos aflorem. Sua obra está aberta a novas propostas e respostas. E é sempre no olhar do expectador que a narrativa se completará.

 

Bruno Dunley

 

Sua prática é voltada para a abstração gestual, sem, entretanto, perder o foco na representação dos objetos. Para ele existe uma mudança fundamental na função da imagem que deixa de ser forma única de apresentação de uma ideia. As cores utilizadas, delicadas mesmo quando as imagens são violentas, aparecem ora em manchas, ora como fundo para os desenhos. Quase sempre há uma cor predominante, pastel seco aplicado com vigor além de traços em carvão. Bruno não procura a beleza perfeita e absoluta, mas cada vez mais pensa em uma beleza possível, direta. Algo que faça o espectador apurar o olhar e criar sua própria experiência sensorial.

 

 

Até 24 de fevereiro de 2019.

Tons de brancos no Paço Imperial

18/dez

O carioca Ronaldo do Rego Macedo mostra 40 trabalhos inéditos em óleo sobre tela e sobre papel na individual, intitulada “Fissão)(Tectônica”, um segmento de sua produção dos anos 2010, que ocupa três salas do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo. Ronaldo do Rego Macedo é um pintor que não faz concessões no conceito nem na feitura de seus trabalhos.

 

A pintura abstrata recente do artista, professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é a continuidade de uma pesquisa de décadas, em que a cor constitui pura presença física. Cores vibrantes, criadas por Ronaldo são “soterradas” por camadas muito espessas de tinta a óleo de tons de branco, aplicadas com pincel, trincha, vassoura ou a mão diretamente. Nas telas grandes e pequenas, há vestígios de vermelhos, azuis e roxos implacavelmente cobertas pelos brancos, nos quais a marca das “pinceladas” se faz evidente.

 

“Estou sempre girando em torno do tema da invisibilidade, do silêncio, do vazio. Sempre há algo que nunca se revela inteiramente, fica à sombra (…). A pintura vem para a frente, ela quer nos abraçar, mas há alguma coisa que chama atenção para o que é fluido e recessivo. O título, quando aparece inscrito na pintura, (…) é, muitas vezes, é um signo vazio, que nada significa, ainda bem. E que tem sempre um apagamento, que contradiz essa presença da área pintada”, entrega Rego Macedo.

 

Sobre o apagamento a que o artista se refere, a curadora Sonia Salcedo Del Castillo descreve no texto de apresentação: (…) o vigor impresso à fatura de suas telas resulta em espaço e presença pulsantes. Há nela tal frescor que, por vezes, parece sugerir sabor à sua pintura.”

 

 
Sobre o artista

 

Ronaldo do Rego Macedo nasceu no Rio de Janeiro, em 1950. Fez sua primeira individual aos 23 anos no Rio, à qual se seguiram outras 12 em capitais brasileiras. Desde os 19 anos participa de coletivas no Brasil e em cidades como Montevidéo, Buenos Aires, Cidade do México, Toronto, Pully (Suíça), Viena e Linz (Áustria), Paris, Bruxelas, Cairo, Rabat e Tóquio. O artista esteve nas edições da Bienal Internacional de São Paulo de 1973 e de 1987, quando ganhou Sala Especial, e no Salão Nacional de Arte Moderna de 1972 e 1973. Sua pintura está nas coleções de Gilberto Chateaubriand, João Sattamini, Giovanni Bianco, Antonio Cicero, Brenda Valansi, Lauro Jardim, Marcel Telles (Ambev), e nos acervos do MAM Rio e do Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Teve como mestre o pintor Aluisio Carvão, com quem estudou três anos no MAM Rio. Foi ainda aluno de Lygia Pape e Cildo Meireles também no MAM Rio.

 

 

Até 17 de fevereiro.

Pinturas de Lucia Laguna no MASP

14/dez

Entra em exibição noMASP, Paulista, São Paulo, SP, exposição individual de pinturas de Lucia Laguna. A paisagem é o ponto de partida para as pinturas da  artista nascida em 1941, em Campos dos Goytacazes, RJ. Atualmente Lucia Laguna vive no Rio de Janeiro. Dos arredores de seu ateliê, no bairro de São Francisco Xavier, subúrbio do Rio de Janeiro, a artista extrai o vocabulário de formas, de cores e de imagens que vão compor suas pinturas. Laguna passou a dedicar-se à pintura depois de se aposentar como professora de literatura portuguesa e latina, e frequentar os cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, nos anos 1990. A artista buscou na janela de sua casa-ateliê – com vista para o morro da Mangueira – a paisagem, os modos de construção e a arquitetura do subúrbio para definir sua maneira de pintar.

 
Esta exposição reúne 21 obras da produção recente da artista realizadas entre 2012 e 2018, e dos três principais temas trabalhados por ela: Jardins, Paisagens e Estúdios. Parte desta mostra é composta pelas “Paisagens” que Lucia Laguna realizou tendo como tema bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro. Com essas obras, a artista propõe outro imaginário do subúrbio carioca, incorporando sua experiência e memória. Nesta série, a artista expande sua “vizinhança” para o espaço do museu: em uma tela realizada especialmente para esta mostra – Paisagem nº114 (MASP) (2018) -, a artista absorve os objetos de seu ateliê, as plantas do jardim de sua residência, elementos arquitetônicos do edifício do MASP e das obras da coleção do museu.

 

Ao visitar o ateliê de Lucia Laguna percebe-se uma extensa lista de artistas fixada em uma das paredes, na qual constam nomes canônicos da história da arte ocidental, como Paolo Uccello, William Turner, Paul Cézanne, Henri Matisse, Pablo Picasso, mas também artistas contemporâneas como Beatriz Milhazes e Paula Rego. Ao definir esses artistas como sua “família artística” e viver diariamente com essas referências em seu ateliê, Laguna os traz para o convívio com o morro da Mangueira, com o barulho do trem, com os muros de contenção dispostos nos “pés” da favela, com a trepadeira que cresce no jardim e invade o estúdio, com os passarinhos que entram pela janela – enfim, com toda essa simultaneidade de camadas que compõem o subúrbio e a natureza do quadro de Lucia Laguna. A exposição “Lucia Laguna: vizinhança” tem curadoria de Isabella Rjeille, assistente curatorial do MASP.

 

 

Até 10 de março de 2019.

Adriana Varejão no MAR

07/dez

Encerrando o ciclo de comemorações pelos cinco anos do Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de janeiro, RJ, todos sob a gestão do Instituto Odeon, uma bandeira de Adriana Varejão será hasteada na instituição no próximo sábado, 08 de dezembro, às 17h.

 

Com o intuito de aumentar a visibilidade do MAR na Praça Mauá e marcar o museu como a embaixada da arte no Rio, a diretora executiva da instituição, Eleonora Santa Rosa, convidou a artista para criar uma bandeira de quase 20 metros para reativar o mastro do prédio, nunca antes utilizado desde a sua inauguração, em 2013.

 

A experiência é nova para Adriana Varejão. “Essa é minha primeira bandeira. Minhas inspirações foram a Pequena África, região do MAR, e o corpo da mulher. Por isso, uso um búzio que remete a casa e ao universo feminino, além de ter uma forte relação com o mar lembrando a chegada dos Africanos à região”, explica.  A bandeira tomou forma através das mãos de uma costureira que atende ao lado do museu.

 

Adriana é carioca e uma das artistas brasileiras de mais destaque na cena contemporânea, no Brasil e no exterior. Realiza exposições individuas desde 1988, sendo a última este ano na Victoria Miro Gallery, em Veneza, Itália.

 

Na exposição Mulheres na Coleção MAR, aberta ao público em 16 de novembro no Museu de Arte do Rio, a artista participa com cinco obras: as pinturas “Monocromo “Jiaguwen” (2011) e “Polvo Portraits – Amazônia” (2014), as fotografias “Mêlée de Guerriers Nus – Redux” (2005) e “Contingente” (2000), e “Tintas Polvo” (2013), uma caixa de madeira com tampa de acrílico, contendo tubos de tinta a óleo em bisnagas de alumínio.

 

 

Sobre o Museu de Arte do Rio – MAR

 

Uma iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o MAR tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comunidade de bens culturais. Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o museu já nasceu com uma escola – a Escola do Olhar -, cuja proposta museológica é inovadora: propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e no exterior, conjugando arte e educação com base no programa curatorial que norteia a instituição. O MAR é gerido pelo Instituto Odeon, uma organização social da Cultura, selecionada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro por edital público. O museu tem o Grupo Globo como mantenedor.

 

A Escola do Olhar conta com patrocínio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, da Dataprev e One Health via Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A Aliansce apoia as visitas educativas – Partiu MAR via Lei Rouanet. A Verde apoia o programa de Formação com Professores da Escola do Olhar via Lei Rouanet. A Vivo patrocina o programa de cultura MAR de Música 2018 através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O MAR conta também com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

 

Serviço

 

Entrada: R$ 20 I R$ 10 (meia-entrada) – para pessoas com até 21 anos, estudantes de escolas particulares, universitários, pessoas com deficiência e servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro. O MAR faz parte do Programa Carioca Paga Meia, que oferece meia-entrada aos cariocas e aos moradores da cidade do Rio de Janeiro em todas as instituições culturais vinculadas à Prefeitura. Apresente um documento comprobatório (identidade, comprovante de residência, contas de água, luz, telefone pagas com, no máximo, três meses de emissão) e retire o seu ingresso na bilheteria. Pagamento em dinheiro ou cartão (Visa ou Mastercard).

 

Bilhete Único: R$ 32 – R$ 16 (meia-entrada) para cariocas e residentes no Rio de Janeiro, mediante apresentação de documentação ou comprovante de residência. Serão considerados documentos comprobatórios aqueles que contenham o local de nascimento, tais como RG, carteira de habilitação, carteira de trabalho, passaporte etc.  Serão considerados comprovantes de residência os títulos de cobrança com no máximo 3 (três) meses de emissão, como serviços de água, luz, telefone fixo ou gás natural, devidamente acompanhado de documento oficial de identificação com foto (RG, carteira de habilitação, carteira de trabalho, passaporte etc.) do usuário.

 

Política de gratuidade: Não pagam entrada – mediante a apresentação de documentação comprobatória – alunos da rede pública (ensinos fundamental e médio), crianças com até 5 anos ou pessoas a partir de 60, professores da rede pública, funcionários de museus, grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa, Vizinhos do MAR e guias de turismo. Às terças-feiras a entrada é gratuita para o público geral.

 

Terça a domingo, das 10h às 17h. Às segundas o museu fecha para o público.

Sete fotógrafos no Museu Afro Brasil

05/dez

O Museu Afro Brasil, promove no próximo dia 08 de dezembro, às 12h, a abertura da exposição coletiva “Olhares Revelados”. Como sugere o nome da mostra, “Olhares Revelados” pretende desnudar aos olhos do espectador a arte da constante busca pelo sentido da imagem no fazer fotográfico. A curadoria da exposição é de Silvio Pinhatti.

 

Nos últimos anos, temos experimentado a cada instante um imenso crescimento da produção de imagens por multidões de celular em punho e redes sociais como o Instagram e o Facebook. Como é possível, num cenário como esse, valorizar a produção fotográfica e ressignificar o ofício do fotógrafo? Se hoje um senso comum afirma que ‘qualquer um’ pode produzir imagens – que vão se perder nas redes sociais num movimento praticamente sem autoria – como cristalizar a arte fotográfica com o cuidado, a atenção e o labor que ela merece? Como estender uma linha do tempo que faça jus a artistas tão fundamentais, que nos ensinaram que a fotografia é uma arte narrativa, memorável, imprescindível? Se tem se tornado tão banal a produção de imagens prolixas, é possível observar nelas uma frouxidão de sentido que sem dúvida não faz parte da fotografia como surgiu e se encorpou ao longo do século XX. Desse modo, é preciso que estejamos atentos aos artistas-fotógrafos que continuam zelando por essa arte”, afirma Pinhatti.

 

“Olhares Revelados” reúne 87 fotografias de sete fotógrafos brasileiros: Andrea Fiamenghi, Eidi Feldon, Gil Rennó, Lucila de Avila Castilho, Paulo Behar, Pedro Sampaio e Tuca Reinés. Para além do ofício que une os sete profissionais, os artistas selecionados possuem em comum o afeto e a celebração do fazer fotográfico tal qual o mesmo se popularizou no século 20, buscando por meio da fotografia a beleza, a comunicação e a impressão de sentido à imagem.

 

 

 

Sobre os artistas

 

Andrea Fiamenghi
Nascida em São Paulo, Andrea Fiamenghi vive em Salvador, na Bahia, desde os quatro anos idade. Sua paixão pela fotografia a fez encontrar-se com a obra de Pierre Verger, grande fotógrafo e antropólogo francês, residente em Salvador. Do encontro com a obra e sob a influência do mestre, começa a retratar o povo nas ruas de Salvador e a desenvolver pesquisas. Na mostra “Olhares Revelados”, Andrea apresenta imagens da Cerimônia Águas de Oxalá e as festas do calendário religioso do Terreiro Iiê Axé Opô Aganju.

 
Eidi Feldon
Designer e fotógrafa, Eidi Feldon fez orientação de fotografia com Claudia Andujar nos anos 1970, e desde então sempre esteve de máquina em punho. Em “Olhares Revelados”, Feldon mostra registros da série “Thesaurus – O Lugar da Observância”, que reúne fotos que nos falam de um vestígio de tempo passado, mas também de um conjunto de circunstâncias do presente, que antevê os aspectos disruptivos de uma civilização que atravessa o seu momento mais pungente de deterioração ecológica.

 

Gil Rennó
Há quinze anos vivendo na Serra da Mantiqueira, Gil Rennó vem fotografando a fauna e a flora locais, sua gente, seu comércio e seus hábitos. Na exposição “Olhares Revelados” o artista apresenta fotografias de duas manifestações da cultura popular local cruciais para a população da Serra da Mantiqueira. São elas as comemorações da Festa de Treze de Maio no bairro do Quilombo em São Bento do Sapucaí, e a Via Sacra no município de Gonçalves (MG), em que a população faz uma peregrinação em volta da pedra do Cruzeiro.

 
Lucila de Avila Castilho
Nascida em São Paulo, em 1957, a artista é especialista em fotografia de viagem. Segundo o fotógrafo André Douek: “Na fotografia de Lucila identificamos os elementos, as estações e as criaturas. Estamos diante das cenas da gênesis”. Na exposição “Olhares Revelados”, Lucila apresenta imagens da Escócia, Chile, Itália e Islândia.

 

Paulo Behar
Com diversas fotos publicadas pela National Geographic e BBC Brasil, Paulo Behar procura registrar as belezas da natureza e vida selvagem, com um olhar que busque impactar e emocionar o espectador. Na mostra “Olhares Revelados”, o artista mostra fotografias da natureza selvagem encontradas em lugares como Chile, Cananéia (SP), Cubatão (SP), Pantanal do Rio Negro (MS), Poconé (MT), Barão de Melgaço (MT), Jardim (MS), Miranda (MS), Porto Jofre (MT).

 

Pedro Sampaio
Paulistano de 27 anos, acostumado à vida da metrópole e com formação multidisciplinar, Pedro Sampaio fotografa a resistência cultural dos que vivem à margem da globalização nos centros urbanos. Em suas viagens para Cuba, Irã, Líbano, países desacreditados pela imagem dos noticiários ou comunidades brasileiras isoladas da grande mídia, a fotografia lhe permitiu registrar aquilo que testemunhava.

 

Tuca Reinés
O premiado fotógrafo Tuca Reinés exibe retratos feitos na aldeia de Jerusalém, província de Laikipia, centro do Quênia, África. Com cerca de 300 habitantes, a aldeia congrega três das principais etnias do norte do país: Samburu, Turkana e Borana.

 

 

Até 13 de janeiro de 2019.

 

Rubem Valentim no MASP

21/nov

A exposição “Rubem Valentim : Construções afro-atlânticas” reúne no MASP 90 obras do pintor, escultor e gravador Rubem Valentim (Salvador, 1922 – São Paulo, 1991), figura fundamental da arte brasileira e das histórias afro-atlânticas no século 20.
A partir dos anos 1950, Valentim se apropria da linguagem da abstração geométrica para construir complexas composições que redesenham e reconfiguram símbolos, emblemas e referências afro-atlânticos. Nesse processo, ele transforma linguagens artísticas de origem europeia que dominaram boa parte da produção de arte no Brasil e no mundo, nos anos 1950 e 1960 (a abstração geométrica, o construtivismo, o concretismo), submetendo-as a referências africanas, sobretudo através dos desenhos e diagramas que representam os orixás das religiões afro-brasileiras – como o machado duplo de Xangô, a flecha de Oxóssi e as hastes de Ossaim.

 

Apesar de sua importância, Valentim ainda não obteve o devido reconhecimento, e essa exposição e o catálogo que a acompanha buscam reposicionar o artista na história da arte brasileira e internacional. O enfoque busca uma abordagem mais ampla de sua obra, sublinhando seus aspectos políticos, religiosos e sobretudo afro-brasileiros, para além das abstrações, construtivismos e geometrias.

 

O período coberto pela mostra vai desde 1955, quando, ainda em Salvador, Valentim assumiu decididamente suas referências do candomblé e da cultura afro-brasileira, até 1978, quando se encerra seu período mais fértil. A exposição atravessa cronologicamente as diferentes fases e locais onde o artista trabalhou: Bahia (1949-1956), Rio de Janeiro (1957-1963), Roma (1964-1966) e Brasília (1967-1978). O conjunto inclui agrupamentos  fundamentais, como a série Emblemas logotipos poéticos da cultura afro-brasileira, exposta na Bienal Nacional de São Paulo de 1976, e os Relevos emblemas de 1977-1978.

 

Em seu Manifesto Antropofágico, de 1928, um texto primordial do modernismo brasileiro, Oswald de Andrade (1890-1954) propunha de forma poética um verdadeiro programa para o intelectual e o artista nativo: o de deglutir o legado cultural europeu para digeri-lo e construir, de maneira antropofágica, uma obra própria, híbrida, brasileira, mesclando referências indígenas, africanas e europeias. Valentim é um dos artistas que, de maneira mais completa e ambiciosa, levou a cabo o projeto antropofágico. Nesse processo, ele realizou uma das mais radicais operações na história da arte brasileira, submetendo um idioma europeu a uma linguagem afro-brasileira, numa contribuição efetivamente singular e potente, descolonizadora e antropofágica.

 

O catálogo “Rubem Valentim: Construções afro-atlânticas”, com organização editorial de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, com edições separadas em português e inglês, inclui reproduções de 99 trabalhos do artista; textos de autores convidados a produzir novas reflexões sobre a obra de Valentim, caso de Abigail Lapin Dardashti, Adriano Pedrosa, Artur Santoro, Fernando Oliva, Lilia Schwarcz e Helio Menezes, Lisette Lagnado, Marcelo Mendes Chaves, Marta Mestre, Renata Bittencourt e Roberto Conduru; e republicações de textos históricos, de Clarival do Prado Valadares, Frederico Morais, Giulio Carlo Argan, José Guilherme Merquior, Mário Pedrosa, Roberto Pontual e Bené Fonteles. A publicação traz ainda reproduções inéditas dos cadernos de Rubem Valentim da década de 1960, material raro que virá a público pela primeira vez, trazendo croquis, projetos para obras, anotações e pensamentos do artista.
A curadoria é de Fernando Oliva, curador do MASP.

 

 

 

Até 10 de março de 2019.

Ai Weiwei no Brasil

12/nov

Agora, as obras de Ai Weiwei – que passaram por exposições na Argentina e no Chile – encontram-se no Brasil. Com curadoria de Marcelo Dantas, “Ai Weiwei Raiz” está em exibição na Oca, Parque Ibirapuera, em São Paulo. A mostra é a primeira individual do artista no Brasil, e uma das maiores realizadas por ele, com quase 8 mil metros quadrados de extensão e cerca de setenta obras.

 

Em 2011, quando o curador Marcello Dantas teve a ideia de fazer uma grande retrospectiva do artista e ativista Ai Weiwei no Brasil, ele não imaginava que demoraria cerca de oito anos para concluir o projeto. A demora é justificada: nesse meio tempo, Weiwei, conhecido por suas críticas ao regime da China, foi preso e impossibilitado de sair de seu país de origem. Quando ele sinalizou que teria o passaporte de volta, Dantas foi à Pequim e posteriormente à Berlim – onde o artista se estabeleceu – para retomar as negociações do que seria a maior individual já realizada do artista chinês.

 

Além de trabalhos icônicos, a exposição reúne peças recentemente confeccionadas, muitas delas em ateliês brasileiros. “Nos dois casos, é importante destacarmos o processo de inoculação pelo qual essas obras passaram. Chamamos essa ideia de ‘mutuofagia’. Esse conceito, que permeia a mostra como um todo, é representativo de um intercâmbio cultural extremo pelo qual Ai Weiwei e o Brasil passaram, em que o artista incorporou-se ao país, ao mesmo tempo que o país incorporou-se ao artista e à exposição, por meio de elementos culturais e processos produtivos.

 

O artista exibe peças da obra “Sunflower Seeds” (Sementes de girassol),  uma das obras mais conhecidas, trabalho composto por milhões de sementes de girassol feitas em porcelana e pintadas à mão por artesãos chineses; “Straight” (Reto), instalação feita com 164 toneladas de vergalhões de aço recuperados dos escombros de escolas em Sichuan (China), após o forte terremoto que abalou o país em 2008; e “Forever Bicycles” (Bicicletas Forever), obra de caráter arquitetônico que utiliza bicicletas como blocos de construção. O nome da instalação é inspirado na famosa marca chinesa de bicicletas Forever, popular na infância do artista.

 

Já entre as peças produzidas no país, destaca-se “F.O.D.A”, múltiplo formado pelos moldes em porcelana de quatro elementos encontrados no Brasil: Fruta do Conde, Ostra, Dendê e Abacaxi. As peças foram todas produzidas em um galpão em São Caetano do Sul, SP, com a consultoria de designers brasileiros. A mostra apresenta ainda uma série de trabalhos feitos com centenárias raízes de pequi-vinagreiro, espécie da Mata Atlântica em risco de extinção. Esses resíduos foram descobertos no meio da floresta, selecionados e trabalhados pelo artista ao lado de carpinteiros chineses e brasileiros.

 

Engana-se quem acha que o título da exposição vem exclusivamente daí: “É um pouco mais profundo que isso. Nesta retrospectiva, tivemos o trabalho de buscar raízes culturais perdidas por Weiwei. A revolução cultural chinesa taxou de burguesa certas técnicas como a porcelana, e muitas delas foram desaprendidas. Recuperar isso está muito presente no trabalho do artista, por exemplo, em peças como “Sunflower Seeds”. Além disso, o nome tem um trocadilho com a palavra raiz, já que as vogais presentes nela são “ai”, o sobrenome de Weiwei,” revela o curador Marcelo Dantas.

 

Conhecido por tratar de importantes questões sociais e humanas, como liberdade de expressão e crise de refugiados, o artista tem um modo de produzir peculiar. O curador destaca que este esquema de pensamento é um ponto essencial para se entender a reflexão em torno da mostra. “O que está em jogo aqui é o processo mental de Weiwei. Quando ele recupera fragmentos de ferro, como na obra “Straight”, ou raízes de uma árvore para compor uma obra, vemos um jeito de trabalhar muito peculiar. O mesmo acontece com “Sunflowers Seeds” e “F.O.D.A” – nas quais o artista movimenta toda uma comunidade no processo de produção das peças. Como o tema dele é a vida, não temos como fazer uma exposição com um único mote. Por isso, demos prioridade a conectar e refletir sobre o jeito que ele pensa, sua obra enquanto método.”

 

 

Até 20 de janeiro.

Thereza Miranda, no MNBA

“Instantes Múltiplos”, é o título da exposição de 67 das premiadas gravuras de Thereza Miranda, incorporadas ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, através do Prêmio Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas FUNARTE/MinC. A mostra também celebra os 90 anos da artista, possuidora de uma trajetória ímpar e que a situa entre as mais importantes gravadoras brasileiras.

 

Em sua proposta conceitual, a exposição “Instantes Múltiplos”, com curadoria da técnica do MNBA Laura Abreu, é dividida em núcleos temáticos que proporcionam a visão tanto da apresentação de gravuras feitas em metal, do início da carreira da artista, como as das séries “Germinação”, “Nova Germinação” e “Germinação Vida”, obras das décadas de 1960 e início de 1970 e das fotogravuras, técnica que une a fotografia às técnicas da gravura e que foi muito difundida pela artista no Brasil, datadas de meados da década de 1970 àquelas do início dos anos 2000.

 

As fotogravuras têm como temas os diferentes lugares e países que Thereza Miranda conheceu. Viajante, através de uma câmara fotográfica e de seu olhar sensível, a artista registrou a paisagem urbana, a natureza, detalhes arquitetônicos como telhados, janelas, portas, ruas, etc.

 

Como professora, Thereza Miranda, que dá aulas de gravura e ilustração na PUC-RJ desde 1974,  tem generosamente compartilhado seu conhecimento, contribuindo para a difusão da gravura e sua valorização como meio de expressão artística. Seus primeiros passos na gravura aconteceram no MAM-RJ, em 1963, e daí  em diante impulsionou sua carreira participando de diversas bienais de gravura, no Brasil e no exterior, como no Chile, Inglaterra e Polônia. Em 2008, comemorou com uma grande retrospectiva seus 45 anos de carreira, no MAM-RJ.

 

 

Até 16 de dezembro.