Krajcberg, artista convidado

14/out

O Musée de L´Homme, Paris, França, convidou o artista brasileiro Frans Krajcberg para, em parceria artística com o Espace Krajcberg e a Prefeitura de Paris,participar da exposição “Trib/usdu Monde -Empreintes : L´Humanité a Rendez-vous au Musée de L´Homme”. Sua obra é um manifesto para o ser humano, para salvar o planeta quando monitoram a menor sombra, luz, o menor pedaço de raiz, ou pigmento terrestre.

 

 

Retrato de um artista ativista

 

Frans Krajcberg é artista brasileiro nascido em Kozienice, Polônia, em 12 de abril de 1921. Durante a Segunda Guerra Mundial, sua família morreu vítima do Holocausto. Ele tinha 18 anos de idade, quando o exército alemão invadiu seu país. Em 1945, deixou Varsóvia e se mudou para Stuttgart, onde estudou Belas Artes. Depois de uma breve visita a Paris, onde conheceu Léger e Chagall, emigrou para o Brasil em 1948. Após uma incorporação gradual aos círculos artísticos, ele se isola para trabalhar na natureza brasileira da qual vai fazer sua inspiração e causa. Em 1957, ganha o prêmio de melhor pintor brasileiro e recebe, um ano depois, a nacionalidade brasileira. A Floresta Amazônica é fundamental para seu trabalho e sua luta. A floresta torna-se seu campo de batalha. O gesto artístico de Krajcberg combina palavras e ações de um modo que a arte acaba por defender o planeta. Em 1978, ele vai até o Rio Negro, na companhia de Sepp Baendereck e do crítico de arte Pierre Restany. Esta jornada leva-os à consciência e eles escrevem o “Manifesto do Naturalismo do Rio Negro.”

 

Observando, 35 anos mais tarde, que o apelo foi ouvido pouco, Frans Krajcberg publicou em 2013, com Claude Mollard um “Novo Manifesto naturalismo integral”, uma chamada para todas as partes interessadas no mundo da arte para despertar as consciências, iniciar um movimento artístico em defesa do meio ambiente e ajudar os americanos nativos preservar suas terras e cultura.

 

“Eu procuro formas ao meu grito contra a destruição da natureza, meu trabalho é um manifesto! “diz, Krajcberg.

 

 

Um fim de semana especial Frans Krajcberg

 

Será realizado nos dias 22 e 23 de outubro, com uma mesa redonda e visitas acompanhadas. Os convidados são: Sylvie Depondt e Claude Mollard (comissários), Eric Darmon (produtor e diretor), Serge Bahuchet (diretor do departamento Homens, naturezas, as sociedades – Museu Nacional de História Natural).

 

Domingo 23 de outubro no Auditório Jean Rouch.

 

 

A exposição ficará em cartaz até 02 de janeiro de 2017.

Nova coletiva no MAM-SP

10/out

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, apresenta a exposição Greve Geral, elaborada por alunos do curso Laboratório de Curadoria e Criação, sob supervisão da curadora Veronica Stigger. A mostra conta com 23 obras do acervo do MAM e é apresentada na biblioteca, no corredor de acesso dos profissionais da instituição e no saguão do museu. Intitulado de “A idade do ócio”, o curso foi realizado no próprio museu, tanto no segundo semestre de 2015 quanto nos primeiros meses deste ano. Os 16 participantes desenvolveram a linha curatorial, idealizaram a comunicação visual e escolheram produções de diferentes suportes que demostram situações de interrupção imprevistas do trabalho.

 

 

Segundo Veronica Stigger, vivemos em uma sociedade que transforma o trabalho no valor mais alto para preservar melhor as relações sociais e, principalmente, a produção. “Daí que toda forma de suspensão imprevista das atividades como a preguiça, o ócio e, sobretudo, a greve sejam sempre vistas como modos de resistência política”, explica a curadora. “Não por acaso, a mostra começa em um dos interstícios de espaços de trabalho do museu, o corredor de acesso, para se desenvolver na biblioteca”.

 

 

A exposição conta com obras que sugerem uma fuga da labuta e convidam ao repouso e à preguiça como as fotografias de Otto Stupakoff e Juan Esteves, o desenho de Eduardo Iglésias e a xilogravura de Eduardo Cruz. Outras produções demostram a inoperância da máquina capitalista como a serigrafia “Desestrutura para executivos I”, de Regina Silveira, além da imagem de uma engrenagem na pintura de Sergio Niculitcheff e o desenho de pregos de Cláudio Tozzi.

 

 

Há, ainda, a peça de acrílico “A câmara clara”, de Nelson Leirner, que recusa a própria condição de obra. A contradição fica por conta da suposta artificialidade de uma família saindo de férias na fotografia “Aero Willys”, de German Lorca. Outro ponto alto da mostra é que haverá um rodízio das obras selecionadas no meio do período de exposição, quando as produções feitas em papel serão trocadas por outras com o objetivo de exibir ainda mais obras do acervo do museu. Para complementar, o espaço expositivo da biblioteca propicia a exibição de livros e catálogos abertos em páginas que também exploram o tema da exposição.

 

 

Até 18 de dezembro.

Regina Silveira no “Respiração”

06/out

O Respiração tem por objetivo criar intervenções de arte contemporânea no acervo de arte clássica da casa-museu Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, criando uma ponte entre a arte do passado e as manifestações da atualidade; entre a preciosa coleção de obras dos grandes mestres da história da arte, como Tintoretto, Boticelli, Reynolds, Pisarro, Govaert Flinck, entre outros, e os mais importantes artistas contemporâneos brasileiros. A curadoria é de Marcio Doctors.

 

Regina Silveira, artista da Luciana Brito Galeria, é a convidada da 21ª edição com a intervenção “INSOLITUS”, que criará uma situação insólita/inusitada, como o próprio nome diz. A fachada da Fundação será ocupada pela obra “Mundus admirabilis”, que é uma infestação de insetos gigantes; na Sala Renascença a obra “Darks

wamp” (nest) dominará o espaço, nos surpreendendo com um ovo negro de 1.80m de altura, confrontando-se com as obras Renascentistas da coleção; na Sala de jantar, a mesa e as cadeiras se transformarão em mesa e cadeiras peludas, desencadeando uma estranheza no ambiente requintado e ordenado da casa-museu.

 

Com a ocupação “Insolitus”, Regina Silveira radicaliza a ideia de intervenção da proposta do “Respiração”, desestabilizando os códigos de uma residência, onde a tranquilidade é perturbada pelo imaginário da artista, criando, dessa maneira, uma metáfora contundente dos tempos atuais.

 

O “Respiração” é um programa de longa duração, iniciado em 2004, e tornou-se referência cultural pelo inusitado e singularidade da sua proposta, que é a de trazer uma nova respiração para o museu, com o intuito de atrair novos públicos, criando um olhar diferenciado sobre o museu e sua coleção.

 

O “Respiração” foi se firmando pela qualidade dos 27 artistas que participaram ao longo de 12 anos e 20 edições. Podem ser citados alguns nomes como Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Ernesto Neto, Claudia Bakker, Eduardo Berliner, Rosangela Rennó, Marcos Chaves, Nelson Leirner e Daniela Thomas, entre outros.

 

 

A palavra do curador

 

Insolitus nos traz a crueza de uma realidade substantiva, que Regina Silveira explicita por meio das obras apresentadas no Respiração, que são como materializações na superfície do mundo das angústias de nossa sociedade atual. Com sua poética singular, a artista faz um raio X das incertezas e dúvidas que estamos atravessando e chama a nossa atenção para aquilo que nos incomoda hoje no mundo. São como pragas contemporâneas.

 

O projeto “Respiração”conta com o apoio de Klabin S/A, Itaú Cultural, Luciana Brito Galeria, DHBC advogados, Parceria ArtRio.

 

 

Até 29 de janeiro de 2017.

Mostra de Fifi Tong

27/set

A partir da influência da carga genética na construção da família brasileira, a fotógrafa Fifi Tong, de origem chinesa, nascida em Passo Fundo no interior do Rio Grande do Sul e radicada em São Paulo desde 1992, retorna às suas origens para expor 31 retratos em preto e branco nas salas Negras do MARGS, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

 

Tudo começou com o retrato da família de Fifi, após revelar as imagens percebeu que poderia realizar um projeto significativo, eternizando gerações. No início fotografou apenas mulheres, na sequencia resolveu retratar famílias que carregavam traços no tempo. Após quinze anos de pesquisa, a fotógrafa reuniu em seu livro, “Origem – Retratos de Família no Brasil”, 50 fotografias de histórias, de etnias, níveis sociais e de diferentes regiões.

 

Conhecida no meio publicitário como uma das grandes retratistas brasileiras, Fifi clicou filhos e netos de africanos, europeus e asiáticos. Um dos objetivos do livro é propor a discussão do valor da família, mostrando a diversidade que compõem a população brasileira, fruto de migrações incessantes, dotada de uma cultura favorável à miscigenação.

 

Sobre a artista

 

Fotógrafa de origem chinesa, nascida em Passo Fundo no interior do Rio Grande do Sul, começou a fotografar aos 17 anos e logo no primeiro ano, venceu o concurso, Criança Sem Fronteiras, na categoria Amador, em Porto Alegre/RS. Em 1980, aos 18 anos, ingressou no Art Center College of Design, em Pasadena, Califórnia, onde se graduou com o titulo de B.F.A em fotografia. Iniciou sua carreira, trabalhando em Los Angeles e Milão. Como free lancer colaborou para estúdios de grandes agências brasileiras como a DPZ e W/Brasil. Em 1992 abriu estúdio próprio, publicando em 2009, o livro Origem – Retratos de Famílias no Brasil, com exposição homônima no Memorial do Imigrante, em São Paulo, com curadoria de Diógenes Moura. De lá pra cá Origens percorreu o Brasil com exposições individuais em 2013 no Rio de Janeiro no espaço Furnas Cultural e em Salvador no Centro Cultural dos Correios no ano de 2015, já no exterior foi à vez dos argentinos apreciarem as belíssimas imagens captadas pelo olhar sensível de Fifi em Buenos Aires no Centro Cultural Borges e em Salta no Museo de Arte Contemporâneo ambos em 2012. O livro Origem em 2010, foi premiado em terceiro lugar, no International Photography Awards na categoria Livro do Ano. Inquieta a fotógrafa participou paralelamente a este grandioso projeto de outras exposições. Em 2010 da mostra coletiva Eternal Feminine Plural, na Organização Internacional do Trabalho, em Genebra. Em abril de 2012 expos imagens da série Um Lugar Só Seu, no Espaço de Arte Trio, em São Paulo, com curadoria de Carolina Magano Prado. Nesse mesmo ano, participou do XVII Encuentros Abiertos, no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, com a individual O Tempo está Passando, série de retratos que documenta pessoas com mais de cem anos. Ainda no mesmo ano, participa da coletiva O Mais Parecido Possível – O Retrato, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com curadoria de Diógenes Moura. Em outubro de 2013, faz parte da coletiva Jornada da Longevidade Arte e Cultura, com a exposição Entretempos: memória, com texto de Simonetta Persichetti.

 

De 06 de outubro a 06 de novembro.

Ilustrações

A Pinacoteca Aldo Locatelli, localizado na Praça Montevidéu, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugurou a mostra “A Escrita se Fez Imagem”, com ilustrações de Nelson Boeira Fäederich para as obras “Contos Gauchescos” e “Lendas do Sul”, de João Simões Lopes Neto. A exposição faz parte da programação que assinala os 100 anos de morte do escritor pelotense e tem patrocínio da Celulose Riograndense. Na ocasião, foi apresentada a performance “A Casa de Mbororé”, com o ator Hélio Oliveira.

 

Encontram-se expostas cerca de 50 obras de Fäedrich realizadas em têmpera, nanquim e scratchboard (em que se raspa a tinta nanquim preta de uma prancha para revelar as linhas do desenho ) pertencentes ao acervo da Fundacred (empresa que incorporou a Pinacoteca APLUB). A curadoria é de Paula Ramos, autora de “A Modernidade Impressa – Artistas Ilustradores da Livraria do Globo – Porto Alegre”, livro que também recupera e analisa a poética do artista plástico que nasceu em 1912, em Porto Alegre, onde morreu em 1994, tendo atuado também como publicitário, pintor e escultor.

 

O artista, quando trabalhou na Editora Globo, criou capas e ilustrações para livros de vários escritores gaúchos, como Érico Veríssimo e o homenageado Simões Lopes Neto. Os originais de suas ilustrações para “Os Contos de Andersen” estão no acervo do Museu Hans Christian Andersen, na Dinamarca.

 

 
Até 18 de novembro.

Sinais na Arte, MAM-SP

22/set

O MAM, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, participa – de 27 a 30 de setembro – da VI Semana Cultural Sinais na Arte, com atividades focadas nas culturas surdas como oficinas, visitas guiadas e uma sessão de cinema com cinco curtas-metragens nacionais produzidos em Libras, seguido de um bate-papo em português em Libras sobre o cenário do público surdo em São Paulo.

 

Pioneiro no processo de acessibilidade do público surdo aos museus e instituições culturais, o Museu de Arte Moderna de São Paulo promove a VI Semana Cultural Sinais na Arte, com programação gratuita de atividades artísticas realizadas na língua brasileira de sinais (Libras). A ação demonstra como a Libras integra a cena de São Paulo por meio de uma programação que conta com oficinas, visitas mediadas e, pela primeira vez, apresenta a mostra SURDOCINE – O som e o Sentido, que exibe curtas-metragens nacionais produzidos em Libras.

 

O ciclo de filmes propõe um intercâmbio de percepções entre surdos e ouvintes com a apresentação de cinco curtas-metragens, legendados em português, que abordam diversas vivências da cultura surda. Realizado pela primeira vez no Festival Curta Brasília do ano passado, a mostra apresenta as produções O resto é silêncio (RJ), de 2015; Sophia (PB), de 2013; Os estranhos entre amigos (RS), de 2015; Atrás do mundo (SP), de 2009; A onda traz, o vento leva (PE), de 2010. Após a sessão de cinema que totaliza 70 minutos, acontece um debate (em libras e em português) com os participantes, mediado pelo educador Leonardo Castilho.

 

Segundo a coordenadora do Educativo e de Acessibilidade do MAM, Daina Leyton, a sexta edição do evento visa a comemorar as melhorias das condições de vida e de acesso à cultura do público surdo. “Vários avanços nas últimas décadas levaram à melhoria das condições de acesso da comunidade surda à vida social e diversos espaços públicos e privados contam com surdos trabalhando e profissionais com conhecimento de libras para receber bem o público surdo, como é o caso do MAM, ” completa.

 

Todas as atividades têm vagas limitadas. Para participar é necessário fazer inscrição prévia pelo telefone (11) 5085-1313 ou pelo e-mail: educativo@mam.org.br.

 

27/9 – Terça-feira

10h30- Experimentações com tintas naturais com Mirela Estelles. Descrição: Neste encontro os participantes são convidados a experimentar diversos gestos, movimentos e sensações a partir da vivência com tintas atóxicas feitas artesanalmente.

Local: Ateliê do MAM

 

28/9 – Quarta-feira

10h30- Oficina de performance com Leonardo Castilho. Descrição: No encontro, os participantes experimentam o corpo como linguagem poética e expressiva.

Local: Ateliê do MAM

 

14h- Mostra audiovisual em Libras Surdocine – O som e o sentido, seguido de debate com mediação do educador Leonardo Castilho

Local: Auditório do MAM

 

29/9 – Quinta-feira

10h30- Oficina Brincadeiras Poéticas em Português e Libras com os educadores Leonardo Castilho e Mirela Estelles. Descrição: Os participantes exploram diversos recursos poéticos por meio de poesias, músicas e brincadeiras.

Local: Ateliê do MAM

 

14h30- Jogo de poesias com o Corposinalizante. Descrição: Os participantes exploram diferentes formas de expressar e criar poesias.

Local: Ateliê do MAM

 

30/9 – Sexta-feira

10h- Visita mediada em Libras nas exposições O útero do mundo e Volpi – pequenos formatos com o educador Leonardo Castilho.

Local: espaço expositivo

Os Muitos e o Um

21/set

O título “Os muitos e o um” pauta o fundamento desta primeira exposição organizada a partir de uma das maiores e mais importantes coleções de arte no Brasil: “Andrea e José Olympio Pereira”. Na condução da curadoria, o consagrado crítico norte-americano Robert Storr, com o apoio de Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, optou por privilegiar obras individualmente vigorosas, com potência própria, independentemente de possíveis diálogos que possam estabelecer com os demais trabalhos e produções reunidos.

 

“Cada uma destas decisões foi tomada após exame das qualidades especiais e pontos fortes de uma obra exclusiva, mesmo quando se considera seu lugar em um contexto mais amplo composto por outras obras do mesmo artista, conjuntos de obras de outros artistas de orientação semelhante e a obra completa de artistas de estilos e convicções evidentemente diferentes e possivelmente contrários”, afirma Storr.
 

Para a exposição, que ocupa todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, o curador selecionou cerca de trezentas peças – pintura, desenho, escultura, instalação e vídeo – de mais de cem artistas brasileiros, entre as mais de duas mil obras nacionais e internacionais pertencentes ao acervo particular. Segundo ele, trata-se de um conjunto que, além de sua monumentalidade, dispõe de trabalhos icônicos da produção de muitos artistas. A mostra, portanto, proporciona um olhar afinado sobre o panorama artístico contemporâneo brasileiro e seu momento anterior, ao focalizar a produção dos anos 1950 até hoje. “Estamos vivendo uma era pluralista e também um momento de excepcional diversidade e hibridez […] Em lugar algum este pluralismo é mais rico, heterogêneo e fecundo do que nas Américas; em nenhum lugar das Américas há maior efervescência artística de todos os tipos do que no Brasil”.
 

No elenco, integram um núcleo histórico nomes como Alfredo Volpi, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Mira Schendel, Willys de Castro, Helio Oiticica, Amilcar de Castro e Geraldo de Barros. Já no eixo central da exposição, que engloba os anos 1970 a 1990, há artistas que se destacam pela importância que desempenham na coleção, seja pelo volume de trabalhos, seja pelo papel que assumem na narrativa da arte contemporânea ou ainda pela variedade de suportes e linguagens que exploram, como Waltercio Caldas, Iran Espírito Santo, Anna Maria Maiolino, Paulo Bruscky, Miguel Rio Branco, Adriana Varejão, Tunga, Carmela Gross, Claudia Andujar, Luiz Braga, Leonilson, Jac Leirner, José Resende, Daniel Senise, Sandra Cinto, Ernesto Neto, Paulo Monteiro, Marcos Chaves, Rivane Neuenschwander, Rosangela Rennó, entre outros. Por fim, completa a mostra uma seleção de artistas que despontaram mais recentemente, indicando os desdobramentos e caminhos possíveis da arte contemporânea, como Erika Verzutti, Marina Rheingantz, Daniel Steegman, André Komatsu, Eduardo Berliner, Tatiana Blass e Bruno Dunley.

 

 

 

Sobre o curador

 

 

Robert Storr, artista, crítico e curador, foi o primeiro americano a ser nomeado diretor de artes visuais da Bienal de Veneza (2004 e 2007).  Foi curador do departamento de pintura e escultura do Museu de Arte Moderna – MoMA, em Nova Iorque (1990 e 2002), onde organizou exposições temáticas como Dislocations and Modern Art Despite Modernism, e individuais de importantes artistas, como Elizabeth Muray, Gerhard Richter, Max Beckmann, Tony Smith e Robert Ryman. Foi professor de História da Arte Moderna no Institute at Fine Arts, na New York University. Atualmente é professor de pintura na Yale University.

 

 

 

Até 23 de outubro.

Fragmentos sacros

14/set

A exposição “Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra” reúne na sede do MAS/SP, Luz, São Paulo, SP, fragmentos oriundos de demolições de catedrais, igrejas e capelas brasileiras. São objetos valiosos, pedaços de desmanche das construções, pinturas, obras de arte e santos feitos por mestres santeiros reconhecidos. A curadoria é de Percival Tirapeli.

 

No início do século modernista, os registros demonstram que a demolição das igrejas coloniais no centro antigo de São Paulo era quase uma rotina, assim como no interior e em estados como Bahia e Rio de Janeiro. Foram demolidas a Sé, igrejas do Pátio do Colégio, São Pedro dos Clérigos, Misericórdia, além dos conventos Carmelita, Beneditino de Santa Teresa e dos Remédios.

 

Constituída a partir do final dos anos 1990, a Coleção de Arte Sacra de Rafael Schunk enfatiza produções artísticas do período bandeirista a partir do século XVII, desde o surgimento da arte barroca brasileira até suas ramificações na cultura caipira, com permanência de arcaísmos até a modernidade. São, na maioria, fragmentos oriundos de catedrais do interior de São Paulo, como da antiga catedral de Taubaté, de Pindamonhangaba, da Basílica Velha de Aparecida, de Queluz e de Bananal. Um dos destaques é o conjunto de 60 azulejos da Osirarte, oficina que desenvolveu trabalhos para inúmeros edifícios públicos, a exemplo do MEC-Rio e representou a tradição da azulejaria brasileira desenvolvida no período moderno. Os azulejos das coleções do MAS/SP e de Schunk, apresentam esta importante técnica, tão apreciada pelos portugueses.

 

Outro destaque são as esculturas em terracota de pequenas dimensões de frei Agostinho de Jesus (1600/ 1661) e os denominados santos paulistinhas. O acervo de Rafael Schunk conserva obras de grandes artistas nacionais do período colonial e imperial, tais como frei Agostinho de Jesus, Mestre de Itu, Mestre do Cabelinho em Xadrez, Mestre Valentim da Fonseca e Silva, José Joaquim da Veiga Valle, Pituba, Luzia e santeiros populares do Vale do Paraíba. Soma-se a esta rica diversidade um conjunto de tocheiros, mísulas, oratórios e palmas de altar originários do Vale do Paraíba e Tietê. As obras, de culto coletivo e doméstico, representam a diversidade da arte sacra produzida em terras de bandeirantes, índios e jesuítas. Algumas pinturas de tradição cusquenha enfatizam a ligação e intercâmbio de São Paulo com os castelhanos da América Espanhola.

 

“A presença e reconhecimento de um fragmento advém da nossa maneira cultural de reverenciar o passado e nele encontrar um elo perdido dentro da História, e também nos ajuda a compreender a importância de ruínas”, explica o curador da mostra, Percival Tirapeli.

 

Em 1943, uma obra prima do Mestre Valentim, a igreja de São Francisco dos Clérigos, no Rio de Janeiro, foi destruída para a abertura da avenida Presidente Vargas. As partes oriundas daquele desmanche são pontos de partidas para a reflexão sobre os fragmentos presentes tanto em coleções particulares como nos acervos de museus. Na coleção de Rafael Schunk estão a cabeceira de cama e dois anjos. No MAS/SP, ficaram os dois anjos voantes, a Verônica e o entalhe do rosto de Cristo.

 

“O diálogo entre os fragmentos de ambas as coleções proporciona um olhar mais agudo sobre as partes de ornamentos que, desmembrados de sua totalidade, geram novas investigações sobre a técnica, o estilo, o douramento, constituindo assim um documento que é parte integrante de nosso patrimônio sacro”, diz o curador Percival Tirapeli.

 

 

De 18 de setembro a 20 de novembro.

Vanguarda brasileira, anos 1960

13/set

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebeu a exposição “Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright”, um recorte de 80 obras realizadas entre as décadas de 1960 e 1970 no Brasil pelos artistas mais representativos da nova figuração, do teor político e da explosão colorida do pop, como Wesley Duke Lee, Claudio Tozzi, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Raymundo Colares, Rubens Gerchman, Carlos Zilio, entre outros.

 

A mostra de longa duração celebra o comodato de 178 obras estabelecido em março de 2015 entre a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, a Pinacoteca e a Associação Cultural Goivos, responsável pela Coleção Roger Wright. Além disso, também dá continuidade à narrativa iniciada com a exposição “Arte no Brasil”, em cartaz no segundo andar e que apresenta os desdobramentos da história da arte no Brasil do período colonial aos primeiros anos do modernismo em 1920.

 

“Com esse conjunto, o museu oferece aos visitantes a possibilidade de ver e compreender processos recentes que contribuíram para a formação da visualidade brasileira. Sem contar, que a Pinacoteca se consolida como um museu nacional da história da arte no Brasil, constituído por núcleos articulados em uma narrativa extensa e representativa”, explica José Augusto Ribeiro, curador da exposição.

 

A exposição tem patrocínio, via leis de incentivo, de Pirelli, Klabin e CreditSuisse. Sua realização foi possível também graças ao apoio direto de amigos pessoais do colecionador Roger Wright, como Paulo S.C. Galvão Filho e José Olympio da Veiga Pereira.

 

 

 

Comodato

 

A Coleção representa a produção brasileira dos anos 1960 e possui importantes instalações produzidas a partir de 2000. Foi montada por Roger Wright e seus dois filhos desde 1996 e, após o acidente que vitimou a família em 2011, Christopher e Ellen Mouravieff-Apostol, irmão e mãe de Roger Wright, decidiram manter as obras em solo brasileiro. Para isso, consultaram vários museus nacionais, buscando encontrar algum que apresentasse condições seguras e plenas de pesquisa, comunicação, salvaguarda e projeção pública.”Estou muito feliz com a perspectiva de ver em breve a coleção aberta ao público na Pinacoteca. Acima de tudo, tenho certeza que tanto o Roger como os filhos estariam orgulhosos com esse novo rumo na história da coleção que eles montaram com tanta dedicação”, disse Christopher.

 

A Pinacoteca tem experiência em acomodar obras de grande relevância por meio de comodatos, como a Coleção Brasiliana – Fundação Estudar, que após o período de empréstimo foram doadas ao museu e hoje compõem o seu acervo, e o comodato assinado em 2004 com a Fundação Nemirovsky com trabalhos importantes do período modernista.

 

 

Até 26 de agosto de 2019.

O Útero do Mundo

05/set

O MAM, Parque do Ibirapuera, SP, retrata corpos indomáveis e histéricos na exposição “O útero do mundo”. A curadora Veronica Stigger selecionou cerca de 280 obras de 120 artistas contemporâneos em que o corpo aparece como lugar de expressão de um impulso desvairado e que se apresenta transformado, fragmentado, deformado, sem contorno ou definição. São pinturas, desenhos, fotografias, esculturas, gravuras, vídeos e performances do acervo do museu.

 

As obras, pertencentes ao acervo do MAM, mostram a indomabilidade e as metamorfoses do corpo. Com curadoria da escritora e crítica de arte Veronica Stigger, as produções selecionadas – num universo de mais de cinco mil trabalhos da coleção do museu – revelam um corpo que não respeita a anatomia e liberto de amarras biológicas e sociais. Baseada na proposição dos surrealistas de compreender a histeria como uma forma de expressão artística, a apurada seleção da curadora faz um elogio à loucura, ilustrando esse “corpo indomável” que, embora reprimido pela humanidade, manifesta-se no descontrole, na histeria e na impulsividade.

 

Para organizar a mostra, a curadora recorreu a três conceitos extraídos da obra da escritora Clarice Lispector que servem como fios condutores que separam os trabalhos nos núcleos “Grito ancestral”, “Montagem humana” e “Vida primária”. Segundo VeronicaStigger, a autora naturalizada brasileira retomou com brilho o elogio ao impulso histérico. “Clarice organizou um pensamento simultâneo da forma artística e do corpo humano como lugares de êxtase e de saída das ideias convencionais, tanto da arte quanto da própria humanidade”, afirma. São exibidas, conjuntamente, obras de artistas celebrados como Lívio Abramo, Farnese de Andrade, Claudia Andujar, Flávio de Carvalho, Sandra Cinto, Antonio Dias, Hudinilson Jr., Almir Mavignier, Cildo Meireles, Vik Muniz, Mira Schendel, Tunga, Adriana Varejão e muitos outros, além de duas performances de autoria de Laura Lima.

 

 

Grito Ancestral

 

Abrindo a mostra, “Grito ancestral” contém obras que representam uma série de gritos. “É como se esse som, anterior à fala e à linguagem articulada, atravessasse os tempos e rompesse com as próprias imagens”, explica a curadora. “O grito se contrapõe à ponderação e pode ser visto como indício de loucura. Gritar é, em certa medida, libertar-se das frágeis barreiras que delimitam aquilo a que convencionamos chamar de “cultura” em oposição à “natureza” e ao que há de selvagem e indomável em nós”, afirma. Nessa área estão expostos três autorretratos da série “Demônios”, espelhos e máscaras celestiais, de Arthur Omar, artista com trabalhos que demonstram estados alterados de percepção e de exaltação. Também fazem parte a fotografia “O último grito”, de Klaus Mitteldorf; a colagem “Medusa marinara”, de Vik Muniz; fotos de performances de Rodrigo Braga; a gravura “Mulher”, de Lívio Abramo; além de imagens em preto e branco de Otto Stupakoff. Com a série “Aaaa…”, a artista Mira Schendel apresenta uma escrita que não constitui palavras ou frases e em que se percebe a desarticulação da linguagem e uma volta ao estado mais bruto e inaugural.

 

 

Montagem humana

 

Neste nicho são apresentados corpos fragmentados, transformados, deformados e indefinidos, o que prova a indomabilidade do mesmo. Na exposição é percebido como o traço se convulsiona nas obras intituladas “Mulheres”, de Flávio de Carvalho, nos desenhos de Ivald Granato e nas produções de Tunga, Samson Flexor e Giselda Leirner. Nas fotografias, é a falta de foco que borra o contorno da figura nas imagens de Eduardo Ruegg, EdouardFraipont e Edgard de Souza. Com o uso da radiologia, é possível verificar o interior do corpo humano nas obras de Almir Mavignier e Daniel Senise. Destacam-se ainda as fotografias feitas por Márcia Xavier, um desenho de Cildo Meireles e as produções que misturam imagens, couro e madeira de Keila Alaver que representam, literalmente, corpos transformados e fragmentados.

 

 

Vida Primária

 

Este nicho dá vez às formas de vida mais elementares, como fungos, flores e folhagens. “Este tipo de vida desestabiliza a percepção que temos da própria vida porque, de certa maneira, deteriora as coisas do mundo “civilizado”, explana VeronicaStigger. Isso é ilustrado na série “Imagens infectas”, de Dora Longo Bahia, em que um álbum de família é alterado pela ação de fungos. Em “Vivos e isolados”, Mônica Rubinho usa papéis propositalmente fungados em placas de vidro para promover a geração desta espécie. No vídeo “Danäe nos jardins de Górgona” ou “Saudades da Pangeia”, Thiago Rocha Pitta propõe uma leitura mitológica da vida primária. Ainda são exibidas partes do corpo como o coração feito de bronze, de autoria de José Leonilson, e a foto “Umbigo da minha mãe”, de Vilma Slomp. A vagina, porta de entrada e de saída do útero, é mostrada em diversos trabalhos como nas gravuras de Rosana Monnerat e de Alex Flemming, nas fotografias da série “Vulvas”, de Paula Trope e no desenho “Miss Brasil 1965”, de Farnese de Andrade.

 

 

 

Sobre a curadora

 

Veronica Stigger é escritora, crítica de arte e professora universitária. Possui doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela USP e pós-doutorados pela Universitàdegli Studi di Roma “La Sapienza”, pelo MAC-USP e pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. É professora das pós-graduações em Fotografia e em História da Arte na FAAP, além de coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC). Foi curadora de Maria Martins: metamorfoses no MAM São Paulo (2013) e ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o Prêmio Maria Eugênia Franco, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) de melhor curadoria. Com Eduardo Sterzi, curou “Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro”, fotógrafo, no SESC Ipiranga. Entre as publicações, estão Os anões (SP: Cosac Naify, 2010), Delírio de Damasco (SC: Cultura e Barbárie, 2012) e Opisanieświata (SP: Cosac Naify, 2013).

 

 

De 05 de setembro a 18 de dezembro.