Em 2013, Ron Mueck foi convidado para apresentar suas novas esculturas na Fondation Cartier pour l’art contemporain em Paris. Essa mostra estará sendo exibida em sua íntegra no Museu de Arte Moderna, MAM-Rio, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, depois de já ter sido apresentada no Fundación PROA, Buenos Aires. É a primeira vez que a obra de Ron Mueck é exibida na América do Sul. Além das seis importantes esculturas recentes, esta mostra agrega três esculturas inéditas. Também será apresentado um novo filme sobre a criação de Mueck realizado por Gautier Deblonde para a mostra em Paris. Ao revelar-nos o artista solitário em seu processo de trabalho, o filme acentua ainda mais a sensibilidade e a força das esculturas de Mueck e ressalta sua particular ressonância nos dias de hoje.
Uma exposição de Ron Mueck é um evento incomum. Mueck vive em Londres e suas mostras têm sido aclamadas no mundo todo, desde o Japão, Austrália e Nova Zelândia, até o México. Mueck trabalha lentamente em seu pequeno estúdio ao norte de Londres, e o próprio tempo transmuta-se em um elemento importante dentro de seu processo criativo. O detalhe de suas figuras humanas é meticuloso, com surpreendentes mudanças de escala que as distanciam do realismo acadêmico, da pop arte e do hiper-realismo.
Três novas esculturas são exibidas aqui pela primeira vez, depois do evento original em Paris: dois adolescentes na rua, uma mãe com seu bebê e um casal de idosos na praia. Parecem congelados em momentos da vida, e cada uma delas captura o vínculo entre dois seres humanos. A natureza da conexão entre ambos se revela em suas ações, pequenas, comuns, e ao mesmo tempo, misteriosas. A precisão de seus gestos, a representação fidedigna da carne, a insinuação da suavidade da pele, lhes confere uma aparência de absoluta realidade. Estas obras não descrevem situações ou pessoas reais, mas a obsessão com a verdade nos fala de um artista que busca a perfeição e que é extremamente sensível à forma e à matéria. Na busca da verossimilhança, Mueck cria obras secretas, meditativas e fascinantes. Iluminar as verdades universais. Essas figuras que parecem tão comuns e ordinárias também irradiam uma espiritualidade e uma forma humana tão profunda que provocam em nós uma resposta. Mueck revela a natureza surpreendente de nossas relações com o corpo e nossa existência, indo muito além das tradições do retratismo.
Ron Mueck deu novo sentido à escultura figurativa contemporânea. Ron Mueck vale-se de uma enorme diversidade de recursos, como fotos de jornais, histórias em quadrinhos ou obras-primas históricas, recordações proustianas ou antigas fábulas e lendas. “Still Life”, obra de 2009, se enquadra dentro da tradição clássica desse gênero; “Woman with Sticks”, obra de 2009, inclina-se para trás sob um feixe de lenha e nos faz lembrar dos contos de fadas. “Drift ‘, de 2009, e “Youth”, de 2009, parecem inspiradas em manchetes de jornais, ainda que também evoquem obras do passado. Em outras esculturas de Ron Mueck, como o grande autorretrato adormecido “Mask II”, de 2002, os sonhos transformam-se subitamente em realidade.
Seu processo criativo, muito circunspecto, é revelado no novo filme de Gautier Deblonde intitulado “Still Life: Ron Mueck at Work” ou “Natureza morta: Ron Mueck trabalhando”. Esse filme foi produzido para a exposição na Fondation Cartier pour l’art contemporain. Rodado no estúdio de Mueck enquanto ele produzia suas novas obras para a mostra, nos oferece uma oportunidade única e rara de observar o artista perdido em seu próprio processo criativo. Apoio: Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
A exposição foi concebida pela Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris e a curadoria é de Hervé Chandès e Grazia Quaroni.
De 19 de março a 01 de junho.