Gesto artístico-simbólico

13/ago

De 15 a 23 de agosto, das 10h às 17h, o artista Ivan Henriques levará para a Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, RJ, sua escultura cinética “Pedalinho”, que filtra a água à medida que é movimentado. O pedalinho estará em frente ao Parque da Catacumba, perto do deque dos pedalinhos tradicionais.

 

O artista, radicado em Haia, Holanda, desde 2009, está no Rio de Janeiro para sua exposição “Repaisagem”, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, de 3 de agosto a 21 de outubro de 2016. Ele mostra suas biomáquinas, vídeos, fotografias e projetos das obras que desenvolve com a colaboração de cientistas europeus e brasileiros. A exposição, que tem curadoria do artista e da diretora da instituição, Izabela Pucu, reunirá trabalhos inéditos no Brasil, entre eles, está o “Pedalinho” (“Water bike”, 2016), uma escultura cinética flutuante e interativa, desenvolvida em parceria com alunos da Willem de Kooning Academy, de Roterdã, Holanda, especialmente para a exposição.

 

Trabalho interativo que convida o público a pedalar na superfície da água e, ao mesmo tempo, pensar sua interação com o meio ambiente, uma vez que o seu pedalar opera a filtragem da água. A obra é composta por materiais que combinam micro-organismos vivos que facilitam a purificação da água ao reciclá-la. Trata-se de um gesto artístico-simbólico, que o público é convidado a realizar, uma vez que não está comprometido com a eficácia na despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, mas aponta para a questão e desenvolve outras estratégias e possibilidades para se pensar esse tipo de interação ambiental.

 

O desenvolvimento desta proposta faz parte da evolução de biomáquinas construídas previamente pelo artista, que são formas híbridas entre organismos vivos e máquinas, que buscam uma evolução entre as máquinas e a natureza. O projeto aponta também para a colaboração de pesquisadores das disciplinas de arte, design, engenharia, biologia e robótica, tendo como foco as relações entre meio ambiente e sustentabilidade, a partir da urgência da despoluição de rios, baías e lagoas da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro. O “Pedalinho” busca pensar o meio ambiente de uma forma poética, lúdica, ao contrário da idéia homem e máquina critica pelo genial Charles Chaplin, no filme “Tempos modernos” (1936).

 

Performance

04/maio

Neste sábado, 07 de maio, o artista Stephan Doitschinoff realiza a performance “Marcha ao Cvlto do Fvtvrv”, que se relaciona com as três obras inéditas que apresenta na mostra “Educação como matéria-prima”, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, que discute processos pedagógicos na arte. Com a ação aberta ao público, o paulista junto com os membros do Cvlto do Fvtvrv aprofunda sua pesquisa sobre apropriação de estruturas simbólicas e instituições conservadoras como o exército e a igreja, por exemplo, sempre presentes na sua obra.

 

O percurso do trajeto começa às 15 horas na entrada do Museu de Arte Contemporânea (MAC), o antigo prédio do Detran. Os participantes e o público seguem em cortejo pela Passarela Ciccillo Matarazzo, atravessando por cima das movimentadas pistas da Avenida Pedro Alvares Cabral, entrando no Parque Ibirapuera pelo portão 3 e caminhando até o MAM. No auditório do museu, o artista junta-se a convidados especiais para apresentar o Hino dos Três Planetas e o Hino dos Fantasmas Neoliberais, ambos criados pelo artista em parceria com a cantora Lia Paris e a dupla Mixhell, formada por Iggor Cavalera e Laima Leyton.

 

Depois da apresentação, os membros do Cvlto e o artista convidam o público para participar do Balcão de Adesão, em que divulgam mais informações sobre a organização, além de exibir os Hinários, a Pirâmide, o Elucidário. “A obra desdobra-se em diferentes vertentes que incluem pintura, instalações, arte pública, vídeo, música e performance. Nessas abordagens, o trabalho é permeado pela linguagem criptografada e simbólica”, explica o artista, que realiza uma marcha por ano, sempre com atrações inéditas e diferentes, aberta ao público e com muitas adesões.

 

Para participar da ala frontal do cortejo e receber um broche do Cvlto do Fvtvrv, é necessário chegar no ponto de encontro com 30 minutos de antecedência vestindo camisa social branca fechada até o colarinho, calças e sapatos pretos. Para seguir a marcha e entoar os cânticos, a participação é livre.

 

Sobre o artista

Artista revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte, Stephan Doitschinoff realiza ações e exposições em espaços institucionais como o Museu de Arte Contemporânea de San Diego (EUA), a Fondacion Cartier (FRA), além de MAM, MASP, Museu Afro Brasil e o Centro Cultural Vergueiro. Atualmente, é representado pela galeria Jonathan Levine em NY, pela galeria LJ em Paris e está presente na coleção The Isabel and Agustin Coppel, no México. Doitschinoff tem dois livros publicados pela editora alemã Gestalten – CALMA: The Art of Stephan Doitschinoff (2008) e CRAS (2012), além do documentário TEMPORAL (2008).

 

SERVIÇO :

07 de maio (sábado)

Horário: das 15h às 17h30

Ponto de Encontro: em frente ao MAC Ibirapuera (antigo DETRAN)
Concentração, distribuição de broches e adereços : 14h30
Saída da Marcha: 15h
Chegada ao MAM : 15h30
Início do culto no Auditório MAM: 16h
Balcão de Adesão:16h30

Mostra em Joinville

28/mar

O Museu de Arte de Joinville, SC, apresenta a exposição individual “Cosmos”, do artista visual Carlos Wladimirsky. A mostra é constituída de quinze desenhos de pequenas dimensões aproximadas de 28 x 38 cm, em técnica mista sobre papel de algodão. Os desenhos, produzidos em 2015, são resultado de dezenas de diluições de pigmentos e gestos gráficos, com o uso de técnicas do desenho com aquarela, giz, pastel seco e guache, gerando uma veladura. Esta superposição de aguadas criam imagens que remetem a um mundo sideral e cósmico com formas abstratas em contínua transformação.

 

Serão apresentados também ao público, quatro vídeos que abordam os processos de criação do artista, seu ateliê e a performance “Cosmos, Parada 547”; realizada na Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, em 2014. A performance tem roteiro e direção de Carlos Wladimirsky. O artista estará presente na abertura da exposição e conversará com o público.

 

Sobre o artista

 

Carlos Wladimirsky nasceu em 1956, em Porto Alegre, RS, vive e trabalha na mesma cidade. Foi integrante do “Espaço NO” de 1979 a 1982, grupo pioneiro e de relevante importância para as artes visuais e a contemporaneidade gaúcha. Dedicou-se inicialmente ao teatro, ao cinema experimental e às performances e, nos anos 80, ao desenho e à pintura. Em 1990 fez viagem de residência artística a Portugal e entrou em contato com a pintura de Maria Helena Vieira da Silva e com a joalheria de René Lalique, iniciando trabalhos com joias em prata, e pedras brutas semipreciosas. Wladimirsky iniciou em 2002, sua pesquisa com cerâmica, produzindo pratos, bowls e máscaras esmaltadas que têm configurações enraizadas em suas investigações com o desenho. Em cerca de 40 anos de carreira realizou diversas exposições entre as quais “Desenhos” no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1981; “Artistas Gaúchos Contemporâneos”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP, 1981; “OS NOVOS”, Espaço Cultural Yázigi”, curadoria de Renato Rosa, 1983; “Panorama da Arte Atual Brasileira”, MAM, SP, 1984; Projeto Macunaíma, FUNARTE, RJ, 1985; “Velha Mania – o Desenho Brasileiro”, EAV- Parque Lage, RJ, 1985; Trienal de Desenho de Nuremberg – Alemanha, 1985; “Desenho Contemporâneo Brasileiro”, INAP, Funarte, RJ, 1988. Lançou em 2009 livro sobre sua obra organizado por Mário Röhnelt.

 

Até 1º de maio.

Beuys em São Paulo

15/mar

A Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, anuncia exposição de caráter panorâmico da obra de Joseph BEUYS, artista alemão que produziu em diversos meios e técnicas, incluindo fluxus, escultura, happeningperformancevídeo instalação

 

 

Sobre o artista

 

Joseph Heinrich Beuys nasceu em Krefeld1921 e faleceu em Düsseldorf1986, considerado um dos mais influentes artistas alemães da segunda metade do século XX.

 

Cresceu em duas pequenas localidades da região, Kleve e Rindern. Travou algum contato com a arte na juventude, tendo visitado o ateliê de Achilles Moorgat em diversas ocasiões, mas decidiu seguir carreira em Medicina. Entretanto, com a explosão da Segunda Guerra Mundial, alistou-se na Força Aérea Alemã (Luftwaffe). Costuma-se dizer que a predominância de feltro e gordura na obra de Beuys é devida a um incidente ocorrido na guerra. Beuys foi alvejado e o seu avião caiu durante uma missão na Criméia onde acabou por ser resgatado por tártaros. Ele teria sido salvo ao ter sido tratado com ervas e recoberto por feltro e gordura. Não se sabe se essa história é verdadeira, mas agora ela já faz parte do mito que cerca a figura de Beuys.

 

Depois da guerra, Beuys concentrou-se na arte e estudou na Escola de Arte de Düsseldorf de 1946 a 1951. Nos anos 1950, dedica-se principalmente ao desenho. Em 1961, tornou-se  professor de escultura na academia, mas acabou sendo demitido de seu posto em 1972, depois que insistiu em que suas aulas deveriam ser abertas a qualquer interessado. Seus alunos protestaram, e ele pôde manter seu ateliê na escola, mas não recuperou as aulas.

 

Em 1962, Beuys conheceu o movimento Fluxus, e as performances e trabalhos multidisciplinares do grupo – que reuniam artes visuais, música e literatura – inspiraram-no a seguir uma direção nova também voltada para a happening e performance. Sua obra tornou-se cada vez mais motivada pela crença de que a arte deve desempenhar um papel ativo na sociedade. Em 1979, uma grande retrospectiva da obra do artista foi exibida no Museu Guggenhein de Nova York. Beuys morreu de insuficiência cardíaca, em 1986.

 

 

De 17 de março a  30 de abril.

Festa underground/CCBB, Rio

Com a proposta de oferecer ao público uma autêntica noite underground berlinense, “Zeitgeist: a Festa” completa a exposição “Zeitgeist”, que encontra-se em cartaz até 04 de abril no CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

O evento, marcado para o dia 19 de março, promete causar: o artista plástico Maurício Ianês e o perfomer Maikon K dão a largada com suas performances, às 22h. Logo após, a música eletrônica irá tomar conta do espaço, com DJs renomados tocando o melhor da música eletrônica.

 

Durante o evento, na performance “nãoNão”, Maurício Ianês irá induzir o público a participar de um diálogo silencioso com ele, numa troca de ações e vivências. Ianês estará sentado ao lado de uma mesa com uma cadeira à frente para quem se dispuser a participar do “jogo”.

 

Já Maikon K passará por uma metamorfose em DNA de DAN. Como uma serpente ancestral africana, o performer ficará imóvel enquanto uma substância líquida seca sobre seu corpo. Após cerca de 2 horas, essa substância forma uma segunda pele, que se rasga e serve de alimento para o artista.

 

À frente do coletivo DOMINA estarão os DJs Marcelo Mudou e Kinkid, responsáveis pela música e pela decoração da festa, com projeções e instalações luminosas. E à meia-noite o carioca Gustavo Tatá, um dos mais renomados e atuantes DJs cariocas, ocupará a mesa. Com 19 anos de carreira, ele flutua pelo House, Deep House, Tech House e tem influências de Disco, RNB, Dub, Reggae e Hip Hop.

 

Por último, “Finalmente”, o movimento de resistência a favor da música eletrônica – com origem em três países. Formado por Susana Guardado, Portugal, Michael Jozef, Estados Unidos, ViniciusAlves, ValentinaHomem e YasminZyngier, do Brasil, o grupo convidará  o público a deixar de lado gêneros, dogmas e estereótipos para conhecer o que há de mais novo na cena contemporânea, na música e na dança, tendo a pista como base de ação.

 

Horário de funcionamento no dia 19/03 (sábado) de 9 h às 21h, reabrindo às 22h para a festa. 

 

Sujeito à lotação do espaço

 

Entrada permitida para maiores de 18 anos

 

Não é permitida a entrada com armas de fogo, objetos cortantes e/ou pontiagudos, latas, garrafas ou qualquer recipiente de vidro, alimentos e bebidas, objetos que ocultem a face. 

 

 

 

 

Sobre a mostra “Zeitgeist”

 

 

Com curadoria de Alfons Hug, a exposição “Zeitgeist – Arte da nova Berlim” reúne pela primeira vez, no Brasil, um panorama consistente da produção da respeitada comunidade artística que se concentra na cidade num movimento que começou com o fim da Guerra Fria.

 

Pintura, fotografia, videoarte, performance, instalações e a cultura dos famosos clubs berlinenses, na visão de 29 artistas dentre os mais destacados da arte contemporânea, compõem o mosaico da exposição Zeitgeist, que aproximará o público brasileiro da realidade artística e cultural de uma Berlim contraditória e fascinante, plural e diversa,  que desconhece limites quando se trata de pensar e viver a arte e se reinventar.

 

 

Até 04 de abril. 

 

 

Guilherme Vaz no CCBB-Rio

26/jan

O CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta ao público a exposição “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”, com 50 anos de produção desse artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970.  Um dos pioneiros da arte conceitual e sonora, Guilherme Vaz é um dos introdutores da música concreta no cinema brasileiro. A mostra conta com debates, reedição de trabalhos antigos, produção de novos trabalhos e edição de livro com ensaios inéditos, históricos e vasto conjunto de imagens e documentos.

 

A curadoria de Franz Manata apresenta o caráter inovador da obra de Guilherme Vaz ao destacar sua produção no contexto das vanguardas da arte contemporânea e sua vivência no Brasil central, com os sertanistas e povos indígenas. Em sua primeira grande exposição serão mostradas 41 obras que contemplam os diversos suportes utilizados pelo artista, como a instalação, objetos sonoros, instruções, desenhos, partituras, performances e parte de sua produção musical. “Guilherme Vaz: uma fração do infinito” destaca a importância da obra desse artista no panorama da cultura e deixará como legado um conjunto de textos, documentos e imagens para a memória da arte no Brasil.

 

 

Trajetória

 
Guilherme Vaz iniciou sua interlocução com a cena cultural do Rio de Janeiro no final da década de 1960, trabalhando com cineastas, músicos e artistas residentes na cidade. Realizou na época trilhas sonoras dos filmes “Fome de amor” (1968), de Nelson Pereira dos Santos – a primeira experiência de música concreta no cinema nacional, e O anjo nasceu (1969), dirigido por Júlio Bressane. Ambos premiados no Festival de Cinema de Brasília. Guilherme produziu trilhas para mais de 60 filmes, sendo 30 longas-metragens; ganhou nove prêmios e estabeleceu parcerias com importantes cineastas, como Júlio Bressane e Sérgio Bernardes. Segundo o curador, seu trabalho para o cinema traduz o “espírito do Brasil profundo”. Franz Manata comenta ainda o processo da pesquisa e curadoria da mostra.

 

Como músico e maestro, Vaz se envolveu com a música harmônica, a música concreta, experimental, o jazz, aprofundando-se na pesquisa com a música popular e flertando com a MPB. Esteve envolvido na fundação e apresentações do Grupo de Compositores da Bahia, organizado por Ernst Wiedmer; em 1967 funda com Vitor Assis Brasil o grupo Calmalma de Jazz Livre, que produzia jazz de vanguarda com acento na experimentação e improvisação musical; e participou da gravação do disco e da turnê do álbum de Ney Matogrosso, Água do céu-pássaro, de 1975, que apresenta sonoridade experimental permeada por elementos da natureza. Participou também da então nascente cena carioca de arte conceitual, articulada em torno das atividades do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, da criação da Unidade Experimental e de exposições históricas como o Salão da Bússola, realizado nesse museu, em 1969, e a polêmica “Agnus Dei”, realizada na Petit Galerie, no Rio de Janeiro, em 1970, além de participar das mostras internacionais: “Information”, no MoMA, em 1970, e da 8ª Bienal de Paris, em 1973, ambas relevantes no contexto da arte conceitual.

 

Dividida em três salas que ocupam o segundo andar da instituição, a exposição apresenta um percurso que se articula de forma complementar a mostrar uma fração do infinito artístico de Guilherme.

 

Na primeira sala, a experiência de Guilherme no interior do Brasil, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. O público poderá conhecer de perto um conjunto de pinturas realizado com o índio Carlos Bedurap Zoró, da tribo Gavião-Ikolem, de Rondônia, que por solicitação do artista reproduziu, nos tecidos fornecidos por Guilherme, suas pinturas corporais. Mais a série Solos ardentes, composta por 16 fotografias feitas com uma câmera amadora em 1999, em que crianças da tribo Gavião-Ikolem estão em frente a uma pilha de carvão da selva, dentro do escritório da Sociedade Pró-Arte, em Ji-Paraná, Rondônia.

 

Será apresentado o vídeo-concerto harmônico Música em Manaos (2004). Realizado por Guilherme e sob sua regência, a Orquestra Filarmônica Bielorussa se junta aos indígenas da etnia Gavião-Ikolem, no Teatro Amazonas. O registro é uma parceria com seu amigo, cineasta e documentarista Sérgio Bernardes (1944-2007). No outro vídeo, Uma fração do infinito, realizado em 2013 em parceria com o Instituto Mesa, Guilherme estabelece um diálogo com Charles Darwin ao refazer, simbolicamente, o caminho percorrido pelo naturalista britânico na cidade de Niterói. Um teatro sonoro onde os maracás ”acionam” as forças da natureza.

 

Na sala B estarão a escultura inédita Totem de maracás, composta por centenas de unidades do instrumento indígena, que reflete sobre o aprendizado com o universo indígena, e Jardim sem nome, uma instalação com seixos rolados que, segundo o artista, é uma metáfora acerca do universo da arte, em que sua própria história é como um imenso rio no qual os artistas são seixos dispostos ao longo do caminho.

 

A segunda sala mostra a produção de Guilherme como artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970. Aí poderão ser vistos sua pesquisa no campo da notação musical será apresentada (partituras convencionais, balizamentos gráficos, notações para o cinema e partituras como performance), a instalação sonora Crude, que surge a partir de sua pesquisa acerca do que ele definiu como “música corporal” iniciada na 8ª Bienal de Paris, em 1973, ainda sob o nome de Cru. Em sua primeira versão, o trabalho foi realizado de forma acústica quando o artista extraía sons diretamente da arquitetura. Já a partir da apresentação da 7ª Bienal do Mercosul em 2007, ele incorpora microfones e amplifica o som no espaço. Na versão atual, o artista convida o público para essa experiência. Tem também a instalação acusmática, composta por instruções de Guilherme Vaz, apresentadas ao público na “Information” – importante exposição de arte conceitual realizada no MoMA, em 1970. Para o CCBB o artista convida o público a seguir por um corredor, onde se escutam suas instruções. Segundo o curador é “uma estratégia para colocar ‘algo’ em evidência”.

 

A última sala destaca sua relação com a imagem em movimento através da parceria com o cineasta e documentarista Sérgio Bernardes, que traduz o Brasil profundo em sete filmes: Os guardiões da floresta (1990), Panthera Onca (1991), Cauê Porã (1999), Nós e não nós (2003), Amazônia (2006), Mata Atlântica (2007) e Tamboro (2009). A exposição conta com uma cronologia ilustrada, que aborda a vida e o percurso de Guilherme Vaz, com um vasto conjunto de documentos, obras, vídeos e arquivos de áudio.

 

Sobre o artista

 

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pioneiro da arte sonora, formou-se na Universidade Nacional de Brasília, tendo como professores Rogério Duprat, Décio Pignatari, Nise Obino, Cláudio Santoro, Damiano Cozzela, Régis Duprat, Hugo Mund Júnior, entre outros (1962-1964); e na Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Walter Smetak e Ernst Wiedmer (1964-1966). Fundou, em parceria com Frederico Morais, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus, a Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968-1970). Presidiu a Fundação Cultural de Ji-Paraná, fronteira com a Bolívia, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. Artista multimeios e experimental, autor das obras sonoras: Walk to anywhere, Rio de Janeiro (1970); Open your door as slow as you can, Rio de Janeiro (1970); Solos ardentes, Nova Iorque (1970); Crude, Paris (1973); Ensaio sobre a dádiva, d’après Marcel Mauss, Oslo (2008). Sua obra foi incluída em importantes exposições coletivas, dentre as quais se destacam: “Hélio Oiticica e seu Tempo”, Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2006); VIII Biennale de Paris, Museé d’Art Moderne de la Ville de Paris (1973); “Agnus Dei”, Petite Galerie, Rio de Janeiro (1970); “Information”, MoMA, Nova Iorque (1970), entre outras.

 

Editou várias obras em CD com a gravadora OM Records: o vento sem mestre (2007), Sinfonia dos ares (2007), La Virgen (2006), Deuses desconhecidos (2006), Anjo sobre o verde (2006); A tempestade, El arte, Povos dos ares, Der Heiligue Spruch (2005); A noite original – Die SchopfungsNacht [Die Windeuber der Meer am Anfgang der Welt] (2004); Sinfonia do fogo (2004); O homem correndo na Savana (2003), todas elas lançadas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Publicou a Sinfonia das águas goianas (2001), um livro em que reúne algumas das conjunções sonoras mais profundas, arcaicas e significantes do meio central da América do Sul.

 

 
Debates

 

 Guilherme Vaz e a arte contemporânea
Sinopse: Comenta aspectos de sua produção artística, destacando seu papel na introdução da arte conceitual e sonora no Brasil. Na mesma data também será lançado o livro “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”.
Palestrantes: Franz Manata, Marisa Flórido César

 
 Data: 24/02/2016

 

 Guilherme Vaz e o cinema
Sinopse: Comenta aspectos de sua obra musical, destacando seu papel na introdução    da música concreta nas trilhas sonoras do cinema brasileiro.
Palestrantes: Franz Manata, Júlio Bressane, Suzana Reck Miranda

 
 Data: 09/03/2016

 
 
 Guilherme Vaz e a música
Sinopse: Comenta sua produção como maestro, sua relação com os aspectos estéticos da música erudita e sua relação com a formação da identidade cultural brasileira.
Palestrantes: Franz Manata, J. P. Caron

 
 Data: 23/03/2016

 

 

 Até 04 de abril.

Cotidiano Radical CaixaRio

27/out

A Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição inédita “Cotidiano radical”, do artista mineiro Marco Paulo Rolla. Com curadoria de Cristiana Tejo, a mostra reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas. Na abertura, o artista fará a performance “Café da manhã”.

 

“Cotidiano radical” revela um amplo espectro do trabalho de Marco Paulo Rolla. São objetos, pinturas e instalações que desafiam o público. Ambientes e situações familiares ao espectador surgem de maneira surpreendente, subvertendo ordens e questionando a dependência moderna de ferramentas, dispositivos, equipamentos e tecnologia.

 

Além da performance da abertura, serão apresentadas mais duas em vídeo durante toda a mostra: “Confortável” e “Canibal”. Nelas, o artista utiliza os limites do corpo para fazer uma constante provocação, buscando quebrar noções cristalizadas daquilo que é vivenciado no dia a dia.

 

Destaques ainda para a obra “Picnic”, de 2000, pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e já foi exposta na Bienal do Barro, em Caracas, e na Feira Arco, em Madri, e para a série de pinturas “Eletrodomésticos”, produzidas entre 1990 e 1992.

 

 

A palavra da curadora

 

“Toda a ambiência da obra de Marco Paulo Rolla é inspirada no barroco: cores quentes, dramaticidade e luz”, explica Cristiana Tejo. “E neste contexto, que remete ao clássico, ao erudito, é evidenciada a relação contemporânea do homem com os objetos, o desejo de possuí-los, a expectativa de felicidade contida neles. É ao mesmo tempo uma ironia e uma crítica ao fetiche capitalista do consumo”, finaliza a curadora.

 

 

Sobre a curadora

 

Cristiana Tejo fez a curadoria e cocuradoria de vários projetos no Brasil e no exterior, entre eles o Made in mirrors, que envolveu intercâmbio entre artistas brasileiros e estrangeiros. Autora de Paulo Bruscky – a Arte em todos os sentidos (2009) e Panorama do pensamento emergente (2011), hoje vive e trabalha entre Recife e Lisboa.

 

 

Sobre o artista

 

Marco Paulo Rolla é natural de São Domingos do Prata, MG, 1967. Vive e trabalha em Belo Horizonte, é criador, coordenador e editor do CEIA (Centro de Experimentação e Informação de Arte). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Argentina, Holanda, Finlândia e Itália. Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG em 2006, é professor da escola Guignard UEMG desde 2009, onde criou e implementou a disciplina de Performance. Seus trabalhos encontram-se em coleções no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, no Museu de Arte da Pampulha, de Belo Horizonte, no Centro Cultural Inhotim, em Brumadinho, MG, e na Funarte, no Rio de Janeiro.

 

 

Até 20 de dezembro.

A Gentil Carioca | 12 Anos

10/set

A programação festiva dos 12 anos da galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, é

bastante eclética. A saber: abertura da Exposição | Chão de Estrelas, de José Bento com

curadoria do Ricardo Sardenberg; Módulo de Escuta|com Ricardo Basbaum e o compositor

convidado Paulo Dantas; Parede Gentil nº 25 | com Renato Pera com Gentil Apoio de Juan

Carlos Verme e Joel Yoss; Lançamento Camisa Educação nº 63 | com Maíra Senise; Festa |

Celebração 12 anos A Gentil Carioca com Desfile de Drags | parceria Drag-se + Drag Attack;

Bolo comemorativo | Edmilson Nunes e Música |  ”Verônica decide morrer”.

 

A exposição “Chão de estrelas” do artista José Bento, é um mote poético inspirado, é claro,

pela canção homônima de 1935 de Orestes Barbosa e Silvio Caldas. A instalação que dá nome

a mostra é composta de milhares de pedaços de madeira (Vinhático ou popularmente

conhecida como gema de ovo), entremeados por cabos de aço (ou como os assistentes do

artista nomearam “fios de ouro”) tencionados de um lado ao outro da sala expositiva no limite

do rompimento. Assim estamos diante de um plano, monocromático, que flutua na altura do

umbigo do artista, que remete a um horizonte que tenciona a relação entre o monocromo que

é em si uma paisagem dourada onde se encontra o dia e a noite.

 

Minha vida era um palco iluminado

Eu vivia vestido de dourado

Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria

Andei cantando a minha fantasia

Entre as palmas febris dos corações

 

Meu barracão no morro do Salgueiro

Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou

E hoje, quando do sol, a claridade

Forra o meu barracão, sinto saudade

Da mulher pomba-rola que voou

 

Nossas roupas comuns dependuradas

Na corda, qual bandeiras agitadas

Pareciam um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar que nos morros mal vestidos

É sempre feriado nacional

 

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua, furando o nosso zinco

Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas nos astros, distraída

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão

 

O conjunto de obras expostas em “Chão de estrelas”  reúne diversas estratégias utilizadas ao

longo da carreira de José Bento. Notavelmente, a obra Xadrez para Max e Marcel se utiliza da

recriação de objetos do cotidiano em madeira numa aproximação do discurso hiper-realista,

como feito pelo artista em anos anteriores em obras como Cobogó, Telefone e de forma

espetacular em Banheiro Bento quando recriou sabonetes, tampões de ralo etc,  porém aqui

ele acena para o que já foi chamado de “surrealismo mitigado” em seu trabalho. Em Xadrez

para Max e Marcel,  José Bento brinda a famosa foto em que Marcel Duchamp aparece

brindando Max Ernst por meio do jogo de xadrez originalmente desenhado pelo terceiro

artista para a exposição The imagery of Chess, na Julien Levy Gallery, em 1944. Num jogo de

espelhos e auto-referências, aqui José Bento estabelece suas credencias como um artista que

goza com prazer das artimanhas neo-dadas e surrealistas contemporâneas.

 

Já em outra sala, em direto contraponto à mensagem Duchamp-ernestiana, um conjunto de

monocromos que variam entre o amarelo e o vermelho acompanhados de um tapete de

madeira virado para Meca, como uma bússola, que nos relembra de tradições atlânticas que

nos conecta à África e à Europa por meio de uma reticência a paisagem, ao ilustrativo e ao

figurativo, neste caso um “misticismo mitigado”. O surrealismo, embora mais conhecido por

sua ênfase no inconsciente, também sempre enfatizou um aspecto místico de comunicação

com o além.

 

Entre as duas pontas do modernismo ocidental, ou dito de outra forma, entre o abstrato

formal da arte construtiva e a representação discursiva típica do surrealismo, a exposição Chão

de estrelas por meio da poesia substantiva de Orestes Barbosa – barraco, trinco, zinco, chão,

astros etc – estica o seu olhar contemporâneo resgatando a simples poesia dos jogos das coisas

simples. Como comentou o artista certa vez: esse Orestes Barbosa é um gênio porque trouxe

os astros lá de cima e pôs no chão para os humildes pisarem.

 

E é com humildade que a exposição vai se espalhar pelo SAARA – a Sociedade de Amigos e

Adjacências da Rua da Alfândega. Espalhado em suas famosas lojas/ tendas e por suas ruas

apertadas e barulhentas, aproximadamente oito trabalhos estarão camuflados na paisagem

comercial. Tanto um comentário ao aspecto comercial da exposição, mas principalmente ao

estatuto variável do que é um ready-made hoje em dia, também desafia o espectador a

considerar a paisagem do SAARA como um espaço expositivo, local de troca e de recorrentes

experiências estéticas e sociais.

 

Toda a exposição será “amarrada” por meio de um jornal em formato tablóide que será

repositório dos enigmas das possíveis fontes do trabalho escultórico expansivo do José Bento.

O jornal de certa forma é onde o inconsciente, o místico, e o pedestre artista estão amarrados.

Lá as referências vêm à tona e submergem no meio do palavrório dos outros curadores,

artistas e paisagens.

 

 

Sobre o artista

 

José Bento, nasceu em Salvador, BA, em 1962, vive e trabalha em Belo Horizonte.  Desde a

década de 1980 realiza, sobretudo, esculturas, instalações, além de trabalhos em vídeo,

desenho e fotografia. Expondo em museus, instituições culturais e galerias dentro e fora do

Brasil, seus primeiros trabalhos se desenvolvem a partir da discussão entre o plano e a

tridimensionalidade, como as maquetes e objetos construídos com palitos de picolé. Já em

Árvores, uma de suas obras mais conhecidas, o artista aborda questões materiais: o material

que serve à sua própria representação. A relação entre a arquitetura dos espaços expositivos e

os trabalhos de arte também se mostrou uma fonte de proposições artísticas em sua carreira,

algumas delas site-specific. Seus trabalhos mais recentes lidam com o estatuto da linguagem

escultórica na contemporaneidade e discussões acerca da representação do valor financeiro e

economia no circuito de arte. Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, entre

elas se destacam: On Another Scale, Galeria Continua, San Gimignano, e Tara por Livros,

Galeria Bergamin 2014; Eletric Blue Night, Galeria Mendes Wood, São Paulo;

Correspondências, Galeria Bergamin, São Paulo, ambas coletivas em 2013; participou com a

Floresta Invisível na 2o Bienal do Benim, Porto Novo, Cotonou e Uidá,  e realizou uma

individual na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro em 2012; em 2011, 1901-2011, Arte Brasileira e

Depois, na Coleção Itaú, São Paulo; individual, Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte em

2010 e no mesmo ano, Zum Zum Zum, na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro; Poética da

Percepção no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008; Acervo do MAP

no Espaço de Arte Pitágoras. Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; e Chão na Galeria

Bergamin, São Paulo, 2005. Em 2004 realiza individual no Museu de Arte da Pampulha – MAP,

em Belo Horizonte. Integrou o 29º Panorama da Arte Brasileira, MAM/SP, 2005, entre outras.

Recentemente seu trabalho foi publicada na edição da ABC – Arte Contemporânea Brasileira

organizado por Adriano Pedrosa e Luisa Duarte, Cosac Naify, 2014.

 

 

De 11 de setembro a 31 de outubro.

Alê Jordão na Bolsa de Arte/Rio

A Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, em sua sede de Ipanema, e os curadores Marcelo Vasconcellos e Walton Hoffmann convidam para a exposição “LIGHT MY FIRE”, mostra individual de Alê Jordão.

Dia: 08 de setembro – Durante o vernissage, – das 17 às 22hs -, haverá uma performance do artista.

Local: Rua Prudente de Morais, 326.

 

 

Sobre o artista
Alê Jordão nasceu e vive em São Paulo, SP. Estudou na FAAP na segunda metade dos anos 90, com Sandra Cinto, Dora Longo Bahia, Paulo Pasta, Felipe Chaimovich, Edu Brandão, Carmela Gross, Regina Silveira e Nelson Leirner – principal referência para o artista. Estudou também na Domus em Milão, escola originária da experiência do design e arquitetura pós-modernos italianos dos anos 70 e 80. Jordão inicia a vida artística profissional em 2001 e ao longo da carreira vem definindo um corpo de trabalho potente e complexo, material e conceitualmente.
Para Jordão, o objeto-obra não é apenas aquilo que sobra de um processo construtivo, mas algo que se forja e retém os significados dos modos de construir, deixando-os explícitos, comunicativos, vivos no objeto. A tecnologia e o design dizem muito sobre o resultado material e imaterial que o artista deseja produzir. Os objetos-obras de Jordão são conjuntos de elaboradas produções que podem envolver tecnologias completamente distintas.

 

Até 25 de setembro.

 

Dias & Riedweg na Casa Daros

04/set

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a videoinstalação “Nada Absolutamente Nada”, de Dias & Riedweg, feita a partir de uma série de 30 oficinas realizadas pelos artistas entre abril e agosto deste ano, com pacientes psiquiátricos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), integrantes do grupo A Voz dos Usuários. Os 12 integrantes do projeto foram indicados por suas equipes clínicas e devidamente acompanhados por profissionais de saúde sob a direção do psiquiatra e professor Julio Verztman (IPUB/UFRJ).
No dia 29 de agosto, sábado, às 17h, o filósofo Peter Pelbart e os especialistas Tânia Rivera, Julio Vertzman e Octávio Serpa reúnem-se com os artistas para um bate-papo público no auditório da Casa Daros.
As oficinas dos artistas foram estruturadas a partir da leitura e da livre interpretação de uma seleção de contos do escritor suíço Robert Walser (1878-1956), que passou por diversas internações psiquiátricas entre 1929 e 1956, e cuja obra se tornou influência definitiva na literatura contemporânea de língua alemã. Os participantes escrevem suas próprias histórias e pensamentos, recriando a sua maneira o universo mágico e sedutor dos contos de Walser.
Nas oficinas realizadas em um dos espaços ainda não renovados da Casa Daros, portanto desconhecido do público, os artistas e o grupo A Voz dos Usuários recriaram roteiros e histórias a partir desses novos textos produzidos, e os materializam em vídeos “que nos revelam o cotidiano da cidade em locais e situações escolhidas e registradas pelos pacientes”, dizem Dias & Riedweg. “Assim, visitamos as casas dessas pessoas, seus caminhos diários e seus locais prediletos na cidade, bem como detalhes, ao mesmo tempo anônimos e pessoais, da enfermaria do hospício, cenário incontornável nos momentos de crise”, contam os artistas. Mais que um retrato sobre a condição psiquiátrica, o trabalho constrói um ensaio poético e filosófico que questiona a definição e o lugar da loucura na vida contemporânea. “A rua e o caminho; a casa e a clínica – o lar; a clausura e o espaço aberto; o dia e a noite; o espaço entre as orelhas e o espaço de fora, eu e o outro; o esperado e o acaso”. A Voz dos Usuários é um grupo independente e atuante de pacientes do IPUB, que surgiu e se desenvolveu sob a supervisão do Dr. Octávio Serpa, para estudar e discutir o fenômeno das “pessoas que ouvem vozes” e seus desdobramentos na vida cotidiana e no tratamento psiquiátrico.

 
Dias & Riedweg e a obra de Robert Walser
Durante todo o ano de 2015, Dias & Riedweg vêm trabalhando a partir da obra do escritor Robert Walser. Conceberam e realizaram uma performance inicialmente apresentada como intervenção na peça “Puzzle D”, de Felipe Hirsch no Teatro do Sesc Villa Mariana, em São Paulo, em março deste ano, e posteriormente no Festival de Performance “Der Längste Tag”, em Zurique, Suíça, em junho passado. Essa é a segunda incursão de Dias & Riedweg no universo psiquiátrico. A primeira ocorreu com um grupo de 50 pacientes internos do mesmo IPUB / UFRJ após uma série de cem oficinas realizadas ao longo de 2011 no próprio hospital, e que deram origem à obra “Corpo santo”. Essa videoinstalação de 2012 foi comissionada pela Coleção Prinzhorn, e apresentada naquela instituição, em Heildeberg, Alemanha. No Brasil, partes deste vídeo foram apresentadas na 30ª Bienal de São Paulo, no ano passado. A obra completa, entretanto, ainda não foi mostrada no país. Uma terceira experiência profissional dos artistas no campo da psiquiatria é o projeto “Cidades de Deus”, que aborda a “Síndrome de Jerusalém”, termo psiquiátrico designado para nomear os surtos de delírio religioso recorrentes entre turistas e peregrinos que visitam os locais sagrados dos territórios da Palestina e Israel, e que apontam, de formas diversas, para o real confronto político dessa região. Após uma primeira residência dos artistas no Jerusalem Center of Visual Arts, em 2013, o projeto se encontra em fase de produção.

 
Até 13 de dezembro.