Nova artista Representada.

21/mar

A Galatea, São Paulo, SP, anuncia a representação de Katie van Scherpenberg (1940, São Paulo) em colaboração com a Cecilia Brunson Projects, importante galeria de arte latino-americana baseada em Londres, que representa a artista desde 2019.

Marcando o fim do hiato de três anos desde a última exposição da artista no Brasil, a Galatea inaugura no dia 27 de março a exposição Katie van Scherpenberg: o corpo da obra em sua unidade na rua Padre João Manuel, em São Paulo.

Iniciada há cinquenta anos, a produção de Katie van Scherpenberg deriva das suas investigações a respeito da pintura e dos elementos estruturais e simbólicos que a constituem. A artista experimentou toda sorte de intervenção sobre tela e madeira, pesquisando pigmentos naturais, desenvolvendo a própria têmpera, desencadeando reações químicas e examinando as oxidações sofridas por diversos materiais.

Nesse caminho de questionamento da pintura, Katie van Scherpenberg chegou à paisagem, passando a intervir com a cor no espaço – na areia, na água, na grama, nas árvores. Ao registrar suas intervenções espaciais, chamadas de landscape paintings, a artista, até então pintora, entra em cena protagonizando performances e evidenciando o lugar do corpo na prática da pintura. O título da exposição, portanto, busca ressaltar a corporalidade na sua obra, que tensiona tanto a plasticidade dos materiais quanto o corpo físico da artista.

Telas monocromáticas de Carlos Zilio.

20/mar

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “A Pintura com a Pintura”, do artista Carlos Zilio, sob curadoria de Ronaldo Brito. A mostra apresenta um conjunto de obras que reafirmam a pintura como um campo de embate e investigação contínua. Em telas monocromáticas de presença sutil, Carlos Zilio conduz o espectador ao limite da percepção, onde o visível se sustenta no paradoxo da quase ausência. Para Ronaldo Brito, essa busca pelo Nada não implica vazio, mas sim a condensação máxima do pensamento pictórico, na qual cada obra se apresenta como uma presença radical.

Ao longo de sua trajetória, Carlos Zilio transitou por diversas abordagens artísticas, da exuberância cromática ao rigor formal, sem se fixar em categorias rígidas. A Pintura com a Pintura convida o público a um exercício de contemplação e imersão, destacando a autonomia da pintura enquanto linguagem e sua capacidade de gerar significados além da representação tradicional. A exposição reafirma o compromisso de Carlos Zilio com a experimentação e a pintura como um território vivo, em constante transformação.

Pintura com a Pintura

O pintor veterano, aquele que se empenha diariamente em sua prática, sempre termina sozinho com a pintura. E não porque se aliene do mundo ao redor: a própria pintura acaba por metabolizar o mundo com suas operações específicas. Chega um momento em que esse processo, ao mesmo tempo intuitivo e metódico, condensa a vivência do artista a um ponto tal que dispensa quaisquer chamados extrínsecos, absorvido por inteiro no embate prazeroso porém exigente, sempre em aberto, com uma atividade por assim dizer interminável. Daí que o artista não tenha nos surpreendido tanto ao mencionar de passagem que, daqui para frente, pretendia pintar o Nada. E estamos falando de um pintor experimental, sem temas ou estilos definidos. Em sua carreira, entre outras incursões, ele passou de telas exuberantes, matissianas, a uma última série em preto e branco envolvendo a figura pitoresca do Tamanduá, que obcecava o seu imaginário familiar. Tampouco o cansativo dilema abstração/figuração encontra mais lugar entre as preocupações teóricas desse pintor culto, professor universitário e agente cultural inovador no que se refere ao destino da História da Arte no Brasil. Sem esquecer o início vanguardista, ainda nos anos 1970, quando produzia objetos nada “artísticos” e Instalações de caráter político, em confronto mais ou menos direto com a famigerada ditadura militar vigente.

A História da Arte para o pintor Carlos Zilio, naturalmente, significa muito mais do que matéria simbólica social – é parte constitutiva de sua personalidade pictórica. Nela comparecem, por exemplo, Malevitch, Barnett Newman e Jasper Johns, figuras à primeira vista incompatíveis. Mas ninguém se obrigue a rastreá-las nessas telas recentes , ocupadas que estão em alcançar o Nada. Tais presenças, em meio a outras poucas, já se tornaram fantasmas amigos, que sem dúvida contribuíram para a conversa atual da Pintura com a Pintura. O que importa agora é o embate frontal com essas telas quase vazias, monocromáticas, quase todas no mesmo formato médio. Completam uma série, um conjunto no sentido estrito do termo. Cada uma é uma, no entanto, pedem leitura cuidadosa. Por um lado, francas e diretas, parecem de pronta assimilação. Contudo, logo que as assimilamos elas prendem nossa atenção, excitando a percepção ao acompanharmos seu soberano fazer pictórico.

Ronaldo  Brito

Até 22 de maio.

Elaborações metafóricas e poéticas do amor.

18/mar

A Galatea anuncia a exposição Carvões acesos, coletiva com mais de 50 artistas nacionais e internacionais, que estará aberta ao público na unidade da galeria na rua Oscar Freire, em São Paulo, a partir do dia 27 de março.

Idealizada por Tomás Toledo, curador e sócio-fundador da Galatea, a mostra gira em torno de temas como amor, desejo e paixão em uma proposta transgeracional, transterritorial e transmídia – conta com pinturas, instalações, livros, esculturas, objetos e vídeo de artistas que investigam as tensões afetivas e suas metáforas. Estão presentes nomes que conectam gerações e territórios da arte brasileira e também internacional, como Amélia Toledo, Antonio Dias, Allan Weber, Chico Tabibuia, Cildo Meirelles, Gabriella Marinho, Jonathas de Andrade, Leonilson, Louise Bourgeois, Mayara Ferrão, Retratistas do Morro, Pablo Accinelli e Tunga.

Três núcleos compõem a exposição: Enlaces, Metáforas do amor e Metáforas do sexo. As obras apresentadas exploram a proximidade entre os corpos, o tesão do erotismo, o magnetismo do desejo e múltiplas representações de casais. São abordadas, ainda, elaborações metafóricas e poéticas do amor, bem como expressões ora mais cifradas ora mais explicitas do sexo.

Até 24 de maio.

Sustentabilidade e consciência ambiental.

 

Idealizado por Susi Cantarino da Galeria Metara, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, em 2023, “Do Lixo ao Luxo” terá nova edição este ano, com coquetel em 27 de março passando a se chamar “Do Lixo ao Luxo Reciclando”. Além de exposição dos artistas Osvaldo Gaia e Susi Cantarino, serão apresentadas pinturas produzidas pelos alunos da Fundação Darcy Vargas em oficinas de reciclagem, que receberão molduras reutilizadas e serão vendidas no dia da inauguração. Na abertura, haverá projeção de vídeo e fotos com registros dos alunos nas oficinas e exibição de laser com frases relacionadas ao tema proposto nas paredes do vizinho Moinho Fluminense (localizado ao lado da Metara). “Do Lixo ao Luxo Reciclando” conta com patrocínio da Integra Rio e é realizado pela empresa de produção Ayssiu, de Susi Cantarino.

“O projeto Do Lixo ao Luxo nasceu da necessidade premente de conscientizar que o descarte responsável do lixo não apenas preserva o ambiente, mas também fortalece a cultura do cuidado coletivo, concretizando-se na construção de lixeiras durante as oficinas. A cada ano viremos com novas ideias e desafios e em 2025 não será diferente. Como idealizadora e produtora, sinto uma profunda alegria ao concretizar esta segunda edição do projeto, contemplado pelo Edital Integra Rio. Temos certeza de que muitas outras edições virão, ampliando nosso impacto e propósito”, afirma Susi Cantarino. “Tudo aquilo que realizamos com convicção, paixão e potência não apenas floresce no presente, mas se expande como alicerce para os projetos que estão por vir”, conclui.

Em comum entre Susi Cantarino e Osvaldo Gaia, além de seus “objet trouvé” – feitas a partir de material de descarte – que serão expostas, está o fato de ambos terem sido premiados na Bienal de Florença: Susi Cantarino em 2005, quando recebeu o prêmio pelas mãos de ninguém menos do que o artista búlgaro Christo e Osvaldo Gaia, no IV Prêmio (ano de 2007).

Sobre as oficinas.

Artistas como Luiz Badia estarão entre os monitores das oficinas que serão ministradas no dia 21 de março, na Fundação Darcy Vargas, das 12h30 às 16h. Eles também produzirão, como na primeira edição do evento, “lixeiras-artsy” que depois levarão para suas casas, estimulando a consciência ambiental em cada família. Todo o processo de confecção será registrado in loco, bem como as aulas de reciclagem de tampinhas de metal que serão transformadas em ímãs de geladeira. Alfredo Borret ensinará aos adolescentes como produzir “ecotampas”.

A diversidade da arte popular brasileira

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta a exposição “12 Caminhos”, uma mostra que reúne o talento e a singularidade de 12 artistas de renome na arte popular brasileira. A inauguração acontece no dia 25 de março e conta com a participação dos artistas Ana Maria Dias, Cristiano Sidoti, Edivaldo, Edna de Araraquara, Enzo Ferrara, Francisco Severino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Luiz Cassemio, Mara D. Lopes e Vanice Ayres.

Cada um desses artistas possui uma abordagem única, utilizando cores, formas e composições que expressam diferentes maneiras de perceber, sentir e representar o mundo ao seu redor. Apesar de suas distintas linguagens, todos compartilham a capacidade de retratar com sutileza e sensibilidade temas ligados à natureza e ao cotidiano, transmitindo em suas obras a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro.

A exposição “12 Caminhos” convida o público a embarcar em uma viagem pelo Brasil, explorando cenários diversos inspirados nas vivências e experiências de cada artista. Com um olhar autêntico e espontâneo, os participantes da mostra revelam seu universo interior por meio de um estilo próprio e facilmente reconhecível. Embora autodidatas, esses artistas acumulam anos de experiência e experimentação, buscando constantemente o aprimoramento de suas técnicas.

Em cartaz até 30 de abril.

Exibição de Adriana Varejão em N Y, Lisboa e Atenas.

17/mar

Artista explora interação entre natureza e cultura com novas obras.

A artista plástica Adriana Varejão desembarcará com suas exposições em Nova York, Lisboa e Atenas a partir do mês de março, expandindo ainda mais o seu trabalho após quase quatro décadas. As três mostras, que se conectam, também se expandem em diferentes aspectos do trabalho da artista carioca. No Hispanic Society Museum & Library (HSM&L) de Nova Iorque, por exemplo, Varejão explora a interação entre natureza e cultura com novas obras da série Pratos e uma escultura pública; já no Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa, a artista estabelece um diálogo com o trabalho de Paula Rego, abordando temas como violência e memória; enquanto na galeria Gagosian, em Atenas, ela investiga tradições de cerâmica, da turca a de Maragogipinho, na Bahia, relacionando sua produção contemporânea a essas tradições, que diz estar cada vez mais imersa na pesquisa sobre cerâmica, azulejos e barroco.

De 27 de março a 22 de junho, a exposição Don’t Forget: We Come From the Tropics marca a primeira individual da artista em um museu nova-iorquino, com as pinturas tridimensionais da série Pratos, entre inéditas e recentes, bem como uma grande instalação comissionada na entrada da Hispanic Society. As obras resultam das pesquisas de Varejão sobre a Amazônia e propõem uma releitura crítica do cruzamento entre natureza e cultura, além de fazer referências a tradições cerâmicas de diversas partes do mundo.

Em Lisboa, em Portugal, de 10 de abril a 22 de setembro, a exposição Entre os Vossos Dentes traz um diálogo da trajetória artística de Varejão com a da renomada portuguesa Paula Rego, no Centro de Arte Moderna Gulbenkian. Distribuída ao longo de 13 galerias temáticas, a exposição, com quase cem obras, encontra pontos de convergência surpreendentes entre os trabalhos de cada uma delas, abordando temas como violência, erotismo, apagamento e memória. Com curadoria da própria artista carioca em parceria com Helena de Freitas e Victor Gorgulho, a mostra tem expografia da cenógrafa, dramaturga e cineasta Daniela Thomas.

Encerrando a sequência de exposições, Adriana Varejão realiza sua primeira individual na galeria Gagosian de Atenas, de 15 de maio a 14 de junho. A exposição reúne obras inéditas da artista em diálogo com peças de diversas tradições cerâmicas, que cruzam tempos e geografias. A mostra será dividida em quatro núcleos: o primeiro se relaciona com vasos da Grécia, o segundo com vasos de Maragogipinho, na Bahia, conhecido como o maior pólo ceramista da América Latina, com cerca de 150 olarias. Adriana visitou a cidade para investigar a produção local, cujas peças são caracterizadas pela pintura floral em tabatinga branca sobre a cerâmica avermelhada. O terceiro núcleo está relacionado com a cerâmica chinesa da dinastia Song, incluindo um incensário raro que ela pegou emprestado com o museu Benaki. O quarto traz uma relação com tradição de Iznik, da Turquia, destacando os azuis vibrantes, um traço marcante desses trabalhos. Na exposição, Varejão propõe uma reinterpretação da cerâmica como maneira de conectar o passado e o presente, resgatando os significados históricos e culturais dessa produção artística.

Tarsila na Espanha.

O Museu Guggenheim Bilbao, Espanha, em colaboração com grandes coleções internacionais, inaugurou em fevereiro uma exposição inédita de Tarsila do Amaral. O foco da mostra é a formação de Tarsila do Amaral no Cubismo e a transição para um estilo único, profundamente influenciado pela cultura brasileira.

A exposição no Guggenheim, que vai até 1º de junho, inclui um raro exemplar de “Nu cubista”, da década de 1920 – existem apenas três, todos em coleções privadas e de difícil acesso. A obra integra um conjunto da exposição sobre a formação de Tarsila do Amaral no Cubismo enquanto “escola de invenção”, fundamental para um estilo pessoal classificado pela própria artista como “brasileiro” e “moderno”.

O público, no entanto, nota na mostra a ausência de “A Negra”, uma das obras mais emblemáticas de Tarsila do Amaral, que esteve na exposição “Pintando o Brasil moderno”, no Museu de Luxemburgo, em Paris, entre outubro de 2024 e fevereiro, mas não seguiu para o Guggenheim de Bilbao.

O Guggenheim informa que “A Negra” é uma tela muito requisitada em mostras nacionais e internacionais e está no centro do novo esquema de apresentação da exposição permanente do Museu de Arte Contemporânea da USP. A mostra foca a representação do negro na arte moderna. Em novembro de 2024, enquanto esteve na capital francesa, a icônica obra de Tarsila do Amaral foi tema de dois dias de estudos sobre sua história e recepção desde a década de 1920 até aos dias de hoje.

Fonte: O Globo.

Sérgio Ferro no MAC USP.

14/mar

A produção de Sérgio Ferro documenta e desafia as estruturas de poder, evidenciando as tensões entre criação e opressão. A mostra propõe um olhar aprofundado sobre sua trajetória e as formas como sua obra dialoga com as lutas políticas e sociais; o público terá a oportunidade de explorar a produção do arquiteto por meio de documentos, maquetes, filmes e registros históricos que compõem um retrato profundo de sua trajetória. A mostra realizada no MAC USP até 15 de junho intitulada Sérgio Ferro – Trabalho Livre, mergulha na trajetória e no pensamento crítico do arquiteto, pintor e teórico cuja obra desafia as relações entre arte, arquitetura e sociedade.

Com curadoria de Fabio Magalhães, Maristela Almeida e Pedro Fiori Arantes, a exposição investiga como Sérgio Ferro desenvolveu um pensamento único sobre o trabalho, a produção artística e a arquitetura, pautado na resistência à opressão e na busca por uma prática verdadeiramente emancipada. A intersecção entre arte e política permeia sua obra, revelando a construção de uma visão crítica que atravessa diferentes campos de atuação. Desde sua participação no movimento Arquitetura Nova, ao lado de Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, Sérgio Ferro reformulou as bases da crítica arquitetônica. Sua abordagem denuncia a exploração dos trabalhadores da construção civil e propõe uma revisão estrutural da disciplina, indo além da estética e das formas para analisar a materialidade e a organização do trabalho. Fotografias cedidas pelo Instituto Moreira Salles ilustram e ajudam a contextualizar a crítica do arquiteto ao modelo de produção vigente.

O discurso do novo representado.

 

A galeria A Gentil Carioca, São Paulo e Rio de Janeiro, anuncia a representação do artista Miguel Afa. O artista vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começou sua trajetória por meio do graffiti em 2001, nas ruas e becos do Complexo do Alemão, e estudou na Escola de Belas Artes – UFRJ. Seu trabalho reflete sobre o corpo periférico, contrapondo suas adversidades e propondo uma nova leitura imagética que potencializa e valoriza o afeto. Suas obras alternam entre a sensibilidade poética e mensagens políticas diretas.

O olhar do artista transforma o que captura, dando-lhe uma aura própria por meio das cores que utiliza. Sua paleta amena não é mero recurso estético: é essencial à composição, ampliando a complexidade do que é representado. Longe de neutra, a cor é discurso e um posicionamento diante das cenas retratadas. Esmaecer não é apenas um gesto pictórico, mas um ato de lembrança e questionamento, revelando tanto o visível quanto o invisibilizado.

Em 2025, o artista apresenta uma exposição solo no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, Brasil. Em 2024, participou das coletivas “Dos Brasis”, no Sesc Quitandinha, Petrópolis (itinerância da mostra apresentada no Sesc Belenzinho, São Paulo) e “O que te faz olhar para o céu?”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. No mesmo ano, realizou a individual “ENTRA PRA DENTRO”, na galeria A Gentil Carioca. Em 2023, realiza nova exibição individual “Em Construção” e participou da coletiva “Da Avenida à Harmonia”, ambas no Instituto Inclusartiz no Rio de Janeiro, Brasil. Suas obras fazem parte de coleções de destaque, como a Jorge M. Pérez Collection.

Galeria Paulo Kuczynski inaugura nova sede.

13/mar

A Galeria Paulo Kuczynski, referência no mercado de arte brasileira desde sua fundação em 1973, anuncia uma nova fase com a abertura de sua sede ampliada e modernizada. Projetada pelo escritório Reinach Mendonça Arquitetos – RMAA, a nova galeria foi erguida no mesmo local onde o marchand Paulo Kuczynski atuou por cinco décadas com seu Paulo Kuczynski Escritório de Arte. Para marcar essa transição histórica, a galeria apresenta uma exposição inédita dedicada à obra da pintora de origem alemã Eleonore Koch (1926-2018), artista que figurou em algumas edições da Bienal de São Paulo, e única discípula do mestre Alfredo Volpi. Intitulada Não são coisas do cotidiano, só parecem, a exposição promete ser um marco na trajetória da galeria e um tributo à obra desta artista singular, cuja genialidade continua a encantar colecionadores e admiradores em todo o mundo.

Segundo o historiador de arte Giancarlo Hannud, a mostra reúne um conjunto representativo de obras que traçam um panorama da trajetória de Eleonore Koch, desde seus primeiros trabalhos até suas últimas criações. “Mais de cinquenta anos separam o óleo Natureza-morta (1949) dos primeiros trabalhos sobreviventes de Eleonore Koch, da têmpera Despedida com tulipas (2001), possivelmente sua última obra”, destaca Giancarlo Hannud. “Se em 1949 vemos os passos iniciais da jovem estudante de escultura, já em 2001 testemunhamos o refinamento máximo de sua sensibilidade técnica e emocional, lentamente depurada ao longo de ausências e solidões. Ambas as pinturas destacam sua incessante busca pelo ordenar das coisas do mundo, possivelmente como resposta à desordem ao seu redor. Enigmáticas e distantes, elas nos provocam curiosidade e reflexão sem nunca se entregarem completamente na manipulação de suas cenografias do humano.”

A relação entre Paulo Kuczynski e Eleonore Koch remonta ao final dos anos 1970, quando o galerista adquiriu sua primeira obra da artista: uma tela marcante com uma cadeira vazia e solitária, num cômodo igualmente vazio. “Tive a sorte de comprar minha primeira obra de Eleonore Koch no final dos anos 1970”, relembra Paulo Kuczynski. “A cadeira, a única protagonista da cena. Desde então, sempre que olho para a obra, me pergunto a quem essa cadeira aguardava. Quem nela sentaria?”.

Ao longo dos anos, a amizade entre eles cresceu, assim como o interesse de Paulo Kuczynski pela obra de Eleonore Koch. Entre 2013 e 2015, já debilitada, a artista fez um pedido surpreendente ao galerista: que ele “herdasse” suas pinturas e arquivos pessoais, incluindo cerca de doze telas e centenas de estudos preparatórios. Esse legado agora ganha vida na exposição que inaugura a nova galeria, celebrando a memória e o impacto duradouro de uma das figuras mais enigmáticas da arte brasileira.

Um capítulo especial desta homenagem é a parceria com a colecionadora Clara Sancovsky, cujo olhar precursor foi fundamental para difundir e valorizar a obra de Eleonore Koch. “Se há alguém que difundiu, valorizou e abriu os olhos dos colecionadores para a pintura de Lore, essa pessoa é Clara Sancovsky. Seu olhar precursor flagrou e compreendeu a delicadeza da obra da artista”, escreve Paulo Kuczynski no catálogo da exposição. É um prazer imenso contar com obras de sua coleção, possivelmente as melhores, somadas às da galeria para esta mostra-homenagem a Eleonore Koch.”.

A mostra também resgata parte significativa da história de Eleonore Koch, incluindo sua amizade com Volpi, seus anos em Londres como tradutora na Scotland Yard e sua relação com o aristocrata Alistair McAlpine, mecenas que colecionou várias de suas obras. Infelizmente, grande parte dessa produção foi perdida em um incêndio na casa de campo de McAlpine, em 1990.

A nova sede da Galeria Paulo Kuczynski não apenas celebra meio século de dedicação à arte, mas também projeta o futuro, oferecendo um espaço moderno e acolhedor para artistas e colecionadores. O projeto arquitetônico de Reinach Mendonça une funcionalidade e elegância, criando um ambiente ideal para experiências imersivas com a arte.