Trajetória de Pedro Weingärtner.

14/out

“Detrás da tela”: trajetória do artista plástico gaúcho Pedro Weingärtner é tema de evento cultural em Porto Alegre. A nova edição do programa “Roda de Cultura” leva ao Espaço HPM o pesquisador Marco Aurélio Biermann.

Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz (HPM) recebe para mais uma edição de seu  tradicional programa “Roda de Cultura”, sempre com uma conversa descontraída entre o público e figuras-chave dos mais variados segmentos. O convidado da vez é Marco Aurélio Biermann, pesquisador da trajetória do pintor e gravador porto-alegrense Pedro Weingärtner (1853-1929). Intitulada “Pedro Weingärtner por detrás da tela”, a atividade é aberta a qualquer interessado e tem entrada gratuita, porém com vagas limitadas.

“Nossa conversa terá como foco aspectos menos conhecidos da vida e obra de Weingärtner, que circulou pela efervescente cena cultural europeia da virada do século 19 para o 20, pintando na Alemanha, Itália e França”, ressalta Biermann, que há mais de 20 anos se dedica ao tema. “Ele foi o primeiro artista plástico gaúcho de projeção internacional, em uma época na qual o Rio Grande do Sul sequer tinha galerias de arte.”

 

Originais de Juarez Machado.

13/out

Juarez Machado é o artista que transforma a vida em cena. Entre pinceladas, cores e gestos, ele construiu uma das carreiras mais marcantes da arte brasileira, uma narrativa onde o cotidiano se torna espetáculo, e cada obra, um fragmento de história.

Artista de trânsito internacional, agora, parte dessa trajetória ganha vida na Galeria Dom Quixote, CasaShopping, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, através da exposição “O Contador de Histórias”, reunindo mais de 80 obras originais.

Sobre o artista.

Juarez Machado nasceu em 1941 em Joinville, Santa Catarina. Pintor, escultor, desenhista, caricaturista, cenógrafo e escritor. Aos 14 anos, trabalhou em uma oficina gráfica, no setor de produções de rótulos de remédios, embalagens e cartazes para laboratórios. Aos 18 anos Juarez Machado, resolveu explorar outras cidades, indo para Curitiba onde matriculou-se na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Logo ao se formar, realizou sua primeira individual na Galeria Cocaco, dando início a sua carreira de contínuo sucesso. Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1978 mudou para Paris, onde fez seu terceiro ateliê, mas antes, visitou Nova York, Londres, Itália, Dinamarca, Chipre, Israel e Grécia onde tomou partido dos acontecimentos do universo artístico de cada região. Ganhou o prêmio da 5ª Bienal de Arte da Itália, prêmio Cenários em Televisão, prêmio “Barriga Verde” de Artes Plásticas de Santa Catarina, prêmio Nakamori, Japão, pelo melhor livro infantil, entre outros. Sua cidade natal (Joinville), deu-lhe o título de Cidadão Honorário em 1982, e o presidente da República concedeu-lhe a Ordem do Mérito de Rio Branco, em 1990. Divide suas atividades entre a França e o Brasil.

Até 16 de novembro.

 

Intervenção artística no Museu Emílio Goeldi.

10/out

“O museu é o mundo”, anunciou o tropicalista Hélio Oiticica. 

Em “Um rio não existe sozinho”, o museu é a própria Natureza. A mostra coletiva – em parceria com o Instituto Tomie Ohtake – transforma o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, uma instituição centenária e referência na produção de ciência na Amazônia,  em um percurso de arte viva. A mostra segue em cartaz até o dia 30 de dezembro, com obras inéditas de nove artistas, e propõe uma experiência imersiva onde as obras se misturam à fauna e flora, conectando ciência, meio ambiente e arte contemporânea para ecoar vozes dos povos da floresta e a mensagem urgente de preservação da maior floresta tropical do planeta.

“Esta ilha de biodiversidade existe em um planeta em colapso. Não é escapismo, é um lembrete do que está em jogo”, afirma Sabrina Fontenele, curadora do Instituto Tomie Ohtake. “A floresta não é cenário, é sujeito político ativo e pulsante”, completa Vânia Leal, curadora convidada.

Sobre as obras e os artistas.

A mostra é o resultado de um longo processo de imersão, que envolveu viagens de pesquisa e encontros entre artistas, mestres tradicionais, cientistas, arquitetos e ativistas. “Um rio não existe sozinho” reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza, cultura e memória. Sallisa Rosa, de Goiás, traz uma instalação em barro que resgata o ciclo entre terra e água, enfatizando o cuidado essencial com os rios que nos conectam. Já Rafael Segatto, do Espírito Santo, utiliza remos e cores para criar uma cartografia afetiva que remete às memórias e espiritualidades do mar, apontando caminhos invisíveis que nos guiam. No Pará, o artista PV Dias propõe um vídeo mapping que sobrepõe imagens históricas do acervo do Museu Emílio Goeldi com registros atuais, revelando as marcas ambientais que insistimos em ignorar. Noara Quintana, de Santa Catarina, chama atenção para a fragilidade do ecossistema ao recriar espécies ameaçadas a partir de registros antigos, enquanto Elaine Arruda, também do Pará, narra em sua obra a travessia de três gerações ao longo do Rio Tijuquaquara, bordando memórias femininas na dança das marés. A crise climática ganha formas visuais nas paisagens térmicas de Mari Nagem, de Minas Gerais, que transforma dados da seca histórica de 2023 no Lago Tefé em um alerta urgente. O ativismo indígena se manifesta nas instalações de Gustavo Caboco, do povo Wapichana, que desafia nomes coloniais como o da vitória-régia para reivindicar memória e território. Déba Tacana, de Rondônia, conecta ancestralidade e futuro por meio da cerâmica e do vidro fundido, refletindo sobre direitos humanos e meio ambiente. Francelino Mesquita utiliza materiais naturais como o miriti para criar esculturas que simbolizam a luta pela preservação da floresta e os saberes ancestrais, ressaltando que, apesar da leveza da matéria, a mensagem é pesada: sem floresta, não há futuro.

 

Parceria anunciada em corepresentação.

09/out

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a corepresentação de Rayana Rayo (1989, Recife, PE) em parceria com a galeria Marco Zero, de Recife. 

A obra de Rayana Rayo nasce de processos profundamente pessoais. Suas pinturas, que evocam paisagens ou organismos vegetais, constituem um bioma próprio, que responde a experiências sensíveis e a elaborações subjetivas. Rayana Rayo parte de formas fundamentais e de uma paleta de cores rebaixada para criar fabulações em suas pinturas, das quais emergem formas que aludem a montes, ilhas, paisagens aquáticas e abissais, além de plantas, bichos e outros seres que se destacam do fundo e cintilam na superfície da tela. 

De caráter onírico, suas representações não buscam correspondência imediata com o mundo exterior. Ainda que este seja sugerido em suas formas, para a artista, a pintura se afirma como um instrumento de materialização de memórias, desejos e experiências cotidianas, ao mesmo tempo em que estabelece diálogo com a tradição artística pernambucana. “Nunca é algo dado, eu sempre faço escolhas no momento e que tem a ver com o meu momento durante a pintura. Se eu estou triste, se eu estou feliz, se eu estou querendo trazer um problema muito sério, se eu estou querendo desejar algo e intenciono esse algo. (…) E tenho também uma vontade de trazer potência para aquela materialidade. Não é só uma pintura, é um objeto que eu empodero. Então, é um pouco de mim de uma maneira energética dentro da pintura”.  

Sobre a artista.

Atualmente, Rayana Rayo apresenta Yo soy semilla, individual na galeria Travesía Cuatro, em Guadalajara, no México. Em São Paulo, a artista exibe a pintura, Descansando um pouco (2025), comissionada para a exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, com curadoria de Ana Roman e Paulo Miyada, no Instituto Tomie Ohtake. Também a convite da instituição, a artista realizou uma residência promovida pela Édouard Glissant Art Fund, na residência onde viveu o poeta e filósofo na Martinica. Ainda em 2025, Rayana Rayo realizou a exposição Nas restingas, onde sonha o coração, com curadoria de Galciani Neves, na galeria Marco Zero; além de participar da coletiva Entre colapsos e encantamentos, na Galeria ReOcupa, em São Paulo. Participou, ainda, de Surge et veni, Millan, São Paulo (2024); Invenção dos reinos, Oficina Francisco Brennand, Recife (2023); Solar nascente, Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro (2022), entre outras. Sua obra integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo e do REC Cultural, em Recife.

 

Macaparana é o novo artista representado.

A Simões de Assis São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriu, SC, anuncia a representação de Macaparana (n. 1952). José de Sousa Oliveira Filho, pintor e escultor, tornou-se mais conhecido como Macaparana, nome artístico adotado em referência à cidade onde nasceu, no interior de Pernambuco, a 120 km da capital do estado.

Sua obra se desenvolve em diferentes suportes, como papel, tela, madeira, acrílico, vidro e cerâmica. A geometria, ora reta, ora curvilínea, dá forma à triângulos, quadrados, retângulos, hexágonos e formas inventadas, que se articulam e se repetem em suas composições visuais. O artista opera a linha do desenho projetada no espaço, estabelecendo um diálogo entre o bidimensional e o tridimensional em uma geometria não rígida, influenciada por Torres García e marcada por uma abordagem espontânea e investigativa do gesto. 

Seu trabalho está presente nas coleções do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea MAC – USP, São Paulo; Museu de Arte Brasileira Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo e Fundação Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto. 

 

Festival Internacional de Arte Naif em Brasília.

Com entrada gratuita, a sexta edição do Festival Internacional de Arte Naif (FIAN) chegou à CAIXA Cultural Brasília, até 07 de dezembro, reunindo 96 trabalhos de artistas de 20 estados brasileiros e de 15 países. O termo “Arte Naïf”, de origem francesa, remete à ideia de arte ingênua, popular. Essa manifestação artística valoriza temas cotidianos e manifestações culturais em obras coloridas, frequentemente produzidas por artistas autodidatas. O FIAN se firma como um movimento de fortalecimento da estética Naïf, ainda pouco reconhecida pelo sistema formal artístico. Com um caráter não hegemônico, o festival propõe uma abertura de espaço e de discurso para artistas que retratam, com autenticidade, o cotidiano, a religiosidade, a cultura e as memórias coletivas.

A curadoria desta edição é assinada por Jaqueline Finkelstein (ex-diretora do Museu Internacional de Arte Naïf – MIMAN/RJ), Jacques Dupont (colaborador do Museu Internacional de Arte Naïf de Magog, Canadá) e Pedro Cruz (sócio fundador da Galeria André Cunha de Arte Naï, Paraty, RJ), que selecionaram os trabalhos a partir de critérios como originalidade, qualidade plástica, caráter autoexplicativo e fidelidade à estética Naïf.

Idealizado e coordenado pelo artista paraibano Adriano Dias, o FIAN já é referência no cenário artístico, reunindo nomes de diferentes gerações e países. “O festival consiste em uma plataforma de visibilidade para a arte Naïf, uma linguagem que fala de pertencimento, memória e identidade. Nosso compromisso é dar voz a essa produção que, apesar de sua força, segue invisibilizada em muitos espaços institucionais”, afirma Adriano Dias. A sexta edição do FIAN presta homenagem à artista carioca Vera Marina, radicada em Brasília e reconhecida por sua trajetória dedicada à arte Naïf. O evento de abertura foi realizado em 08 de outubro e contou com a presença de nomes nacionais e internacionais, como o venezuelano Maldonado Dias, o idealizador Adriano Dias e a homenageada Vera Marina, reforçando o caráter plural e coletivo do festival.

 

A grande aldeia cultural.

07/out

Encontro de escritores e artistas indígenas completa 20 anos e se torna um marco. O evento acontecerá no Museu de Arte do Rio e na Fundação Casa de Rui Barbosa com uma programação totalmente gratuita.

Completando 20 anos, o “Encontro de escritores e artistas indígenas” será realizado nos dias 15, 16 e 17 de outubro no Museu de Arte do Rio (MAR) e no dia 18 de outubro na Fundação Casa de Rui Barbosa. Idealizado pelo escritor e educador Daniel Munduruku, com a coordenação da professora de literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF), Claudete Daflon, em parceria com a Coordenação de Pesquisa e Políticas Culturais do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), o evento conta com a realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli) e apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa, com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio do Museu Nacional dos Povos Indígenas, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A ação tem como ponto de partida o protagonismo indígena na área cultural. A programação inclui mesas de conversas, lançamentos de livros, roda de poesia, apresentações musicais, oficinas de ilustração e atividades para crianças, tudo de graça e aberto ao público. 

“Ao completar seu 20º Encontro, queremos celebrar os muitos avanços que foram acontecendo na sociedade brasileira, o aumento numérico de escritores e artistas indígenas, a abertura do mercado editorial e livreiro, as políticas públicas que se desenvolveram a partir desse feito, os prêmios e reconhecimentos recebidos pelos autores e autoras, o virtuoso aumento de publicações universitárias trazendo a literatura como objeto de pesquisa, o ingresso do primeiro escritor indígena na academia brasileira de letras, entre outras tantas conquistas”, afirma Daniel Munduruku. 

A edição deste ano acontece ampliada, com mais participantes, e inclui atividades educativas voltadas para a formação de professores. Essa grande aldeia cultural contará com personalidades indígenas de destaque, como Gustavo Caboco, artista plástico e criador do Selo Editorial Picada; Fernanda Kaingang, advogada, escritora, arte educadora e doutora pela Universidade de Leiden-Holanda; Ademário Payayá, dramaturgo e escritor; Jaime Diakara, professor, escritor e ilustrador; Eva Potiguara, escritora; Moara Tupinambá, poeta e artista plástica; Uziel Guayné, artista plástico e escritor do Povo Maraguá/AM, as lideranças indígenas Marcos Terena, Catarina Tupi Guarani e Darlene Taukane, entre muitos outros. Na abertura oficial do evento, haverá a conferência “Vozes Ancestrais: O tênue fio entre literatura e oralidade”, com Daniel Munduruku, curador do evento, escritor, educador e fundador do Selo Uka Editoria. 

 

Bruno Novelli no Museu Inimá de Paula.

Uma narrativa visual rica e envolvente.

A Galatea tem o prazer de compartilhar que o artista Bruno Novelli (Fortaleza, 1980) fará a sua maior exposição individual, “Sol de ouro”, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, MG. A mostra, que acontece de 10 de outubro a 30 de novembro, revela o universo híbrido do artista, onde fauna e flora se fundem em 27 composições tropicais, idílicas e fantásticas.

Entre realidade e imaginação, Bruno Novelli nos conduz a paisagens imersivas que vibram em cores cintilantes, criando atmosferas de encantamento e exuberância. As obras expostas, datadas desde 2012 até produções mais recentes, seguem referências que vêm desde o bestiário da pintura medieval, do Renascimento, passando por expoentes da chamada “arte popular”, do Surrealismo e da Pop Arte.

O curador Thierry Freitas, que assina o texto crítico da exposição, escreve: “A prática de Bruno Novelli insiste na pintura como linguagem e veículo, apostando em sua capacidade de renovar imaginários e despertar novas percepções sobre nosso lugar em relação ao todo que nos envolve. Como numa experiência sensorial, suas obras nos convidam a explorar um mundo híbrido, em que a natureza não é apenas cenário, mas protagonista de uma narrativa visual rica e envolvente, na qual realidade e fantasia se entrelaçam com a exuberância da vida.”

 

Diambe exibe Echoes in the Present.

03/out

A Galeria Simões de Assis apresenta um projeto solo de Diambe na próxima edição da Frieze London, entre 15 e 19 de outubro no novo setor curado “Echoes in the Present” com curadoria de Jareh Das, The Regent’s Park, Park Square West. Esse setor busca fomentar conexões culturais entre artistas do Brasil, do continente africano e de suas diásporas.

Nascida em 1993 no Rio de Janeiro e atualmente radicada em São Paulo, Diambe desenvolve uma poética que articula escultura, coreografia, performance, pintura e vídeo, em obras que propõem a emergência de novos corpos e ambientes. Seu trabalho, atravessado por saberes diaspóricos, explora matérias vivas como tecidos, raízes alimentares e elementos vegetais, muitas vezes mimetizados em formas fabulatórias que tensionam a hierarquia entre natureza e humanidade.

Sobre a artista.

Diambe nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993, é artista, pessoa negra e não binária que vive em São Paulo. Graduou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Université Sorbonne Nouvelle e obteve mestrado em Artes da Cena na UFRJ. Seu corpo de trabalho é marcado pelo uso de matérias vivas, sendo recorrente o recurso de tecidos, raízes alimentares amefricanas, gravuras e coreografias que relacionam arquiteturas com movimentos espontâneos em elaborações plurais. Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente fabulado. Com esse processo criativo, são apresentadas criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuje o do ser humano e escape de uma ilusória situação de dominação. Atualmente se debruça em pesquisa sobre a transformação da paisagem, a diáspora alimentar e os arquivos antropológicos. 

 

Obras raras e importantes.

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade.

A mostra “Do livro ao museu” – em cartaz até 07 de dezembro – é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.

A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.

A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.

Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.

Cauê Alves e Pedro Nery

Sobre os curadores.

Cauê Alves é mestre e doutor em filosofia pela FFLCH USP. É professor do Departamento de Artes da FAFICLA, PUC-SP, e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de diversos textos sobre arte, entre eles, texto no catálogo da exposição Mira Schendel, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, e Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, Londres. É líder do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria da PUC-SP (CNPq). Entre 2016 e 2020, foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, MuBE. Em 2015, foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza e, em 2011, foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Pedro Nery é museólogo e curador. Formado em história e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo. Atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo entre 2011 e 2019 destacando as retrospectivas: Rosana Paulino Costura da Memória (2018/19) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do MAM São Paulo, e está colaborando para a implantação do Centro de Memória do museu.

Artistas.

Arthur Luiz Piza, Alberto da Veiga Guignard, Antonio Henrique Amaral, Alexandre Wollner, Candido Portinari, Carlos Prado, Emiliano Di Cavalcanti, Frans Masereel, Franz Weissmann, Fayga Ostrower, Fernand Léger, Geraldo de Barros, Hércules Barsotti, Hélio Oiticica, Henri Matisse, Iberê Camargo, Ivan Serpa, Jean Lurçat, José Antônio da Silva, José Pancetti, Lothar Charoux, Lygia Pape, Marc Chagall, Maria Martins, Manuel Martins, Marcelo Grassmann, Milton Dacosta, Mick Carnicelli, Odilla Mestriner, Samson Flexor, Sérgio Milliet, Sonia Ebling, Thomaz Farkas.