Novo espaço de arte

13/abr

 

O Ateliê 31, é o novo espaço de arte contemporânea que anuncia sua inauguração à rua México, 31, (próximo à Cinelândia), Centro, Rio de Janeiro. Sua abertura promete ser pomposa pois traz um elenco categorizado formado por 29 artistas através da exibição coletiva “Quadrantes da Miragem”.

Quando: 22 de abril (sábado), das 11h às 17h, com curadoria de Shannon Botelho e a participação de 29 artistas contemporâneos.

 

Artistas participantes

Alexandre DaCosta, Alexandre Magno, Alexandre Murucci, Alexandre Rangel, Ana Durães, Andy Garcia, Beto Fame (foto), Bhagavan David, Carolina Amorim, Chico Fortunato (foto), Esther Barki (foto), Felipe Bardy, Fernanda Lago, Herbert de Paz, Kika Diniz, Laura Lydia, Lia do Rio, Marcelo Lago, Max Olivete, Myriam Glatt, Patrizia D’Angello, Paulo Campinho, Pedro Paulo Domingues, Pedro Varella, Raimundo Rodriguez, Renata Pedrosa, Suzana Queiroga (foto), Vera Schueler e Vinícius Carvas.

 

Revisão histórica do Brasil

 

O Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, será inaugurado com uma exposição que repensa a história do Brasil a partir de obras de doze artistas negros, e uma programação de música, cinema, atividades para as crianças, oficinas e um seminário.

Os curadores Marcelo Campos e Filipe Graciano reuniram aproximadamente 40 obras, que ocuparão um espaço monumental de 3.350 metros quadrados, dos artistas Aline Motta, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Azizi Cipriano, Cipriano, Juliana dos Santos, Lidia Lisbôa, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Rosana Paulino, Thiago Costa e Tiago Sant’ana, das quais seis comissionadas especialmente para a exposição. A mostra busca ainda refletir sobre a cidade de Petrópolis, conhecida como “imperial”, e que tem uma forte memória negra.

O Café Concerto do Centro Cultural Sesc Quitandinha, amplo teatro com capacidade para 270 pessoas, vai sediar a programação de música e de cinema. Os curadores são todos negros. A curadoria de música é do cantor, compositor, violonista e poeta baiano Tiganá Santana. A mostra de cinema terá como curador Clementino Junior, cineasta dedicado à difusão da obra audiovisual racializada. O grupo Pretinhas Leitoras, formado pelas gêmeas Helena e Eduarda Ferreira, nascidas em 2008 no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, estará à frente das atividades infantis, que serão feitas na Biblioteca do Centro Cultural. Para ampliar a percepção do público das obras expostas, haverá oito oficinas e laboratórios, nos salões da exposição e nas Varandas. Flávio Gomes, pesquisador do pensamento social e da história do racismo, da escravidão e da história atlântica, será o curador das ações da linguagem escrita, literária e oral paralelas à exposição. Estão também sendo programadas performances com grupos artísticos da região.

No dia 15 de abril, às 19h, haverá um show de Juçara Marçal.

 

Revisões históricas no Brasil

O curador Marcelo Campos diz que passou a observar “o modo como os artistas negros lidam com o período das navegações”. “Este trauma, esta tragédia de nossa sociedade, exibidos nas documentações de maneira normalizada, com ilustrações de grilhões, correntes. Junto com os artistas, pensamos em como lidar com isso”, diz. “De que modo a arte lida com o imaginário do trauma da escravidão, da diáspora”. Ele menciona as pesquisas feitas pelo sociólogo inglês Paul Gilroy, estudioso da diáspora negra, e autor do livro “Atlântico negro” (1993), tema presente nos trabalhos, e lembra que a artista Rosana Paulino, em conjunto de trabalhos de 2016, chamou de “Atlântico vermelho”, em alusão a Gilroy, evocando a violência da escravidão e seus desdobramentos até os dias de hoje. Marcelo Campos conta que em aulas, bibliografias e várias ações, há “importantes revisões históricas no Brasil, com a inclusão de autoras e autores negros”. Enquanto nos anos 1990 os afro-americanos já “iam direto na ferida”, observa, no Brasil as iniciativas eram isoladas. As políticas públicas dos últimos 20 anos, entretanto, com as cotas para estudantes negros, “em que a UERJ foi pioneira”, e a penetração das universidades no interior do país, como Cariri e Recôncavo Baiano, propiciaram a que os negros passassem a ter acesso às diversas áreas de conhecimento. “Esta pressão obrigou a academia e os espaços de arte a se modificarem”. Dos doze artistas convidados, seis foram comissionados para criarem trabalhos especialmente para a exposição: Azizi Cypriano, Juliana dos Santos, Moisés Patrício, Pedro Cipriano, Thiago Costa e Tiago Sant’ana. O título “Um oceano para lavar as mãos” é retirado de um verso da música “Meia-noite”, composta por Chico Buarque e Edu Lobo para a peça “O Corsário do Rei” (1985), de Augusto Boal. “Este verso sempre me chamou a atenção na música. A ideia de limpar – que pode ter sentido de cura, de purificação, presente em obras como as de Ayrson Heráclito – ou de não se fazer nada a respeito”.

 

Petrópolis: Uma cartografia negra

Marcelo Campos destaca que a exposição busca também “repensar a cidade de Petrópolis”. Conhecida como cidade imperial, Petrópolis tem uma cartografia de presenças negras, tendo abrigado quilombos em várias regiões do município: Quilombo da Tapera, no Vale das Videiras – com uma comunidade quilombola reconhecida pela Fundação Palmares em 2011 – Quilombo Manoel Congo, Quilombo Maria Comprida, Quilombo da Vargem Grande, e, de acordo com pesquisadores, também no local onde em 1884 foi construído o Palácio de Cristal, no Centro.

Filipe Graciano, arquiteto e urbanista, idealizador do Museu de Memória Negra de Petrópolis, e coordenador de Promoção da Igualdade Racial do Município, conta que a expografia vai salientar a ideia de encontros contida nos múltiplos significados que a palavra oceano traz. “Independentemente de nossa história de apagamento, nosso país se revigora com a presença negra. Além do trauma e da tragédia impostos aos negros, o oceano traz uma perspectiva de encontro, de afeto, cura, cuidado e resiliência”, explica. “As obras dos artistas refletem este encontro de várias culturas, a diversidade cultural da África, na criação dessa memória que atravessa a vida como ela é”. Para ele, a exposição “revisita este apagamento, esses riscados que repensam e refazem essa memória, essa presença”. “A monumentalidade do espaço do Centro Cultural Sesc Quitandinha vai ao encontro da monumentalidade da existência negra no Brasil”, observa. Graciano assinala a importância do olhar curatorial negro, com artistas negros, para contar “outra história, que não a única no Brasil”. “A potencialidade das mãos, de lavar a história”. “A exposição é quase um ato de reparação histórica”, afirma, observando que o trabalho educativo dará uma contribuição para “repensar a memória da cidade”.

 

O jogo conceitual de Mano Penalva

A exposição individual de pinturas, objetos e esculturas de Mano Peralva encontra-se em exibição até 29 de abril na Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP.

Em Cumeeira, Mano Penalva permanece atento ao que constituiu suas pesquisas e seus interesses. O mercado de pulgas, os mercados populares e, sobretudo, o comportamento sociocultural que dota de sentidos e afetos o que se encontra em desuso. O próprio termo “cumeeira” define interesses de épocas remotas, nas quais festas e rituais de inauguração das casas eram noticiados pela imprensa. O rito, de outros modos, ainda é feito ao se erigir a parte mais alta dos telhados. A festa da cumeeira, cantada internacionalmente por Tom Jobim, não é senão o churrasco da laje, o cozido, o mocotó, que muitas vezes acompanham a ação coletiva (os mutirões) e que caracterizam as autoconstruções (método de edificar casas com a ajuda da família, dos amigos, da vizinhança). De modo ampliado, também entregamos as cumeeiras a santos protetores e orixás.

Na exposição, Penalva observa e compõe tramas, as mais variadas. Achas e varetas de madeira se empilham em construções, couros de tambores são costurados lado a lado, palhinhas são arrematadas por um tecido de crochê de juta. A casa prevalece ao ambiente externo, à própria rua e, nos detalhes, vai nos conduzindo aos sinais de um trabalho inútil. Na arte, a chamada “vontade construtiva” também se dedicou a pensar esses gestos – a junção de planos, o equilíbrio de matérias -, muito mais pautada pelos módulos industriais que regiam a ideia de progresso. O Brasil gerou, com isso, uma perigosa limpeza étnica em obras que, muitas vezes abstratas, abriram mão justamente das culturas populares de tradições negras, indígenas e caboclas que Mano Penalva reinstaura. Por outro lado, não seria propriamente a ideia de popular que estaria em jogo. Antes, pensemos que lugares conceituais vão mantendo os gestos do artista como um pensamento que invoca outras sensações, outros sentimentos.

Em “Afinados” (2018), dois machados de madeira quase coincidem, como no amor, na dualidade nem sempre correspondente a um tempo partilhado. “Quebra sol” (2022) e “Arrimo” (2023) já nos colocam diante da multicultural tradição dos muxarabis árabes, reelaborados pelos brises e cobogós da arquitetura moderna, mantidos por peneiras das tradições da cestaria indígena. Ali, o que pode parecer obstáculo se organiza de modo malemolente, se mexe, dança com o vento ou com a interação humana. Ainda assim, o exercício geométrico se mantém em franco diálogo com a história da escultura brasileira, com os aprendizados concretos e neoconcretos.

Para além dos interesses pelos gestos populares, pelas manufaturas em desuso e pelos ornamentos da casa, vemos, em Cumeeira, um uso elaborado, quase literário, de metáforas visuais. Os couros redondos dos tambores são chamados de “Pérolas” (2022). A paisagem, por exemplo, se mostra como mote associativo quando um tecido azul com duas argolas pendentes ganha o título de “Chuva” (2023). Um molde de palhinha em formato aproximado a um chapéu, acrescido de pingentes de cortina é nomeado: “Arlequim” (2022). Aqui, o tom da poesia de Mano Penalva nos coloca em sensações de nostalgia e reminiscência, em um jogo conceitual romântico que convoca as memórias deixadas em pedaços nas casas vazias – memórias que ganham vitalidade ao enfrentarmos os vazios das mudanças.

Marcelo Campos

 

A obra de Athos Bulcão no Farol Santander

11/abr

Considerado como um artista completo, o Farol Santander exibe pela primeira vez em Porto Alegre, RS, obras de Athos Bulcão. Seus trabalhos percorrem áreas múltiplas como o desenho, pintura, painéis, design de superfície, murais, vestimentas e paramentos litúrgicos. Sua grande marca é a integração da arte na Arquitetura, como os muros escultóricos do Congresso Nacional e também do Hospital Sarah Kubitschek.

A exposição Athos Bulcão traz um recorte de sua extensa obra. Mais de 160 obras podem ser visitadas no mezanino do prédio e também na área externa, resultando uma ampla imersão e rica experiência para o público. O conjunto destaca pinturas, projetos e desenhos, peças gráficas, painéis de azulejos, fotomontagens, máscaras e objetos do período de 1940 a 2000. Três jogos de diferentes padrões de azulejos, estão em uma das salas do mezanino, e permitem que o público tenha a experiência de criar sua própria obra de arte. Na área externa, dois cubos com fachadas de azulejos de diferentes cidades do Brasil e do exterior, convidam o público para conhecer o trabalho de Athos no interior do Farol Santander indo ao encontro que dizia o próprio artista, “a arte existe para impactar, para provocar as pessoas”. O legado doado pelo artista está preservado na Fundação Athos Bulcão, em Brasília. Este acervo inclui as criações de ateliê – desenho, pintura, gravura, fotomontagem, objetos, o trabalho gráfico em jornais, revistas, livros e capas de discos. Athos Bulcão se destacou em seu diálogo direto com a Arquitetura, porém, sua obra vai muito além.

A curadoria da exposição Athos Bulcão é de Marília Panitz e André Severo e a produção é de Daiana Castilho Dias, presidenta do IPAC- Instituto de Pesquisa e Promoção da Arte e Cultura.

 

Sobre o artista

Nascido no bairro carioca do Catete em 1918, Athos Bulcão seguiu o roteiro obrigatório daquela época para jovens ricos ou de classe média, estudar Medicina, Engenharia ou Direito. No seu caso, ficou com a primeira opção, mas abandonou o curso em 1939 para se dedicar à arte. Em 1948 recebeu uma bolsa de estudos do Governo Francês e foi estudar em Paris. Retornou ao Brasil em 1949, e em 1952 foi admitido no serviço de documentação do Ministério da Educação e Cultura, e mais tarde passou a colaborar em projetos do arquiteto Oscar Niemeyer, com quem fez parceria nas obras de construção de Brasília e também com o premiado arquiteto João Filgueiras Lima. Em 2018, uma grande exposição em Brasília foi organizada para marcar os 100 anos do artista, que teve a capital da República como o principal cenário de suas obras monumentais. O artista faleceu aos 90 anos, vítima do Mal de Parkinson, em Brasília, DF, em 2008.

Mourão na Casa França-Brasil

 

Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Peixoto, a exibição individual “Lugar Geométrico”, de Raul Mourão, abriu a programação 2023 da Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, reunindo trabalhos em diferentes escalas que exploram as relações com a arquitetura histórica do prédio a partir das dicotomias entre dentro e fora, cheio e vazio, público e íntimo, instável e estável.

Na mostra, Raul Mourão recria o ambiente de seu ateliê, com quatro esculturas cinéticas grandes, de até 5 metros de altura, além de desenhos e aproximadamente 40 maquetes de suas esculturas, entre 20 e 30 cm cada uma. O título da exposição, “Lugar Geométrico”, inspira-se em um conceito da geometria analítica para propor reflexões sobre as questões de pertencimento que atravessam a arte contemporânea, tomando as formas e linhas como ponto de partida. Para isso, a exposição traz trabalhos que exploram o movimento pendular em esculturas de ferro da série “Rebel”, com destaque para duas obras em grande escala criadas pelo artista em 2020 que ocupam o grande átrio central da Casa França-Brasil. Além disso, um dos salões laterais, apresenta maquetes e estudos de trabalhos já realizados e de séries ainda em desenvolvimento, transmitindo a sensação de uma visita ao ateliê e propondo ao público uma experimentação íntima do processo de criação do artista. “Na sala menor a curadoria optou por apresentar uma espécie de visita ao ateliê. Decidimos então reunir num mesmo espaço desenhos de diferentes técnicas e formatos, fotografias, pinturas, um vídeo e um conjunto de 36 maquetes que nunca havia sido  mostrado anteriormente. Essa montagem meio caótica, onde vários meios (por vezes antagônicos) convivem, remete ao ambiente e às experiências que vão acontecendo e se sobrepondo cotidianamente no ateliê”, diz o artista. “Em meio ao turbilhão de imagens e ideias da contemporaneidade Raul Mourão cria, constrói e ressignifica a essência construtiva na arte. Liberta de seus compromissos utópicos, a geometria se afirma como síntese de um discurso poético que acentua a atemporalidade da criação artística. Nesse encontro entre a objetividade do cálculo e a surpresa das poéticas dos movimentos pendulares, a produção de Raul Mourão dialoga de maneira impactante com a arquitetura da Casa França-Brasil e acentua a potência criativa do artista”, complementa Marcus de Lontra Costa, que divide a curadoria com Rafael Fortes Peixoto.

 

Abre Alas 18

 

Visita especial + Bate-papo

A Gentil Carioca compartilha com muita alegria a publicação do “Abre Alas 18”, concebida por Liliane Kemper. Para celebrar e dar um abraço final na última semana de exposição no Rio de Janeiro, convida a todes para uma visita especial e bate papo com a presença de artistas, curadoras e galeristas. O evento acontece nesta quarta-feira, 12 de abril, na sede da galeria no Rio de Janeiro.

Abre Alas 18: Aline Brant, Ana Bia Silva, Ana Mohallem, Andy Villela, Anna Menezes, Alexandre Paes, Ariel Ferreira, Augusto Braz, Benedito Ferreira, Camila Proto, Celo, Clara Luz, Cyshimi, Daiane Lucio, Dariane Martiól, Denis Moreira, Érica Storer, Genietta Varsi, Luiz Sisinno, Mapô, Marina Lattuca, Mônica Coster, Newton Santanna, Rafael Vilarouca, Raphael Medeiros, Rebeca Miguel, Rose Afefé, Vulcanica Pokaropa e Yanaki Herrera.

 

Curadoria: Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri.

 

 

 

O êxito de Beatriz Milhazes

06/abr

 

A National Gallery, o sétimo museu do mundo a receber mais visitantes, adquiriu “Romântico americano” (1998), de Beatriz Milhazes, que vai integrar a partir de agora o acervo da instituição. Outras instituições como Museum of Modern Art (MoMA), Centre Pompidou, Solomon R. Guggenheim Museum e Museo Reina Sofia também têm obras de Beatriz Milhazes em suas coleções. Beatriz Milhazes fez este trabalho usando uma técnica de “monotransferência”, um processo de colagem envolvendo elementos pintados presos à tela. O título da obra faz alusão ao período romântico nas artes do início do século XIX, quando o Brasil era colônia de Portugal, ao mesmo tempo em que afirma a presença do Sul Global no uso da palavra “América.” Em “Romantico americano”, Beatriz Milhazes pintou e aplicou formas geométricas multicoloridas, arabescos pulsantes com flores drapeadas e contornos sugestivos de rendas coloniais sobre fundo coral. As flores evocam o Jardim Botânico do Rio de Janeiro próximo ao ateliê da artista, assim como antigas ideias de feminilidade e associações com o corpo feminino. As obras de Beatriz Milhazes, uma das mais celebradas artistas contemporâneas do Brasil, revelam seu profundo envolvimento com a complexa história colonial de seu país natal, caracterizada pelo encontro das culturas indígena, africana e europeia. Seu trabalho também traz formas visuais relacionadas às artes vernáculas do Brasil, como cerâmica e têxteis, em diálogo com aqueles que extraem da tradição da abstração modernista. Sua assinatura são círculos de cores vivas e formas curvilíneas que se sobrepõem e se cruzam com formas orgânicas e motivos florais.

 

Sobre a artista

A carreira de Beatriz Milhazes começou em 1980, quando ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro, estudando com o artista escocês Charles Watson. Em 1984 participou da exposição “Como vai você, Geração 80?”. Ao longo de sua carreira, Beatriz Milhazes recebeu encomendas para uma série de obras arquitetônicas de grande porte: uma série de formas de vinil para o exterior da loja de departamentos Selfridges em Manchester, Reino Unido (“Gávea”, 2004); 19 composições para os arcos da estação Gloucester Road do metrô de Londres (“Peace and Love”, 2005); quatro imagens murais para o projeto Murals of La Jolla (“Gamboa Seasons”, 2021, baseado em quatro pinturas acrílicas sobre tela de 2010); e, mais recentemente, um mural de mosaico cerâmico e um mural pintado no New York-Presbyterian Hospital (“Tuiuti e Paquetá”, 2018).

 

 

Grafismo corporal com Kawakani Mehinako

 

Pinturas de Grafismo, símbolo dos artefatos e artesanias que partem da cosmovisão dos povos originários do XINGÚ. Nessa intervenção, as famílias serão convidadas a terem contato com os grafismos, símbolo de proteção e força para os povos da floresta. As pinturas serão feitas com jenipapo para os adultos e com tintas coloridas, atóxicas e laváveis para as crianças. Durante a oficina, Kawakani Mehinako compartilhará saberes sobre usos, costumes e significados dos grafismos pintados no corpo. A atividade conta com produção da artista têxtil Clarissa Neder.

 

Sobre o artista

Kawakani Mehinako veio da Terra Indígena do Alto Xingu estudar em São Paulo, em 2019. Em sua estada em São Paulo vem compartilhando um pouco de sua cultura e de seus saberes. Ministra oficinas e cursos em diversos espaços culturais como o Museu indígena, Instituto Moreira Sales onde trabalha atualmente no projeto Leituras da Exposição Xingu Contatos.

 

Data: 08 de abril, 2023

Horário: 15h

Atividade presencial, para crianças a partir de 3 anos, acompanhadas de suas(eus) responsáveis. Inscrições com 30 minutos de antecedência com o MAM Educativo na recepção do museu. Para intérprete de Libras ou audiodescrição, solicitar pelo e-mail educativo@mam.org.br com até 48h de antecedência. Essa atividade faz parte do programa Família mam.

 

 

Exposição no Recife

 

O artista Bruno Fish inaugurou sua primeira exposição individual, no Museu Murillo La Greca, Parnamirim, Recife, PE. A mostra, que fica em cartaz até o dia 02 de junho, se chama “Cerâmicatomicamente” e apresenta 28 obras, entre esculturas e pinturas, criadas nos últimos 6 anos. São 14 quadros e 14 peças em cerâmica que, de acordo com a produção do evento, carregam influências surrealistas e regionais do artista. Nas obras, são retratados peixes, lobos, primatas, com cores vibrantes e uma fusão com a forma e os hábitos humanos.

O nome da exposição, “Cerâmicatomicamente”, faz referência ao processo que a cerâmica passa quando submetida à alta temperatura e também ao alcance sem fronteiras da mente. A curadoria é de Felipe Campelo.

 

 

Paulo Monteiro no Instituto Ling

 

A mostra “Paulo Monteiro: Linha do Corpo” fica em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, até 17 de junho, com visitas livres de segunda a sábado e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site. O público poderá conferir ao todo 67 obras, criadas de 1990 até 2022. Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

 

Paulo Monteiro: Linha do Corpo

Esta exposição traz trabalhos de um segmento decisivo na obra de Paulo Monteiro, subsequente a um período de imersão na pintura, no sentido extremo do Expressionismo Abstrato e da Transvanguarda a que aderiu nos anos 1980-90 com o grupo Casa 7, que agitou essas décadas. Já então, a afinidade com as “caricaturas pictóricas” de Philip Guston e sua produção de quadrinhos denunciava a paixão pelo traço. Esta série de desenhos em grafite, os guaches, as peças de parede, as esculturas e as “pinturinhas” recentes assinalam um deslocamento, partindo daquela urgência e excesso expressivo para uma meditação gráfica: um recuo abrupto ao silêncio da linha. O desenho, em sua nudez de efeitos, é aqui o meio para refazer uma gênese, uma decantação da forma como grafia do movimento. Um traço incerto, que ora desliza, ora resiste expondo rebarbas da fricção com o papel. Um passo aquém para ganhar distância, meditar aquele fazer, autenticá-lo. O empasto anterior se torna rarefeito; a efusão converte-se em absorção, a ponto de se reduzir a elementaridades. O papel branco e o grafite preto que o sulca; a massa de argila (depois fundida em metal) que se erige num breve movimento (achatar, cortar e torcer): um mesmo pequeno gesto. A arte torna-se sua reflexividade; desenho mental, percurso errático do desejo. Dobra-se sobre si mesma, abstrai, duplica-se e sonha outros espaços. Instável, volta a desmoronar na massa amorfa. Mas o traço deve conter-se, descolar dos contornos, abstrair para avançar no espaço e, então, aventurar-se. Foi preciso despir-se de toda “coloração”, concentrar-se no gesto elementar, para, enfim, acessar esse núcleo poético que, desde então, perpassa toda a obra. Uma tensão limite entre a mobilidade e a leveza da linha e o peso das massas escultóricas, que nunca se consolida em “boa forma”, mas se articula numa ambiguidade pulsante, esculpindo corpos nas superfícies.

 

Virginia H. A. Aita

 

Sobre o artista

Conhecido como um dos nomes expoentes da geração surgida nos anos 80 no Brasil e tendo participado do notório grupo Casa 7, Paulo Monteiro desenvolveu ao longo das últimas décadas um extenso, coeso e vibrante corpo de trabalho, marcado por uma vontade profundamente particular, mas cuja capacidade de articulação aspira à linguagem universal. Suas pinturas e esculturas atravessam as influências recolhidas da transição do expressionismo abstrato para o neoexpressionismo e do minimalismo para elaborar estados de espírito e situações radicais em suas manifestações mais espontâneas. Baseado na síntese, o núcleo de sua pesquisa se encontra na natureza da conformação da matéria, que se estica em linhas, esparrama-se em marcas gráficas, demarca relevos, cortes, torções, dobras e desmanches, sempre em exercícios marcados pela combinação de delicadeza e rigidez.

A simplicidade de seus gestos não reduz o disparo de múltiplas experiências. Muito pelo contrário, aponta para uma ambiguidade, tão determinada quanto bem-humorada. Sua obra pode ser encarada a partir de aspectos do pensamento metafísico, mas também em diálogo com noções de coreografia e dança, ventilando questões a respeito do deslocamento, das medidas de distância e dos limites que delineiam o que entendemos como dentro e o que especulamos como fora. São manifestações que lidam, sobretudo, com o estado contínuo de transformação das coisas; e com a consciência que nos permite manter-nos sempre abertos para a chegada de novas imaginações. Seu trabalho integra inúmeras coleções permanentes, incluindo: MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC-SP (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

 

Sobre a curadoria

Virgina H. A. Aita, possui breve incursão pelas artes nos anos 1990 e mestrado e doutorado em Filosofia, especializou-se em filosofia moderna, estéticas anglo-americanas e Arthur C. Danto. Estudou Filosofia e História da Arte na Universidade de Columbia (Barnard College, NY), onde realizou seu pós-doutorado em Estética entre 2015 e 2016, e participou de cursos temporários na School of Visual Arts. Lecionou na UFRGS, na UFBA, na Casa do Saber (SP) e no Instituto Ling. Atuou como curadora na Fundação Iberê Camargo e em projetos independentes, produzindo textos na área de filosofia e crítica de arte. Recentemente coorganizou o IV Seminário Estética e Crítica de arte da FFLCH-USP (“Sentidos na Asfixia”), onde faz pós-doutorado e integra grupos de pesquisa em estética.