Visita mediada na Z42 Arte.

22/out

No próximo dia 26 de outubro, às 17h, a artista Fernanda Leme, o curador Alexandre Sá e a crítica de arte Marisa Flórido farão uma visita mediada na exposição “Monstros”, que pode ser vista até o dia 31 de outubro, na Z42 Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, que traz um panorama dos onze anos de trajetória da artista, são apresentadas cerca de 80 pinturas, a maioria delas inéditas, que discutem a pintura e a fotografia na contemporaneidade. Partindo de sua própria vida, a artista debate, através de suas obras, questões que são comuns a todos, como a sociedade líquida em que vivemos, a fugacidade das imagens, o luto, as perdas e a saudade. “A exposição é uma crônica da nossa época, um trabalho de memória e de imagem”, conta a artista.

Filha da jornalista Lúcia Leme (1938-2021), a artista cresceu em uma família de mulheres fortes e empoderadas e seu trabalho reflete isso. O nome da exposição, “Monstros”, foi retirado da pintura homônima de 2013, que integra a exposição. Nela, uma pessoa aparece capturada por dois homens encapuzados e cercada por anjos e diabos. “O título da exposição, consideravelmente irônico, nos pergunta em que medida a monstruosidade angustiada de captura do presente nos sufoca e enjaula em uma fantasia de liberdade, nos questionando inclusive, sobre a monstruosidade do próprio legado da pintura na História da Arte”, ressalta o curador.

A arte sofisticada de Rodrigo de Haro.

18/out

O Instituto Collaço Paulo preparou mais uma das suas surpreendentes exposições. Trata-se da mostra “Máscara Humana”, com obras do artista plástico, pintor e muralista Rodrigo de Haro (1939-2021), na sede do Instituto, Bairro Coqueiros, Florianópolis, SC. Um artista sofisticado cuja curadoria traz a assinatura de Francine Goudel.

“Máscara Humana” é o título da exposição que dá visibilidade a um expressivo núcleo da Coleção Collaço Paulo. São 80 pinturas e desenhos e 25 objetos que pertenceram ao artista, um erudito, célebre, autor de uma produção extensa em artes visuais, além de inúmeros livros que o consagraram como poeta.

A mostra propõe uma incursão na produção de Rodrigo de Haro criada entre meados da década de 1960 e o começo dos 1980. A máscara humana conduz as ideias de Rodrigo de Haro e resulta como uma metáfora para o palco dos humanos, uma produção que, entende a curadora, aponta “um tecido social mítico e fantasioso”, com figuras andrógenas, femininas, ambíguas, desenhos e pinturas em que transparecem sexualidade, liberdade, instinto, espiritualidade.

A exposição permanecerá em cartaz até abril de 2025.

Fonte: Marcos Espíndola.

Destaque na Ricardo Camargo Galeria.

A Ricardo Camargo Galeria apresenta a exposição “Alcides: arte naif, art brut, arte espontânea, arte contemporânea, todas inclusive”, do artista baiano Alcides Pereira dos Santos (1932-2007). A mostra reúne 16 obras inéditas da coleção do marchand Roberto Rugiero (1942-2020), adquiridas no início dos anos 2000. As obras abordam temas centrais da produção de Alcides, como a natureza e a espiritualidade, e transitam entre a arte naif e a art brut, posicionando-o como um nome singular na arte contemporânea brasileira.

Nascido em Rui Barbosa, na Bahia, migrou para Mato Grosso, onde se estabeleceu em Rondonópolis. Sua carreira artística ganhou força na década de 1970, quando ingressou no Atelier Livre de Cuiabá, coordenado por Aline Figueiredo e Humberto Espíndola. Sob a orientação de Dalva de Barros, o artista desenvolveu um estilo próprio, utilizando materiais inusitados como fragmentos de vidro e tapetes, aproximando-se da estética da art brut.

Roberto Rugiero, importante defensor da obra de Alcides Pereira dos Santos, destacou a originalidade do artista, observando que sua pintura ultrapassa os limites da arte popular tradicional, com uma abordagem minimalista e contemporânea. Roberto Rugiero ressaltava que sua arte oferece uma visão profunda da cultura e da espiritualidade brasileiras, em diálogo com correntes diversas, como a art brut e a arte espontânea. Em 2007, Alcides Pereira dos Santos participou de sua única exposição individual na Galeria Estação, em São Paulo. Compareceu em cadeira de rodas à abertura, falecendo três dias depois. Sua trajetória, marcada por uma vida simples e distante do mercado convencional, conquistou críticos renomados como Frederico Morais e Aracy Amaral. A parceria entre Ricardo Camargo e Roberto Rugiero, iniciada nos anos 1970, foi fundamental para a promoção de artistas espontâneos no Brasil. Após o falecimento de Roberto Rugiero, sua filha Fedra deu continuidade à seleção das obras de Alcides Pereira dos Santos que compõem esta exposição, consolidando o legado do artista e reafirmando sua relevância no cenário da arte contemporânea nacional.

Duração da exibição: de 22 de outubro a 14 de novembro.

Exposição coletiva no Museu Histórico.

O Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Parque da Cidade, Gávea, apresenta a exposição coletiva “O mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres” com curadoria de Fabricio Faccio. A exposição explora a relação entre Arte e Natureza, propondo uma reflexão sobre as conexões entre o humano e o não-humano, e como as práticas artísticas podem ser usadas para repensar o futuro do planeta. Participam da mostra 36 artistas contemporâneos: Aiyon Chung, Alexandre Pinheiro, Aline Mac Cord, Ana Holck, Ana Miguel, Athos Bulcão, Bernardo Liu, Carlos Zilio, Carolina Kasting, Cela Luz, Diogo Bessa, Duda Moraes, FOGO, Galvão, Jade Marra, Jeane Terra, Jorge Cupim, Lourdes Barreto, Luis Moquenco, Luiz Eduardo Rayol, Luiza Donner, Marcelo Jou, Maria Gabriela Rodrigues, Matheus Mestiço, Matheus Ribs, Mirela Cabral, Nuno Ramos, Paulo Agi, Pedro Varela, Rena Machado, Ruan D’Ornellas, Thales Pomb, Vera Schueler, Vinícius Carvas, Willy Chung e Zilah Garcia. Na abertura, a artista Carolina Kasting fará a performance “Amar-u: corpo-expandido ciborgue”.

A exposição tem o seu título extraído do poema “Tabacaria” de Fernando Pessoa. Através de uma seleção cuidadosa de obras entre desenhos, esculturas, pinturas, instalação, performance e objetos, a exposição instiga o público a repensar suas relações com o ambiente, ressaltando a arte como uma ferramenta poderosa para imaginar novas possibilidades e caminhos para um futuro mais sustentável e harmonioso.

Até 05 de janeiro de 2025.

Rob Wynne pela primeira vez no Brasil.

16/out

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP,  apresenta até 09 de novembro “Always Sometimes” (sempre às vezes), a primeira exposição do artista visual Rob Wynne no Brasil. Conhecido mundialmente por sua pesquisa que combina a complexidade da semântica com a maleabilidade do vidro, o artista norte-americano traz para o Brasil um conjunto de 14 obras inéditas, que demonstram, sobretudo, a essência poética de sua obra, construída ao longo de mais de 50 anos de carreira. A mostra conta com a colaboração do consultor de arte e fundador da Kreëmart, Raphael Castoriano

Principal componente de “Always Sometimes”, o vidro tem sido utilizado por Rob Wynne como um fio condutor para explorar as facetas da linguagem e da abstração. Ao longo dos anos trabalhando com esse material, o artista foi adentrando caminhos mais livres e espontâneos, possibilitando cada vez mais quebrar as regras e tradições que envolvem produção em vidro. Para o artista, esses processos são os grandes protagonistas, já que organicamente ditam a direção das formas, sejam elas abstratas ou não. Como em alguns trabalhos da exposição, as obras “Phantom” (2024), “DayDream” (2023) e “Outlook”(2023) demonstram como as gotas de vidro derramado tomam forma, para então serem combinadas no espaço em sedutoras e cintilantes explosões cósmicas.

Itinerância em Fortaleza.

15/out

Pela terceira vez, a Fundação Bienal de São Paulo leva sua itinerância para Fortaleza, em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Até o dia 10 de novembro, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, recebe a seleção de catorze participantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.

Segundo a superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Helena Barbosa, receber uma itinerância da Bienal de São Paulo, mais uma vez, reforça a importância e a qualidade do Museu de Arte Contemporânea no circuito das artes visuais.

A itinerância

Entre os artistas que desembarcam na capital cearense estão Denilson Baniwa, um dos curadores da exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, atual representação brasileira na Bienal de Veneza; Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade como sujeito e objeto; e Nontsikelelo Mutiti, responsável pela concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) apresenta uma tradução visual dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. Já Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, é homenageado com obras que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral. A mostra também inclui o trabalho de Katherine Dunham, pioneira da dança moderna que integra tradições africanas e caribenhas, e o filme SHAKEDOWN (2018) de Leilah Weinraub, que documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles. Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, também marca presença com o filme Meditation on Violence (Meditação sobre a violência) (1948), que explora a dança e a temporalidade. Outros artistas como Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed e Nikau Hindin trazem para a mostra trabalhos que dialogam com a especificidade de suas culturas e tradições, oferecendo perspectivas críticas sobre colonialismo, diáspora e identidade.

Participantes

Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Nontsikelelo Mutiti, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.

Cosme Martins apresenta pequenos formatos.

A exposição “Traços e Cores” chega ao Capitu Café, local onde viveu Machado de Assis no Bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. O artista plástico Cosme Martins apresenta 25 obras de sua mais recente produção em pequenos formatos que inaugura no dia 19 de outubro, no Espaço Alienista. As novas composições de traços e cores são apresentadas ao público como um desafio  do artista, acostumado a trabalhar em grandes formatos, inovar e trazer para a exposição em suportes bem menores do que os de costume, sob a curadoria de Renata Costa.

A longa trajetória do artista pelas artes visuais denota a necessidade de constante recriação da própria obra. A passagem pelas várias fases da carreira alimenta a necessidade de investigação do novo, tendo iniciado pelas imagens figurativas, pela representação da azulejaria maranhense, bem como da fase marcante das “Favelas”. O artista constantemente busca novas técnicas e materiais que esteticamente contribuem para a construção de obras que aguçam a curiosidade do espectador em relação ao processo de criação. A linguagem artística tem início na pintura e o desenvolvimento do processo criativo percorre o caminho da escultura no plano vertical das superfícies de paredes e agora é apresentada em pequenos formatos.

A inquietude produtiva e a liberdade criativa levam ao desenvolvimento do abstracionismo do artista, trazendo à tona a ideia de Marcel Duchamp de que “…o espectador faz o quadro”, deixando claro que o apreciador da obra vê com os próprios olhos e não pelas intenções de seu autor, dando assim à obra uma diversidade de interpretações.

A exposição permanecerá em cartaz até o dia 30 de outubro.

Flavio-Shiró na Pinakotheke Cultural.

14/out

A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abrirá para o público no dia 21 de outubro a exposição “Flavio-Shiró, 96 anos, presente”, que celebra a trajetória do grande artista nipo-brasileiro Flavio-Shiró nascido no Japão em 1928, e que veio aos quatro anos de idade com a família para o Pará. Em celebração ao grande artista nipo-brasileiro, nascido em Sapporo, na ilha de Hokkaido, no Japão, e que se divide entre Paris e Rio de Janeiro, a mostra, com curadoria de Max Perlingeiro, traz um raro conjunto de suas pinturas seminais, desde a década de 1940, revelando suas experimentações que optavam pelo expressionismo, e o pioneirismo, no início dos anos 1960, na pintura abstrata “…dedicada ao informe, ou seja, ao rastro gestual dificilmente reconhecível ou categorizável”, como observa Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake.  Em outras salas da exposição, estão aproximadamente 50 obras inéditas do artista, produzidas em 2022 e 2023, em aquarela ou nanquim sobre papel. Uma sala será dedicada ao Shiró fotógrafo, com fotografias feitas ao longo de sua vida, fato inédito em suas mostras. O público verá ainda cadernos com aquarelas, criadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia. Flavio-Shiró estará no Rio, para acompanhar a montagem da exposição que permanecerá em cartaz até o dia 30 de novembro.

A exposição apresenta um total de aproximadamente 70 obras, desde as pinturas seminais do artista, ainda nos anos 1940, passando pelos anos 1950 e 1960, em que Flavio-Shiró se torna um mestre, fazendo “…emergir evocações e reminiscências de ambiências e seres”, como destaca Paulo Miyada, no texto crítico que acompanha a exposição. “Ele buscou maneiras de enfatizar as possibilidades evocativas do gesto que manipula, intempestivo, a viscosidade da tinta a óleo”, afirma. “Quanto à linguagem, essa busca refeita a cada vez tornou-se uma das molas propulsoras de sua produção ao longo de mais de seis décadas”, assinalou Paulo Miyada.

Flavio-Shiró trabalha continuamente, e no Salão central da Pinakotheke Cultural estarão 45 obras em papel, em aquarela ou nanquim, feitas em 2023 e 2024.  Seu imenso universo intelectual, adquirido por anos de interesse pela literatura, cinema e música, era ativado pela percepção de algo a sua volta, às vezes banal, uma cena de TV, e se transformava em impulso de trabalho. Destacam-se também as quatro aquarelas que fez em caixas de bombons, entre elas “Rear Window – Alfred Hitchcock”, e os 14 desenhos em nanquim, de 2023, nos quais o artista parece refletir sobre seu tempo e sua existência mais íntima.

Na última sala da exposição, será projetado o filme “Origens, Sonhos, Pesadelos, O ateliê e Pintando” (2018), com roteiro e direção de Margaux Fitoussi e Adam Tanaka, neto do artista. A exposição será acompanhada de um catálogo, com textos de Paulo Miyada e Max Perlingeiro, com 80 páginas e formato de 20 x 25 cm. O público verá fotografias feitas pelo artista e ainda cadernos com aquarelas realizadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia de Covid-19.

Andrea Antonon no Memorial Getúlio Vargas.

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a abertura da exposição “Costuras do Tempo”, exibição individual de Andrea Antonon, apresentando um conjunto de cerca de 40 obras, entre pinturas em grande escala, colagens, desenhos e costuras sobre papel. Andrea Antonon convida o público a refletir sobre questões como a exploração do planeta, a presença humana no mundo e os embates entre corpo e espírito. A mostra, que tem curadoria de Shannon Botelho, fica em cartaz até 24 de novembro, com entrada gratuita.

Tramas de Tempo e Matéria

A exposição se divide em três grupos, onde cada conjunto de obras propõe uma nova camada de significados, onde técnica e conceito se entrelaçam em uma tessitura poética e visual. No primeiro grupo, intitulado “Cosmos”, a artista apresenta sete trabalhos entre 30 x30 cm e 48 x 46 cm, utilizando a técnica da encáustica sobre madeira. Nele, Andrea traz uma reflexão sobre o universo e os questionamentos filosóficos de Immanuel Kant sobre o futuro da humanidade diante da exploração desmedida dos recursos naturais. O segundo grupo revisita a produção de papéis artesanais da artista. São cerca de 22 trabalhos com intervenções que mesclam colagem, desenho, costura e pintura, trazendo símbolos e embates subjetivos entre o homem e o mundo.

“Costuras do Tempo é uma possibilidade de dialogarmos com as nossas certezas, sonhos e receios, pois, entre a escuridão – presentificada no betume que escurece o papel – e a claridade – da figura e das linhas douradas que costuram os motivos circulares – reside a possibilidade de reinventarmos o agora (…), reatar nossas consciências ao movimento exíguo da vida, considerando o papel que queremos desempenhar no mundo, é o que nos oferta Andrea Antonon nesta experiência de interação com o mundo”, define Shannon Botelho.

Sobre a artista

Andrea Antonon nasceu em 1959 no Rio de Janeiro, RJ, cidade onde vive e trabalha. É graduada em Artes Visuais pela Universidade de Artes Mackenzie, São Paulo, 1980. Durante os anos de 1976 a 1978, frequentou o ateliê de Dudi Maia Rosa em São Paulo, aprimorando suas habilidades artísticas. Entre 1981 a 1988, Andrea Antonon dedicou-se à pesquisa da manufatura de papéis utilizando fibras naturais e pigmentos de óxido de ferro da região de Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Posteriormente, de 1991 a 1996, completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de aprender com renomados artistas e professores, como Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarele, Suzana Queiroga, Katie Schepenberg, entre outros. Ao longo de sua carreira, Andrea Antonon participou de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, incluindo a cidade de Nova York. Desde 2021, faz parte do COLETIVO 21.

Sobre o Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas é um espaço dedicado à promoção das artes e da cultura na cidade do Rio de Janeiro, proporcionando ao público acesso a exposições, eventos e atividades culturais que enriquecem a experiência artística e intelectual da comunidade.

Rosana Paulino na Casa Museu Eva Klabin.

11/out

Com uma trajetória única e influente, Rosana Paulino celebra 30 anos de carreira com a exposição “Novas Raízes”, na Casa Museu Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ. A artista traz à tona discussões sobre memória, natureza, identidade e história afro-brasileira cujos trabalhos expostos são resultado de uma longa pesquisa acerca da arquitetura e do acervo da Casa Museu Eva Klabin, propondo a separação conceitual entre os dois andares. “Novas Raízes” permanecerá em cartaz até 12 de janeiro de 2025. Essa exibição individual da artista é a primeira no Rio de Janeiro após sua exposição no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o MALBA. Com a mostra, Rosana Paulino se tornou a primeira mulher negra a ter uma individual exposta no museu argentino, que apresentou um olhar retrospectivo da trajetória da artista.

“Esta é uma oportunidade única de ver a obra de Rosana Paulino em diálogo direto com um acervo clássico, propondo assim uma revisão histórica e epistemológica aos olhos do visitante”, afirma o curador Lucas Albuquerque, sobre a combinação do acervo fixo da casa com as obras da artista. “Rosana pretende que esta exposição tenha um caráter educativo bem acentuado, questionando sobre como podemos repensar a produção contemporânea em diálogo com novas leituras de mundo, este bem diferente daquele deixado por Eva Klabin há mais de trinta anos”, complementa.

Os cômodos do térreo serão dedicados a produções que expõem a relação entre a arquitetura e botânica, com desenhos, colagens e instalações. As obras da série “Espada de Iansã”, integrante da 59ª Bienal de Veneza, se juntam a outros trabalhos que visam romper a separação entre dentro e fora, com plantas tomando as diferentes salas. Rosana chama a atenção para a incisiva separação entre o ambiente doméstico e o jardim, fruto de uma corrente de pensamento europeu que aponta para a necessidade de domar a natureza. Os cômodos do segundo andar tangenciam uma discussão sobre a vida privada de mulheres negras ao longo da história. Obras como “Paraíso tropical”, “Ama de Leite” e “Das Avós” resgatam fotografias e símbolos da história afro-brasileira, tecendo uma reflexão sobre a subjugação dos corpos às políticas de apagamento resultantes do modelo escravocrata vivido pelo Brasil Colônia. Fazendo uso de tecidos em voil, fitas, lentes, recortes e outros objetos, Rosana Paulino propõe a preparação de um ambiente de descanso para todas as mulheres negras vítimas da história brasileira, em especial Mônica, a ama de leite fotografada por Augusto Gomes Leal em 1860, uma das poucas que tiveram o seu nome conservado ao longo da história.

“Novas Raízes” é uma iniciativa da Casa Museu Eva Klabin, com produção da AREA27, patrocínio da Klabin S.A e realização do Ministério da Cultura. Conta com o apoio da Atlantis Brazil, Everaldo Molduras, Galeria Mendes Wood, e parceria de mídia da Revista Piauí e do Canal Curta!.

Sobre a artista

Rosana Paulino nasceu em 1967 em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. O trabalho de Rosana Paulino é centrado em torno de questões sociais, étnicas e de gênero, concentrando-se em particular nas mulheres negras da sociedade brasileira e nos vários tipos de violência sofridos por esta população devido ao racismo e ao legado duradouro da escravatura. Rosana Paulino explora o impacto da memória nas construções psicossociais, introduzindo diferentes referências que intersectam a história pessoal da artista com a história fenomenológica do Brasil, tal como foi construída no passado e ainda persiste até hoje. Sua pesquisa inclui a construção de mitos – não só como pilares estéticos mas também como influenciadores psíquicos. Rosana Paulino – cuja produção artística é inquestionavelmente fundamental para a arte brasileira – produziu uma prática de reconstrução de imagens e, para além disso, de reconstrução da memória e das suas mitologias.

Sobre o curador

Lucas Albuquerque nasceu em 1996, em São João de Meriti, RJ. É bacharel em História da Arte e mestre em Processos Artísticos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi coordenador curatorial da Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro), produzindo diálogos entre seu acervo e a arte contemporânea. Foi curador-organizador da Galeria Aymoré (Rio de Janeiro). Como curador do programa de residências artísticas do Instituto Inclusartiz, RJ, trabalhou estabelecendo conexões com artistas, curadores e pesquisadores entre o Brasil e o Reino Unido (Delfina Foundation), França (Frac Bretagne), Espanha (Homessessions) e Holanda (Rijksakademie). Realizou a curadoria das exposições “Muamba: brazilian traces of movement” (2023), na Ruby Cruel (Londres, U.K.); “Whispers from the South” (2023), na Lamb Gallery (Londres); “Ustão” (2023) e “Ultramar” (2023), na Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro); “O Sagrado na Amazônia” (2023), com Paulo Herkenhoff, e “Gamboa: nossos caminhos não se cruzaram por acaso” (2022), no Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro); “Futuração” (2021), na Galeria Aymoré (Rio de Janeiro); além de outras individuais e coletivas.

Sobre a Casa Museu Eva Klabin:

Uma das primeiras residências da Lagoa Rodrigo de Freitas, a Casa Museu Eva Klabin reúne mais de duas mil obras que cobrem um arco de tempo de cinco mil anos, desde o Antigo Egito (3000 a.c.) ao impressionismo, passando pelas mais diferentes civilizações. A coleção abrange pinturas, esculturas, mobiliário e objetos de arte decorativa e está em exposição permanente e aberta ao público na residência em que a colecionadora viveu por mais de 30 anos.