Exposição “A vez dos editores”

14/ago

Dez editores dos principais veículos do país assinam criações exclusivas produzidas em Corian® para a mostra exibida na Breton, Al. Gabriel Monteiro da Silva, 820, São Paulo, SP, referência em móveis e objetos de decoração no Rio de Janeiro e São Paulo. A quarta edição do maior festival urbano de design da América Latina acontece entre os dias 12 e 16 de agosto em pontos nobres da cidade de São Paulo.

 

A marca convidou os editores das principais revistas e sites de decoração para desenvolver móveis exclusivos como cadeiras, poltronas e aparadores. Pedro Ariel Santana, da editora Abril é um dos convocados, além de Clarissa Schneider, da Bamboo e Celia Paccini, da Casa Mix, criações inéditas assinadas por editores de importantes veículos do país em parceria com grandes nomes do design nacional. Ao todo, serão apresentadas dez peças com design exclusivo, todas desenvolvidas em Corian®.

 

A ideia do projeto consistiu em dar “voz” àqueles que estão do outro lado, escrevem sobre design e que agora têm a oportunidade de criar e expor suas ideias por meio de uma peça, física e real. Aliados à expertise de reconhecidos designers, o resultado não poderia ser melhor: charme, beleza e sofisticação se perfizeram em mesas, poltrona, carrinho de chá, revisteiro, mancebo, cadeira e aparadores.

 

São eles:   Allex Colontonio (KAZA) + Guilherme Torres;   Celia Paccini (Casa Mix); Clarissa Schneider (Bamboo);    Lucila Zahran Turqueto (Casa de Valentina) + Bianca Barbato;  Mônica Barbosa (Living Design) + Nelson Graubart;    Mônica Salgado (Glamour) + Camila Klein; Pedro Ariel (Abril); Sandra Leise (CASA&mercado) + Studio Fuksas;      Simone Quintas (Casa e Jardim) + Fetiche Design e  Taissa Buescu (Casa Vogue) + Brunno Jahara.

 

 

Conceito criativo

 

Simone Quintas, de Casa e Jardim, juntamente com Carolina Armellini e Paulo Biacchi, da Fetiche Design, criaram a Poltrona Jardim Tropical. Com base nos conceitos ‘brasilidade’ e ‘jardim’ que traduzem os valores e pilares da revista, a peça representa um trono de uma rainha tropical, uma deusa da floresta. Para eles, uma peça “imponente, exuberante, forte e selvagem.” Simone conta que “embora já tenhamos evoluído muito, ações que fomentam o design são sempre bem-vindas e importantes. De pouco adiantam os talentos, se eles não encontram apoio de indústrias dispostas a investir em suas criações. A DuPont me surpreendeu ao propor um projeto sem impor restrições criativas. Correu o risco, topou desafios. E, com isso, nos ensinou sobre as possibilidades do Corian® e certamente aprendeu com a criatividade de talentos como os dos meus parceiros nesta empreitada: a Carolina Armellini e Paulo Biacchi, que tão bem traduziram a descontração e brasilidade da Casa e Jardim”, pontua Simone e conclui: “Com este projeto, a dupla conseguiu explorar duas características importantes do Corian®: a flexibilidade com moldagens e cortes, e a possibilidade de uso em áreas molhadas.” Produzida na cor Glacier White, a Infinita Surfaces está à frente da execução desse projeto.

 

A arte de Hércules Barsotti foi a inspiração para Allex Colontonio, diretor da revista Kaza e colunista do jornal Zero Hora, em parceria com o arquiteto e designer Guilherme Torres, criar o aparador Bar/Sotti. A dupla imaginou um móvel funcional sob medida para a neo-demanda social-gourmet que incentiva as pessoas a investir cada vez mais na arte de receber (bem). Mix de aparador, cabinet e bar, a peça revisita referências consistentes da casa
vintage brasileira, como a arte concreta do artista paulista que batiza a peça, o uso das superfícies vazadas (como o muxarabi) e tendências contemporâneas como a dos móveis híbridos escandinavos, com suportes soltos como bandejas e vasos que acumulam funções múltiplas e podem abrigar plantas, por exemplo. Enfim, toda a pluralidade do Corian® explorada como a estrela de um chill-in, o bufê de apoio da sala de jantar, a peça statement do hall de entrada ou o armário de livros do living. O Studio Vitty deu vida à peça que traz uma das novas cores de Corian®, o Deep Mink, além do Mandarin, que já compõe a paleta da marca.

 

Veio da Itália a parceria com a Revista Casa e Mercado, a Publisher Sandra Leise convidou o Studio Fuksas, que desenvolveu a poltrona Flor em homenagem ao Brasil. “Julho é o mês mais quente na Itália, são 40 graus e com grande umidade do ar. É difícil trabalhar sem ar condicionado. Por isso, nós pensamos no Brasil, é inverno no momento, o ar é fresco, sonhamos com neve…de repente, um floco de neve branco, onde o mesmo se estabelece e torna-se uma poltrona, uma escultura de gelo: `homenagem ao Brasil`”, pontua Doriana, à frente do Studio. Sandra Leise complementa, ainda, que se trata de um projeto inovador e fortalece as relações entre quem faz e quem divulga a história do design. A Infinita Surfaces está à frente da execução desse projeto que usa a tonalidade branca clássica de Corian®, o Glacier White.

 

No ano de comemoração dos 40 anos de Casa Vogue, Taissa Buescu e o designer Brunno Jahara desenvolveram o carrinho-bar “Casa Vogue 40 anos”, cujos traços vistos lateralmente formam o número 40. Segundo o designer, “uma peça inspirada no geometrismo utilizando linhas retas, ângulos e círculos para dar forma a este móvel com cores suaves que o Corian® possibilita.”

 

“Adoramos a ideia de projetar uma peça de design para a casa, para o projeto da DuPont”, emenda Taissa. “Pensamos em desenvolver um produto de forte apelo estético e que, ao mesmo tempo, resgatasse o aconchego que sentimos em nossas casas. O carrinho-bar, um item quase em desuso, inspira momentos de intimidade e relax. Buscamos uma interpretação purista e, ao mesmo tempo, contemporânea. Duas retas, dois triângulos e dois círculos, símbolos essenciais da geometria, dão forma à peça em celebração aos 40 anos da marca Casa Vogue no Brasil”, finaliza. A Avitá Design, à frente dessa execução, utilizou as cores Designer White, Silver Gray e Diamond Blue, propostas pela editora.

 

Celia Paccini, à frente da revista Casa Mix, mostrou-se uma designer nata e apresenta a mesa Rio com inspiração nas pedras dos leitos dos rios. Ela conta que a mesa expressa o respeito à natureza a partir da observação da perfeição de formas e cores. “A ideia foi criar uma peça conceitual e ao mesmo tempo prática que remete às pedras de rio, seixos de cores e formas variadas que juntos formam uma superfície harmônica e uniforme. O Corian® foi o material perfeito para esta execução já que tem nuances sutis na paleta de tons naturais que se assemelham a pedras e permite a ‘moldagem’ individual de cada peça. A possibilidade de trabalhar com material de descarte e sobras de outros projetos executados com Corian®, também foi fator importante na criação da mesa”, finaliza a editora. O Studio Vitty executou a peça nas cores Dove, Medea, Natural Gray, Silver Gray e também na nova cor Deep Anthracite.

 

Lucila Zahran Turqueto, de Casa de Valentina e a designer Bianca Barbato, criaram a Mesa Marchetaria com quatro misturas de cores em Corian® em tons pastel. Para a designer, esse projeto buscou explorar uma das principais características de Corian®, que é a sua técnica de fundição perfeita entre as cores com acabamento sem emendas. “Ficamos muito contentes com o convite e com a possibilidade de criarmos efetivamente um produto utilizando o Corian®. Acima de tudo, achamos espetacular a possibilidade de explorarmos as questões técnicas da peça sem limitações”, completa Lucila. A Avitá Design está à frente da produção dessa peça cujas cores selecionadas são Serpentine Green, Elegant Gray, Dove e Whisper.

 

Pedro Ariel, da Abril, que assina a mesa concha, conta que a inspiração para essa criação são os motivos decorativos dos edifícios de Chicago, nos EUA, construídos nos anos 1930 e 40, reconhecido como integrantes do Art Déco tardio – já que na Europa o movimento começa a perder força a partir dos anos 1930. “Escolhi então a concha estilizada, um dos símbolos do Art Déco, para dá forma a mesa lateral”, conclui Ariel. A Sigmma Brasil produziu a peça na tonalidade Vanilla, uma das várias cores disponíveis na paleta de Corian®.

 

Mônica Salgado, à frente da revista Glamour, e a arquiteta Camila Klein pensaram na mesa revisteiro inspirada na mescla do estilo de ambas. Camila Klein tem uma linha de criação contemporânea buscando explorar novos materiais, formas e usos, enquanto a Mônica adora peças de Art Déco com romantismo. A peça retrata exatamente esta parceria das duas porque apresenta o design contemporâneo da Camila Klein por meio da forma curva e do conceito minimalista da integração da mesa com revisteiro e o estilo da Mônica com o pé balaústre remetendo a Art Déco e ressaltando a feminilidade da peça. “A oportunidade de criar uma peça de mobiliário exclusivo é uma possibilidade de integrar meu conhecimento arquitetônico ao design me permitindo explorar novas áreas do setor criativo. A proposta do uso do Corian® como material principal da peça foi muito inspirador uma vez que este produto possibilita explorar curvas e ressaltar a contemporaneidade do móvel”, explica Camila que busca inspiração profissional em diversos setores artísticos, como artes plásticas, design e escultura. A cor Chic Aubergine foi a tonalidade escolhida para a produção dessa peça, a cargo do Studio Vitty.

 

Mônica Barbosa, de Living Design em parceria com Nelson Graubart criaram o mancebo Corian®. Mônica conta que o ponto de partida deste projeto foi dar uma utilidade a uma escultura. Segundo ela, “uma escultura que permite pendurar paletó, bolsa, casaco, e outros acessórios, masculinos ou femininos em casa ou escritório.” De construção simples, apenas recorte e colagem, a resistência, estruturalidade e cores do Corian® permitem a combinação de inúmeras formas. A concepção da peça em Deep Nocturne, Serpentine Green e Chic Aubergine ficou por conta da Siligram.

 

“Preparar*Conter*Servir” é o nome da coleção de acessórios simples e funcionais desenhada por Clarissa Schneider, fundadora e diretora de redação da revista Bamboo. Produzida em Corian® pela Sigmma Brasil, foi criada especialmente para a mostra. Clarissa explica o conceito do conjunto para ser utilizado no dia a dia da casa:  “pensei em formas básicas, complementares e com múltiplas funções, que podem ser combinadas entre si. O mesmo desenho, em tamanhos e alturas diferentes, faz às vezes de bandeja, prato de servir, porta-talheres, vaso para flores etc. O objeto mostra sua utilidade e o usuário dá significado a ele.”

CFB: 25 anos

11/ago

A Casa França-Brasil, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura administrado pela organização social Oca Lage, apresenta a partir do próximo dia 15 de agosto “CFB: 25 anos”, cinco mostras simultâneas que celebram seus 25 anos de atividade. O curador Pablo León de la Barra reuniu trabalhos dos artistas Cildo Meireles, Alfredo Jaar, Beto Shwafaty, e os filmes “Canoas” (2010), de Tamar Guimarães; “Superfícies vibráteis” (2005), de Manon de Boer; e “Bete & Deise” (2012), de Wendelien van Oldenborgh. O espaço central será ambientado como local de convivência, como “uma praça cultural”, onde o público poderá ver uma seleção de documentos de exposições realizadas na Casa desde 1990, em curadoria conjunta com Natália Quinderé.

 

Do artista chileno Alfredo Jaar (1956), residente em Nova York desde 1982, estará o letreiro “Cultura = Capital” (2012-2015), que ficará suspenso a 3,5 metros do chão do espaço central. Ele amplia o conceito de “Arte = Capital” (“Kunst = Kapital”) de Joseph Beuys, e acompanha o pensamento dos filósofos Antonio Gramsci e Friedrich Nietzsche de que “cultura é fundamental para a existência humana”. “Para Jaar, arte e cultura constituem um espaço de resistência e desempenham um papel fundamental em nossas vidas políticas diárias”, comenta Pablo León de la Barra. “Em tempos de recessão econômica, quando cultura e educação logo sofrem cortes orçamentários, ‘Cultura = Capital’ reconhece que cultura não é apenas um fator de desenvolvimento econômico, mas uma necessidade básica e elemento indispensável para o progresso social. Invertendo a equação, sem cultura, não existe capital”, afirma o curador.

 

O espaço do Cofre será ocupado com dezesseis obras icônicas de Cildo Meireles (1948) sobre a moeda brasileira, “em uma pequena retrospectiva” das séries “Zero Cruzeiro” (1974), que, observa o curador, “questiona o valor do dinheiro”; “Inserções em Circuitos Ideológicos” (a partir de 1970), que “demonstra como os indivíduos podem interferir na economia, na política e na ideologia”; e ainda “Projeto Cédula (1970-2015).

 

Na primeira sala lateral, estará a instalação “Remediações” (2010-2014), de Beto Shwafaty, artista nascido em São Paulo em 1977. Ele discute criticamente o projeto nacional brasileiro e sua transposição para os campos da cultura visual, nas estratégias de propaganda, desde o final do século 19 até os tempos atuais, passando pelo modernismo e pelo regime militar. Para isso, criou um ambiente com linguagem museográfica, com móveis, vitrines em acrílico, painéis com treliças, fotografias e intervenções feitas sobre material impresso, como cartazes, e um monitor de televisão onde é exibido em looping um vídeo videocolagem de dez minutos, com uma colagem feita a partir de material de arquivo de cinco décadas, onde o Brasil turístico é intercalado por cenas de Zé Carioca, criado por Walt Disney dentro da política de “boa vizinhança”, uma fala do geógrafo Milton Santos sobre o legado colonial, e ainda cenas de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. A obra cria “uma tensão entre desejo e realidade”, diz o curador.

 

 

JARDIM DE INVERNO / ARQUIVO 25 ANOS

 

O espaço central será transformado em um “Jardim de Inverno / Praça Pública”, onde será exposto o arquivo histórico de 25 anos da CFB como centro cultural, com dez estações com mesas-vitrines, cadeiras e vasos de plantas, onde o público poderá mergulhar em uma seleção de eventos realizados ao longo da história da instituição. Pablo León de la Barra buscou criar um espaço acolhedor, e ao mesmo tempo recuperar a história tanto da construção, criada em 1820 para ser uma Praça de Comércio, quanto das exposições realizadas ao longo de seus 25 anos. “A Casa tem um público cativo, que vem aqui para ler, estar em um local público e seguro. Transformamos então o espaço central em uma grande sala de leitura, uma praça cultural”, explica o curador. A inspiração vem de “Un jardin d’hiver” (“Um jardim de inverno”), obra de 1974 do artista belga Marcel Broodthaers, um jardim de palmeiras com vitrines contendo gravuras “como forma de crítica aos discursos coloniais e à autoridade das instituições culturais”. Para compartilhar a curadoria deste espaço, Pablo León de la Barra convidou Natália Quinderé, que pesquisou os arquivos da instituição e levantou documentos sobre as exposições realizadas nos últimos 25 anos, que foram selecionados e serão dispostos em oito núcleos:

 

 

1.    Fotografia em foco

 

“Cartier Bresson & Sebastião Salgado: Fotografias”, de 27 de junho a 29 de julho de 1990; e “Retratos da Bahia: fotografias de Pierre Verger e aquarelas de Carybé”, de 19 de setembro a 7 de outubro de 1990

 

2.    “Missão artística francesa e os pintores viajantes: França-Brasil no século XIX”, de 13 de novembro a 16 de dezembro de 1990, com curadoria de Jean Boghici

 

3.    “Apoteose Tropical: desfile-exposição com pinturas de Glauco Rodrigues”, de 31 de janeiro a 3 de março de 1991, com curadoria de Frederico Morais.

 

Índios na Casa

 

“Brasilidades: Amazônia e a França – Portinari – A Festa do Bumba”, de 28 de  maio a 23 de junho de 1991, organizado pela antropóloga Berta Ribeiro;           “Programa de índio: Kuarup”, em 8, 10 e 11 de agosto de 1991; e “Grafismo Kadiwéu”, de 7 a 30 de maio de 1993.

 

5.   Internacionais – um pequeno recorte

 

“Miró: Águas-fortes e litografias”, de 25 de abril a 11 de junho de 1996; “Niki de Saint Phalle”, de 8 a 26 de janeiro 1997, com curadoria de Jean-Gabriel Mitterand; “Cerâmicas de Picasso”, de 7 de dezembro de 1999 a 22 de janeiro de 2000, com curadoria de Picasso Bernard Ruiz Picasso.

 

6. “Situações: Arte Brasileira – anos 70”, de 16 de agosto a 24 de setembro de 2000, com curadoria de Glória Ferreira e Paula Terra.

 

7. “Arte e religiosidade no Brasil – Heranças Africanas”, de 19 de fevereiro a 26 de abril de 1998, com curadoria de Emanoel Araújo e Carlos Eugênio Marcondes de Moura.

 

 

8.    Cenários espetaculares

 

“Isto é a França em Quadrinhos – I Bienal Internacional de Quadrinhos”, de31 de outubro a 5 de dezembro de 1991; “Viva a água”, de 1° de junho a 5 de julho de 1992; e “Egito Faraônico – Terra dos deuses”, de 27 de setembro de 2001 a 7 de abril de 2002, com curadoria de Elisabeth Delange, curador associado Antônio Brancaglion Jr e Marly Atsuko Shibata (assistente).

 

 

9.    Por que uma Casa França-Brasil?

 

Inaugurada em 1990, a Casa França-Brasil surgiu da conjunção de vários projetos culturais: a tentativa de criar 16 Casas de Cultura por todo Estado do Rio de Janeiro; a criação de um corredor cultural no Centro do Rio, com início no Museu de Arte Moderna; e o desejo do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), à época em que foi vice-governador, de restaurar a construção projetada por Grandjean de Montigny (1776-1850) a pedido de D. João VI, para ser Praça do Comércio, concluída em 1820. Alfândega a partir de 1824, arquivo de bancos ítalo-germânicos durante a Segunda Grande Guerra, e II Tribunal do Júri, entre 1956 e 1978, o prédio estava desativado. Em 1985 foi feita a assinatura para o restauro, uma parceria entre a Secretaria estadual de Cultura, o SPHAN/Pró-Memória, a Fundação Roberto Marinho e a Rhodia S.A. O projeto museográfico ficou a cargo de Pierre Catel, financiado pelo Ministério da Cultura da França, e após cinco anos de obras a Casa França-Brasil foi inaugurada, em 29 de março de 1990. A cocuradora Natália Quinderé conta que “os eventos realizados pela Casa, entre 1990 a 2008, abrangiam desde exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, mostras sobre a cultura popular a salões de antiquário e de colecionadores de selos”. A partir de 2008, a Casa França-Brasil passou por uma nova reforma e transformação de sua missão institucional, com foco na arte contemporânea.

 

 

10.  Anos 2009-2015

 

Em 24 de outubro de 2009, a Casa França-Brasil reabriu suas portas, sob a direção de Evangelina Seiler, depois de um ano de reformas físicas do prédio e de mudança em sua missão institucional. A obra inaugural foi uma enorme estrutura suspensa por cabos e com planos transparentes da artista Iole de Freitas, projetada especialmente para esse espaço. A partir de então passaram pela instituição artistas de linguagens e produção diversa, como Laura Lima, Hélio Oiticica, Daniel Senise, Waltercio Caldas, José Rufino, Laercio Redondo, Carmela Gross, Cristina Iglesias e Dias & Riedweg. Paralelamente, o cofre da antiga Praça do Comércio e da Alfândega passou a abrigar trabalhos de artistas de trajetórias variadas, convidados, normalmente, pelo artista que ocupava o vão central e as salas principais. Expuseram ali Amália Giacomini, Ana Miguel, Pedro Victor Brandão, Analu Cunha, Efrain Almeida, Daniel Steegmann, Marcelo Cidade, Jorge Soledar, entre outros.

 

 

FILMES

 

A segunda sala lateral será transformada em um cinema, com a exibição de filmes –  cada um em um período – de três artistas que reexaminam momentos recentes da história cultural e política do Brasil:

 

15 a 27 de agosto – “Canoas” (2010, 13’30’’), 16mm transferido para digital, cor/som, de Tamar Guimarães, nascida em 1967 em Belo Horizonte, e residente em Copenhague. Em “Canoas”, é encenado um coquetel na emblemática casa modernista de Oscar Niemeyer, a Casa das Canoas, que ele projetou em década de 1950 para morar. Em meio à aparente frivolidade burguesa da festa, e enquanto são servidos por criados e garçons, os convidados discutem o passado do Brasil no que se refere às contradições entre a arquitetura moderna e o projeto social modernista, o trauma da ditadura política e do exílio, e as distinções de classe e de raça, mas também a presença de um desejo erótico pelo outro.

 

28 de agosto a 9 de setembro – ““Superfícies vibráteis” (2005, 38’), falado em francês e português, com legendas em português, 16mm transferido para digital, da artista Manon de Boer, nascida em 1966 em Kodaicanal, Índia, e radicada em Bruxelas. Em seu filme, ela dá voz às memórias pessoais da psicanalista brasileira Suely Rolnik, que, nos anos de 1960, partiu em exílio para Paris devido à ditadura brasileira e, na década seguinte, estudou com os filósofos franceses Félix Guattari (1930-1992) e Gilles Deleuze (1925-1995).

 

10 a 20 de setembro – “Bete & Deise” (2012, 41’), HD, em português e legendas em inglês, da artista Wendelien van Oldenborgh, nascida em 1962, em Roterdã, Holanda, onde vive. “Bete & Deise” apresenta um encontro entre duas mulheres em um canteiro de obras, no Rio de Janeiro. A atriz Bete Mendes e a cantora de funk Deise Tigrona conversam sobre o uso de suas vozes e posições na esfera pública, permitindo que as contradições que trazem internamente venham à tona. Utilizando uma montagem que combina de modo sugestivo as vozes das duas mulheres com suas imagens, Van Oldenborgh nos confronta com reflexões sobre a relação entre produção cultural e política e o poder que pode ser gerado quando questões públicas se entrelaçam com o pessoal.

 

 

JORNAL

 

A exposição será acompanhada de um jornal em formato tabloide, com tiragem de cinco mil exemplares e distribuição gratuita ao público visitante. A publicação terá textos de Pablo León de la Barra, Natália Quinderé, e do músico e do arquiteto Guilherme Wisnik.

 

 

PABLO LEÓN DE LA BARRA

 

Nascido em 1972, na Cidade do México, Pablo León de la Barra tem PhD em History and Theory, pela Architectural Association, Londres, em 2010. Curador independente, realizador de exposições, pesquisador em arte e arquitetura, é também curador-residente do programa Guggenheim UBS MAP para América Latina, em Nova York.

 

 

NATÁLIA QUINDERÉ

 

Natália Quinderé é doutoranda em História e Crítica de Arte no Programa de Artes Visuais da UFRJ (PPGAV/EBA), onde pesquisa sobre os museus de artista. É coeditora executiva da revista Arte & Ensaios (PPGAV/EBA/UFRJ), e trabalhou em alguns projetos curatoriais. Em janeiro de 2015, participou do programa EAVerão, da Escolas de Artes Visuais do Parque Lage.

 

 

De 15 de agosto a 20 de setembro.

Agora em filme

07/ago

A artista plástica Beatriz Milhazes é o foco de “Arquitetura da Cor”, documentário sobre seu

trabalho. O filme foi lançado no Itaú Cultural, Cerqueira César, São Paulo, SP. A direção é

assinada ela dupla José Henrique Fonseca e Priscila Lopes e o filme deverá cumprir carreira no

circuito cinematográfico de arte e festivais de cinema especializados.

Na galeria A Gentil Carioca

14/jul

A exposição de João Modé, “Algumas coisas que estão comigo”, entrará em cartaz na galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O título da mostra remete a agrupamentos de objetos que acontecem por si em ações que ocorrem no tempo. O artista percebe que os objetos em seu ateliê se agrupam de modos inusitados e próprios, por meio de diversas ações que se passam ao longo do tempo, no cotidiano, e, desse modo, a exposição revela a transitoriedade das coisas no mundo, seja dos objetos seja dos pensamentos.

 

 

O Periscópio, uma das obras da exposição, dialoga com a primeira exposição de João Modé na Galeria A Gentil Carioca, A Cabeça, 2007, onde João Modé conduz o público a uma ‘visita’ ao espaço do sótão da galeria. Modé propõe percorrer o espaço de cima, o sótão, estando no espaço de baixo. O sótão é um lugar com a mesma planta em uma outra dimensão, que,dessa vez, será mostrada por meio de um periscópio.

 

 

Sempre propositivo de novas relações no espaço, João Modé nos permite pela janela ver a cidade e atravessar o espaço do teto. Modé vai conectar os dois espaços da galeria – Rua Gonçalves Ledo 17 sobrado e Rua Gonçalves Ledo 11 – a partir de uma escada que dá acesso à claraboia do prédio. Ao subir a escada, é possível olhar a cidade em uma outra dimensão. Fios de cobre serão utilizados para conectar espaços e construir a obra “Galaxy” no 3º andar do prédio de número 11.

 

 

“Galaxy”  é uma obra de pedras semi-preciosas e fios de cobre, primeiramente exibida pela A Gentil Carioca, em 2014, na ABC Berlim, uma plataforma organizada pelas galerias de Berlim para que galerias de todo mundo possam expor trabalhos individuais de artistas. Na exposição o público poderá ver pela primeira vez no Brasil a obra “Galaxy”.

 

 

A exposição conta também com o diálogo entre João Modé e Ana Paula Cohen, que produzirá um texto especialmente para amostra.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

João Modé nasceu em Resende, RJ. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Seu trabalho articula-se por uma noção plural de linguagens e espaços de atuação. Participou da 28ª Bienal de São Paulo [2008], da 7ª Bienal do Mercosul [2009] e da Bienal de Praga [2003]. Alguns projetos, como REDE – desenvolvido em diversas cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Berlim, Stuttgart e Rennes – e Constelações, envolvem a participação direta do público. Participou do Panorama da Arte Brasileira de 2007. Entre as exposições individuais: Land, die raum, Berlim, Alemanha [2014]; Para o silêncio das plantas, Cavalariças do Parque Lage no Rio de Janeiro [2011-2012]; De Sertão, MAMAM, Recife [2010]; Invisíveis [para Eva], Fundação Eva Klabin no Rio de Janeiro [2009]. Entre as exposições no exterior: Land, die raum, Berlim, Alemanha [2014]; The Spiralandthesquare, BonniersKonsthall, Estocolmo, Suécia [2011-2012], SKMU e TrondheimKunstmuseum, Noruega; connect – A Gentil Carioca na IFA Galerie de Berlim e Stuttgart [2010-2011]; Brazilian Summer. Art&the City, MuseumHetDomein, Sittard, Holanda [2008]; Stopover, KunsthalleFribourg, Suíça [2006]; Unbound, Parasol Unit, Londres [2004]; Entre Pindorama, Künstlerhaus Stuttgart [2004]; e Slow, Shedhalle, Zurique [2003]. Desenvolveu projetos com Capacete Entretenimentos [Rio], Le Centre du Monde [Bruxelas], Casa TresPatios [Medellin], Watermill Center [NY], e Rockefeller Foundation em Bellagio [Itália]. Tem formação em Arquitetura e em Programação Visual, com mestrado em Linguagens Visuais pela UFRJ. Foi membro fundador do grupo Visorama, que promoveu debates acerca das questões da arte contemporânea entre o final dos anos 1980 e a década de 1990. João Modé participará do projeto de instalações temporárias no Museu do Açude em agosto de 2015, exposição individual no MAM em 2016 e participará da exposição coletiva Cariocas em Lille, França, em setembro de 2015. Entre setembro e outubro de 2015, o artista estará em residência artística em Cassis na Camargo Foundation.

 

 

 

 

Camisa Educação

 

 

A cada nova exposição um artista é convidado para criar uma camisa, abordando o tema, e, em específico, que tenha nela a palavra Educação. É a possibilidade de inserir o artista como agente social e cultural na sociedade. Nessa edição, de número, 62, a camisa educaçãoo será assinada por Ruan D’Ornellas.

 

 

 

Módulo de Escuta

 

 

“módulo de escuta” é uma estrutura escultórica de Ricardo Basbaum, projetada especialmente para constituir um local em que o visitante pode se deitar, colocar um par de fones de ouvido e concentrar-se na escuta de peças de arte sonora e música contemporânea. A partir de 06 de junho, estendendo-se durante o ano de 2015, módulo de escuta estará exposto em A Gentil Carioca. A Gentil Carioca, com curadoria de Ricardo Basbaum e Alexandre Fenerich, apresenta a série módulo de escuta, em que compositores contemporâneos e artistas sonoros são convidados a desenvolver obras sonoras inéditas para serem apresentadas para audição especialmente no módulo de escuta. As peças apresentadas envolvem pesquisas sobre a voz, sendo projetadas e preparadas para escuta através de fones de ouvido, em relação de proximidade com o ouvinte. A cada nova abertura de exposição em A Gentil Carioca, um novo trabalho sonoro será apresentado no módulo de escuta, de um artista sonoro ou compositor convidado. Na próxima edição que inaugura dia 18 de julho a compositora convidada é Lilian Campesato.

 

 

 

De 18 de julho a 21 de agosto.

Parque Lage – Programa Curador Visitante

17/jun

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 20 de junho a exposição “A mão negativa”, com curadoria de Bernardo José de Souza. Esta é a segunda mostra do programa Curador Visitante, com cerca de cinquenta obras de 38 artistas brasileiros e estrangeiros que ocuparão diversos espaços da EAV Parque Lage : Palacete, Cavalariças, Torre, Gruta, Lavanderia dos Escravos, e a área verde, como o Lago dos Patos, com esculturas, objetos, vídeos, videoinstalações, fotografias e performances.

 
Bernardo José de Souza reuniu trabalhos dos artistas brasileiros Avalanche (coletivo formado por Virginia Simone, e Matheus Walter), Barrão, Cinthia Marcelle, Cristiano Lenhardt, Erika Verzutti, Leo Felipe, Leticia Ramos, Luciana Brites, Luiz Roque, Mauricio Ianês, Michel Zózimo, Rafael RG, Ricardo Castro, Rodolfo Parigi, Tiago Rivaldo, Vera Chaves Barcellos; do alemão Stefan Panhans; dos espanhóis Daniel Steegmann Mangrané, Sara Ramo; dos franceses Cyprien Gaillard, Dominique Gonzalez-Foerster, Pablo Pijnappel, Marguerite Duras, e Jean Cocteau; do italiano Tomaso de Luca; dos lituanos Elena Narbutaite e Gintaras Didžiapetris; e da portuguesa Susana Guardado.

 
“A Mão Negativa” abrangerá ainda uma conversa aberta ao público com Bernardo José de Souza e a diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, no próximo dia 23 de junho, e sessões especiais do Cine Lage, nos dias 26 de junho e 31 de julho, com exibição de vídeos dos artistas Cyprien Gaillard e Dominique Gonzalez-Foerster, e do filme “Orpheus” (1950), de Jean Cocteau. Também integram a exposição, dentro do princípio do programa Curador Visitante, trabalhos dos estudantes da EAV Parque Lage: Antoine Guerreiro do Divino Amor, Felipe Braga, Gustavo Torres, Igor Gaviole, Igor Vidor, Manoela Medeiros e Mariana Kaufman. O estudante Ulisses Carrilho foi convidado por Bernardo José de Souza para ser seu assistente na curadoria. “A Mão Negativa” traz ainda o projeto “Rio do Futuro – Antevisão da Cidade Maravilhosa no Século da Eletrônica”, do arquiteto Sergio Bernardes (1919–2002), publicado em 1965 na Revista Manchete. O título da exposição faz alusão a “Les Mains Négatives” (1978), curta de quatorze minutos da escritora francesa Marguerite Duras sobre as míticas pinturas do período paleolítico superior descobertas no início do século 20, na caverna de Gargas, na França, em que se vêem numerosas mãos nas paredes de pedra com seu contorno colorido por pigmentos principalmente vermelhos e negros. O filme estará no Palacete, em looping.

 

 
Ficção científica

 
Bernardo José de Souza conta que a exposição, “largamente inspirada na ficção-científica”, “pensa o espaço do Parque Lage como uma espécie de sítio arqueológico explorado por distintas civilizações no futuro distante, após a população local haver abandonado o Rio de Janeiro devido às tórridas temperaturas e a uma grande onda que deixou a cidade parcialmente submersa no ano de 2074”. “Os visitantes do Parque Lage – desempenhando o papel de exploradores do futuro – irão deparar com os vestígios de civilizações pregressas: esculturas, imagens, arquiteturas e ruínas carregadas de alto teor icônico, impregnadas de simbolismo”. Ele ressalta que as obras, em sua maioria, não usam linguagem verbal ou escrita: “são essencialmente visuais, que causam um embate quase físico e fenomenológico com o espectador”. “Me agrada muito a ideia de que o visitante do Parque vem também para passear, para apreciar a beleza da natureza e das arquiteturas existentes no Palacete e nas outras construções, e vai descobrir espontaneamente obras que estarão espalhadas em todos esses lugares, como se elas quase que brotassem da natureza e do espaço”, diz. “Espero que o público se relacione com essas obras de uma maneira natural, ou ainda reagindo a elas, positiva ou negativamente, achando-as belas ou medonhas, mas que gere algum tipo de estranhamento, de um certo deslocamento de contexto”.

 
Bernardo José de Souza vem pesquisando a ideia de plasticidade do futuro, inspirada na obra da filósofa francesa Catherine Malabou (1959), que “discute o futuro como algo que se conforma diante de nós, que em alguma medida tentamos projetá-lo, mas em cada passo dado ele se redesenha, se reconforma diante de nós, é quase como uma miragem”. E, para ele, a literatura de ficção científica é a que “tem maior engajamento político”. Cita como exemplo o escritor norte-americano Stanley Robinson (1952), autor da trilogia “Marte” (“Vermelho”, “Azul” e “Verde”). “A ficção científica desorganiza a sociedade tal qual como a conhecemos, e, ao trazer um ingrediente novo, tudo tem que ser pensado e reajustado, e isso gera um impacto tremendo sobre a organização social, e questionamentos políticos: quem é este indivíduo? A quem ele respeita? Qual é a estrutura de poder? Qual é a relação com a natureza? De que maneira a natureza serve ao homem e o homem extrai da natureza seu próprio benefício? A ficção científica tem esse poder de, ao lançar no futuro esta perspectiva de um mundo diferente, repensar toda nossa forma de vida”, explica. “Se daqui a cem anos forem pesquisar a literatura produzida em nosso tempo, se darão conta de que a única literatura essencialmente política é a ficção científica. A literatura do século 21 é intimista, trata de experiência de foro íntimo, privado”, diz.

 
Ele ressalta, entretanto, que o conjunto de obras selecionadas não trata objetivamente de ficção científica, mas “sinaliza um mundo em transformação, onde o corpo e as formas reconhecíveis, quer na natureza ou mesmo no universo da cultura material, sofrem alguma espécie de abalo, mutação, tanto em seu organismo como em sua estrutura ou arquitetura”. Bernardo José de Souza diz que a exposição vai tratar o Parque Lage dentro da percepção “do espaço como resultado da acumulação desigual de tempos”, de acordo com a tese do geógrafo Milton Santos. Dessa forma, explica, “A Mão Negativa” entende o Parque Lage como “uma geografia onde convivem distintas temporalidades paralelamente, camadas que se sobrepõem ou justapõem constituindo uma dimensão atemporal, na qual passado, presente e futuro são permeados pela ficção”, criando uma zona de exceção, de autonomia dentro da ideia das heterotopias de Michel Foucault (1926-1984). Ele chama a atenção para as arquiteturas distintas existentes no Parque: o Palacete, que “tem ecos do neoclássico, mas também um delírio tropical”; a Gruta, “que é falsa, de concreto”, e o Aquário, mimetizam a natureza; a Torre, “um adendo de um castelo que nunca existiu”, e por fim a oca indígena Kupixawa, “construída há um ano sob os mandamentos de uma arquitetura primitiva”.

 

 
Sobre o curador

 
Crítico e curador de arte, professor universitário e colaborador de publicações sobre cultura visual. Foi Curador do Espaço da 9º Bienal do Mercosul | Porto Alegre e, entre 2005 e 2013, Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Porto Alegre. Bacharel em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e especialista em fotografia e moda pelo London College of Fashion, é membro dos conselhos curadores do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS e da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS.

 

 

 

De 20 de junho a 06 de agosto.

José Resende 70 anos

07/jun

A Pinacoteca de São Paulo, Estação Luz, São Paulo, SP, apresenta os últimos dias da exposição de José Resende, artista importante da cena contemporânea nacional que celebra os seus 70 anos de idade e 50 de carreira. A mostra reúne doze obras, produzidas entre 2011 e 2015, sendo que oito delas, inéditas, foram concebidas tomando como referência a arquitetura da Pinacoteca. Formado em arquitetura, José Resende, desde os anos 1970, explora materiais comuns à construção civil, tais como lâminas de chumbo, tubos de cobre, cabos de aço e pedras, para criar suas esculturas. O conjunto de obras exposto na Pinacoteca reafirma as características marcantes de sua trajetória.

 

 

 

Até 14 de junho.

Na Casa das Rosas

21/maio

O Mundo Líris, plataforma de desenvolvimento artístico e desdobramento de projetos, inaugurou a exposição “Distâncias Sutis”, na Casa das Rosas, Bela Vista, São Paulo, SP. Formado por 10 fotógrafos – Beatriz Pontes, Bernardo Dorf, Daniele Queiroz, Flávia Tojal, Helena Rios, Luciana Mendonça, Marcelo Guarnieri, Márcio Távora, Marina Piedade e Renata Angerami -, além de Marcelo Greco, que atua também como orientador, o grupo exibe aproximadamente 30 imagens e alguns elementos de seus processos criativos. A distância entre os mundos interno e externo – relação intrínseca à criação artística -, e a distância entre imagem e palavra perfazem o universo apresentado na mostra.

 

Após o recente lançamento da publicação impressa Líris #1, os artistas se reúnem novamente na exposição Distâncias Sutis, cujo escopo aborda a cidade e seu caráter perturbador. “Pela projeção de nossos desejos e pela ilusão de que o ‘lá’ seja melhor que o ‘aqui’, criamos nosso relevo emocional na cidade, que se modifica perante nossos olhos a todo instante.”, comenta o grupo. Neste contexto, cada fotógrafo exibe uma visão particular sobre o tema, com fotografias, desenhos, colagens, obras feitas com técnicas mistas, além de alguns textos.

 

Ainda, alguns objetos utilizados no processo criativo serão expostos, evidenciando pequenos rastros significativos para a concepção de cada trabalho. Citando alguns desses itens, temos cadernos de anotações, croquis, carimbos, instrumentos de desenho como penas de nanquim, arquivos pessoais, livros que serviram como referência e inspiração para os fotógrafos, entre outros.

Ao longo dos últimos 10 anos, o Mundo Líris – grupo de estudos iniciado por Marcelo Greco para discutir e pensar a imagem como forma de expressão – cresceu e transformou-se em realizador de publicações eletrônicas, exposições coletivas e individuais, imersões fotográficas, ações educativas, intercâmbios internacionais etc.

 

O Mundo Líris também promeve uma mesa redonda, no dia 22 de maio, às 19h30, ocasião em que o convidado Luiz Antônio Jorge discutirá fotografia e literatura com alguns participantes do grupo, com mediação de Marcelo Greco.

 

Com mais este projeto, o Mundo Líris encurta a distância entre o universo da fotografia e as pessoas que se interessam por arte e literatura. Com trabalhos diversificados, o grupo convida a todos para esta experiência sutil e reveladora.

 

 

Mesa redonda : 22 de maio.

 

Até 31 de maio.

Conversa

16/mar

Conversa: “Até Aqui Tudo Bem”, por ocasião da exposição coletiva Até Aqui Tudo Bem (projeto Inside the White Cube), a White Cube São Paulo convida para uma conversa entre a curadora Fernanda Brenner e o crítico de arte e curador Ricardo Sardenberg, contando ainda com a participação dos artistas Daniel Albuquerque e Rita Vidal.

 

Local: White Cube São Paulo, Vila Mariana, Rua Agostinho Rodrigues Filho, 550
Conversa exposição Até Aqui Tudo Bem
Fernanda Brenner e Ricardo Sardenberg
Com Daniel Albuquerque e Rita Vidal

 

Data:  21 de março de 2015
Hora:  12h – 13h30

Coimbra

09/mar

Homem de temperamento forte e decidido que acompanhou o mercado de arte brasileiro desde  o ano de criação da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro em 1971, faleceu aos 84 anos nesta cidade o senhor José de Almeida Coimbra, o COIMBRA. Como diretor da casa, tornou-se uma figura ímpar no setor, foi amigo dos pintores Di Cavalcanti e Sigaud e do arquiteto Oscar Niemayer.

 

Natural de Recreio, MG, acompanhou os leilões de arte moderna e contemporânea, a valorização de nomes consagrados e o surgimento de novos artistas desde os primeiros leilões realizados pela Bolsa de Arte do Rio de Janeiro no Copacabana Palace Hotel. Podemos afirmar, sem dúvida, que Coimbra ajudou a sedimentar e foi um marco no mercado de arte brasileiro.

Esculturas de Leandro Gabriel

02/fev

O livro “Leandro Gabriel. Esculturas”, edição do autor e patrocínio Vallourec, projeto gráfico Clara Gontijo, foi lançado no final de 2015. E o crítico de arte Jacob Klintowitz escreveu um texto especialmente para esta edição.

 

Depoimento de Jacob Klintowitz

 

Há muito eu acredito que o maior mistério não é a morte ou o nascimento, ainda que impactantes. Penso, como Oscar Wilde, que o maior mistério do nosso planeta é a existência do amor. Tenha o amor o nome que tiver – maternal, paternal, misericórdia, caridade, amizade, filial, terreno, sagrado, profano – ele é feito de transcendência e empatia e isto escapa das justificativas da evolução das espécies ou do materialismo histórico. Pessoalmente considero sagrado o amor, o único sentimento que nos permite a intuição do cosmos. Este texto, a seguir, que escrevi sobre a obra de Leandro Gabriel é significativo para mim, pois é a primeira vez que junto estes dois conceitos: o do amor agregador e o do processo criativo capaz de gerar a forma. O artista repete em si o mito ancestral da criação do mundo: ele converte a matéria inerte (o caos) em forma (o cosmos). De repente habitou em mim a certeza de que o gesto criador é um ato amoroso.

 

É um livro antológico com vários textos de críticos de arte, artistas e jornalistas. Eu escrevi o meu texto especialmente para esta edição sem saber quais seriam os meus companheiros de jornada e fiquei feliz ao verificar a alta qualidade da companhia e ter nela alguns amigos diletos: Angela Ancora de Luz, Carlos Perktold, Luis Sérgio de Oliveira, Marcus Lontra, Miguel Gontijo, Paulo Laender, Sérgio Vaz e Tatiana Lima da Silva.

 

 

Leandro Gabriel.

 

A primeira vez.

por Jacob Klintowitz

 

É possível que estas formas inusitadas e originais nos lembrem do vocabulário mecânico e industrial da nossa época. Há nelas alguma coisa de construído, de encaixe, a aparência de conexões, o tom terroso e uniforme que costuma assumir o que é eminentemente prático e objetivo. Mas esta percepção é desmentida porque estas formas resultam inobjetivas, elas não produzem nada e também não são condutos a ligar à fonte ao consumo.

 

Quem sabe estas formas nos remetam à natureza, já que podem tão facilmente serem associadas às árvores e, em conjunto, a pequenos bosques? Contudo, falta certa simetria e a emergente pulsação que até o mais severo dos cactos possui.

 

E, no entanto, estas formas criadas pelo escultor Leandro Gabriel, além da extrema sedução de sua aparência que induz às associações imagéticas, se impõe por sua inteireza, por estar em si mesmo e não conexa com formas históricas, e por existir pela primeira vez. O prazer que ela provoca durante a contemplação se deve à surpresa que o olhar encontra e ao lúdico desejo de decifração. A relação imediata é de acréscimo e, portanto, de verdadeira comunicação, aquela que acrescenta ao receptor enriquecimento do seu repertório.

 

Já não é necessário ao artista referenciar diretamente ao conhecido. É evidente que o conhecido não é sinônimo de existente. E o que em certo momento foi chamado de arte não objetiva não tem mais sentido se compararmos a expressão  puramente emocional com a fotografia do macro e do micro. Cósmica ou partícula, o seu registro visual foi antecipado pela arte. O que Leandro Gabriel faz é tornar forma as suas sensações e intuições ainda não contaminadas por uma civilização que incessantemente produz formas consumíveis.

 

Leandro Gabriel pertence à família artística que concebe formas originais porque aquém da sua personalidade social. É uma tribo rara, mas que tem o seu direito à existência graças ao habeas corpus preventivo inventado pelo século vinte europeu.

 

A humanidade se defronta com dois mistérios. O primeiro é a capacidade de inventar seres, entidades com vida própria, de origem razoavelmente desconhecida, que nos abrem o horizonte para uma realidade última e alargam o nosso conceito de real. Estes seres tem o nome de formas e estão abrigados numa vaga entidade conceitual chamada arte. O segundo mistério é o amor, mais significativo do que o nascimento e a morte. No campo da arte, dos artistas e da criação de formas, estes dois mistérios, a invenção e o amor, podem andar juntos. É o caso do escultor Leandro Gabriel.