Raul Mourão expõe em Salvador

01/dez

 

 

 

O MENOR CARNAVAL DO MUNDO

 

A Roberto Alban Galeria, Salvador, BA, tem o prazer de anunciar a exposição “O menor carnaval do mundo”, exposição individual de Raul Mourão. Segunda exposição do artista na galeria, a mostra que será inaugurada dia 09 de dezembro e fica em exibição até 05 de fevereiro de 2022 reúne um conjunto de 44 obras recentes, oriundas de diferentes séries e campos de investigação de sua vasta produção, iniciada na segunda metade da década de 1980.

 

Expoente de uma geração que marcou o cenário carioca na década seguinte, Raul Mourão é notadamente conhecido por uma produção multimídia, que se desdobra em esculturas, pinturas, desenhos, vídeos, fotografias, instalações e performances. Frequentemente, o artista investiga os cruzamentos entre estes campos e linguagens, estimulando relações multidisciplinares em sua prática, lançando mão de um vocabulário visual único e de um peculiar senso de apreensão da realidade que o cerca.

 

A obra de Mourão alimenta-se, assim, de trivialidades e signos da vida cotidiana e de sua vivência da paisagem urbana, então interpretados e reconfigurados pelo artista em um processo de elaboração de seu olhar sobre eles, tão engenhoso quanto perspicaz, capaz de refletir sobre o que nos parece mundano, efêmero; mas também sobre questões mais amplas, como o contexto sócio-político do país.

 

Este fluxo entre as esferas individual e coletiva acontece em uma constante retroalimentação entre estes polos, resultando em uma produção artística de alta voltagem inventiva e linguística, em estado de ebulição e renovação contínuos, ao passo em que determinados temas, elementos e materiais seguem em experimentações constantes e variadas dentro do processo criativo do artista.

 

Em O menor carnaval do mundo, Mourão reforça este interesse por mídias e suportes diversos ao apresentar obras recentes de diferentes séries de sua produção, todas realizadas nestes últimos anos. O conjunto reúne desde novas esculturas cinéticas a pinturas de sua série “Janelas”, de fotografias e pinturas da série “SETADERUA” à vídeos como “Bang-Bang” – obra já exibida em ocasiões anteriores, mas recontextualizada dentro do presente conjunto proposto.

 

O título da mostra alude tanto à uma dimensão narrativa, afetiva – um carnaval vivido junto a um grupo reduzido de amigos, dentro do período pandêmico – quanto aponta para um certo jogo de escalas proposto pelo próprio artista a partir da obra título da exposição. Escultura realizada em dois tamanhos diferentes, a obra homônima evidencia o desejo de Mourão de experimentar estas pequenas variações sobre um mesmo tema ou objeto, explorando uma mesma ideia por vias distintas, mas também complementares, insuspeitas.

 

Suas bandeiras do Brasil, por exemplo – subtraídas de seus círculos centrais e do lema positivista de “ordem e progresso” – aparecem ao longo da mostra tanto em uma pequena versão p&b em tecido (dedicada ao grupo BaianaSystem) quanto em uma fotografia realizada na orla carioca, em parceria com o músico Tomás Cunha Ferreira.

 

Na entrada do espaço expositivo, uma espécie de parede-índice reúne um conjunto variado de trabalhos, sublinhando este senso de “desnorteamento organizado” proposto por Mourão, nos convidando a adentrar suas diferentes séries e campos de investigação a partir da sugestão de possibilidades diversas de relações a serem traçadas entre as obras em si. O artista não nos indica, assim, direções fixas ou trajetórias precisamente delineadas. Por vias opostas, nos concede, pistas e indícios que funcionam espontaneamente como disparadores destes inúmeros percursos a serem realizados por entre as salas da mostra. Nas palavras da crítica e curadora de arte pernambucana Clarissa Diniz, no texto crítico que acompanha a mostra:

 

“Se vivemos, agora, um mundo que nos extrapola mais do que a outrora posto que nos apreende em grades e distâncias, ao que parece, quando nos convoca a participar do Menor carnaval do mundo, Raul Mourão está a nos cochichar sobre a força transformadora do que, reduzido, pode enfrentar os gigantes sem que eles se deem conta do que está acontecendo.”

 

Sobre o artista

 

Raul Mourão nasceu no Rio de Janeiro, em 1967, onde vive e trabalha. Entre suas principais exposições individuais e projetos solo recentes, destacam-se: Empty Head, Galeria Nara Roesler Nova York, 2021; A Máquina do Mundo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2021; Estado Bruto, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2020; A Escolha do Artista, Instituto Casa Roberto Marinho, 2020;  Experiência Live Cinema #4: Raul Mourão + Cabelo, Studio OM.Art, 2019; Fora/Dentro, no Museu da República, 2018, Rio de Janeiro, Brasil; Você está aqui, no Museu Brasileiro de Ecologia e Escultura – MuBE – 2016, São Paulo, Brasil; Please Touch, no Bronx Museum, 2015, Nova York, Estados Unidos; Tração animal, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, 2012, Rio de Janeiro, Brasil; Toque devagar, Praça Tiradentes, 2012, Rio de Janeiro, Brasil. Entre as coletivas recentes, encontramos: Coleções no MuBE: Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz – Construções e geometrias, no Museu de Ecologia e Escultura, MuBE, 2019, São Paulo, Brasil; Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, Oca, 2017, São Paulo, Brasil; Mana Seven, Mana Contemporary, 2016, Miami, Estados Unidos; Brasil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden Aan Zee, 2016, Haia, Países Baixos; Bienal de Vancouver 2014-2016, Canadá, 2014. Seus trabalhos figuram em coleções de importantes instituições, tais como: ASU Art Museum, Tempe, EUA; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC-Niterói, Niterói, Brasil; Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro, Brasil; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, Rio de Janeiro, Brasil.

 

 

 

Siron Franco em ação

25/nov

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Na próxima segunda-feira, dia 29 de novembro, o artista plástico Siron Franco irá exibir a partir das 19:30, na cúpula do Museu da República, em Brasília-DF, o Vídeo Mapping “Onça Pintada”.

Uma homenagem, e ao mesmo tempo um alerta contra a matança do maior felino das Américas, um dos símbolos da nossa biodiversidade.
29 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Onça Pintada.

Exposição de Ziraldo e Museu Histórico Nacional

12/nov

 

 

Com “Terra à Vista e Pé na Lua”

 

Ziraldo participa no dia 20 de novembro dos 100 anos do Museu Histórico Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição que marca o início das comemorações do museu tem como foco a aventura humana rumo ao desconhecido. Pelo olhar visionário de Ziraldo – artista atemporal cuja produção se faz presente no imaginário de brasileiros e brasileiras de todas as idades – o visitante navegará do descobrimento do Brasil às conquistas espaciais, passando por obras do artista que se unem conceitualmente às coleções do museu via códigos QR espalhados pela cenografia.

 

A trajetória de Ziraldo (livros, personagens, ideias ou mesmo objetos de trabalho) reconecta o visitante, de forma instigante e criativa, à história de um Brasil construído diariamente por todos nós. A curadoria e direção de arte ficam a cargo de Adriana Lins e Guto Lins (Manifesto), que contaram com o apoio e a participação do Instituto Ziraldo, enquanto a cenografia é assinada por Susana Lacevitz e Philppe Midani (Cenografia.Net).

 

Segundo Vania Bonelli, diretora interina do Museu Histórico Nacional, para dar início às comemorações do centenário do MHN em 2022, “a fantástica criatividade” de Ziraldo e seus super-heróis é uma “verdadeira odisseia”. “Ao retornarmos à alegria, convidamos as mais diversas gerações para navegarem no tempo e no espaço, reafirmando a frase do Menino Maluquinho: ‘que maluquinho que nada! Eu sou danado de feliz!’”, conclui.

 

A exposição faz parte do Plano Anual 2021 do museu, que tem o apoio da Associação dos Amigos do MHN e patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

“O Instituto Cultural Vale tem enorme alegria de fazer parte desta jornada de descobertas proposta pela exposição Terra à Vista e Pé na Lua. Ao unir as criações de Ziraldo ao acervo do Museu Histórico Nacional, a mostra convida públicos de todas as idades a reler o passado e recriar o presente de forma lúdica, contando histórias de vários Brasis. Para o Instituto, que tem quatro espaços culturais próprios, gratuitos e abertos ao público, e que patrocina projetos culturais em todas as regiões do país, faz muito sentido estar ao lado de iniciativas como essa, que criam oportunidades de aprender, se inspirar e criar em contato a história e com a arte”, afirma Christiana Saldanha, Gerente do Instituto Cultural Vale.

 

Sobre a exposição

 

Logo na entrada, no pátio Minerva, painéis fazendo referência a livros gigantes, em tamanhos variados – alguns medindo até dois metros -, apresentam imagens icônicas de Ziraldo nas temáticas quadrinhos, cartazes, Menino Maluquinho e Zeróis, direcionam os visitantes para a entrada da exposição, que se espalha pela fachada e Pátio dos Canhões, além de três galerias de exposições temporárias.

 

Na Sala 1, a Área Caravela compreende o “descobrimento” do Brasil, chegar em um mundo desconhecido, solar, passando pelo humor e alegria do Menino Maluquinho, e pelo Espaço Imprensa – quando Ziraldo chega ao Rio de janeiro e começa a se apresentar, conquistando seu público – área representada na exposição por seis longas páginas que reproduzem rotativas de jornal, expondo as tiras, os quadrinhos, os Zeróis e as charges de Ziraldo que circularam pela imprensa do Brasil. Já a Sala 2 destina-se à área Lua, com o personagem Flicts, astronautas e os planetas. É uma mistura de nave espacial com o próprio espaço sideral, tendo vitrine com originais e livros relativos ao tema.

 

Na Sala 3, a área Universo Ziraldo abriga a prancheta do artista e uma simulação de seu estúdio de trabalho, com livros, estantes, e na TV da parede – que ficava sempre ligada enquanto ele produzia – Ziraldo conversa com o visitante, ao mesmo tempo em que desenha, no documentário feito em 1975 por Tarcisio Vidigal.

 

Tanto a mesa quanto a cadeira e a máquina de escrever pertencem ao acervo do artista. É nesta sala que também fica a galeria dos personagens: alguns rostos conhecidos de todos, outros nem tanto, e espelhos para o próprio visitante se ver e se sentir fazendo parte deste grupo. Na parede oposta aos livros infantis, os super-heróis, as onomatopeias e o próprio Ziraldo – numa caricatura em tamanho real – convidam o visitante a sentar para uma prosa. Personagens em escala humana ocuparão a “Praça da Amizade”, no Pátio dos Canhões, que nessa versão atiram flores.

 

Hiperlinks, em diversos momentos do percurso da mostra, disponibilizam códigos QR que darão acesso a informações complementares. Um exemplo é o código indicado pela imagem do Menino Maluquinho no painel de entrada à Sala 1, que levará ao link de acesso do vídeo oficial “Terra à Vista e Pé na Lua”. A apresentação da exposição terá legendas em português e tradução em libras e o link também ficará disponível no Youtube do MHN, favorecendo a divulgação virtual da mostra.

 

“Terra à Vista e Pé na Lua convida o visitante para uma volta ao mundo a bordo da espaçonave pilotada por Ziraldo Alves Pinto, artista navegante de seu tempo, de nosso tempo, de todos os tempos. Um visionário que manteve os pés no chão de sua Caratinga natal – e depois, do Rio de Janeiro – mas sempre com a cabeça na Lua!
E vem nos alimentando a alma com uma criatividade estonteante que nos deixa mareados. A obra de Ziraldo é como o vento que segue em várias direções sem perder a força e nos leva rumo a nós mesmos em um passeio pela história do Brasil, guiados por um mapa ilustrado com amor e humor. Ziraldo singrou diversos mares e sua praia é a mente fértil onde se plantando tudo dá. Seu desenho ágil e inteligente e seu domínio técnico são um marco divisório nas artes gráficas e na ilustração brasileira, uma bússola que orientou e dá sentido à carreira de muitos outros navegantes que vieram depois dele. Seu trabalho, que é fruto de muita pesquisa e perseverança, aqui nessa exposição ancora em várias ilhas e atiça nossa imaginação para uma visita pelo acervo do Museu Histórico Nacional. Uma visita que começa aqui mas não termina nunca, pois o tempo não pára e o mundo é pequeno para um marinheiro curioso e atento. Seus personagens estão tatuados em nossos corações, seus livros estão gravados em nosso convés e a bandeira que tremula no nosso mastro é uma folha de papel. Ziraldo é isso tudo e isso é coisa de museu!”, dizem Adriana Lins e Guto Lins, curadores da exposição.

 

Sobre o artista

 

Ziraldo Alves Pinto, brasileiro do mundo, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 1932. Com reconhecimento nacional e internacional desde o final dos anos 1960, vem atuado profissionalmente por sete décadas nos contextos social, político, ambiental e educacional em mídias jornalísticas, literárias e de entretenimento. Ícone cultural de nosso tempo, seu acervo tornou-se referência para a identidade e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Pioneiro no design, revolucionário na literatura infanto-juvenil, ativamente engajado em temas sociais e políticos, um intuitivo e criativo crítico de costumes, Ziraldo atinge contextos universais e atemporais.

 

Seus livros, combinando texto e imagem na estética que acabou por definir sua marca, trazem, desde sempre, a ecologia como prática de sobrevivência e solidariedade; a generosidade sem fim do verdadeiro amigo; o universo das palavras ou mesmo das estrelas; a criatividade maluquinha da criança; o amor desmedido das mães, das tias, do avô. Trazem a cor como característica e identidade, nunca como limitação. E memória e afeto, na construção do indivíduo. Em setembro de 2018, Ziraldo sofreu um acidente vascular cerebral que o impediu de voltar a sua prancheta de trabalho e o impossibilitou de visitar, na época, as duas exposições que estavam sendo montadas, em São Paulo, em sua homenagem. Hoje, três anos depois, ele se encontra mais forte e vem acompanhando virtualmente, com entusiasmo e curiosidade, cada etapa da construção do projeto “Terra à Vista e Pé na Lua”.

 

Ações educativas

 

Ação educativa virtual e presencial – Caderno de Atividades: Me leve pra casa! Me leve pra escola! Me leve com você! Todos os sábados, acontecerão ações educativas virtuais e presenciais para o público visitante. Suporte lúdico baseado no discurso narrativo da exposição TERRA À VISTA E PÉ NA LUA, tem como objetivo proporcionar a interação da criança com o material exposto. Será oferecido em versão impressa, distribuída às crianças visitantes e também disponibilizado on-line gratuitamente. Aos sábados as atividades poderão ser feitas no próprio Museu com o auxílio de monitores.

 

Sobre o MHN

 

O Museu Histórico Nacional (MHN) é um museu dedicado à história do Brasil. Localizado no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi criado no ano de 1922, pelo então presidente Epitácio Pessoa (1865-1942), como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil. Unidade museológica integrada à estrutura do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), autarquia do Ministério do Turismo, o MHN possui um acervo constituído por mais de 300 mil itens arquivísticos, bibliográficos e museológicos. Suas galerias de exposição abrangem desde o período pré-cabralino até a história contemporânea do país. O espaço expositivo faz parte de um conjunto arquitetônico que se distribui por uma área de 14 mil m², à qual se somam os mais de 3 mil m² de pátios internos. O museu conta, ainda, com galerias para exposições temporárias e loja de souvenirs. Comprometido em apresentar da melhor forma possível suas coleções ao maior número de pessoas, o MHN atende escolas públicas e privadas, bem como visitantes em geral em visitas mediadas especiais.

 

Até 20 de fevereiro de 2022.

 

Alfredo Jaar no Sesc Pompéia

11/nov

 

O conceituado artista chileno Alfredo Jaar, com 40 anos de trajetória, tem um recorte de seu trabalho feito pela exposição “Lamento das Imagens”, que ocupa os galpões do Sesc Pompéia continuará até 05 de dezembro.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Santiago, em 1956, Alfredo Jaar também é arquiteto, fotógrafo e cineasta. Ele começou sua trajetória artística no Chile, no final dos anos de 1970, quando o país passava pela ditadura militar. E ganhou destaque depois de se mudar para os Estados Unidos em 1982. Foi a partir desse momento que ele começou a colocar em evidência em suas obras as relações de poder internacionais. E passou a discutir temas como a continuidade das violências coloniais no mundo contemporâneo, as violências que provocam a invisibilidade seletiva de povos e populações. Os trabalhos de Alfredo Jaar figuram entre as mais importantes coleções de arte do mundo, como a do MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo; Tate Modern, em Londres; Centre Pompidou, em Paris; MoMA – Museu de Arte Modern e do Guggenheim Museum, ambos em Nova York; e no Centro Reina Sofia, em Madri, entre muitas outras.

Arquiperiscópio no Oi Futuro

28/out

 

Com curadoria de Paulo Herkenhoff, o Oi Futuro apresenta, pela primeira vez, no dia 03 de novembro, um panorama da múltipla produção do artista André Severo, com obras que buscam referências na História da Arte para falar sobre as relações humanas, a natureza e a imagem

 

O Oi Futuro inaugura, no dia 03 de novembro, a exposição “André Severo – Arquiperiscópio”, com seis obras inéditas do artista gaúcho, compostas por mais de 150 trabalhos, e seis vídeos, que ocuparão o pátio externo, o hall e os níveis 2, 3 e 4 do centro cultural. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra apresenta um panorama da obra de André Severo, artista múltiplo que começou sua trajetória há 27 anos e realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro.

A exposição apresenta diferentes vertentes do trabalho do artista que estarão reunidas pela primeira vez em uma exposição. Em comum, todas buscam referências na História da Arte para falar sobre as relações humanas, a natureza e a imagem.

 

“A obra de André Severo é sobre a circulação da arte-imagem. Sua despojada presença em vídeos, fotografias, livros e exposições escamoteia a complexidade desse desafio. Nem sempre o público tem consciência de que se depara com uma proposta de arte e que é um alvo deste projeto. Para o artista, toda circulação cultural é uma forma de contrato social com a recepção”, diz o curador Paulo Herkenhoff, que vem planejando esta exposição há cerca de três anos.

 

A exposição terá obras que trazem elementos chaves da produção de André Severo, mostrando ao público um panorama de seu pensamento. “Minha produção é cíclica; a maneira como os trabalhos estão articulados no espaço, em “Arquiperiscópio”, traz referências da minha produção ao longo dos últimos 20 anos, ao mesmo tempo em que revelam o ponto de pensamento em que estou no momento”, diz o artista.

 

O nome da exposição, “Arquiperiscópio”, faz uma alusão ao objeto ótico – cujo funcionamento é baseado na associação de dois espelhos, permitindo uma visão ampliada e de longa distância – para dar conta da obra e trajetória múltipla de André Severo, que também é curador e produtor. “Entendo tudo o que faço como uma coisa só. Trabalho compulsivamente e cada trabalho é uma parte do todo, do que sou, que me ajuda a entender os processos poéticos, mas também de busca e questionamento existencial”, diz.

 

“Seu modelo óptico é o arquiperiscópio, com um regime polissêmico, múltiplo, errante, plurívoco, heterotópico. Iconógrafo, devorador de Cronos, Severo é onívoro. O arquiperiscópio não se prende a espelhamentos nem à geometria rasa, sendo, pois, anticaleidoscópio”, ressalta o curador Paulo Herkenhoff. “Em resumo, o artista considera arte toda e qualquer ação sua que faça no sistema de arte, como ainda a curadoria da XXX Bienal de São Paulo, como uma dimensão poética de sua própria arte, as propostas que faz aos curadores de suas mostras pessoais, a direção de instituições culturais, palestras, entre outras. Isto é seu arquiperiscópio”, ressalta.

 

Obras em exposição

 

Rastro (Gustave Le Grey) – No pátio do Centro Cultural Oi Futuro estará uma grande instalação, de 14mX2m, feita a partir de uma imagem de Gustave Le Grey, um dos mais importantes fotógrafos franceses do século XIX. Severo ampliou essa imagem em formato de cartaz lambe-lambe e colou nas ruas. Tempos depois, esses cartazes foram retirados, trazendo todos os elementos que estavam atrás, e também tudo o que foi sobreposto, além das interferências climáticas, como sol e chuva, aos quais os trabalhos foram expostos. “São quatro imagens, que, como já passaram pela rua, tiveram diversas interferências. É quase como um palimpsesto ao contrário, com camadas que vão se sobrepondo de trás para frente”, diz o artista, que, ao longo de sua trajetória, realizou diversas ações na rua.

 

A Onda – Série de pinturas inéditas nas quais André Severo reproduz uma série de trabalhos de Gustave Courbet (França, 1819 – 1877), pioneiro do realismo francês. “Entre os anos de 1850 e 1872, Courbet produziu uma grande série de pinturas que ele intitulou “A onda”.  Em um mundo desprovido da figura humana, estas ondas estão entre as pinturas mais abstratas de Courbet, e muitas parecem ter sido inventadas em vez de observadas. Essas obras não somente deram início às tendências modernas de Manet e dos impressionistas, mas também ao expressionismo abstrato americano dos anos 1940 e 1950” afirma. Segundo Severo, as suas pinturas não pretendem ser uma releitura de Courbet e estão mais para um ato performativo de busca de entendimento de sua obra. “Eu poderia falar, ler ou escrever sobre as pinturas, mas, dentro de meu processo, para entender, de fato, as transformações inauguradas por Courbet, preciso fazer com que essas pinturas ganhem corpo, preciso entender pelo gesto”, diz o artista, que, para esse projeto, estudou a técnica que Courbet usava e criou obras em escalas maiores do que as originais – em uma escala que faz referência aos expressionistas abstratos que foram influenciados por Courbet. “Eu tento reproduzir as obras, e elas acabam tendo uma semelhança bem impressionante com as originas; mas o ponto mais interessante para mim é quando erro, quando não consigo copiar o gesto e alguma outra coisa aparece na pintura”, ressalta. Atrás das pinturas, há o nome do Courbet, deixando marcado de onde vem a referência.

 

Academia – série com 12 trabalhos, compostos por cerca de 50 desenhos cada, na qual o artista faz uma referência às academias do século XVIII e XIX, onde os artistas aprendiam a desenhar copiando obras de outros artistas. Os trabalhos são feitos em grandes formatos, medindo 2,15m X 1,60m cada e, juntos, formam um enorme painel de desenhos justapostos e sobrepostos. “Cada um dos desenhos que compõem esta série foi produzido a partir de releituras que realizei de artistas de diferentes nacionalidades, contextos e tempos. A ideia básica era a de tentar aprender a “linguagem” que cada um destes criou para produzir sua poética pessoal. Estão, para mim, em jogo aqui, ideários que me levam a ponderar que nossa relação com o sensível não é passiva; que em nossa relação com as imagens sempre está em jogo algo além da aquisição de conhecimento; e que a apropriação do sensível não acontece somente através da percepção. Assim, o ato de desenhar, de produzir uma releitura de outrem, por exemplo, aparece aqui como uma forma de incorporar um sensível distante e fazê-lo existir, de outra forma, aqui e agora – uma possibilidade de adquirir esse sensível e incorporá-lo à minha própria esfera poética”, afirma Severo.

 

Inventário – Inventário é um trabalho em aberto, composto por milhares de pequenas colagens que trazem relacionadas, em cada uma delas, uma imagem, uma palavra e uma gota de sangue do artista, que é diabético e precisa fazer a medição de glicose diariamente. Na mostra, serão apresentados 120 desses trabalhos, escolhidos entre milhares. “É um trabalho sobre vínculos, que associa imagem, palavra e corpo”, ressalta o artista.

 

El Mensajero – série de textos produzidos a partir de uma colagem de trechos de diversos livros do poeta mexicano Octávio Paz (1914 – 1998). Na exposição, serão apresentados 12 desses textos, alguns espalhados pelos andares do prédio do Oi Futuro. “Produzidos originalmente no contexto de uma trilogia de exposições que realizei entre os anos de 2015 e 2021, os textos aparecem aqui como uma espécie de condutor poético/conceitual para a visitação e funcionarão como pontuações para as obras que iremos apresentar na mostra”, afirma o artista.

 

Passagem – videoinstalação composta por 14 vídeos elaborados a partir da animação de uma seleção de fotografias dos estudos de movimentos realizados por Eadweard Muybridge entre os anos de 1883 e 1887. Para a realização desta instalação, o artista selecionou 56 pranchas dos mais de 700 estudos realizados por Myubridge. Para a confecção de cada vídeo, em que vemos homens e mulheres (de diversas idades e etnias) caminhando da esquerda para a direita, nus e enfileirados, foram selecionadas e animadas (a partir da sequência fotográfica original) quatro pranchas – resultando, ao final, em uma espécie de procissão em que 56 pessoas caminham sem sair do lugar. Tendo como possível leitura uma espécie de passagem entre a morte e a ressurreição, a instalação retrata indivíduos isolados, fora do tempo e advindos de distintos setores da vida, marchando na mesma direção, cada um viajando a seu próprio ritmo e de sua própria maneira. “Não há começo ou fim para a procissão de indivíduos; e o fluxo constante de pessoas não sugere ordem ou sequência aparente. Não há retorno. Como viajantes, eles se movem em um espaço intermediário entre dois mundos rumo a um destino desconhecido”, pondera o artista. “É a culminância da exposição. Ao longo da mostra, o público vai experimentar o corpo, a direção do movimento e as diversas formas de caminhar, uma vez que o prédio é uma subida”, diz o curador Paulo Herkenhoff.

 

Completam a mostra o vídeo “Ensaios para o fim”, que mostra explosões de bombas atômicas, que será exibido nas TVs do térreo do Centro Cultural Oi Futuro, e a obra “Arquiperiscópio TV”, com uma edição de diversos filmes do artista, que estará no videowall, também no térreo.  Os vídeos “Meridional” e “Estada” estarão no Nível 4 e a intervenção “Isto fala”, nos painéis do Museu das Comunicações e Humanidades (Musehum). Também farão parte da exposição livros editados por André Severo, ampliando o panorama sobre o artista. A mostra será acompanhada de um catálogo, a ser lançado ao longo do período da exposição, com texto do curador Paulo Herkenhoff e imagens das obras em exposição no Centro Cultural Oi Futuro e de outras obras do artista, expandindo, ainda mais, o panorama sobre a obra de André Severo.

 

Sobre o artista

 

André Severo nasceu em Porto Alegre, RS, 1974. Vive e trabalha em Porto Alegre. Mestre em Poéticas visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Artista visual, curador, produtor, atualmente é diretor do Farol Santander Porto Alegre. Realizou diversos filmes e instalações audiovisuais e participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Em 2018, com Marília Panitz, foi o curador da exposição “100 anos de Athos Bulcão”. Entre os anos de 2015 e 2017 realizou “Metáfora”, em parceria com Paula Krause, e “Espelho”, as duas primeiras partes da trilogia de exposições “El Mensajero”, concluída este ano com a exposição “Labirinto”. Com Luis Pérez-Oramas, foi responsável pela curadoria da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza, em 2013, e da XXX Bienal de São Paulo – “A iminência das poéticas”, em 2012, mesmo ano em que publicou o livro “Deriva de sentidos”. Em 2010, foi responsável pela curadoria da mostra “Horizonte expandido”, junto com Maria Helena Bernardes, com quem iniciou, em 2000, as atividades de “Areal”, projeto que se define como uma ação de arte deslocada, que aposta em situações transitórias capazes de desvincular a ocorrência do pensamento contemporâneo dos grandes centros urbanos e de suas instituições culturais. Publicou, entre outros, os livros “Consciência errante”, “Soma e Deriva de sentidos” e “Artes Visuais – Ensaios Brasileiros Contemporâneos” (Funarte). Dentre suas principais premiações destacam-se o Programa Petrobrás Artes Visuais – ano 2001 -; o Prêmio Funarte Conexões Artes Visuais, em 2007; o Projeto Arte e Patrimônio 2007; o Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009; o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, em 2010; o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça – 6ª Edição, em 2013; o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014; o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2015; e o Prêmio Sérgio Milliet da ABCA, em 2018 pelo livro “Artes Visuais – Ensaios Brasileiros Contemporâneos”.

 

Sobre o Oi Futuro

 

O Oi Futuro, instituto de inovação e criatividade da Oi para impacto social, atua como um laboratório para cocriação de projetos transformadores nas áreas de Educação, Cultura e Inovação Social. Por meio de iniciativas e parcerias em todo o Brasil, estimulamos e conectamos indivíduos, organizações e redes para a construção de um futuro mais potente, com mais inclusão e diversidade. Na Cultura, o Oi Futuro mantém um centro cultural no Rio de Janeiro, com uma programação que valoriza a convergência entre arte contemporânea e tecnologia. O espaço também abriga o MUSEHUM – Museu das Comunicações e Humanidades, com acervo de mais 130 mil peças. Há 18 anos o Oi Futuro gerencia o “Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados”, que seleciona projetos em todas as regiões do país por meio de edital público. Desde 2003, foram mais de 2.500 projetos culturais apoiados pelo Oi Futuro, que beneficiaram milhões de espectadores. Apostando no potencial cultural, social, de público e de inovação dos festivais, o Oi Futuro vem impulsionando festivais de diversas linguagens artísticas em todas as regiões do Brasil. Em 2020, 23 festivais foram apoiados pelo instituto por meio do “Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados” e do “Programa Pontes”, desenvolvido em parceria com o British Council. O instituto também criou e mantém o “LabSonica”, laboratório de experimentação sonora e musical, sediado no Lab Oi Futuro, o “Oi Kabum! Lab”, que promove a formação de jovens de periferia no campo da arte e tecnologia e a curadoria de projetos de intervenção artística urbana.

 

Até 16 de janeiro de 2022.

Cabelo

14/out

 

 

Aurora Incorpora Cobra Coral

 

 

A Gentil Carioca, o Auroras e a Bergamin & Gomide, têm o prazer de apresentar a exposição “Aurora Incorpora Cobra Coral”, a primeira exposição do poeta, músico e artista visual Cabelo no espaço Auroras, Morumbi, São Paulo, SP.

 

 

A voz d’ Aurora canta luz com trevas
Aurora incorpora cobra coral
O som da chuva que cai lá fora
E a força do raio que chega com o temporal

 

 

Sua obra pulsante incorpora o espaço, ressoando a concepção de Lygia Clark – “a casa é o corpo” – e trazendo um conjunto heterogêneo de referências que convivem: desde figuras de religiões de matrizes africanas até cosmologias dos povos originários desta terra. Dentro de sua mitologia própria que é materializada nesse grande projeto “Luz com Trevas”, a exposição traz novas pinturas, desenhos, monotipias, esculturas, neons, instalações e vídeos em um ambiente camuflado pelas padronagens características do artista.

 

 

Esse diálogo com a produção do artista ocupa diferentes ambientes do Auroras e essa EXUberancia é incorporada ao espaço que abriga e torna-se também personagem nessa exposição realizada a partir de uma parceria entre as galerias e o espaço Auroras.

 

 

Se a poesia é um dos pontos de partida para o artista, na mostra, todas as linguagens se misturam para criar um ambiente onde confluem diversas ancestralidades.

 

 

Aqui a Casa é o Corpo, o Cavalo que Incorpora Cobra Coral, Cavalo do Cavalo!

 

 

 

 

As obras estão expostas no espaço físico do Auroras
Visitação: sex e sab de 11 às 18h.

 

 

 

Outros dias, mediante agendamento.

 

De acordo com os protocolos estabelecidos pelas autoridades, só será permitida a entrada após a apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19 (digital ou físico). Na entrada, será medida a temperatura corporal e é obrigatório o uso de máscara durante a visitação à exposição.

 

 

 

 

De 16 de outubro a 29 de janeiro de 2022.

 

 

Lourival Cuquinha exibe Crapulocracia

30/set

 

 

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, apresenta

 

 

até 19 de novembro, “Crapulocracia”, primeira mostra individual de Lourival Cuquinha na galeria. A exposição é a terceira de uma trilogia de exposições que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático.

 

 

O trabalho de Lourival Cuquinha atinge o campo político geralmente partindo de impressões estritas e pessoais. Não chegou a concluir nenhum curso acadêmico, mas cursou engenharia química, filosofia, direito e história, passou dez anos na Universidade Federal de Pernambuco entre 1993 e 2002. Atua em artes visuais, nas áreas de artes plásticas, audiovisual (fotografia, cinema, vídeo) e intervenção urbana. Participou de exposições nacionais e internacionais, com trabalhos caracterizados pela interatividade e pelo diálogo com o público e com o meio urbano.

 

 

Em sua obra estão constantemente refletidos pensamentos sobre a liberdade do indivíduo e o controle que a sociedade e a cultura exercem sobre ele; assim como sobre a liberdade da arte, e o controle exercido sobre ela pelas instituições. Ao atuar tanto na cidade quanto na instituição, questionando o estatuto sobre o que é “obra de arte” e verificando os limites das instituições na hora de absorverem investidas artísticas transgressoras, sua obra nos leva a pensar nas formas pelas quais os artistas de hoje vêm se posicionando frente ao sistema da arte, além de criticar tais instituições, fazer uso delas, negociar permanentemente seu lugar, numa deriva contínua entre a crítica e a adesão. Percorrendo um arco que possui inflexões políticas e força poética, a obra de Lourival surge como local de provocação e nos leva a pensar sobre o lugar que a arte pode ocupar nessas negociações pelo exercício da liberdade, experimentando, assim, o seu alcance de intervenção no próprio sistema da arte e na realidade que o circunda.

 

 

Sobre o artista

 

 

Lourival Cuquinha (Recife, 1975) vive e trabalha em São Paulo. Foi reconhecido em diversas premiações e programas de residência como: Prêmio Funarte Conexão Circulação ArtesVisuais (2017), Prêmio Marcantônio Vilaça (2012), Prêmio Brasil Contemporâneo – Fundação

 

 

Bienal de São Paulo (2010), Artist Links – British Council (2009), entre outros. Suas exposições individuais incluem: Transição de Fase, Funarte (Belo Horizonte, 2018), O Trabalho Gira em Torno, MAMAM (Recife, 2015), Territórios e Capital: Extinções, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2014), Capital: destruction-construction, PROGR Foundation (Bern, Suíça, 2012),  Topografia Suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project, Centro Cultural Correios (Recife, 2012). Entre as coletivas recentes, destacam-se: À Nordeste, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2019), Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (São Paulo, 2017 e 2011), Bienal Sur, Centro Cultural Parque de Espanha (Rosário, Argentina, 2017), 5º Prêmio Marcantônio Vilaça, MAC-USP (São Paulo, 2015). Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como: CCSP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), MAR (Rio de Janeiro), MAMAM (Recife), Centro Cultural do Banco do Nordeste, entre outras.

 

 

Oskar Metsavaht no MAC Niterói

08/set

 

 

No salão principal do MAC Niterói, RJ, a exposição “Ícones e arquétipos”, de Oskar Metsavaht, traz um conjunto de obras – fotografias, pinturas e vídeos – que estabelece uma correlação entre os dois monumentos construídos em concreto armado, símbolos das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Um dos eventos que celebram os 90 anos do Cristo Redentor e os 25 anos de inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Curadoria de Marcus de Lontra Costa.

 

 

A palavra do artista

 

 

Nesta exposição, eu apresento as analogias estéticas que vejo na construção tanto do MAC quanto do Cristo Redentor. Tive o prazer de poder mergulhar no olhar de ambos, na sensibilidade para desenhar as suas linhas, curvas e retas. E, com isso, compartilhar com o espectador que venha conhecer a exposição, o meu olhar de detalhes que fazem desta obra do Niemeyer um dos símbolos da arquitetura modernista brasileira, junto à estátua do Cristo Redentor.

 

 

De 08 de Setembro a 15 de Dezembro.

 

Programação ArtRio 2021 | Preview

 

 

8 de setembro | quarta-feira

 

 

13h – Abertura do Preview

 

 

17h – Anna Bella Geiger faz escultura ao vivo
VARANDA ARTRIO | Estande do Canal Curta!

 

 

18h – Sunset Beck’s  – Pôr do sol com a melhor vista do Rio
VARANDA ARTRIO | Mezanino Beck’s

 

 

20h – Beck’s apresenta MIRA videoarte – Abertura da programação:

 

 

VARANDA ARTRIO | Exibição no telão

Delirar o Racial (Davi Pontes & Wallace Ferreira)

Swinguerra (Bárbara Wagner & Benjamin de Burca)

Curadoria Victor Gorgulho

 

 

21h – Encerramento do Preview

 

 

Conheça as obras selecionadas pelo curador Victor Gorgulho para a abertura da MIRA:

 

 

Davi Pontes & Wallace Ferreira
Delirar o racial, 2021, 32’

 

 

Delirar o racial é uma imagem para pensar espacialidade sem as ficções formais (espaço e tempo). A partir da equação: racial ↔ ️não-local, os artistas Davi Pontes e Wallace Ferreira coreografam um experimento artístico que pensa a diferença sem separabilidade e que oferece uma equação para anular o espaçotempo como descritores de tudo que existe neste mundo.

 

No universo apresentado pelo princípio da não-localidade, o deslocamento e a relação não descrevem o que acontece, porque todas as partículas estão implicadas, isto é, todas as partículas existem umas com as outras, sem espaçotempo. A não-localidade expõe uma realidade mais complexa na qual tudo possui uma existência atual (espaçotempo) e virtual (não-local). Uma das características do pensamento pós-iluminista se encontra na
capacidade de determinação que podemos notar observando duas estruturas lógicas: condicional e silogismo. A escolha do ↔ (bicondicional) para expor essa imagem aponta sua capacidade de retirar a determinação de ambos os lados.

 

 

Em busca de uma coreografia que não solicite os pilares ontoepistemológicos, os artistas se aproximam do pensamento da artista e filósofa Denise Ferreira da Silva para pensar um filme sem o fantasma da linearidade. O efeito é uma obra experimental, no qual utilizam os mesmos procedimentos que elaboram suas coreografias, uma série de ações que lidam com a incerteza, a desordem e o provisório para pensar uma ética fora do tempo para vidas negras.

 

 

Ficha técnica:

 

 

Direção: Davi Pontes e Wallace Ferreira
Câmera e edição: Matheus Freitas
Trilha Musical e Sound

 

Design: PODESERDESLIGADO
Voz: Davi Pontes
3D: Gabriel Junqueira
Som: Nuno Q Ramalho
Produção de set: Idra Maria Mamba Negra
Apoio de set: Gabe Arnaudin
Direção de Arte e luz: Iagor Peres
Styling: Iah Bahia

 

 

Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

 

 

Swinguerra, 2019, 23”

 

Em Swinguerra, a dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Busca apresenta o resultado de sua pesquisa iniciada em 2015, em torno da swingueira pernambucana. Fenômeno cultural periférico, a swingueira pode ser definida como uma singular deglutição de elementos e signos oriundos do brega pernambucano, do axé baiano, do funk carioca e mesmo do pop norte-americano. Para o filme, Wagner e de Burca escolheram trabalhar em parceria com três companhias de dança – Cia. Extremo, La Máfia e O Passinho dos Maloka. Em comum, as três compartilham seu método de trabalho: ensaiam seus números rigorosamente, ao longo do ano, para apresentá-los em competições locais e intermunicipais, nos arredores de Recife.

 

 

Suas pesquisas desdobram-se em filmes e fotografias que investigam fenômenos que vão do brega-funk a indústria musical do gospel na Zona da Mata de Pernambuco. São curta-metragens híbridos, cuja peculiaridade de linguagem é tamanha que facilmente escapam às definições usuais de gênero. Trabalhando em regime colaborativo com seus retratados – e junto deles tomando as decisões que definem os rumos e o próprio resultado final da obra – Wagner e de Burca instauram um terceiro lugar entre o ficcional e o documental, convidando o espectador a se colocar diante de corpos e subjetividades usualmente marginalizadas ou arquetipadas pelos discursos hegemônicos.

 

 

Ficha Técnica
Direção: Bárbara Wagner, Benjamin de Burca
Roteiro: Bárbara Wagner, Benjamin de Burca
Produção: Dora Amorim, Julia Machado, Thaís Vidal
Fotografia: Pedro Sotero
Montagem: Eduardo Serrano
Arte e Figurino: André Antonio, Rita Azevedo
Som: Lucas Caminha, Catherine Pimentel, Nicolau Domingues, Caio Domingues
Trilha Sonora Original: Carlos Sá
Elenco Principal: Eduarda Lemos, Clara Santos, Diego Matarazzo, Edlys Rodrigues,
Henrique Sena (MC Fininho), Clara Damasceno, Kinha do Tamburete
Empresa Produtora: Ponte Produtoras

 

 

Sobre a curadoria do MIRA:

 

 

MIRA 2021

 

 

Curadoria Victor Gorgulho

 

 

A quinta edição do MIRA, programa de vídeo-arte da ArtRio, reforça sua missão dos últimos anos: exibir, durante o período de realização da feira, trabalhos audiovisuais de jovens e consagrados artistas de diferentes gerações.

 

 

Se entre as décadas de 1960 e 1980, os novos suportes de gravação em vídeo operaram uma verdadeira revolução no campo da arte, hoje a produção de imagens se dá em um mundo saturado por elas, rodeado por estímulos de toda sorte disparados por telas de tamanhos e resoluções cada vez mais vertiginosos.

 

 

Atrelada às nossas vidas cotidianas, no entanto, a produção de imagens instaura-se hoje em um campo mais horizontal e democrático, permitindo, no campo da arte, a emergência de narrativas e sujeitos antes condicionados à meios de produção pouco acessíveis e custosos.

 

 

A seleção de vídeos e filmes do MIRA 2021 busca dar conta de produções de ontem e de hoje, instaurando territórios híbridos: entre o cinema e as artes visuais, entre a narrativa e o filme-performance. Em um mundo povoado por imagens, são obras que investigam as infindas possibilidades do audiovisual como meio. Como radares atentos, perscrutam os sinais difusos do presente para instaurar outras possibilidades de futuro – e inaugurar novos amanhãs.

 

 

 

 

 

 

O Sertão Virou Mar

01/set

 

 

 

Azol, artista potiguar com formação em Cinema e Artes Gráficas, apresenta exposição multimídia com curadoria de Marcus de Lontra Costa. Artista multimídia que sempre empregou a variedade de plataformas a favor da criatividade, Azol recorre a linguagens distintas para revelar um sertão mágico na exposição “O Sertão Virou Mar”. Através de fotomontagens, pinturas e uma videoinstalação, ele vislumbra este mundo utópico, a partir do dia 09 de setembro, no Centro Cultural Correios, RJ.

 

 

Morando há quase 30 anos em São Paulo, Azol nasceu no Rio Grande do Norte e tem o sertão no DNA, enraizado nos seus antepassados – pais, avós, bisavós -, todos oriundos de lá. É tema recorrente dos seus trabalhos: já inspirou muitas telas e rendeu um acervo com mais de 6.000 fotografias, registradas em duas longas incursões pela rota do cangaço, quando realizou laboratórios e pesquisas. Há alguns anos, fez uma curadoria que resultou numa seleção de 60 fotos, matriz para suas primeiras fotomontagens unindo fotografia e pintura, instigado pelo historiador Marcus de Lontra Costa, curador de “O Sertão Virou Mar”. O intuito, introduzir elementos dramáticos à narrativa, gerando imagens que remetem ao realismo poético.

 

 

“Procuro ajudar o observador a embarcar numa jornada para o sublime. O mar é uma metáfora utópica para a criação de um sertão que é o contraponto da sua realidade. As fotografias produzidas apresentam fragmentos do real que se impregnam de múltiplos significados e sentimentos, se tornam plurais, transformadas pela provocação que se faz à imaginação. Caatinga, seca, a rudeza e a aspereza dos ambientes registrados são transformados em novas realidades, aquelas que, em nosso inconsciente, as chuvas poderiam revelar: abundância, esperança, fertilidade. O mar é água, é a força transformadora do sertão; nos convoca à construção de uma possível existência”, avalia Azol.

 

 

Nessa série de fotomontagens, a sobreposição das duas linguagens foi combinada com a utilização de multicamadas de filtros.

 

 

“A técnica usada é basicamente colagem digital. Transferi as fotos e as pinturas e fui manipulando as imagens. O processo é demorado… Foram meses de tentativas e erros, até chegar a um resultado satisfatório”, esclarece o artista.

 

 

O horizonte que se estende na fronteira entre a ficção e a realidade, explora situações que provocam a distorção dos cenários, gerando uma representação excêntrica que amplia as percepções. As diferentes leis que regem esse mundo novo são aceitas pelos olhos da realidade óbvia do homem, convidando o observador a explorar suas próprias fantasias e sonhos.

 

 

Texto do curador Marcus de Lontra Costa

 

 

PELOS SERTÕES

 

 

Há um sertão que se apresenta pela paisagem árida, sofrida, repleto de carências e onde a vida e a morte se sucedem em meio ao vazio e ao silêncio.

Há um sertão que se revela através da mitologia e da crença, que transforma casebres em catedrais, melancolias em beleza rara e perturbadora.

Há um sertão que habita a alma de todos nós, que recupera memórias, que descobre verdades e mentiras jamais vividas nesse território da fantasia.

Há um sertão que resgata vários outros, que amplia a lembrança, alarga o olhar, aquece o coração como uma cantiga antiga, relicário de lembranças.

 

 

Azol passeia por suas terras, percorre suas paisagens e através de fotografias, pinturas e até mesmo objetos, constrói um mundo que surge do talento e da sensibilidade do indivíduo da arte para espraiar encantos, mistérios, descobertas que fazem da vida humana uma aventura pelos vários cenários do mundo.

 

 

Tudo aqui inspira cuidados, olhares delicados, e um curioso equilíbrio de ser parte integrante dessa paisagem e, ao mesmo tempo, dela manter certo distanciamento para identificar e valorizar elementos que provoquem no espectador o desejo de decifrar e conhecer com mais profundidade o que as imagens oferecem ao olhar.

 

 

Potiguar, o artista reside há bastante tempo na cidade de São Paulo. Esse ser urbano, em plena paisagem rodeada de prédios e de concreto armado, convive com o outro (e o mesmo) garoto sertanejo, que entende a distância, a profundidade, os volumes e as cores de uma realidade que estrutura o afeto, o sentimento e a inteligência do artista. Azol atua como regente de saberes variados, temperando conceitos e imagens que retratam e recriam a imensidão das várias realidades sertanejas.

 

Esse é o sertão transfigurado; essa é a revelação da misteriosa riqueza dessa paisagem repleta de surpresas e mistérios. Essa é a reunião de um conjunto de obras elegantes e precisas com as quais o artista constrói uma exposição sensível que amplia o olhar regional para se afirmar numa linguagem sofisticada a revelar todos os sertões que permanecem em nossa mente e em nosso coração.

 

 

Sobre o artista

 

 

Artista visual formado em Cinema e Artes Gráficas nos Estados Unidos, Azol dirigiu curtas-metragens e produziu conteúdos para as TVs Manchete, Bandeirantes e Globo. Trabalhou com publicidade e participou de projetos de criação para a internet e vídeos institucionais para empresas. Desde 2010, trabalha em seu ateliê em São Paulo, onde realiza pesquisas artísticas em diferentes plataformas (pintura, escultura, colagem, mural, vídeo-arte e fotografia). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior (França, EUA e Nações Unidas), participou de feiras de arte no Carroussel Du Louvre, em Paris, e da Art Expo, em NY. O artista já integrou grupos de estudos de pintura, roteiro, oficinas de poesia e escrita criativa, outra paixão sua. Possui obras nos acervos da Pinacoteca do Rio Grande do Norte, da Funcarte (prefeitura de Natal) e no Sistema Fiern (Federação da Indústria e Comercio do RN). Em 2020, foi diplomado pela Fundação da Cidade de São Paulo (Academia de Ciências, Letras e Artes).

 

 

Até 24 de Outubro.