Paula Klien, obras inéditas

25/nov

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, apresenta, de 03 de dezembro de 2019 a 26 de janeiro de 2020 a exposição “FLUVIUS”, de Paula Klien, com curadoria de Denise Mattar. A mostra reúne mais de 50 trabalhos recentes da artista cuja produção se caracteriza pela utilização incomum do nanquim.

 

“FLUVIUS” exibe um conjunto das novas pesquisas de Paula Klien ao lado de algumas obras produzidas anteriormente. São pinturas, digigrafias e um vídeo performance da artista pintando telas e papéis dentro de um rio. Além disso, “Fluvius” apresenta duas exuberantes raízes que segundo a artista “servem para proteger o rio das erosões e segurar a terra, evitando que o rio seja soterrado, deixando a água fluir”.
“Simbioticamente unidas, águas e raízes refletem bem esse momento do trabalho de Paula Klien, instável, sutil e delicado, mas também denso, intenso e profundo. São as águas mansas de um rio turbulento”, complementa Denise Mattar.

 

As pinturas expressivas que brotam do mergulho de Paula Klien no seu mundo interior, mantém a espontaneidade do gesto que as criou, produzindo uma variação monocromática de extrema riqueza. Mais do que a presença material da tinta, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista revelando a verdade universal da relação de cada homem consigo mesmo, do eu confrontado com a luta entre a constância e a impermanência, e a transcendência metafísica necessária para absorver o axioma irrefutável do “continuum” do universo, do planeta, do ser humano – e o contraste com a complexa vida que construímos baseados na ilusão da permanência.

 

Por esse substrato, o trabalho de Paula Klien, classificado em princípio, como expressionismo abstrato, na senda de artistas como Hans Hartung ou Soulages, se revela na verdade muito mais próximo de Gao Xingjian, ou Zeng Chongbin, artistas contemporâneos chineses que hoje impressionam o circuito internacional.

 

Desde 2017 a artista vem realizando exposições no exterior. Entre elas, na AquabitArt Gallery, no Deustsche Bank e na Positions Art Fair em Berlim. Solo Booth organizado pela Saatchi Art Gallery em Londres e na ArtBA em Buenos Aires. No Brasil participou, em 2018 da exposição “Pincel Oriental” no Centro Cultural Correios, expôs na ArtRio e realizou a individual “Extremos Líquidos” na Casa de Cultura Laura Alvim, com curadoria de Marcus Lontra.

 

Sobre Paula Klien por Denise Mattar

 

Paula Klien revelou seu interesse pelas artes visuais desde cedo, e surpreendia a família com a acuidade de seus retratos. Jovem adulta fez cursos livres no Parque Lage, estudou história da arte, mas também se deteve na música e na dança. A intensidade inerente à sua personalidade fez com que cada uma dessas águas fosse bebida com sofreguidão, num mergulho vertical nessas fontes. A partir da década de 2000 ela integrou todos esses conhecimentos a serviço da fotografia. Realizou campanhas e editorais de moda, que se caracterizaram pela excelência técnica, pela dinâmica perfeita entre modelo e roupa, mas tudo criado a partir de um olhar inusitado, de um certo desafio às convenções, permeado de humor inteligente. Dentro desse espírito apresentou em 2007 a exposição “Gatos e Sapatos”, uma sátira aos homens, revelando alguns de seus defeitos específicos, especialmente aqueles que incomodam as mulheres.

 

Em 2010, se debruçou sobre outro ângulo do universo masculino no livro “It’s Raining Men”. Sensualidade, descontração e novamente o humor. Na exposição “Edible”, 2012, Paula reuniu homens e mulheres, famosos e não famosos, sob o desafio: “Você tem fome de quê?”. O resultado surpreende pela multiplicidade de situações inusitadas criadas a partir da junção improvável entre elementos simples como peixes, bolas de sabão ou guimbas de cigarro, e o despojamento de corpos desnudados, sem couraças, totalmente desprotegidos no confronto com suas próprias escolhas.

 

Seu último livro de fotografias, lançado em 2014, tem o sugestivo título de “Pessoas me interessam”. Na abordagem proposta pela artista a atitude dos fotografados era o foco, o ponto de partida que determinava o caminho do ensaio e de sua edição. Em texto para a publicação, Alexandre Murucci observa “a qualidade e o refinamento das fotos e a retomada da investigação das possibilidades sociológicas e estéticas do portrait como testemunho de uma época”. Marcus Lontra, no mesmo livro fala sobre a “transcendência e a poesia que supera o limite do real e se afirma no território das coisas misteriosas e belas”.

 

Um outro olhar sobre a produção fotográfica de Paula Klien, mostra que, paralelamente há um contínuo exercício do corpo como paisagem: extensas superfícies de pele, cascatas de cabelos, dorsos arqueados como montanhas. Há ainda uma explícita preferência pelo preto e branco, que, excluindo a cor, adensa a mensagem, intensifica a forma, concentra o olhar.

 

Em 2016 esses elementos prenunciam uma necessidade interior: a busca do silêncio e da introspecção. Num retorno às artes plásticas Paula fez uma residência na escola de artes visuais Kunstgut, em Berlim. Produziu pouco na oficina, mas achou um caminho. O encontro com a tinta nanquim foi uma descoberta, um divisor de águas, e nunca a expressão foi tão literalmente adequada para o processo que Paula viria a desenvolver no Brasil.

 

De um só fôlego Paula cria um método próprio. As pinturas expressivas que brotam do mergulho de Paula Klien no seu mundo interior, mantém a espontaneidade do gesto que as criou, produzindo uma variação monocromática de extrema riqueza. Mais do que a presença material da tinta, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista revelando a verdade universal da relação de cada homem consigo mesmo, do eu confrontado com a luta entre a constância e a impermanência, e a transcendência metafísica necessária para absorver o axioma irrefutável do “continuum” do universo, do planeta, do ser humano – e o contraste com a complexa vida que construímos baseados na ilusão da permanência.

 

Por esse substrato, o trabalho de Paula Klien, classificado em princípio, como expressionismo abstrato, na senda de artistas como Hans Hartung ou Soulages, se revela na verdade muito mais próximo de Gao Xingjian, ou Zeng Chongbin, artistas contemporâneos chineses que hoje impressionam o circuito internacional.

 

Exatamente por atingir essa mesma essência, que hoje fascina o Ocidente, seu trabalho teve imediata aceitação na Europa, desdobrando-se num intenso período de exposições. Não por acaso foi a única artista brasileira convidada a participar da mostra Pincel Oriental, no Centro Cultural Correios-RJ, em 2018.

 

Nove artistas em Niterói

22/nov

No mês em que o palácio dos Correios completa 105 anos e o Espaço Cultural Correios Niterói, RJ, comemora cinco anos de funcionamento, nove artistas mulheres vão ocupar os espaços comuns do local com a exposição “Nas águas que se escondem”, que será inaugurada no dia 30 de novembro.

 

“Queremos brindar o público com esta grande exposição de arte contemporânea para que as pessoas percebam a importância do palácio como espaço para a arte, afirma Denise Anne, diretora dos Correios Niterói.
Carolina Kaastrup, Edna Kauss, Fátima Pedro, Ivani Pedrosa, Myriam Glatt, Roberta Paiva, Talita Tunala, Vanessa Rocha e Yoko Nishio irão apresentar obras in situ, instalações, objetos, postais e vídeos que dialogam com a arquitetura eclética do palácio dos Correios, com sua função originária (como a troca de cartas e postais), com a localização e a paisagem que envolve o edifício e a história de Niterói, única cidade fundada por índios. “Água que se esconde”, que inspira e dá título à exposição, é uma das possíveis traduções do nome tupi da cidade de ‘Niterói (outrora “Nictheroy” ou “Nitheroy”).

 

Segundo a curadora, Marisa Flórido, “a exposição, ‘Nas águas que se escondem’, revolve, como fazem as ondas e as marés, as camadas de memórias esquecidas, de histórias submersas, de trocas perdidas e atualizadas, de paisagens desveladas.

 

“O carteiro é o ponto de partida da coletiva, retratado na obra “s/ título”, composta por diversas camisetas produzidas pela artista Carolina Kaastrup, que trazem as formas geométricas e as cores do uniforme, dispostas na fachada do palácio. Entre o corpo do prédio e o do público, flâmulas flutuam ao vento, em fragilidades e persistências.
No centro das escadas, do 2º andar ao térreo, vindo na claraboia, Edna Kauss instala “Tempestas”, obra nas cores azul, amarelo e verde, composta por tubos de poliuretano e cabos de luminosidade contínua. Tempestas do latim, de onde vem a palavra “tempestade”, significa “tempo entre dois momentos”, como um raio que divide o céu, como um signo de advertência.

 

Em uma mesa fica a obra “Voa depressa”, da artista Fátima Pedro. Em alusão às cápsulas colocadas nos pés dos pombos-correio, a obra é composta por desenhos sobre papel, em forma de cilindro, com imagens de fragmentos do corpo de um pombo.

 

Já Ivani Pedrosa ocupa as balaustradas internas do varandão localizado no primeiro andar, com a obra “Ao Léu IV”, uma instalação composta por letras cortadas em PVC com as cores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e as palavras “SIM” (amarelo) e “NÃO” (azul), além de bolas de isopor com tamanhos variados. A intenção da artista é subverter a telegrafia ao convidar o público para escrever sua palavra de ordem nas bolas de isopor, bem como resgatar o objetivo dos Correios: a escrita à mão de mensagens e missivas.

 

Myriam Glatt apresenta placas de papelões pintados em cores tonais e em dimensões variáveis, ao redor dos seis conjuntos de colunas do pavimento térreo. A obra “Imoscapos” intervém na arquitetura do palácio de 1914, no encontro de um material efêmero como o papelão e as colunas centenárias. “O real e o imaginário se unem nesse abraço, dando ao espectador que transita a experiência do convívio direto com a obra e o convidando a circular ao seu redor”, explica a artista.

 

“Abape ende?”, em tupi antigo, significa “Quem és tu?”. Título da instalação de Roberta Paiva, composta por três puçás (rede em cone para pesca), contendo espelhos de bolsa com a pergunta “Abape ende?”, que poderão ser retirados e levados pelo público. Roberta pretende devolver espelhos – objetos que eram dados aos índios pelos portugueses em troca de madeira – ao visitante não como um souvenir, mas como uma reflexão e uma interrogação a ser respondida: ‘Afinal, quem és tu? O que trazes dos povos que aqui habitaram?’

 

Em alusão à “Revolta das Barcas”, ocorrida em 1959 na estação das barcas e que levou ao protesto da população contra um serviço alternativo e ineficiente, Talita Tunala traz “Opus magnum”, instalação composta por um barco desgastado de fibra de vidro de 1,35m x 3m, que a artista recupera para uso, e no qual ela intervém com desenhos, acompanhado de uma narrativa fabular que mistura história, ação e ficção. A obra se apresenta como um instante suspenso de uma ação que só será concluída posteriormente, após o encerramento da exposição, com o retorno do barco ao mar.

No térreo, no hall entre a escada e o elevador, a artista Vanessa Rocha apresenta “S/ título”, um conjunto de aquarelas, no formato de postais (10cm x 15cm) dispostos em um display, que remetem a um tempo suspenso e abordam a precariedade da memória, da comunicação e das relações.

 

Com “Mirantes”, a artista Yoko Nishio reenquadra os dispositivos de segurança do edifício por meio duas estratégias: duas pequenas pinturas de câmeras de vigilância localizadas próximas às câmeras reais; e a colocação no piso do hall da entrada de quatro pequenos tablados circulares. Posicionados sob a mira das câmeras de segurança presentes no local, esses tablados convidam o espectador a pisar na sua superfície e a devolver a mirada, criando um jogo imaginário com os enquadramentos produzidos por tais dispositivos de vigilância.

 

De 30 de novembro até 18 de janeiro de 2020.

 

Bruce Conner na Bergamin & Gomide

05/nov

Em sua quarta exposição do ano, Bergamin & Gomide, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta uma exposição individual do artista norte-americano Bruce Conner, trazendo mais de 20 obras de arte que ao longo da carreira do artista revolucionaram o cinema e a vídeo arte. Bruce Conner produziu desenhos, esculturas de montagens, pinturas, gravando colagens e fotografias, no entanto, foram seus filmes que definitivamente distinguiram a originalidade de sua obra, sendo reconhecida como uma das figuras mais importantes da contracultura do século XX.

Além de fotografias e desenhos, uma estrutura especial será construída para o filme BREAKAWAY (1966), uma espécie de caixa de instalação dentro da galeria, fornecendo a experiência imersiva ao universo de Bruce Conner. No filme que inspirou o título da exposição, Conner apresenta Toni Basil, sua amiga, dançarina, coreógrafa e cantora, dançando na frente de um fundo preto. Lá, ele implementa zoom estonteante de câmera, efeitos estroboscópicos e cortes rápidos que transformam a coreografia de Basil em um espetáculo psicodélico de movimento pulsante e hipnotizante. Segundo Basil, o filme nasceu de um processo colaborativo, de uma cooperação entre os dois artistas que misturaram os meios de vanguarda social, sexual, artístico e de emancipação. Surgiu como um trabalho híbrido de filme de dança ou cinema de metrô, cinema underground e videoarte, aproveitando as aspirações utópicas que permeiam o pop americano na cultura da década de 1960. A carreira de Toni Basil também vai além de seu desempenho no BREAKAWAY. Ela foi recentemente convidada pelo cineasta Quentin Tarantino a coreografar seu filme “Era uma vez em Hollywood”. Em entrevista ao The New York Times, Tarantino declarou que ele considera Basil a “Deusa do Go-Go”, estilo de dança que nasceu em boates nos anos 1960.

Simultaneamente à exposição “BREAKAWAY” na Bergamin & Gomide, o IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros.

 

Sobre o artista

 

Bruce Conner nasceu em 1933, em McPherson, Kansas, Estados Unidos da América. Iniciou sua carreira no final dos anos 1950 como artista multimídia, reconhecido por suas assemblages, esculturas surrealistas, filmes de vanguarda, pinturas, gravuras e desenhos.

Conectado com os movimentos revolucionários e contraculturais do século XX, como os poetas Beat e a cena punk, fez inovações funcionais, geralmente usando montagens de imagens existentes e incorporando música pop em seus filmes. Sua estética única e senso experimentalista inspiraram gerações de cineastas. Embora tenha sido precursor do gênero videoclipe e chamado como “o pai da MTV”, Conner evitou todos os esquemas de classificação sobre sua própria produção artística, e nunca comprometer-se com o mainstream e permanecer leal ao seu visual e conteúdo conceitual. Bruce Conner deixou um legado extenso e realizou ao longo de sua carreira várias exposições coletivas. Recentemente, seu corpo de trabalho foi apresentado em um show retrospectivo no IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros. IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros. Bruce Conner deixou um extenso legado e participou de inúmeras exposições individuais e coletivas. Recentemente o San Francisco Museum of Modern Art – SFMoMA, MoMA de Nova Iorque e o Museu Nacional Reina Sofia, em Madrid apresentaram exposição retrospectiva de sua obra. O artista faleceu aos 74 anos, em 2008, na cidade de San Francisco, Califórnia.

 

De 05 de novembro a 05 de dezembro.

 

Mostra inédita de No Martins

01/nov

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Aos que foram, aos que aqui estão e aos que virão”, do artista visual paulistano, No Martins, curadoria de Marco Antonio Teobaldo. O artista aponta o seu interesse para as questões vividas pela população negra no Brasil, cuja perspectiva da desigualdade torna-se material fértil para a sua produção artística. Segundo análise do curador da mostra, “…a violência contra o povo negro que parece nunca ter cessado, é evidenciada na poética de No Martins, que emociona com a força de seu grito silencioso”.

 

Em recente viagem para África, para o programa de residência artística Angola Air, No Martins deu continuidade à pintura dos retratos iniciados no Brasil, da “série Pretos Novos”, em pequenos formatos e que remetem às fotografias 3×4, com rostos de pessoas que ele conheceu e fotografou, cujos ancestrais bantos foram brutalmente mortos e sepultados no Cemitério dos Pretos Novos (1789 – 1830). No Martins desenvolveu uma pesquisa sobre a rota escravocrata a partir do porto de Luanda, que resultou na performance que dá o título desta mostra, “Aos que foram, aos que aqui estão e aos que virão”, na qual ele acende três velas com 1,70 de altura e mais de 50 quilos cada uma, na praia do Museu da Escravatura. Este trabalho é apresentado em vídeo e propõe uma reflexão sobre o passado, presente e futuro, em que nesta linha tênue do tempo, a partida daquelas pessoas escravizadas para as Américas, ainda afeta a vida de seus descendentes nos dois continentes.

 

Na noite da abertura da exposição, ocorreu o debate “Arte Contemporânea de Angola a Diáspora”, que se propõe a gerar um diálogo intergeracional sobre arte contemporânea africana e afrodescendente, no qual foi tratada a relação entre decolonialidade ética e estética. Este recorte atravessa tempo espaço e as próprias lutas, com a participação do artista angolano Kapela Paulo, considerado o papa da Arte Contemporânea em seu país, da artista afro-escocesa Sekai Machache e de No Martins, mediado por Ana Beatriz Almeida, colaboradora da 01.01 Art Platform.

 

 

 

O nome é “Romance”

19/set

 

Desde o dia 20 e até 28 de setembro, a Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição coletiva “Romance”, com cerca de 50 obras de 31 artistas: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Sequeira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Eduardo Kac, Elle de Bernardini, Fernando Lindote, Gabriel Giucci, Gê Orthof, Gisele Camargo, Guler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musati, João Louro, Jonas Arrabal, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Com curadoria de Gabriela Davies, a exposição apresentará obras em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Os trabalhos abordam os diversos tipos de romance, atravessando o romance da memória, o romance da história, o romance clichê e também o romance erótico.

 

“Se a quebra do romance permeia os dias de hoje, as histórias de bom-mocismos também ficaram em patamares passados. Mas a verdade é que o romance não deixou de existir, o conceito foi ressignificado. Nosso novo romance é descobrir nossos verdadeiros desejos, nossas identidades, nosso sexo, a vontade de ser nossa própria força. Estamos lutando contra estereótipos sociais rígidos”, afirma a curadora Gabriela Davies.

 

A exposição apresenta trabalhos recentes e inéditos, sendo que muitas obras foram produzidas especialmente para esta exposição, como é o caso dos trabalhos de Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Elle de Bernardini, Ferrnando Lindote, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Obras em exposição

 

Nas pinturas de Alan Fontes, aparecem palácios e casarões históricos, que nos remetem a beleza de outras épocas, enquanto Daniel Escobar produz colagens com diversos elementos ressaltados de páginas demonstrando a bela flora brasileira. “Ambas tentativas românticas exaltando desejos de mundos mais sensíveis, mas compreendendo que estes beiram o esquecimento (já não vemos mais estas construções em suas formas majestosas, e nas notícias apenas as chamas flamejantes que tomaram nossa imensa floresta da Amazônia)”, diz a curadora Gabriela Davies. Já Marcelo Macedo, através do mesmo suporte, o livro, ao recortar página após página no mesmo polígono, “revela pequenas lâminas de cada página, sem nos revelar o seu verdadeiro conteúdo dando-nos a responsabilidade de criar sua história com o que achamos próprio”.

 

Os romances também aparecem nas pinturas de Daniel Lannes, que retratam sessões de análise, “onde expressamos nossos desejos mais profundos, mas logo os reprimimos ao sair do consultório – que no caso da pintura, parece mais um “talk-show” de grande audiência que uma sessão particular”, ressalta a curadora.

 

Em uma sala separada no terceiro andar, haverá, ainda, trabalhos com temas eróticos.

 

As fotografias de Eduardo Kac apresentam uma grande passeata nudista pela praia de Ipanema. “Uma atividade que é repetidamente repudiada por moralistas, mas que na verdade expressa a vontade de ser em liberdade”, diz a curadora. Em paralelo, Güler Ates, uma fotógrafa turca, também se apropria do seu corpo com registros fotográficos, mas, por sua vez, encoberta por uma manta de seda que revela apenas uma sugestão de figura feminina. “Esse desaparecimento atrás do véu, uma tradição da religião muçulmana, estimula um senso erótico no imaginário do espectador que é contrário ao propósito do encobrimento”, conta a curadora. Já Élle de Bernardini cria sua série “Formas Contrassexuais”, em que abrange os diferentes campos de gênero e sexualidade, “…possibilitando inúmeras classificações (a insenção de) para o descobrimento de nossos ”‘eus’”.

 

 

 

Circuito Integrado das Galerias

10/set

A ArtRio, Marina da Glória, parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, chega a sua nona edição e reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira. Com o objetivo de aproximar cada vez mais o público carioca e os visitantes do segmento de arte, o evento promove, pelo sétimo ano consecutivo, o CIGA – Circuito Integrado de Galerias de Arte. Nos dias 16 e 17 de setembro, segunda e terça-feira, respectivamente, de 17h às 21h, galerias dos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Gávea e São Conrado, abrem suas portas com uma programação especial para o evento, como vernissages, conversas com artistas e curadores, além de visitas guiadas. O CIGA tem entre seus objetivos estimular a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

“O CIGA é a primeira agenda da semana ArtRio. As galerias programaram ações especiais para receber o público e estimular a apreciação e o debate sobre a arte. A ideia é que, estimulando a visita às galerias dentro da programação da ArtRio, estamos estimulando a inclusão desse hábito na agenda das pessoas durante todo o ano”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

Defina seu roteiro para cada dia do evento e visite as principais galerias da cidade!

 

 

Segunda-feira, 16/09 – Ipanema e Copacabana

IPANEMA

Cássia Bomeny Arte Contemporânea

Rua Garcia D’Avila 196, Ipanema

Conversa com o artista Carlos Zilio, na sua individual “Pinturas e Desenhos”.

 

Galeria Nara Roesler

Rua Redentor, 241 – Ipanema

Coquetel de abertura da exposição “Reflexões sobre o Tempo e o Espaço”, que reúne obras de Alicja Kwade, Anish Kapoor, Camille Henrot, François Morellet, Mohamed Bouroissa, Laura Vinci, Lucia Koch, entre outros. A curadoria é de Agnaldo Farias.

 

Simone Cadinelli Arte Contemporânea

R. Aníbal de Mendonça 171, Ipanema

Abertura das exposições “Longe dos olhos”, de Jimson Vilela, e “Maraca”, de Gabriela Noujaim.

 

COPACABANA

Galeria Inox

Av. Atlântica 4240, subsolo 101 e 132, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana

Visita guiada com Renato Bezerra de Mello à sua individual “O que a gente não tem coragem de jogar fora”. A mostra tem curadoria de Bianca Bernardo.

 

TERÇA-FEIRA, 17/09 – LEBLON, GÁVEA E SÃO CONRADO

LEBLON

Lurixs

Rua Dias Ferreira 214, Leblon

Abertura da exposição individual de Elizabeth Jobim.

 

Mul.ti.plo

Rua Dias Ferreira, 417 – Sala 206, Leblon

Exposição “Paralelos”, de Carlos Vergara e Roberto Magalhães.

 

GÁVEA

Carpintaria

Rua Jardim Botânico 971, Gávea

Happy hour celebrando a exposição de Sarah Morris.

 

Anita Schwartz Galeria

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea

Encontro com o artista Cadu e visita à sua exposição individual “Fábrica de Ratoeiras Concorde”.

 

Danielian Galeria

Rua Major Rubens Vaz, 414 – Gávea

Abertura da exposição “Crônicas anacrônicas, e sempre atuais, do Brasil”, de Glauco Rodrigues. A curadoria é de Denise Mattar.

 

Galeria da Gávea

Rua Marquês de São Vicente, 432 – Gávea

Exposição “Pi-Nic no Front”, de Pedro de Morais e roda de samba na galeria.

 

Galeria Mercedes Viegas

Rua João Borges, 86, Gávea

Abertura da exposição “Deixa Ventar”, de Cela Luz. A curadoria é de Pollyana Quintella.

 

Silvia Cintra + Box 4

Rua das Acácias 104, Gávea

Abertura da exposição “O Real Intocável”, de Ana Maria Tavares.

 

SÃO CONRADO

Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea

Estrada da Gávea, 712 sala 407, São Conrado

De 19h às 21h – Exposição “Através”, de Rosângela Dorazio.

 

Sobre a ArtRio

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público.

 

No Centro de Arte Hélio Oiticica

29/ago

Chama-se “Gabinete de Soluções”, a exposição individual de Guga Ferraz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, um desdobramento da investigação do artista sobre a cidade. A mostra busca ressignificar a ideia de “gabinete de crise”, que costuma ser organizado pelas autoridades para atender a demandas urgentes.

A crise é o status quo na cidade e no país como um todo. Enraizada no cotidiano, essa palavra tão repetida nas mídias de massa parece não provocar surpresa nos brasileiros. Uma vez que evidenciar um estado de crise seria redundante, Guga Ferraz apresenta soluções e convida o público a fazer o mesmo. A mostra é composta por projetos de soluções do artista para problemas urbanos, alguns deles utópicos – apresentados por meio de desenhos -, como um projeto de reconstrução do Morro do Castelo, e outros já realizados – apresentados por meio de registros -, como um tobogã que permite ao público deslizar na paisagem para acessar a praia.

Desde o início de sua trajetória, ao participar da ação coletiva “Atrocidades Maravilhosas”, no ano 2000, o principal objeto de investigação de Guga Ferraz é a cidade. Há quase vinte anos trabalhando, sobretudo, com intervenções em espaços públicos, o artista levanta questões como a violência urbana, problemas habitacionais, processos de exclusão na cidade, relações entre o indivíduo e o meio urbano e a própria cidade como lugar. Um bloco da exposição apresenta vestígios de suas interferências na paisagem urbana realizadas desde o início da década de 2000, como o emblemático “Ônibus Incendiado” (2003), produzido a partir da colagem de adesivos em formato de chamas em placas de sinalização de pontos de ônibus, como forma de sinalizar os recorrentes casos de incêndios a veículos que ocorriam no Rio de Janeiro. Guga também apresenta interferências que realizou nos transportes públicos, como “Proibido ser cadeirante” (2011), que denuncia a falta de acessibilidade nos ônibus, e “Em caso de assalto, ao avistar uma arma de fogo, não reaja” (2006), que oferece instruções aos passageiros sobre como (não) reagir diante de um assalto. A apresentação desses trabalhos produz uma pequena retrospectiva que visa apontar para a atualidade dos temas abordados pelo artista ao longo de sua trajetória.

Além de projetos e vestígios de intervenções na cidade, Guga Ferraz apresenta desenhos, pinturas e esculturas – em grande parte inéditas e produzidas especialmente para a exposição – onde observamos desdobramentos de seu pensamento sobre a cidade. Pela primeira vez, o artista apresenta trabalhos em vídeo, mídia que começou a experimentar durante a preparação da mostra. A exposição pretende tornar-se um lugar de convívio e trocas. Ao longo do período expositivo, convidados de diversos campos ocuparão a galeria, junto ao público, para promover debates sobre a cidade, expor ideias e soluções. No dia 28 de setembro, será realizado no auditório do Centro Municipal de Arte Hélio Oititica o encontro “Cidade Ocupada”, com convidados cujas trajetórias esbarram na de Guga Ferraz e marcam o cenário artístico carioca dos anos 2000. A curadoria da exposição é assinada por Thiago Fernandes, historiador de arte que há alguns anos vem desenvolvendo pesquisas sobre o trabalho de Guga Ferraz e sobre a geração de artistas cariocas que utilizou as ruas como campos de ação na virada do século XXI.

Encontro Cidade Ocupada

A exposição individual de Guga Ferraz, Gabinete de Soluções, apresenta em sua programação o encontro Cidade Ocupada. O artista em exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica faz parte de uma geração que, no início dos anos 2000, em meio a um circuito artístico incipiente no Rio de Janeiro, decidiu criar seus próprios circuitos atuando em coletivos e tomando as ruas como campos de ação. O encontro Cidade Ocupada toma emprestado o nome do livro de Ericson Pires, poeta, artista e grande pensador falecido em 2012, que acompanhou essa geração e transitou entre coletivos que menciona em seu livro.

O evento, que será realizado no auditório do CMAHO, consiste em um encontro de amigos que fizeram parte das histórias contadas por Ericson em seu livro e possuem papel importante na trajetória artística de Guga. Entre as presenças confirmadas estão Alexandre Vogler, André Amaral, Clara Zúñiga, Ducha e Ronald Duarte, além de Guga Ferraz e do curador Thiago Fernandes, que fará a mediação do evento. O encontro pretende contextualizar o trabalho de Guga e contribuir com pesquisas sobre a arte carioca dos anos 2000, além de prestar homenagem a Ericson Pires, figura de extrema importância para essa geração de artistas. Localizado na Praça Tiradentes, coração do centro da cidade, em setembro o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos em atividades desde a abertura. Para celebrar o marco, o espaço oferece uma programação completa para os quatro sábados do mês.

Organização

Guga Ferraz e Thiago Fernandes

Data: 28/09/2019

Horário: 14h às 17h

Ai Wei Wei no CCBB/Rio

Encontra-se em cartaz até 04 de novembro no CCBB Rio, a maior exposição do artista plástico chinês Ai Weiwei já realizada no país, premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a Melhor Exposição Internacional de 2018. Convidado pelo curador, o artista desvenda a cultura brasileira e cria obras que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade local. “Ai Weiwei Raiz” apresenta também alguns dos trabalhos mais icônicos do artista, hoje considerado um dos principais nomes da cena contemporânea internacional. A curadoria é de Marcello Dantas

 

No dia 25 de setembro, às 18h30, o curador, Marcello Dantas, conversará com o público sobre a obra do artista. Entrada franca e a distribuição de senhas será 1 hora antes.

 

Sobre o artista

 

Para entender Ai Weiwei, é preciso conhecer seu passado e suas origens. Seu pai – o poeta Ai Qing, um libertário e membro da Revolução Chinesa – caiu em desgraça na nova sociedade que se configurou e foi enviado, junto com sua família, para campos de trabalho na área rural da China, logo depois do nascimento de Ai Weiwei. A influência do pai em sua vida é imensa.

 

Uma das imagens mais fortes para o artista é a de quando Ai Qing decidiu queimar seus livros diante do filho, para evitar mais punições caso o regime viesse à sua casa – eram principalmente livros de arte e poesia. Pai e filho fizeram uma fogueira e, página por página, foram queimando os livros, como se se despedissem daquelas imagens e palavras. Um ato de profunda violência para um poeta e intelectual e, acredito, um ato fundador para seu filho, tanto como artista quanto ativista.

 

Uma maneira de ler as obras do artista chinês é compreendê-lo em seus múltiplos pontos de vista, como um intérprete das culturas chinesa e ocidental. Ele encontra maneiras de manter ambiguidades, expressando-se de forma explícita para um dos lados (seja o Ocidente ou o Oriente), e de forma velada para o outro.

 

As imagens inaugurais de Ai Weiwei soltando o vaso da Dinastia Han são, para qualquer ocidental, imagens perturbadoras de desrespeito e uma atrocidade em relação à memória e à história. Para um chinês acostumado aos absurdos da Revolução Cultural, todavia, tal gesto não é tão chocante. O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos. Nesse modelo, ele seria capaz de experimentar a cultura local e digeri-la a seu modo, e o Brasil teria a chance de entender e experimentar as modalidades e o processo criativo do artista. Por outro lado, nós nos tornamos mestres na arte de absorver e digerir à nossa maneira influências exteriores. O convite não foi para uma refeição cotidiana: foi para um banquete mutuofágico, em que se come e se é comido pelo outro, em que cada lado devora o outro – seu corpo, sua alma e sua energia. Weiwei fez um firme gesto inicial ao tentar fundir a cultura, ele decidiu fundir em ferro a maior, mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. Apropriar esta árvore dentro de sua oeuvre é como capturar a espinha dorsal da consciência de nossa civilização -uma árvore que tem estado de pé por mais de 1200 anos viu a própria formação da nação.

 

 

Curadoria na ArtRio 2019

27/ago

A ArtRio 2019 apresenta Victor Gorgulho como curador do MIRA, programa que explora narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes, que usam a vídeo arte como plataforma. Os trabalhos selecionados serão exibidos em um grande telão na Marina da Glória. Jovem foca a curadoria do terceiro ano do programa em filmes realizados na segunda década dos anos 2000. Victor Gorgulho – que deu o nome de “Novos Horizontes” para essa curadoria – está trabalhando na seleção de filmes realizados do início da segunda década dos anos 2000 até o momento (2011-2019). Entre os trabalhos já selecionados estão o último filme de Luiz Roque (ZERO, 2019) e o penúltimo filme da dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, (RISE, 2018).

 

Sobre o curador

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição, a ArtRio reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da GlóriaDe 19 a 22 de setembro.

 

Preview – 18 de setembro.

 

 

Panorama de Arte Brasileira

26/ago

Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira, em exibição no MAM, até o dia 15 de novembro, no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
No Brasil que pleiteava sua modernização, no início do século XX, sertão passou a referir-se, sobretudo, à região do Nordeste de clima semiárido, ilustrada por sua vegetação de caatinga, em oposição ao litoral. Nesse momento, reforça-se o projeto de um lugar seco, primitivo, rude, propagandeando um outro na iminência do flagelo. Forja-se, dessa maneira, uma condição de submissão que justificaria políticas assistencialistas, mas sobretudo a atualização de medidas de exploração. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar.
Contrariando determinismos, e sob a luz de uma certa produção de arte do Brasil, Sertão é modo de pensar e de agir. Termo evocativo, traz consigo afetos transformadores, formas políticas, ideais de criação, memórias de luta, rituais de cura, ficções de futuro. Esta arte-sertão que aqui se apresenta está no deslizar das linguagens. Mais que um lugar, essa condição sertão é a travessia. Espalha-se Brasil afora, está no manejo do roçado, supera-se na viela da favela, desce pelo leito do rio, está escrita nos muros da cidade e presente na terra retomada. Manifesta-se nos encontros e nos conflitos.
No 36º Panorama da Arte Brasileira, 29 artistas e coletivos reúnem-se para compartilhar estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias. Se sertão está no limite do que se pode apreender, por definição, a ideia de panorama é complementar na forma de sua contradição. A importância de juntar essas instâncias e acolher essas oposições, no entanto, se dá pela necessidade cada dia mais atual de defender existências não hegemônicas e de compartilhar outros modos de vida. Enquanto a arte puder afirmar sua condição sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Júlia Rebouças

 

 

Curadora

 

Artistas:
1- Ana Lira (Caruaru – PE, 1977. Vive no Recife); 2 – Ana Pi (Belo Horizonte, 1986. Vive em Paris); 3 – Ana Vaz (Brasília, 1986. Vive em Lisboa); 4 – Antonio Obá (Ceilândia – DF, 1983. Vive em Brasília); 5 – Coletivo Fulni-ô de Cinema (Águas Belas – PE); 6 – Cristiano Lenhardt (Itaara – RS, 1974. Vive em São Lourenço da Mata – PE); 7 – Dalton Paula (Brasília, 1982. Vive em Goiânia); 8 – Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983. Vive no Rio de Janeiro); 9 – Desali (Contagem – MG, 1983. Vive em Belo Horizonte); 10 – Gabi Bresola & Mariana Berta (Joaçaba – SC, 1992 / Peritiba – SC, 1990. Vivem em Florianópolis, SC); 11 – Gê Viana (Santa Luzia – MA, 1986. Vive em São Luís); 12 – Gervane de Paula (Cuiabá, 1961. Vive em Cuiabá); 13 – Lise Lobato (Belém, 1963. Vive em Belém); 14 – Luciana Magno (Belém, 1987. Vive em São Paulo); 15 – Mabe Bethônico (Belo Horizonte, 1966. Vive em Genebra e Belo Horizonte; 16 – Mariana de Matos (Governador Valadares – MG, 1987. Vive no Recife); 17 – Maxim Malhado (Ibicaraí – BA, 1967. Vive em Massarandupió – BA); 18 – Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990. Vive no Rio de Janeiro); 19 – Michel Zózimo (Santa Maria – RS, 1977. Vive em Porto Alegre); 20 – Paul Setúbal (Aparecida de Goiânia – GO, 1987. Vive em São Paulo); 21 – Radio Yandê (Rio de Janeiro, 2013); 22 – Randolpho Lamonier (Contagem – MG, 1988. Vive em Belo Horizonte); 23 – Raphael Escobar (São Paulo, 1987. Vive em São Paulo); 24 – Raquel Versieux (Belo Horizonte, 1984. Vive no Crato – CE); 25 – Regina Parra (São Paulo, 1984. Vive em São Paulo); 26 – Rosa Luz (Gama – DF, 1995. Vive em São Paulo); 27 – Santídio Pereira (Curral Comprido – PI, 1996. Vive em São Paulo); 28 – Vânia Medeiros (Salvador, 1984. Vive em São Paulo); 29 – Vulcanica Pokaropa (Presidente Bernardes – SP, 1993. Vive em Florianópolis).

 

 

50 anos de Panorama

 
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Parcerias
O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão procurou ampliar seu tempo e espaço de atuação por meio de parcerias estratégicas: com a Festa Literária Internacional de Paraty, serão promovidas duas mesas de debate convidando um participante da Flip e um participante do Panorama, com a mediação de Júlia Rebouças e Fernanda Diamant, curadora da 17ª edição da Flip; com o Auditório Ibirapuera, vizinho do museu, foi organizada uma programação musical a partir dos conceitos trabalhados no Panorama para o dia 18/08, dia seguinte à abertura no MAM; e, com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, novos debates acontecerão em setembro e outubro, promovendo o encontro entre artistas, psicanalistas e o público.
Irmãos Campana na loja mam

 
O estúdio Campana, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, que celebra em 2019 seus 35 anos de trabalho, ficará a cargo da curadoria da loja mam durante o período do Panorama, com o patrocínio do Iguatemi São Paulo. O trabalho dos Campana incorpora a ideia da transformação, reinvenção e integração entre o artesanato e a produção em massa, oferecendo um design com identidade própria, mixando a individualidade dos materiais à preciosidade das características comuns no cotidiano brasileiro, como as cores, as misturas, o caos criativo. A partir do olhar único dos irmãos Campana, que contam com um extenso trabalho de pesquisa da cultura vernacular nordestina presente em suas coleções, os visitantes poderão vivenciar um novo espaço da loja mam e encontrar peças cuidadosamente selecionadas que trabalham com o conceito expandido de sertão.
Equipe do 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Curadoria – Júlia Rebouças (Aracaju, 1984. Vive entre Belo Horizonte e São Paulo) curadora, pesquisadora e crítica de arte. É curadora do 36o Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna – SP, em 2019. No mesmo ano, realiza a curadoria de Entrevendo, mostra antológica de Cildo Meireles, a ser inaugurada no Sesc Pompeia -SP, em setembro. Foi co-curadora da 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva (2016). De 2007 a 2015, trabalhou na curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18o e 19o Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacamos a exposição Entrementes, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo, de agosto a outubro de 2018, a mostra MitoMotim, no Galpão VB, São Paulo, de abril a julho de 2018 e Zona de instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural, São Paulo, em 2013. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assistência curatorial – Catarina Duncan (Rio de Janeiro, 1993. Vive em São Paulo) curadora e programadora cultural. Formada em Culturas Visuais e História da Arte pela Goldsmiths College, University of London (2010 – 2014), foi assistente curatorial da 32a Bienal de São Paulo (2015- 2016), do ‘Pivô Arte e Pesquisa’ (2014 – 2015) e das exposições ‘Terra Comunal Marina Abramovic’ no Sesc Pompeia (2014), entre outros. Coordenou a programação pública da obra ‘Cura Bra Cura Té’ de Ernesto Neto na Pinacoteca (2019). Participou de diversas residências artísticas, entre elas a ‘Residents Art Dubai’ (2019) com curadoria de Fernanda Brenner, e ‘Lastro’, na Bolívia e Guatemala (2015 – 2017), ao lado da curadora Beatriz Lemos. Assinou a curadoria das exposições ‘⦿‘ na Galeria Leme (2018), ‘Somos Muitxs’ no Solar dos Abacaxis (2018), ‘Oráculo Piedoso’ de Martin Lanezan na Galeria Sancovsky (2018), ‘Travessias Ocultas – Lastro Bolivia’ no Sesc Bom Retiro (2018), Fio Corpo Terra’ no espaço Saracura (2017). Integrou o coletivo Terreyro Coreográfico (2015- 2016). Atua como representante do programa COINCIDENCA da fundação suíça para cultura Pro Helvetia no Brasil.
Arquitetura – Estudio Risco. Inaugurado em 2007, o estúdio Risco é um coletivo formado por artistas de trajetórias variadas e interesses múltiplos. Presta serviços de arquitetura, cenografia, expografia, desenho de produto, desenho gráfico e videografia. Hoje é formado por Humberto Pio, Juliana Amaral, Marcelo Dacosta e Tiago Guimarães. Nos últimos quatro anos, desenvolveu o desenho de mostras de arte como: “O que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro” (Sesc Pinheiros, 2019), “Arte-Veículo (Sesc Pompeia, 2018)”, “Estou Cá” (Sesc Belenzinho, 2016-7), “Sempre Algo Entre Nós” (Sesc Belenzinho, 2016), “Potlatch: Trocas de Arte” (Sesc Belenzinho, 2016), “Provocar Urbanos” (Sesc Vila Mariana, 2016), “Arno Rafael Minkkinen: O corpo como evidência” (Sesc Jundiaí e Sesc Vila Mariana, 2016) e VI Mostra de 3M de Arte Digital (Fundição Progresso, Rio de Janeiro, 2015).
Design – Elaine Ramos (São Paulo, 1974) é designer atuante na área cultural e sócia da editora paulistana Ubu. Foi, por 11 anos, diretora de arte da editora Cosac Naify, onde também coordenou a edição dos títulos sobre design. É co-organizadora da Linha do tempo do design gráfico no Brasil, foi co-curadora da exposição Cidade Gráfica, no Itaú Cultural em São Paulo e é membro da Alliance Graphique Internationale (AGI).