Circuito Integrado das Galerias

10/set

A ArtRio, Marina da Glória, parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, chega a sua nona edição e reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira. Com o objetivo de aproximar cada vez mais o público carioca e os visitantes do segmento de arte, o evento promove, pelo sétimo ano consecutivo, o CIGA – Circuito Integrado de Galerias de Arte. Nos dias 16 e 17 de setembro, segunda e terça-feira, respectivamente, de 17h às 21h, galerias dos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Gávea e São Conrado, abrem suas portas com uma programação especial para o evento, como vernissages, conversas com artistas e curadores, além de visitas guiadas. O CIGA tem entre seus objetivos estimular a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

“O CIGA é a primeira agenda da semana ArtRio. As galerias programaram ações especiais para receber o público e estimular a apreciação e o debate sobre a arte. A ideia é que, estimulando a visita às galerias dentro da programação da ArtRio, estamos estimulando a inclusão desse hábito na agenda das pessoas durante todo o ano”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

Defina seu roteiro para cada dia do evento e visite as principais galerias da cidade!

 

 

Segunda-feira, 16/09 – Ipanema e Copacabana

IPANEMA

Cássia Bomeny Arte Contemporânea

Rua Garcia D’Avila 196, Ipanema

Conversa com o artista Carlos Zilio, na sua individual “Pinturas e Desenhos”.

 

Galeria Nara Roesler

Rua Redentor, 241 – Ipanema

Coquetel de abertura da exposição “Reflexões sobre o Tempo e o Espaço”, que reúne obras de Alicja Kwade, Anish Kapoor, Camille Henrot, François Morellet, Mohamed Bouroissa, Laura Vinci, Lucia Koch, entre outros. A curadoria é de Agnaldo Farias.

 

Simone Cadinelli Arte Contemporânea

R. Aníbal de Mendonça 171, Ipanema

Abertura das exposições “Longe dos olhos”, de Jimson Vilela, e “Maraca”, de Gabriela Noujaim.

 

COPACABANA

Galeria Inox

Av. Atlântica 4240, subsolo 101 e 132, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana

Visita guiada com Renato Bezerra de Mello à sua individual “O que a gente não tem coragem de jogar fora”. A mostra tem curadoria de Bianca Bernardo.

 

TERÇA-FEIRA, 17/09 – LEBLON, GÁVEA E SÃO CONRADO

LEBLON

Lurixs

Rua Dias Ferreira 214, Leblon

Abertura da exposição individual de Elizabeth Jobim.

 

Mul.ti.plo

Rua Dias Ferreira, 417 – Sala 206, Leblon

Exposição “Paralelos”, de Carlos Vergara e Roberto Magalhães.

 

GÁVEA

Carpintaria

Rua Jardim Botânico 971, Gávea

Happy hour celebrando a exposição de Sarah Morris.

 

Anita Schwartz Galeria

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea

Encontro com o artista Cadu e visita à sua exposição individual “Fábrica de Ratoeiras Concorde”.

 

Danielian Galeria

Rua Major Rubens Vaz, 414 – Gávea

Abertura da exposição “Crônicas anacrônicas, e sempre atuais, do Brasil”, de Glauco Rodrigues. A curadoria é de Denise Mattar.

 

Galeria da Gávea

Rua Marquês de São Vicente, 432 – Gávea

Exposição “Pi-Nic no Front”, de Pedro de Morais e roda de samba na galeria.

 

Galeria Mercedes Viegas

Rua João Borges, 86, Gávea

Abertura da exposição “Deixa Ventar”, de Cela Luz. A curadoria é de Pollyana Quintella.

 

Silvia Cintra + Box 4

Rua das Acácias 104, Gávea

Abertura da exposição “O Real Intocável”, de Ana Maria Tavares.

 

SÃO CONRADO

Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea

Estrada da Gávea, 712 sala 407, São Conrado

De 19h às 21h – Exposição “Através”, de Rosângela Dorazio.

 

Sobre a ArtRio

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público.

 

No Centro de Arte Hélio Oiticica

29/ago

Chama-se “Gabinete de Soluções”, a exposição individual de Guga Ferraz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, um desdobramento da investigação do artista sobre a cidade. A mostra busca ressignificar a ideia de “gabinete de crise”, que costuma ser organizado pelas autoridades para atender a demandas urgentes.

A crise é o status quo na cidade e no país como um todo. Enraizada no cotidiano, essa palavra tão repetida nas mídias de massa parece não provocar surpresa nos brasileiros. Uma vez que evidenciar um estado de crise seria redundante, Guga Ferraz apresenta soluções e convida o público a fazer o mesmo. A mostra é composta por projetos de soluções do artista para problemas urbanos, alguns deles utópicos – apresentados por meio de desenhos -, como um projeto de reconstrução do Morro do Castelo, e outros já realizados – apresentados por meio de registros -, como um tobogã que permite ao público deslizar na paisagem para acessar a praia.

Desde o início de sua trajetória, ao participar da ação coletiva “Atrocidades Maravilhosas”, no ano 2000, o principal objeto de investigação de Guga Ferraz é a cidade. Há quase vinte anos trabalhando, sobretudo, com intervenções em espaços públicos, o artista levanta questões como a violência urbana, problemas habitacionais, processos de exclusão na cidade, relações entre o indivíduo e o meio urbano e a própria cidade como lugar. Um bloco da exposição apresenta vestígios de suas interferências na paisagem urbana realizadas desde o início da década de 2000, como o emblemático “Ônibus Incendiado” (2003), produzido a partir da colagem de adesivos em formato de chamas em placas de sinalização de pontos de ônibus, como forma de sinalizar os recorrentes casos de incêndios a veículos que ocorriam no Rio de Janeiro. Guga também apresenta interferências que realizou nos transportes públicos, como “Proibido ser cadeirante” (2011), que denuncia a falta de acessibilidade nos ônibus, e “Em caso de assalto, ao avistar uma arma de fogo, não reaja” (2006), que oferece instruções aos passageiros sobre como (não) reagir diante de um assalto. A apresentação desses trabalhos produz uma pequena retrospectiva que visa apontar para a atualidade dos temas abordados pelo artista ao longo de sua trajetória.

Além de projetos e vestígios de intervenções na cidade, Guga Ferraz apresenta desenhos, pinturas e esculturas – em grande parte inéditas e produzidas especialmente para a exposição – onde observamos desdobramentos de seu pensamento sobre a cidade. Pela primeira vez, o artista apresenta trabalhos em vídeo, mídia que começou a experimentar durante a preparação da mostra. A exposição pretende tornar-se um lugar de convívio e trocas. Ao longo do período expositivo, convidados de diversos campos ocuparão a galeria, junto ao público, para promover debates sobre a cidade, expor ideias e soluções. No dia 28 de setembro, será realizado no auditório do Centro Municipal de Arte Hélio Oititica o encontro “Cidade Ocupada”, com convidados cujas trajetórias esbarram na de Guga Ferraz e marcam o cenário artístico carioca dos anos 2000. A curadoria da exposição é assinada por Thiago Fernandes, historiador de arte que há alguns anos vem desenvolvendo pesquisas sobre o trabalho de Guga Ferraz e sobre a geração de artistas cariocas que utilizou as ruas como campos de ação na virada do século XXI.

Encontro Cidade Ocupada

A exposição individual de Guga Ferraz, Gabinete de Soluções, apresenta em sua programação o encontro Cidade Ocupada. O artista em exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica faz parte de uma geração que, no início dos anos 2000, em meio a um circuito artístico incipiente no Rio de Janeiro, decidiu criar seus próprios circuitos atuando em coletivos e tomando as ruas como campos de ação. O encontro Cidade Ocupada toma emprestado o nome do livro de Ericson Pires, poeta, artista e grande pensador falecido em 2012, que acompanhou essa geração e transitou entre coletivos que menciona em seu livro.

O evento, que será realizado no auditório do CMAHO, consiste em um encontro de amigos que fizeram parte das histórias contadas por Ericson em seu livro e possuem papel importante na trajetória artística de Guga. Entre as presenças confirmadas estão Alexandre Vogler, André Amaral, Clara Zúñiga, Ducha e Ronald Duarte, além de Guga Ferraz e do curador Thiago Fernandes, que fará a mediação do evento. O encontro pretende contextualizar o trabalho de Guga e contribuir com pesquisas sobre a arte carioca dos anos 2000, além de prestar homenagem a Ericson Pires, figura de extrema importância para essa geração de artistas. Localizado na Praça Tiradentes, coração do centro da cidade, em setembro o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos em atividades desde a abertura. Para celebrar o marco, o espaço oferece uma programação completa para os quatro sábados do mês.

Organização

Guga Ferraz e Thiago Fernandes

Data: 28/09/2019

Horário: 14h às 17h

Ai Wei Wei no CCBB/Rio

Encontra-se em cartaz até 04 de novembro no CCBB Rio, a maior exposição do artista plástico chinês Ai Weiwei já realizada no país, premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a Melhor Exposição Internacional de 2018. Convidado pelo curador, o artista desvenda a cultura brasileira e cria obras que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade local. “Ai Weiwei Raiz” apresenta também alguns dos trabalhos mais icônicos do artista, hoje considerado um dos principais nomes da cena contemporânea internacional. A curadoria é de Marcello Dantas

 

No dia 25 de setembro, às 18h30, o curador, Marcello Dantas, conversará com o público sobre a obra do artista. Entrada franca e a distribuição de senhas será 1 hora antes.

 

Sobre o artista

 

Para entender Ai Weiwei, é preciso conhecer seu passado e suas origens. Seu pai – o poeta Ai Qing, um libertário e membro da Revolução Chinesa – caiu em desgraça na nova sociedade que se configurou e foi enviado, junto com sua família, para campos de trabalho na área rural da China, logo depois do nascimento de Ai Weiwei. A influência do pai em sua vida é imensa.

 

Uma das imagens mais fortes para o artista é a de quando Ai Qing decidiu queimar seus livros diante do filho, para evitar mais punições caso o regime viesse à sua casa – eram principalmente livros de arte e poesia. Pai e filho fizeram uma fogueira e, página por página, foram queimando os livros, como se se despedissem daquelas imagens e palavras. Um ato de profunda violência para um poeta e intelectual e, acredito, um ato fundador para seu filho, tanto como artista quanto ativista.

 

Uma maneira de ler as obras do artista chinês é compreendê-lo em seus múltiplos pontos de vista, como um intérprete das culturas chinesa e ocidental. Ele encontra maneiras de manter ambiguidades, expressando-se de forma explícita para um dos lados (seja o Ocidente ou o Oriente), e de forma velada para o outro.

 

As imagens inaugurais de Ai Weiwei soltando o vaso da Dinastia Han são, para qualquer ocidental, imagens perturbadoras de desrespeito e uma atrocidade em relação à memória e à história. Para um chinês acostumado aos absurdos da Revolução Cultural, todavia, tal gesto não é tão chocante. O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos. Nesse modelo, ele seria capaz de experimentar a cultura local e digeri-la a seu modo, e o Brasil teria a chance de entender e experimentar as modalidades e o processo criativo do artista. Por outro lado, nós nos tornamos mestres na arte de absorver e digerir à nossa maneira influências exteriores. O convite não foi para uma refeição cotidiana: foi para um banquete mutuofágico, em que se come e se é comido pelo outro, em que cada lado devora o outro – seu corpo, sua alma e sua energia. Weiwei fez um firme gesto inicial ao tentar fundir a cultura, ele decidiu fundir em ferro a maior, mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. Apropriar esta árvore dentro de sua oeuvre é como capturar a espinha dorsal da consciência de nossa civilização -uma árvore que tem estado de pé por mais de 1200 anos viu a própria formação da nação.

 

 

Curadoria na ArtRio 2019

27/ago

A ArtRio 2019 apresenta Victor Gorgulho como curador do MIRA, programa que explora narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes, que usam a vídeo arte como plataforma. Os trabalhos selecionados serão exibidos em um grande telão na Marina da Glória. Jovem foca a curadoria do terceiro ano do programa em filmes realizados na segunda década dos anos 2000. Victor Gorgulho – que deu o nome de “Novos Horizontes” para essa curadoria – está trabalhando na seleção de filmes realizados do início da segunda década dos anos 2000 até o momento (2011-2019). Entre os trabalhos já selecionados estão o último filme de Luiz Roque (ZERO, 2019) e o penúltimo filme da dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, (RISE, 2018).

 

Sobre o curador

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição, a ArtRio reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da GlóriaDe 19 a 22 de setembro.

 

Preview – 18 de setembro.

 

 

Panorama de Arte Brasileira

26/ago

Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira, em exibição no MAM, até o dia 15 de novembro, no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
No Brasil que pleiteava sua modernização, no início do século XX, sertão passou a referir-se, sobretudo, à região do Nordeste de clima semiárido, ilustrada por sua vegetação de caatinga, em oposição ao litoral. Nesse momento, reforça-se o projeto de um lugar seco, primitivo, rude, propagandeando um outro na iminência do flagelo. Forja-se, dessa maneira, uma condição de submissão que justificaria políticas assistencialistas, mas sobretudo a atualização de medidas de exploração. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar.
Contrariando determinismos, e sob a luz de uma certa produção de arte do Brasil, Sertão é modo de pensar e de agir. Termo evocativo, traz consigo afetos transformadores, formas políticas, ideais de criação, memórias de luta, rituais de cura, ficções de futuro. Esta arte-sertão que aqui se apresenta está no deslizar das linguagens. Mais que um lugar, essa condição sertão é a travessia. Espalha-se Brasil afora, está no manejo do roçado, supera-se na viela da favela, desce pelo leito do rio, está escrita nos muros da cidade e presente na terra retomada. Manifesta-se nos encontros e nos conflitos.
No 36º Panorama da Arte Brasileira, 29 artistas e coletivos reúnem-se para compartilhar estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias. Se sertão está no limite do que se pode apreender, por definição, a ideia de panorama é complementar na forma de sua contradição. A importância de juntar essas instâncias e acolher essas oposições, no entanto, se dá pela necessidade cada dia mais atual de defender existências não hegemônicas e de compartilhar outros modos de vida. Enquanto a arte puder afirmar sua condição sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Júlia Rebouças

 

 

Curadora

 

Artistas:
1- Ana Lira (Caruaru – PE, 1977. Vive no Recife); 2 – Ana Pi (Belo Horizonte, 1986. Vive em Paris); 3 – Ana Vaz (Brasília, 1986. Vive em Lisboa); 4 – Antonio Obá (Ceilândia – DF, 1983. Vive em Brasília); 5 – Coletivo Fulni-ô de Cinema (Águas Belas – PE); 6 – Cristiano Lenhardt (Itaara – RS, 1974. Vive em São Lourenço da Mata – PE); 7 – Dalton Paula (Brasília, 1982. Vive em Goiânia); 8 – Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983. Vive no Rio de Janeiro); 9 – Desali (Contagem – MG, 1983. Vive em Belo Horizonte); 10 – Gabi Bresola & Mariana Berta (Joaçaba – SC, 1992 / Peritiba – SC, 1990. Vivem em Florianópolis, SC); 11 – Gê Viana (Santa Luzia – MA, 1986. Vive em São Luís); 12 – Gervane de Paula (Cuiabá, 1961. Vive em Cuiabá); 13 – Lise Lobato (Belém, 1963. Vive em Belém); 14 – Luciana Magno (Belém, 1987. Vive em São Paulo); 15 – Mabe Bethônico (Belo Horizonte, 1966. Vive em Genebra e Belo Horizonte; 16 – Mariana de Matos (Governador Valadares – MG, 1987. Vive no Recife); 17 – Maxim Malhado (Ibicaraí – BA, 1967. Vive em Massarandupió – BA); 18 – Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990. Vive no Rio de Janeiro); 19 – Michel Zózimo (Santa Maria – RS, 1977. Vive em Porto Alegre); 20 – Paul Setúbal (Aparecida de Goiânia – GO, 1987. Vive em São Paulo); 21 – Radio Yandê (Rio de Janeiro, 2013); 22 – Randolpho Lamonier (Contagem – MG, 1988. Vive em Belo Horizonte); 23 – Raphael Escobar (São Paulo, 1987. Vive em São Paulo); 24 – Raquel Versieux (Belo Horizonte, 1984. Vive no Crato – CE); 25 – Regina Parra (São Paulo, 1984. Vive em São Paulo); 26 – Rosa Luz (Gama – DF, 1995. Vive em São Paulo); 27 – Santídio Pereira (Curral Comprido – PI, 1996. Vive em São Paulo); 28 – Vânia Medeiros (Salvador, 1984. Vive em São Paulo); 29 – Vulcanica Pokaropa (Presidente Bernardes – SP, 1993. Vive em Florianópolis).

 

 

50 anos de Panorama

 
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Parcerias
O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão procurou ampliar seu tempo e espaço de atuação por meio de parcerias estratégicas: com a Festa Literária Internacional de Paraty, serão promovidas duas mesas de debate convidando um participante da Flip e um participante do Panorama, com a mediação de Júlia Rebouças e Fernanda Diamant, curadora da 17ª edição da Flip; com o Auditório Ibirapuera, vizinho do museu, foi organizada uma programação musical a partir dos conceitos trabalhados no Panorama para o dia 18/08, dia seguinte à abertura no MAM; e, com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, novos debates acontecerão em setembro e outubro, promovendo o encontro entre artistas, psicanalistas e o público.
Irmãos Campana na loja mam

 
O estúdio Campana, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, que celebra em 2019 seus 35 anos de trabalho, ficará a cargo da curadoria da loja mam durante o período do Panorama, com o patrocínio do Iguatemi São Paulo. O trabalho dos Campana incorpora a ideia da transformação, reinvenção e integração entre o artesanato e a produção em massa, oferecendo um design com identidade própria, mixando a individualidade dos materiais à preciosidade das características comuns no cotidiano brasileiro, como as cores, as misturas, o caos criativo. A partir do olhar único dos irmãos Campana, que contam com um extenso trabalho de pesquisa da cultura vernacular nordestina presente em suas coleções, os visitantes poderão vivenciar um novo espaço da loja mam e encontrar peças cuidadosamente selecionadas que trabalham com o conceito expandido de sertão.
Equipe do 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Curadoria – Júlia Rebouças (Aracaju, 1984. Vive entre Belo Horizonte e São Paulo) curadora, pesquisadora e crítica de arte. É curadora do 36o Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna – SP, em 2019. No mesmo ano, realiza a curadoria de Entrevendo, mostra antológica de Cildo Meireles, a ser inaugurada no Sesc Pompeia -SP, em setembro. Foi co-curadora da 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva (2016). De 2007 a 2015, trabalhou na curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18o e 19o Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacamos a exposição Entrementes, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo, de agosto a outubro de 2018, a mostra MitoMotim, no Galpão VB, São Paulo, de abril a julho de 2018 e Zona de instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural, São Paulo, em 2013. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assistência curatorial – Catarina Duncan (Rio de Janeiro, 1993. Vive em São Paulo) curadora e programadora cultural. Formada em Culturas Visuais e História da Arte pela Goldsmiths College, University of London (2010 – 2014), foi assistente curatorial da 32a Bienal de São Paulo (2015- 2016), do ‘Pivô Arte e Pesquisa’ (2014 – 2015) e das exposições ‘Terra Comunal Marina Abramovic’ no Sesc Pompeia (2014), entre outros. Coordenou a programação pública da obra ‘Cura Bra Cura Té’ de Ernesto Neto na Pinacoteca (2019). Participou de diversas residências artísticas, entre elas a ‘Residents Art Dubai’ (2019) com curadoria de Fernanda Brenner, e ‘Lastro’, na Bolívia e Guatemala (2015 – 2017), ao lado da curadora Beatriz Lemos. Assinou a curadoria das exposições ‘⦿‘ na Galeria Leme (2018), ‘Somos Muitxs’ no Solar dos Abacaxis (2018), ‘Oráculo Piedoso’ de Martin Lanezan na Galeria Sancovsky (2018), ‘Travessias Ocultas – Lastro Bolivia’ no Sesc Bom Retiro (2018), Fio Corpo Terra’ no espaço Saracura (2017). Integrou o coletivo Terreyro Coreográfico (2015- 2016). Atua como representante do programa COINCIDENCA da fundação suíça para cultura Pro Helvetia no Brasil.
Arquitetura – Estudio Risco. Inaugurado em 2007, o estúdio Risco é um coletivo formado por artistas de trajetórias variadas e interesses múltiplos. Presta serviços de arquitetura, cenografia, expografia, desenho de produto, desenho gráfico e videografia. Hoje é formado por Humberto Pio, Juliana Amaral, Marcelo Dacosta e Tiago Guimarães. Nos últimos quatro anos, desenvolveu o desenho de mostras de arte como: “O que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro” (Sesc Pinheiros, 2019), “Arte-Veículo (Sesc Pompeia, 2018)”, “Estou Cá” (Sesc Belenzinho, 2016-7), “Sempre Algo Entre Nós” (Sesc Belenzinho, 2016), “Potlatch: Trocas de Arte” (Sesc Belenzinho, 2016), “Provocar Urbanos” (Sesc Vila Mariana, 2016), “Arno Rafael Minkkinen: O corpo como evidência” (Sesc Jundiaí e Sesc Vila Mariana, 2016) e VI Mostra de 3M de Arte Digital (Fundição Progresso, Rio de Janeiro, 2015).
Design – Elaine Ramos (São Paulo, 1974) é designer atuante na área cultural e sócia da editora paulistana Ubu. Foi, por 11 anos, diretora de arte da editora Cosac Naify, onde também coordenou a edição dos títulos sobre design. É co-organizadora da Linha do tempo do design gráfico no Brasil, foi co-curadora da exposição Cidade Gráfica, no Itaú Cultural em São Paulo e é membro da Alliance Graphique Internationale (AGI).

 

Arrechea/Nara Roesler, Ipanema

08/ago

Fragmentos e camadas de cores dão forma a máscaras carregadas de simbologia. Essa é a temática da exposição “Superfícies em conflito” do cubano Alexandre Arrechea, que após mais de uma década atuando junto ao coletivo Los Carpinteros, apresenta mostra individual no Rio de Janeiro. A exposição fica em cartaz até o dia 31 de agosto, na Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de janeiro, RJ e apresenta 12 trabalhos em diversos suportes, que vão das tradicionais telas à tapeçaria, papéis artesanais de cânhamo, linho e algodão, e videoinstalação.

 

As obras nos remetem, em um primeiro momento, às máscaras africanas, impressão essa confirmada pelo curador Rodolfo de Athayde, que destaca em texto curatorial as influências de Picasso e Malevich. As máscaras de Arrechea, sem olhos e sem bocas, de aparência enigmática, podem ser lidas a partir da problemática cubana com relação a liberdades e direitos humanos.

 

Mas esses trabalhos vão além: evocam estruturas urbanas, tanto em sua construção – que utiliza linhas, sulcos, texturas e sobreposições geométricas, lembrando os tradicionais bairros cubanos, suas casas e arquitetura – quanto na intenção de revelar, também filosoficamente, “as camadas da ação humana no tempo”. Dessa forma, o que inicialmente pode parecer uma obra de rápida assimilação, oferece, em seguida, outras possibilidades interpretativas.

 

Longo Bahía na Argentina

A artista brasileira Dora Longo Bahía está na Sala de Audiovisual do Parque de La Memória, pela Bienal Sur (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de América del Sur). Parque de la Memoria – Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado, Av. Costanera Norte Rafael Obligado 6745, Adyacente a Ciudad Universitaria, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

 

“Choque” leva o título da unidade antidistúrbios da polícia brasileira, também conhecida como “Tropa de Choque”, uma divisão treinada e equipada para reprimir multidões e protestos no espaço público. A videoinstalação de Dora Longo Bahía, de profunda potência visual, questiona criticamente os métodos que os poderes do Estado aplicam para suprimir as forças de resistência. Assim, longe de se estabelecer como símbolo de proteção, as forças policiais transmitem em “Choque”, uma filosofia do medo e, embora a obra ancore sua base conceitual na realidade histórico-política do Brasil contemporâneo, a narrativa visual implantada pela artista encontra ressonâncias semelhantes em várias cidades ao redor do planeta.

 

Sobre a artista

 

Dora Longo Bahía nasceu em São Paulo, 1961. Artista visual e doutora em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Seus trabalhos são desenvolvidos em várias mídias, incluindo pintura, fotografia, vídeo, instalações sonoras e livros. Sua ligação com o punk rock dos anos 1980 levou-a a participar de diferentes bandas como Disk-Putas e Blah Blah Blah. Dora Longo Bahía se define como um produtor de imagens e suas obras tratam, sem buscas retóricas, da violência do mundo contemporâneo.

 

Até 13 de outubro.

 

ArtRio, circuito de galerias

23/jul

A ArtRio realiza em 2019 uma série de edições especiais do – Circuito Integrado de Galerias de Arte. No dia 25 de julho, quinta-feira, acontece a edição focada no bairro de Ipanema. O CIGA, que tem sua edição principal na semana da feira, tem como objetivo aproximar cada vez mais o público carioca e os visitantes do segmento de arte, estimulando a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

A palavra de Brenda Valansi

 

Durante os dias do CIGA, as galerias têm programação especial, uma forma de atrair um novo público e falar sobre arte e sobre o espaço. Muitas pessoas começam o hábito de visitar galerias em eventos como esse, já muito comuns em grandes centros culturais como Barcelona e Nova York. Em 2019 decidimos ampliar a agenda e fazer nos meses que antecedem a ArtRio circuitos por bairros, como forma de valorizar as exposições que estão acontecendo e também já iniciar novas conversas sobre arte, diz Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

Data: 25 de julho, quinta-feira – Horário: das 19h às 22h

 

CIGA Ipanema

19h / 22h – Recepção

Galeria Luciana Caravello

Rua Barão de Jaguaribe 387

19h – Conversa com Keyna Eleison

Galeria Simone Cadinelli

Rua Aníbal de Mendonça 171

20h – Conversa por Skype com Alexandre Arrechea

Galeria Nara Roesler

Rua Redentor 241

21h – Conversa com Daniel Feingold

Cassia Bomeny Galeria

Rua Garcia D´Ávila 196

 

Entrada Gratuita

 

Sobre a ArtRio

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição e reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Iniciativa pioneira, a ArtRio é a primeira feira de arte do mundo a ter a comercialização das obras pela internet. O site está ativo durante todo o ano, com ações especiais nas datas do calendário de arte, aberturas de mostras e também nas datas do varejo. A Artrio 2019 tem apoio da Audi, Osklen, Rio Galeão, Shopping Leblon, Stella Artois e Green People, além de apoio institucional da Estácio e de Bombay Sapphire. O Belmond Copacabana Palace é o hotel oficial do evento. A realização é da BEX.

 

Serviço ART/Rio 2019

 

Data: 19 a 22 de setembro (quinta-feira a domingo)

Preview – 18 de setembro (quarta-feira)

Local: Marina da Glória – Av. Infante Dom Henrique, S/N – Glória

 

Novíssimos 2019, 48ª edição

12/jul

Frases retiradas do Tinder viram instalação, escritas com sal da água do mar são reveladas em telas, números de velhas cadernetas de telefones sendo contatados por um celular de última geração. Foram gravados em vídeo, cerca de 3.000 fotografias dispostas como uma paleta de Pantone que podem ser manuseadas. Estas e outras linguagens compõem as obras da 48ª edição do Salão de Artes Visuais “Novíssimos”, que abrirá no dia 18 de julho, às 18h, na Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Sob curadoria de Cesar Kiraly, a coletiva conta com pinturas, instalação, objeto, vídeo e desenhos de 13 artistas selecionados: Cláudia Lyrio, Evandro Machado, Fernanda Sattamini, Fernando Soares, Henrique de França, Juliana Gretzinger, Marcus Duchen, Mariana Hermeto, Nicole Kouts, Thais Stoklos, Talita Tunala e Tangerina Bruno, uma dupla de artistas gêmeos. Na noite de abertura, será divulgado o nome do artista contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2020. A edição deste ano será composta por temáticas diversas. Inspirado pelos últimos debates sobre o poder que as cores têm de identificar segmentos, o artista Evandro Machado, por exemplo, irá expor imagens que buscam sabotar a transformação das cores em discurso político. As obras retratam um mundo frio e calculista, onde tudo tem que ser levado a uma construção geométrica da realidade e os objetos não têm peso, não há gravidade. Dentro deste universo existem monolitos, presenças de imposição neste lugar inerte, no qual cubos flutuam carregando uma bandeira similar a brasileira.
“Parte do discurso do trabalho é a vontade de criar confusões, a partir da contaminação desses campos cromáticos. O verde e o amarelo têm o poder de serem representativos do que o brasileiro acredita. Nesse momento nacionalista, percebemos que o vermelho, por exemplo, se tornou uma cor mais difícil de ser aceita”, explica Evandro, que se inspirou no filme “2001: uma odisseia no espaço” para compor estas obras.

A dupla de gêmeos Tangerina Bruno irá expor a série “Para uma pintura”, composta por 2.971 fotografias em forma de objetos que são oferecidos ao público para serem manuseados. As obras mostram a origem do processo de criação dos artistas, que pintam a partir de fotografias tiradas por eles mesmos realizando ações, da maneira mais natural possível, em casa. “São imagens muito cruas, pois não estávamos preocupados se seria uma foto bonita, mas queríamos entender qual a ideia e chegar na imagem. Pegamos uma única imagem e usamos de referência para pintura, ou juntamos para colagem, reunimos no Photoshop para fazer a cena, passamos o desenho para a tela e começamos o processo de pintura. Quando pensamos neste processo, geralmente temos acesso ao resultado final. Mas, dessa forma, estamos representando todas as possibilidades que poderiam ser dadas à pintura”, analisa a dupla.

 

“O sigilo é a garantia do replay”, “nunca vou gostar de você mais do que gosto de beber”, “só me curta se tiver todos os dentes na boca”, “desaprendi a flertar, mas ainda sei comer e tomar vinho” são algumas das frases presentes no oráculo que será apresentado pela carioca Juliana Gretzinger, todas retiradas de aplicativos de relacionamento há cerca de dois anos. “Vejo o oráculo com humor, pois há um deboche envolvido. É um oráculo que, na verdade, não está preocupado em responder nada”, resume a artista.

 

Fernanda Sattamini irá apresentar o trabalho “As ondas que nos separam”, composto por gravuras com mensagens que a artista escreveu pensando em enviar para alguém e, depois, molhou na água do mar.

 

O paulistano Marcus Duchen irá expor duas obras inspiradas em uma viagem feita durante cerca de quatro anos por cidades do Sul de Minas, na qual o artista captou as impressões e as cores dos locais. Segundo ele, esta é uma pesquisa, quase geográfica, de alguém que não tinha naturalidade com os ambientes visitados e que, por meio da abstração, pode captar as sensações proporcionadas pela viagem.

 

Mariana Hermeto irá apresentar parte de objetos e materiais presentes em uma casa. Em um exercício de agrupamento, a artista trabalha a geometria e a (des)função de cada um deles, buscando a poesia na ressignificação do que é ordinário. O trabalho de Mariana se baseia na pesquisa da construção de uma arquitetura íntima e se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele.

 

Na série “Força”, Fernando Soares utiliza a borracha de câmaras de bicicletas e as ressignifica para abordar a maleabilidade da matéria. O artista recolhe o material em uma loja de bicicletas perto de seu ateliê e tenciona a borracha em um chassi de madeira, retratando as nuances entre o tenso e o relaxado, como a respiração. A ideia é abordar movimentos completamente opostos mas que, na verdade, são complementares. “Nos trabalhos de Novíssimos, os selecionados são os mais tensionados. Na superfície de borracha, forço um pouco o material para ter abertura e criar conceitos de espacialidade. O próprio material se contrai e, por vezes, está solto, relaxado, tendendo apenas para a força da gravidade”, explica o artista.

 

Os desenhos figurativos de Henrique de França exploram o branco do papel através de mínimas insinuações de linha e sombra. Sua inclinação a abandonar figuras no vazio é audaciosa e intrigante. Assim, o artista define artificialmente os limites entre o urbano e o rural como os limites da civilização, de modo a criar dramáticas composições onde algo parece estar para acontecer ou acabou de acontecer. Há um sentimento de reflexão, como se os personagens estivessem em profundo pensamento sobre a vida, memória, esperança e mudança. Os trabalhos criam histórias com as quais todos podem se relacionar de um ponto de vista pessoal e nostálgico, mas ao mesmo tempo relatam o confronto de gerações, tradições e classes, como modo de refletir sobre a construção de uma sociedade, por uma perspectiva latino-americana.

 

Thais Stoklos irá apresentar a série “Sol, estou acordada”, falando sobre o dia e noite, luzes do céu, o pôr do sol, de intensidades de energia, de sentimentos humanos. Seus trabalhos são apresentados como verdadeiras pinturas feitas através da sobreposição de tules, que foram introduzidos nas obras da artista através da confecção de saias de bailarinas para suas filhas. Neste sentido, ela lança mão de tudo aquilo que é descartado: linhas, papéis, galhos, tecidos e pedras são reunidos e, com eles, Thais propõe novas formas, agrupando elementos em uma linguagem urbana, industrial ou natural. Como que se traçando caminhos ou construindo monumentos efêmeros, retrata a importância do sutil, na fugacidade do contemporâneo.

 

Cláudia Lyrio irá expor duas obras: “Teoria” e “Anteparo”. “Teoria” é um trabalho híbrido de desenho e pintura, de ficção e ciência, que tem como objeto o estudo do Pardal, ave da cidade (ave da polis, ave política). Cláudia apresenta esse pássaro de diversas maneiras e aponta algumas de suas características com pequenos textos entremeados. Este trabalho é a ação de observar e traz as etapas do desenho, os rascunhos, as inseguranças e inquietações do estudo. Mostra dados do animal e de seu ciclo de vida, nome científico e ano de sua chegada ao Brasil escritos em retalhos de linho colados sobre um canto da tela. Já a obra “Anteparo” é um desenho a carvão, grafite e aquarela sobre tela de algodão com imprimação transparente, mostrando uma floresta em perspectiva lateral, com árvores secas e queimadas. É um políptico composto de cinco telas que evocam o formato de um biombo dobrável de pequenas dimensões. Na primeira tela à esquerda, um pássaro solitário observa a vastidão da natureza degradada.

 

Inspirada no filme “Blade Runner”, Talita Tunala usa a metáfora das metrópoles chuvosas, sombrias e melancólicas, trazendo para o presente e representando cenas cotidianas atuais com a mesma atmosfera desalentada. Para Novíssimos, a artista procurou dar mais densidade aos tons escuros das obras, retirando com ranhuras a cor do papel cartão, acrescentando pequenas coberturas com lápis de cor, ao invés de usar a tinta sobre o papel branco como normalmente faz. Esse gesto é similar ao de um esculpir sutilmente, fazendo emergir imagens como se estivessem esperando para serem descobertas, exigindo do espectador um certo esforço do olhar para seu desvelamento.

 

A pesquisa central dos trabalhos de Nicole Kouts gira em torno da ressignificação de imagens, lugares da memória, narrativas multiformes, sobreposição de linguagens, dogmas da atualidade e da arqueologia do processo criativo. Todas essas questões são compreendidas dentro de um contexto de convergência e divergência entre os meios analógicos e digitais. Essa investigação é uma constante tentativa de encontrar consistência e novos parâmetros no quebra-cabeças que é a linguagem visual contemporânea. “As interlocuções entre arte e tecnologia, imagem impressa, audiovisual, desenho e colagem são a principal matriz geradora destes trabalhos. Há também a influência de outras linguagens artísticas como a música, o cinema, os quadrinhos, a ilustração, a literatura e o teatro. Os títulos, textos e sobreposição de imagens são um elemento importante, em geral compostos por minúcias que coleto em meus cadernos, abordando a amplitude das transformações de sentido e de narrativas construídas por múltiplas associações”, explica Nicole. “Novíssimos” tem como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira, em suas variadas vertentes. Até 2018, 633 artistas já haviam participado de “Novíssimos”, que teve sua primeira edição em 1962.

 

Sobre os artistas

 

 

Cláudia Lyrio é natural do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Sua pesquisa busca pensar o ciclo da vida, a natureza e seus elementos, tendo a pintura como linguagem. A artista tem seu interesse voltado para questões cromáticas, alquímicas, processo e artesania. Em seu trabalho, uma ideia de paisagem vem se deixando entrever através de diálogos com pensamentos de campos de cor, Land Art e com as pesquisas dos viajantes naturalistas. Distância, perda, deterioração e efemeridade são parte do seu vocabulário. Formação em Pintura e Letras (UFRJ), especialista em História da Arte (PUC-Rio) e mestre em Literatura (UFRJ). Algumas exposições já realizadas: “Luz Balão” (Galeria Solar/RJ); “Pessoas, Cidades e Afins” (MARCO/MS); “Aos Fios Entreguei o Horizonte” (Galeria Hiato, Juiz de Fora/MG), todas em 2018. Em 2017, destacam-se: “Imersões” (Casa França-Brasil/RJ), “Além da Imagem” (Sem Título Galeria, Fortaleza/CE) e “Miragens” (CMAHO/RJ). Participou dos Salões Rio Claro (2015), Guarulhos e Vinhedo/Prêmio Aquisição Pintura (2016) e Fortaleza (2017). Artista selecionada para individual no Museu de Arte de Blumenau (SC) em 2019.

 

Evandro Machado é natural de Blumenau, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Foi ilustrador e desenhista de HQ em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, em 2007, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2006, fez a primeira viagem no Programa Dynamic Encounters e, em 2008, participou da Residência CAPACETE, no Rio de Janeiro. Em 2009, realizou uma campanha da TV Futura para a Organização Mundial de Saúde, com curadoria de Fernando Cochiarale. Recebeu bolsa de estudos no Parque Lage para o Programa, em 2011, e Bolsa de Acompanhamento de Pesquisa, em 2013. Seus trabalhos foram acompanhados por Luiz Ernesto, Lívia Flores e Glória Ferreira.

 

Juliana Gretzinger é formada em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2015) e em Produção Audiovisual pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2017). Atualmente, é estudante no curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, exercendo função de pesquisadora bolsista no projeto PIBIAC Fotografia Contemporânea. Pesquisa a fotografia, a imagem digital e os efeitos da internet na sociedade contemporânea.

 

Fernanda Sattamini vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua produção explora processos experimentais e alternativos, transitando entre fotografia, gravura, escultura e objetos. Tomando como ponto de partida imagens apropriadas e suas próprias fotografias e anotações, a pesquisa que desenvolve aborda questões acerca da memória, saudade e solidão. Graduada em Publicidade e Marketing pela PUC-Rio, completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Ateliê da Imagem e Escola sem Sítio, no Rio de Janeiro.

 

Fernando Soares nasceu em São Paulo, onde reside e trabalha. Seu trabalho discute a natureza pictórica da matéria em si, através de pinturas/objetos, colagens e instalações. Sua pesquisa parte das propriedades e/ou ambiguidades dos materiais que utiliza e fatores como ação e reação dos mesmos em seus trabalhos. Iniciou seus estudos e produções de maneira autoditada, aos 17 anos, para posteriormente frequentar o Hermes Artes Visuais, onde ainda participa de elaborações de projetos e acompanhamento de sua produção. Participou de diversas exposições coletivas e individuais em galerias e espaços independentes, além de ser selecionado para salões e feiras de arte contemporânea.

 

Henrique de França nasceu e trabalha em São Paulo. Formado em Artes Plásticas pela USJT e pós-graduado em Design Gráfico pela FAAP, já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas “No Barrier to Entry”, na Gallery19, em Chicago (2018) e “Desenho Ocupado”, na Galeria Leme, em SP (2009). Entre suas exposições individuais destacam-se “Torpor”, no Sesc Interlagos, em SP (2016), e “Lugares Congruentes”, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa, Portugal (2013). Os trabalhos exploram as possibilidades de representação do imaginário latino-americano no tocante à sua história recente, sobrepondo memória individual e coletiva dentro do escopo do desenho contemporâneo figurativo.

 

O paulistano Marcus Duchen iniciou muito jovem sua trajetória pelas artes, com participações em projetos e campanhas como ilustrador, em São Paulo. Em 2001, já em Minas Gerais, se formou em Arquitetura e, em 2004, fez sua primeira mostra coletiva no grupo Poéticas Visuais, no Instituto Moreira Salles, em Poços de Caldas. Depois, veio a exposição individual por premiação no BDMG Cultural, em 2006, em Belo Horizonte, e a coletiva no Espaço Cultural de Guarulhos, em 2008, em São Paulo. Em seguida, uma individual por premiação no Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos, no mesmo ano. Outros prêmios vieram, como a menção honrosa no Salão de Arte Contemporânea de Arceburgo, Minas Gerais, em 2018, a seleção pela publicação de arte na Califórnia, Selah Magazine, no mesmo ano, e aprovação na galeria Art Lab Gallery, em São Paulo, entre outros. Em 2018, o artista também teve uma obra incluída no Livro “Arte Sempre”, coletânea dos artistas de Minas Gerais. Sua plataforma de expressão é o óleo sobre a madeira, em grandes painéis que misturam, atualmente, o abstrato a instantâneos da vida, em traços imemoráveis de paisagens mineiras.

 

Mariana Hermeto é designer e artista. Sua pesquisa se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele. Numa procura por brechas e encaixes, através da contenção e da ruptura, do acúmulo e do vazio, há uma busca silenciosa pela ressignificação do comum e pela construção de uma arquitetura íntima. Participou de exposições coletivas como “Formação e Deformação”, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, em 2018; “Fixo, só o prego”, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, e “Doze métodos de se chegar a lugar algum”, no Paço Imperial, em 2019.

 

Nicole Kouts é graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e desenvolve seus trabalhos de forma multidisciplinar nas linguagens da arte e tecnologia, do audiovisual, da imagem impressa e do desenho. Participou de exposições coletivas nacionais e internacionais, dentre elas a “SP-Arte” (São Paulo, 2018 e 2019), “MADA – 1ª Mostra Audiovisual do Barreiro” (Belo Horizonte, 2018), Abstratas Moradas (Museu Belas Artes de São Paulo, 2018), “1ª Bienal de Artes de Taubaté” (Taubaté – SP, 2018) e “Cosmovisión Femenina” (Cidade da Guatemala, 2018). Realizou cursos e oficinas com os artistas Paulo Bruscky, Lourenço Mutarelli, Carlos Fajardo, Márcia de Moraes, J. Borges, Helena Freddi e Augusto Sampaio, e é assistente da artista Lia Chaia, importantes referências em sua pesquisa. Dedica-se também à ilustração, figurino e cenografia, fantoches e à música.

 

Thais Stoklos nasceu na África do Sul e reside em São Paulo. É formada em Pedagogia (2000) pela PUC-SP e pós-graduada em Imagem e Som pelo Senac (2005). Participou de residência artística em Londres, na Slade School of Fine Arts (2016), e em Berlim, na Berlin Art Institute (2017). Participou do grupo de acompanhamento de projetos com Pedro França, no Mam (2015), e, atualmente, participa do grupo de acompanhamento com Nino Cais, Carla Chaim e Marcelo Amorim, no Jardim do Hermes. Já expôs individualmente na Galeria Arte Formato e Arte Hall e, coletivamente, em diversas galerias e salões. Foi ganhadora do prêmio do Salão Nacional de Artes no Mac de Jataí.

 

Talita Tunala vive e trabalha no Rio de Janeiro, e é graduada em Psicologia. Sua formação artística foi feita na EAV/RJ e na Escola Sem Sítio/RJ. Dentre as exposições que participou nos últimos três anos, destacam-se a individual “O Melhor Fruto”, no Espaço Cultural Correios, em Niterói (2019) e as coletivas “Aos Fios Entreguei o Horizonte”, na Galeria Hiato, em Juiz de Fora; “A/Fronta/A”, na UNB, em Brasília; “Feminino Gabinete de Curiosidades”, no Museu Palácio Rio Negro, em Petrópolis; “Luz Balão”, na Galeria Solar, no Rio de Janeiro, todas em 2018. Em 2017, destacam-se os salões “68º Salão de Abril Sequestrado”, “Salão das Ilusões” e “Fortaleza”, e as coletivas “Miragens”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro; “Além da Imagem”, na Galeria Sem Título, em Fortaleza; “Imersões Poéticas”, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.

 

Tangerina Bruno é a dupla formada pelos gêmeos Letícias e Cirillo, naturais de Porto Ferreira, onde vivem e trabalham a quatro mãos e duas cabeças, da concepção à execução. Assinam com o seu sobrenome, Tangerina Bruno. Entre as exposições, destacam-se “Novas Aquisições” (2012-2014); “Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM/Rio; “Coletiva no Auroras”; “17º Programa Exposições”, no MARP”; “28ª Mostra de Arte da Juventude”, no Sesc Ribeirão Preto. Entre os salões que já participaram estão “50º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba” e o “25º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande”.

Até 23 de agosto.

 

 

Arte-veículo

05/jun

O SESC/Santos, São Paulo, SP, apresenta a exibição coletiva com 40 artistas e grupos estudados na pesquisa Arte-veículo, da curadora Ana Maria Maia. Desde a televisão, inaugurada em 1951, e a Internet, difundida no início dos anos 2000, diferentes artistas e grupos figuraram no agendamento midiático para nele experimentar e praticar “inserções em circuitos ideológicos”, como alegou Cildo Meireles em 1970. Ou disseminar “ideias vírus”, conforme Giseli Vasconcelos prescreveu já em 2006, fazendo ressoarem ao longo das décadas os termos de uma relação que se dá entre os veículos de comunicação como hospedeiros e os artistas como parasitas.

 

Para repercutir intervenções midiáticas no contexto de uma instituição cultural, a curadoria pretende misturar diferentes suportes na organização espacial da exposição, de documentos impressos e registros em vídeo a objetos e instalações. O projeto foge de uma narrativa cronológica para priorizar o entendimento de estratégias recorrentes dos artistas e grupos no decorrer desse intervalo histórico. Desse partido, surgem seus seis núcleos, denominados a partir de verbos que denotam um conjunto de ações: duvidar da verdade, perder-se, duelar, “ouviver”, hackear e ficcionalizar. A exposição propõe também um programa público de performances, conversas e laboratórios, e ainda a reinserção de trabalhos em espaços de imprensa e mídias, como jornais, revistas e programas de rádio, e mesmo redes sociais. Destaque para o Grupo Manga Rosa: Carlos Dias, Francisco Zorzette e Jorge Bassani.

 

Até 28 de julho.