A técnica singular de Jeane Terra

05/out

 

 

O Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe até 19 de novembro, a exposição “Territórios, rupturas e suas memórias”, com um conjunto de mais de 20 obras inéditas da artista Jeane Terra, resultantes de sua vivência no final de 2021 nas cidades baianas de Sobradinho, Remanso, Casa Nova, Pilão Arcado e Sento Sé, durante a seca do Rio São Francisco.  Essas cidades foram inundadas para a construção da barragem Sobradinho e da Usina Luiz Gonzaga, na década de 1970. A exposição tem curadoria de Patricia Toscano.

Além da sua aclamada pesquisa com “pele de tinta”, que resulta em pinturas que se assemelham a “pixels analógicos”, Jeane Terra criou esculturas de vidro soprado, acopladas em uma base feita a partir de fragmentos de escombros de cidades visitadas, algumas contendo água do Rio São Francisco. E as monotipias com que vem trabalhando desde o ano passado, sobre pele de tinta, agora estão também em esculturas de vidro e estruturas de pau-a-pique, feitas com galhos e cipós da Bahia e de Minas.

Assim, igrejas, hospitais, casarios, barcos e uma grande caixa d’água foram exaustivamente registrados pela artista, e originaram pinturas em sua técnica singular, já patenteada, esculturas em vários materiais, e videoinstalações.  As obras ocuparão duas grandes salas do prédio dos Correios, e dois ambientes para as videoinstalações.

 

 

Ensacamento

03/out

 

Depois de dez anos da última individual do grupo no Centro Cultural São Paulo, os trabalhos do 3NÓS3 voltam a ocupar a cena artística, num momento de grande movimentação política, com individual até 05 de novembro na Galeria Jaqueline Martins, Vila Buaque, São Paulo, SP.

O coletivo formado por Hudnilson Jr. (1957-2013), Mario Ramiro (1957) e Rafael França (1957-1991), com atuação entre 1979 e 1982, teve um importante papel na arte brasileira no período de reabertura democrática, ao final da Ditadura. Para aquela geração de artistas a arte do momento era alternativa, marginal, underground, de contestação e derivada da contracultura dos anos 1960.

Em 1979, 11 anos depois do fim do Tropicalismo e do decreto do AI-5, uma arte urbana coletiva e crítica ressurgia com força no Brasil, quando o 3NÓS3 realiza suas intervenções urbanas esteticamente marginais – como o ensacamento de monumentos públicos da cidade de São Paulo – ao lado da crítica cultural e de intervenção na mídia.

A mostra exibe um conjunto de obras criadas ao longo dos três anos de atividade do grupo e reintroduz seu trabalho a uma nova geração de público, evidenciando a relevância de sua produção 40 anos depois de sua criação. São intervenções urbanas, fotografias, vídeos e arte postal que circularam também virtualmente, como informações pelos meios de comunicação, parte essencial dos trabalhos do grupo.

“O trabalho do 3NÓS3 tem uma capacidade fantástica de se manter atualizado. Toda a produção deles foi, em si, uma posição política de resistência. É uma arte de guerrilha: artistas que criaram ferramentas para driblar a opressão, a caretice e o conservadorismo político e social. Hoje estamos na mesma, e os artistas estão criando suas ferramentas novamente para driblar essa censura”, conta a diretora e fundadora da galeria, Jaqueline Martins.

A exposição também acontece simultaneamente em Zurique sob o título 3Nós3, Rafael França, Hudinilson Jr., Mario Ramiro – Above all, They Had No Fear of Vertigo, a partir do dia 28 de outubro, na galeria Peter Kilchman.

 

Pinturas de Felipe Carnaúba na GEMA

29/set

 

 

O título da mostra é “Uma Pintura é Uma Bandeira, primeira exibição individual do multiartista Felipe Carnaúba até 30 de outubro em São Paulo na GEMA, Jardim América, sob a curadoria de Eduarda Freire. Com, aproximadamente, 40 trabalhos entre pinturas, desenhos, vídeos, NFTs, objetos e game, propor um ambiente social e informal de debate diante obras “ironicamente” políticas. Entre as telas, pode-se encontrar algumas representações artísticas feitas em conjunto com componentes do coletivo Palácio Guanabara. “Felipe propõe uma flexibilização dos limites do espectador, diante de seus excessos; provoca o público com postulados por vezes perigosos, não-lineares e pouco esclarecidos”, delibera a curadora.

Nos trabalhos do artista não há uma definição clara entre a busca pelo aplauso ou pela rejeição. Por vezes, pode-se até pensar Felipe Carnaúba como um advogado de causas próprias ao perceber o grau de “malicia” presente nas criações. “Hoje, sou obrigada a repensar essa figura. A presente produção me provoca mais questionamentos, do que conclusões. (…..) Como seria conviver com uma silenciosa tensão toda vez que receber alguém para conhecer a casa? Essa imagem de um metro de altura do rosto do presidente, feia, mal-pintada e bem representada, não é algo que se consiga explicar facilmente para alguém num primeiro encontro romântico. Agora, notem a beleza que é perceber a naturalidade como se pensa arte como algo para se colocar na parede da sala. Estes questionamentos estão imersos na minha visão circunstancial de quem tem uma pintura do Felipe na entrada de casa. É evidente que a polêmica é ingrediente da massa do trabalho. No entanto, não diria que isto é um foco, e sim um fato”, discorre Eduarda Freire. Definir como experimentação também seria um conceito muito vago visto que, seja em suas performances, vídeos, músicas, NFTs, textos ou pinturas, as intenções do artista são atuais. Uma Pintura é Uma Bandeira. Por que? Copos de Guaravita em pedaços de papelão, ou assentos de privada na parede expressam, na verdade, o Brasil por um carioca suburbano, subentendido e subestimado”, responde a curadora. “Felipe se caracteriza pelo acúmulo, excesso e desorganização. Sua produção incansável e/ou exaustiva, detestável e/ou divertida, desafia a se deparar com níveis baixos da realidade atual, a um alto grau de insolência e destemor. Em meio a frenéticos (senão épicos) aspectos antiglamurosos, gira uma ciranda do fracasso. Talvez seja essa a insinuação de que o veneno é o antídoto.” Eduarda Freire

Sobre o artista

Felipe Carnaúba nasceu no Rio de Janeiro em 1998. Artista e curador independente, bacharelando em Pintura na Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA – UFRJ). Atua em diversas linguagens como artista entre a pintura, instalação, música, performance e videoarte. Sua pesquisa investiga sobre o acúmulo de elementos populares da indústria cultural como indagação de politizar o produto alienante; utiliza a linguagem dos memes pelo engajamento pós-irônico na era global. Suas obras remetem um trágico e humorado retrato da banalização da informação, como das redes sociais, a qual nossas relações de convívio exaustivamente, cada vez mais, fricciona entre o lazer à política.

Sobre a GEMA

GEMA, de Eduarda Freire e Clara Johannpeter, é um núcleo de arte contemporânea emergente, dedicado a fomentar a produção e divulgação de artistas que nunca foram representados por galerias. Funciona como uma ferramenta de consultoria de arte, com foco em artistas independentes. Reuniu um acervo em um espaço, em São Paulo, e até o presente momento atua em locais temporários que permitam exposições presenciais. No momento, trabalha com quinze artistas, mas também tem como foco incentivar artistas que estão fora de seu time, através de iniciativas como realizações de exposições individuais destes, ou inclusão em exposições coletivas. A GEMA se apresenta como uma nova opção de fomento ao circuito artístico, de modo alternativo ao convencional modelo de exposição em cubo branco.

 

 

 

Modernas no Instituto Goethe Porto Alegre

28/set

 

O jornalista Airton Tomazoni é o coordenador de “Modernas eram elas – A dança na Porto Alegre da primeira metade do século XX”, em exposição na Galeria do Goethe-Institut Porto Alegre, RS.

 

A exposição está concentrada nas figuras pioneiras de Lya Bastian Meyer (dançou em Berlim em 1938), Tony Seithz Pethzold e Salma Chemale. Essas mulheres ajudaram a fundar a Associação Gaúcha de Dança (ASGADAN), em 1969; criaram e administraram escolas, grupos e companhias; encenaram centenas de obras e formaram gerações de artistas que marcaram a cena local como Morgada Cunha, Lenita Ruschel Pereira, João Luis Rolla, Tais Virmond, e também nomes de projeção nacional e internacional como Beatriz Consuelo, Rony Leal, Antonio Carlos Cardoso, Eleonora Oliosi, Jane Blauth, Carlos Moraes e Emilio Martins.

 

Sobre o coordenador

 

Airton Tomazzoni é coreógrafo, jornalista e diretor do Grupo Experimental de Dança da Cidade de Porto Alegre. Doutor em Educação pela UFRGS.

 

Equipe e Ficha Técnica:

 

Proposta e coordenação geral: Airton Tomazzoni; pesquisa, curadoria e textos: Airton Tomazzoni e Clarice Alves; edição e tratamento de imagens: Clarice Alves, Duda Mosseline e Grace Fernandes; cenografia e direção de arte: Rodrigo Shalako; assessoria de Comunicação: Ilza do Canto; design gráfico: Refazenda Comunicação; captação de imagens e edição dos vídeos: Fernando Muniz; montagem: Shalako Produções; iluminação: Daniel Fetter; realização: Centro de Dança da SMCEC; com apoios de Goethe-Institut Porto Alegre, Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Centro de Memória do Esporte (CEME).

 

Até 29 de outubro.

 

 

13ª Bienal do Mercosul

16/set

 

 

O evento de artes visuais, 13ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, sob a titulação geral de “Trauma, Sonho e Fuga” tem abertura para o público em geral a partir desta sexta-feira, dia 16.

 

Após dois anos de pandemia, a exposição oferece o reencontro com arte e a oportunidade de refletir sobre momento atual da sociedade. Esta edição reconhece nos traumas – individuais ou coletivos – o maior combustível da arte de todos os tempos e entende os sonhos como um estratagema para a fuga.

 

Uma instalação de Túlio Pinto, chamada “Batimento”, que interfere poéticamente, com faixas alaranjadas, na paisagem, oferece a possibilidade de sonhar dentro do inusitado e o impacto do trabalho. Outra obra que se destaca é a cabeça gigante do artista catalão Jaume Plensa disposta na frente da Fundação Iberê Camargo, uma arte potente que convida a uma reflexão sobre a dimensão do homem e em sua relação com o meio ambiente. As duas obras serviram como o prenúncio da promessa do curador geral Marcello Dantas ao dizer que a Bienal irá oferecer o impacto no imaginário comum, por meio da ativação do onírico, dos sonhos e dos delírios, abrindo portas para o escape de uma condição imposta a todos nós. “Trabalhando na fronteira entre a arte e a tecnologia, o curador-geral desta edição, a mostra acontecerá em cinco plataformas distintas, cada uma objetivando atingir uma combinação de públicos diferentes e conteúdos originais, provocando de forma disruptiva, sensorial e reflexiva”, pontua Dantas.

 

Participam da Bienal 100 artistas de 23 países, destacando-se:

 

Tino Sehgal, britânico radicado em Berlim, reconhecido por suas performances de situações construídas – nomeadas por ele como interpretações. Ele apresenta “This Element”, que ocorrerá em diferentes espaços expositivos da Bienal.

 

De Marina Abramovic –  artista sérvia – será exibida “Seven Deaths”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Margs, que recria em vídeo cenas de mortes da cantora greco-americana Maria Callas. A trilha sonora é composta por áreas de óperas interpretadas pela cantora lírica, como “La Traviata”.

 

A brasileira Lygia Clark (1920-1988)terá sua obra também no Margs, pela primeira vez, trechos do diário clínico da artista mineira, umas das mais importantes artistas do século 20. Serão exibidos objetos relacionais confeccionados por ela e utilizados nas sessões de arteterapia com seus pacientes.

 

Jaume Plensa, um dos escultores contemporâneos de maior relevância, terá mostra individual na Fundação Iberê Camargo. Além da escultura que recebe o público, poderão ser conferidos 12 trabalhos compostos de diferentes materiais como resina, aço, ferro, vidro e náilon.

 

O mexicano-canadense Rafael Lozano-Hemmer exibirá cinco obras interativas criadas a partir de seus conhecimentos como cientista físico-químico no Farol Santander. Por meio de dispositivos tecnológicos que coletam em tempo real dados biométricos do espectador, como frequência cardíaca e respiração, suas obras são ambientes responsivos.

 

O Instituto Ling recebe “Hypnopedia”, projeto colaborativo do artista mexicano Pedro Reyes. A proposta é apresentar uma enciclopédia de sonhos por meio de filmes feitos a partir de memórias oníricas.

 

A ideia do curador da Bienal

 

Marcello Dantas, curador-geral, frisa que esta edição da Bienal do Mercosul nasceu do desejo profundo de criar uma situação presencial forte entre as pessoas.

 

“A arte como algo que pudesse ser vivido fisicamente, com a participação do público e dos vetores que estão ligados à exposição”.

 

“Como um evento do outro lado do mundo pode afetar meu sonho, minha estratégia de vida, algo que me aconteceu, e eu não sei como falar a respeito”.

 

“As pessoas precisam encontrar um caminho e uma forma de tornar tangível um sentimento a partir de uma sequência de experiências vividas. O impacto disso é algo latente no mundo e como isso aparece nos sonhos, no inconsciente, interessa e é tema desta Bienal”.

 

Histórias Brasileiras

26/ago

 

 

As artistas Marcela Cantuária e Vivian Caccuri participam da exposição coletiva “Histórias Brasileiras”, no Museu de Arte de São Paulo, MASP, SP, entre  26 de agosto e de outubro, com curadoria de Adriano Pedrosa, Lilia M. Schwarcz, Amanda Carneiro, André Mesquita, Clarissa Diniz, Fernando Oliva, Glaucea Brito, Guilherme Giufrida, Isabella Rjeille, Sandra Benites e Tomás Toledo.

A mostra acontece em ocasião do Bicentenário da Independência do Brasil, apresentando trabalhos de diferentes mídias, suportes, tipologias, origens, regiões e períodos.

 

Novo representado pela Simões de Assis

25/ago

 

 

O artista visual Mano Penalva agora passa a ser representado pela Simões de Assis. Vive atualmente em São Paulo, onde mantém seu ateliê junto ao projeto Massapê, plataforma que idealizou para possibilitar o pensamento e produção de arte, exposições e ações em conjunto com outros artistas. A pesquisa de Penalva se alinha profundamente ao programa que a Simões de Assis vem desenvolvendo há quase 40 anos, cujo foco principal reside na cultura brasileira. Sua produção parte das mais diferentes manifestações populares do país para, por meio de procedimentos variados, deslocar e ressignificar fragmentos e objetos do cotidiano, muitas vezes reutilizados e apropriados. Sua linguagem transita pela abstração e pela figuração, tendo como linha-mestre o interesse pelas questões materiais que as obras de arte suscitam.

 

Sobre o artista

 

Mano Penalva transita por diversas linguagens, como instalações, esculturas, pinturas, vídeos e fotografias. Artista visual, formado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2008), frequentou cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2005 e 2011. Em suas pesquisas, Penalva busca investigar a formação da cultura brasileira e suas manifestações variadas. Um dos procedimentos utilizados em seu trabalho é o deslocamento preciso e incomum de fragmentos e objetos do cotidiano, muitas vezes reutilizados e apropriados, refletindo seu interesse pela antropologia e cultura material. Seus trabalhos operam em diferentes meios, desde a forma cotidiana da construção urbana, passando pelo uso decorativo e prático dos objetos que refletem as realidades socioeconômicas e culturais do povo brasileiro, em suas complexidades, até instalações na natureza e ações performáticas. Para o artista, tudo pode ser fonte de pesquisa, tendo mercados, ruas e casas populares como seus objetos de estudo. Mas é no gesto – escultórico, apropriativo, da costura, da colagem, – que ele busca entender as nuances de separação e sobreposição entre arte e vida. No trabalho “Ode ao vento I” (2020), Penalva reflete sobre a força implacável da natureza, sua imprevisibilidade e como se dão as fronteiras. Na Praia do Pacífico, no México, Penalva içou uma bandeira que trazia as fronteiras internas entre os países latino-americanos, e que com o passar do tempo, os elementos compositivos iam se desvanecendo, apagando as fronteiras, ocasionando na dissolução dos estados e províncias metafóricas no branco. Outro trabalho relevante é “Litro por Kilo” (2019), em que pensou a permutabilidade de funções e valores que os objetos adquirem nos mercados populares e nas típicas chamadas de vendedores ambulantes como “três por dez, dois por cinco” em que revelam uma equivalência incerta. Nos últimos anos participou de diversas residências artísticas, como Casa Wabi, Puerto Escondido (2021); Fountainhead Residency, Miami (2020); LE26by, Felix Frachon Gallery, Bruxelas (2019) e AnnexB, Nova Iorque (2018). Dentre suas exposições individuais, destacam-se: “Hasta Tepito”, B[X] Gallery, Brooklyn (2018); “Requebra”, Frédéric de Goldschmidt Collection, Bruxelas (2018); e “Proyecto para Monumento”, Passaporte Cultural, Cidade do México (2017). Dentre as exposições coletivas integrou: “What I really want to tell you…”, MANA Contemporary, Chicago (2020); “Tropical Gardens”, Felix Frachon Gallery, Bruxelas (2019); Bienal das Artes, SESC DF, Brasília (2018); “Blockchain/Alternative barter: a new method of exchange?”, B[x] Gallery,  Brooklyn (2018); e “L’imaginaire de l’enfance”, Cité Internationale des Arts, Paris (2015). .

Homenagem na Ocupação Itaú Cultural

16/ago

 

 

A grande atriz brasileira Tônia Carrero é a homenageada na Ocupação Itaú Cultural, Avenida Paulista, São Paulo, SP. A exposição conta com destaques sobre a vida e a obra da atriz, e permanecerá em cartaz até 06 de novembro.

 

Através de fotos, vídeos, textos, documentos e demais objetos, a Ocupação contempla várias facetas da homenageada: da imagem de diva ao profissionalismo, da inteligência ao humor delicado, da sofisticação ao enfrentamento (da Censura da Ditadura, por exemplo). E, em especial, ressalta-se um de seus principais traços: a alegria de ser atriz, de surpreender a plateia, de renovar sempre as emoções (as suas e as dos espectadores).

 

Discussões on line

21/jul

 

 

“Tupinicópolis é aqui?” acontece de 25 de julho a 12 de setembro – de forma online e gratuita para todo o Brasil – reunindo artistas visuais e profissionais para discutir o Carnaval a partir do conceito tupinicópolis, criado por Fernando Pinto, em 1987, para o desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel no qual imaginava uma comunidade indígena futurista. A partir desse conceito será discutido entre os representantes das artes visuais e do Carnaval questões, como o decolonialismo, o apagamento das culturas indígenas, o jogo entre capital e cultura, além de revisitar a noção modernista de antropofagia e de colocar em cena uma narrativa vinculada ao gênero da ficção científica (que recentemente vem sendo mobilizado em inúmeras criações cinematográficas, plásticas e literárias). Beatriz Milhazes, Fred Coelho, dentre outros, participam do ciclo. O projeto é idealizado pela colecionadora Alayde Alves com curadoria de Clarissa Diniz, Leonardo Antan e Thaís Rivitti.

 

Para conhecer e debater

20/jul

 

 

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, tem buscado, ao longo de seus quase dezoito anos de existência, valorizar e promover a herança de matriz africana no Brasil por meio do mapeamento, preservação, pesquisa e difusão de suas diferentes manifestações culturais e das múltiplas criações delas originadas. O histórico de encontros, palestras, congressos e cursos realizados e acolhidos pelo museu desde sua inauguração, em 2004, é vasto e compreende, igualmente, eventos que buscam refletir e discutir sobre as produções no próprio continente africano, tanto as contemporâneas quanto aquelas que refletem diferentes momentos de sua história.

 

Com o objetivo de diversificar ainda mais essa atuação e se consolidar como um espaço de encontro, reflexão e construção coletiva de conhecimento e de partilha de saberes e experiências, o Museu Afro Brasil lançou, no primeiro semestre de 2022, a Escola MAB – Escola do Museu Afro Brasil.

 

Artes Visuais e História da Arte a partir do MAB, no qual serão abordadas e discutidas questões formais e conceituais acerca de obras e coleções que integram o acervo do Museu Afro Brasil, assim como das temáticas que as cercam e que delas emanam, compreendendo as lacunas e ausências em sua constituição. Tais cursos compreenderão também aspectos relacionados às exposições temporárias realizadas no museu.

 

Cursos de aperfeiçoamento técnico voltados à gestão de acervos, sua conservação, documentação e estratégias de difusão, além de montagem de exposições, restauro, entre outros, oferecidos por especialistas e profissionais renomados na área.

 

Cursos na área do Patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, contemplando diferentes linguagens e manifestações como a música, a literatura e as artes cênicas. Serão igualmente oferecidos cursos de introdução a idiomas falados no continente africano.

 

E, finalmente, a série O Pensamento de …  oferecerá cursos que abordarão a produção de intelectuais africanas(os) em diferentes áreas de conhecimento, trazendo ao público uma introdução a uma produção ainda pouco conhecida e debatida no Brasil e no mundo.

 

Em seu curso inaugural, “Artistas Africanas – Olhares Contemporâneos”  lançado no mês de maio, a Escola MAB apresentou um panorama contemporâneo do trabalho de oito artistas mulheres, originárias de distintas regiões do continente africano. Da cerâmica à pintura, da performance à instalação, da fotografia ao vídeo, suas obras abarcam múltiplas linguagens e revelam a diversidade da produção artística africana contemporânea.

 

No segundo semestre de 2022, a Escola MAB dará continuidade e aprofundará a reflexão sobre as formas e caminhos pelos quais a produção artística africana e seus artistas se fizeram e se fazem presentes nas instituições museológicas e no circuito artístico do Brasil e do mundo. Serão oferecidos cursos sobre as cenas artísticas em países como Angola, Moçambique e Senegal e as aulas serão ministradas tanto por professores brasileiros quanto do continente africano. O público terá igualmente oportunidade de participar do curso “Introdução à arte africana a partir do acervo do MAB”.

 

Dentro do Eixo Cursos de aperfeiçoamento técnico, os cursos “Gestão de acervos em Museus” (em formato de workshop presencial de um dia e, posteriormente, de curso extensivo virtual) e “Exposição de arte e o olhar do conservador” ampliarão o campo de atuação da Escola, abarcando os diferentes aspectos técnicos envolvidos no trabalho de um profissional de museu.

 

Finalmente, a série “O Pensamento de …”  terá início com uma introdução ao pensamento do intelectual ugandense Mahmood Mamdani, reconhecido como um grande especialista em política africana e internacional, autor de obras que exploram a interseção entre política e cultura, os estudos comparativos do colonialismo, a história da guerra civil e do genocídio na África e a história e teoria dos direitos humanos, dentre outros temas.

 

A Escola MAB oferecerá materiais de apoio aos alunos, assim como certificados aos participantes (mediante comprovação de 75% de frequência às aulas), além de bolsas de estudos a professores da rede pública de ensino e a pessoas pretas, indígenas, trans, travestis e em situação de vulnerabilidade social. Os cursos serão propostos em diferentes modalidades, virtual, presencial ou híbrida,  e em diferentes horários. A carga horária também terá variação de acordo com o programa do curso oferecido.