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AGENDA CULTURAL

Nuno Sousa Vieira no Brasil

24/ago

 

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a primeira individual de Nuno Sousa Vieira na cidade, um dos mais renomados artistas visuais portugueses. A mostra “Tenho a vista cansada” permanecerá em cartaz até 28 de setembro com texto de apresentação da crítica portuguesa Rita Gaspar Vieira. Ao todo estão reunidas nove pinturas inéditas e um vídeo, um projeto expográfico concebido exclusivamente para a galeria. A mostra faz parte da programação internacional da Mul.ti.plo durante a 12ª edição da ArtRio (que acontece de 14 a 18 de setembro, na Marina da Glória).

 

Na primeira sala, estão nove trabalhos de uma série de 15, realizados especialmente para a exposição. São pinturas feitas com tinta acrílica sobre plexiglass (lâminas de acrílico transparente). Os trabalhos refletem uma das principais particularidades do trabalho de Sousa Vieira: a utilização de materiais que já foram utilizados antes, que possuem um passado, que carregam uma história. “Meu interesse é que esses materiais voltem a atrair o olhar das pessoas, mesmo que de outra forma. É a prova de que podemos organizar o mundo de outra maneira”, diz o artista. Não por acaso, nos últimos 20 anos, ele instalou seu ateliê dentro de uma fábrica de plástico desmantelada, a Simala, em Leiria, sua cidade natal. É esse universo, de 6.000 m2 de área coberta e uma imensa quantidade de materiais deixados para trás, que o artista, conhecido por suas esculturas compostas por variados materiais fabris, elementos arquitetônicos e móveis descartados, utiliza como matéria-prima.

 

Na exposição, Sousa Vieira recorre também ao uso da palavra, mas no verso dos trabalhos. “As obras trazem palavras escritas, que não vemos claramente. Só as percebemos através das superfícies marcadas pelo tempo, dos vidros acrílicos que as compõem”, conta Rita, referindo-se a outra faceta do trabalho de Nuno: o jogo sutil entre o visível e o invisível, entre o que é evidente e o que não se vê. “Quero conduzir o olhar para o oculto. É no avesso onde quero chegar. Nós não vemos só com os olhos, vemos com o cérebro, com os sentidos, com o corpo todo. É esse olhar que quero trazer para a exposição”, diz ele. Por isso também, o verso de cada pintura da exposição estará registrado em postais, que serão entregues aos visitantes.

 

Outro destaque da mostra na Mul.ti.plo é a forma de apresentação do conjunto de pinturas. “O projeto expositivo é praticamente uma terceira obra. Tudo foi pensado por Nuno”, explica Stella Ramos, sócia da Mul.ti.plo. “Souza Vieira rompe os limites de parede e teto, interferindo no espaço e realizando um diálogo com a arquitetura do gabinete de arte”, acrescenta Maneco Müller, também sócio na galeria.

 

Na sala dois, o destaque é uma vídeo-obra, de 2011, com aproximadamente oito minutos. “O vídeo relata o emparedamento da entrada do meu ateliê, e sempre que o trabalhador entra em cena o vídeo é cortado e só volta quando o trabalhador sai. A obra procura refletir sobre a invisibilidade física do operário em prol da visibilidade da consequência do seu labor”, diz o artista, que estará no Rio para a abertura da exposição e depois segue para São Paulo onde inaugura uma mostra na galeria Raquel Arnaud.

 

Sobre o artista

 

Nuno Sousa Vieira nasceu em Leiria, Portugal, em 1971. Atualmente, vive e trabalha entre Lisboa e Leiria. Frequentou o Mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, escola onde agora é doutorando. Recentemente expôs na SE8 Gallery, em Londres; no Consulado de Portugal, em São Paulo; na Tabacalera, La Principal, Madri; Fundação Portuguesa das Comunicações, Lisboa; no Q22 – Colégio das Artes da Universidade de Coimbra; Galeria Espacio Olvera, Sevilha; Consulado de Portugal em Sevilha; Galeria Graça Brandão, Lisboa; Galerie Emmanuel Hervè, Paris. Entre 2010 e 2011, realizou três importantes exposições individuais: no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa; na Newlyn Art Gallery and The Exchange, no Reino Unido; e na Hans Mayer Gallery, Alemanha. Apresentou também um projeto individual na ARCO, Madrid, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. Expôs ainda na Kunsthalle São Paulo, 2014; Appleton Square, Lisboa, 2012; Galeria Graça Brandão, Lisboa, 2010; Carpe Diem, Lisboa, 2009; Galeria Graça Brandão, Lisboa, 2009; e na Empty Cube, Lisboa, 2008, entre outras. O seu trabalho está representado em diversas coleções, como PINTA – Latin America, CAV (Centro de Artes Visuais), Coleção Teixeira de Freitas, Coleção PLMJ, Coleção António Cachola, Câmara Municipal de Leiria, Coleção Paulo Pimenta, Coleção José Lima, Coleção António Albertino.

 

 

Evandro Carlos Jardim no Instituto Tomie Ohtake

 

 

A exposição “Evandro Carlos Jardim: Neblina” está organizada em torno de um conjunto chamado “Tamanduateí Contraluz”, que reúne 50 obras impressas desde 1980 até hoje. A mostra, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, até 16 de outubro, ressalta a perseverança do artista no tema -cidade São Paulo -, ao longo de décadas, e como explorou a infinita capacidade de transformação e nuance da gravura, suporte que adotou como linguagem.

 

Segundo os curadores Paulo Miyada e Diego Mauro, do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, todas essas imagens foram construídas a partir de uma só matriz de cobre, sobre a qual o artista uma vez desenhou o Palácio das Indústrias e o pilar de sustentação de um viaduto, tal como vistos desde as margens do Rio Tamanduateí, em São Paulo. “A partir desse traçado primeiro, Jardim operou a gravura como uma espécie de avesso da arqueologia, como uma prática de escavação que, ao invés de revelar um fato do passado, produz infinitos novos traçados”, comenta a dupla de curadores.

 

Nesta série evidenciam-se duas persistências notáveis na obra de Jardim: a gravura e a representação da cidade de São Paulo. O título da exposição “Neblina” destaca as inscrições realizadas por Jardim em alguns de seus trabalhos, especialmente a “neblina”, condição atmosférica dessa cidade que Jardim tem acompanhado detidamente ao longo de quatro décadas, por meio de sua produção. “Há essa característica a mais para a imaginação e a memória: se relacionar com essa São Paulo da gravura e, ao mesmo tempo, rememorar um pouco de uma cidade que já foi mais povoada pela neblina e se tornou conhecida pela garoa”, comentam os curadores.

 

A obra de Jardim subverte o princípio serial de uma técnica de reprodução ao aprofundar-se nas possibilidades criativas dos processos de gravação, impressão e transformação da imagem. O compromisso do artista com a gravura já se estende por mais de seis décadas de produção – e por sua incansável dedicação ao ensino, que o levou a atuar como professor na Escola Belas Artes, FAAP e ECA-USP.

 

Segundo os curadores, na longeva série “Tamanduateí Contraluz”, depois de impressa, a matriz fica sujeita a novos polimentos e incisões, enquanto a própria folha impressa pode eventualmente receber riscos e acréscimos por colagem ou, mesmo, por outras matrizes de madeira. “Jardim descobre assim novas formas de apalpar as mínimas e máximas variações do gravar, em uma busca que acompanha a duração do tempo e carrega alguma analogia com a sucessão de grandes e pequenos acontecimentos que perfazem a vida da cidade”, ressaltam.

 

“Assim como para Jardim não existem duas imagens iguais ou equivalentes – e por isso o artista se permite voltar uma e outra vez ao mesmo ponto de partida, à mesma cena, aos mesmos elementos, sutilmente recombinados – também a condensação parcial da umidade do ar tornou-se mais rara ao longo dessas quatro décadas, a ponto de a neblina e a garoa pertencerem cada vez mais ao âmbito da imaginação. Imaginação essa que Jardim também convoca, fazendo nossa mente povoar a multiplicidade de seus trabalhos”, completam Miyada e Mauro.

 

“Evandro Carlos Jardim: Neblina”, viabilizada com o apoio da Galeria Leme, é também uma oportunidade para o público aprofundar o olhar sobre a gravura, em um exercício que poderá se desdobrar no contato com a mostra “O Rinoceronte: 5 Séculos de Gravuras do Museu Albertina” que será inaugurada em setembro próximo, no Instituto Tomie Ohtake.

 

Siron Franco na SP-Arte

23/ago

 

 

As galerias Paulo Darzé e Almeida & Dale reuniram obras de Siron Franco para exibição na SP-Arte. Com curadoria de Victor Gorgulho, o estande terá 28 obras do artista goiano reconhecido desde a década de 1970 pela relação intensa com a matéria, com camadas generosas de tinta a óleo e a diversidade de materiais brutos que escolheu trabalhar.

 

De 24 a 28 de agosto, na edição da SP-Arte, na ARCA, galpão industrial na Vila Leopoldina, São Paulo, SP, abrangendo múltiplas linguagens, sob o tema “Rotas Brasileiras”, a tradicional feira contará com cerca de 70 expositores e exibirá, entre eles, a Almeida & Dale Galeria de Arte em parceria com a Paulo Darzé Galeria, de Salvador, apresentando o recorte “Siron Franco – Ontem, hoje, agora”.

 

Reunindo pinturas e esculturas realizadas entre o início dos anos 2000 até 2022, quando Siron completou 75 anos de idade, a vasta produção plástica do artista, que também se desdobra em instalações, gravuras, desenhos e ilustrações, é amplamente conhecida por estabelecer singulares relações entre realismo, figuração e abstração, resultando em um complexo vocabulário visual marcado pelo uso intenso das cores e o emprego de elementos oriundos da natureza.

 

“Sua prática multidisciplinar revela-se um constante e veloz exercício de fabulação acerca da humanidade – em suas múltiplas idiossincrasias, complexidades e além -, ao passo em que Siron costura uma espessa teia de enunciados poéticos, políticos, históricos, urgentes e necessários. Um rico emaranhado de obras e proposições artísticas diante das quais o ontem e o hoje sedimentam-se, na incessante busca do artista por uma temporalidade criativa unívoca: que se manifeste aqui, agora”, diz o curador Victor Gorgulho.

 

Sobre o artista

 

Siron Franco nasceu em Goiás Velho, em 1947, vive e trabalha em Goiânia, e tem sua produção reconhecida desde a década de 1970. As generosas camadas de tinta a óleo que utiliza em suas pinturas, assim como a diversidade de materiais brutos que escolhe para compor suas esculturas e instalações, marcam sua relação intensa com a matéria. Concreto, aço, chumbo, mármore e resina são comuns às obras, cuja intensidade ganha ares dramáticos nos corpos ou fragmentos de corpos que retrata com frequência, sejam de bichos, de gente, de santos, mortos ou vivos. O ar soturno do universo que criou ao longo de seus cinquenta anos de atividade incorpora a sátira e o absurdo para abordar questões políticas e sociais, como a relação violenta e desequilibrada que o homem possui com a natureza e com a sua própria humanidade. Ao longo de sua carreira, participou de exposições em importantes museus nacionais e internacionais como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Arts nos Estados Unidos e Nagoya City Art Museum no Japão. Participou também da 2ª Bienal de Havana, de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP e da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado na 13ª edição. Desde julho de 2022, a Paulo Darzé Galeria divide a representação do artista com a Almeida & Dale Galeria de Arte.

 

 

Galeria samba na SP-Arte

 

Galeria carioca apresentará projeto solo do artista mineiro Washington da Selva, que trata dos contrastes entre a zona rural, a cidade urbana e a cultura digital. A galeria carioca samba arte contemporânea participará pela primeira vez da SP Arte – Rotas Brasileiras, que será realizada de 24 a 28 de agosto, na ARCA, galpão industrial localizado na Vila Leopoldina, São Paulo, SP. A galeria apresentará o projeto solo “Origem”, com obras recentes e inéditas do artista mineiro Washington da Selva, incluindo a série “Lastro”, premiada no 8° Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger na categoria Questões Históricas. Em Lastro, o artista retrata pessoas empunhadas com ferramentas de trabalho do campo.

 

Sobre o artista

 

Washington da Selva (Carmo do Paranaíba, 1991) é artista visual e pesquisador. Possui mestrado em Artes, Cultura e Linguagens e bacharelado em Artes e Design, ambos pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Combina diferentes práticas artísticas como: fotografia, desenho, performance, web arte e processos têxteis. Foi artista residente no Lab Cultural 2021, BDMG Cultural, participou da residência Esculturas Públicas e Arte na Terra (2021), Associação Carabina Cultural. Em 2021, foi contemplado com o Prêmio DASartes e o 8º Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, sendo, ainda, finalista no 1º Prêmio de Fotografia Adelina.

 

 

 

Coletiva da Galatea na SP-Arte

 

 

A Galatea anuncia sua participação na SP-Arte Rotas Brasileiras, que acontecerá na Arca, entre os dias 24 e 28 de agosto. O projeto apresentado será “Tramas brasileiras”, que consiste em uma coletiva de artistas brasileiros que lidam em suas obras com composições geométricas construídas a partir da trama, da grade, do grafismo e do monocromo.

 

A arte produzida no Brasil na segunda metade do século 20 foi marcada pelo protagonismo da abstração geométrica e do construtivismo, algo que moldou o rumo da história da arte brasileira de forma definitiva, com reflexos até os dias de hoje. Sendo o construtivismo brasileiro da década de 1950 ainda fortemente vinculado às vanguardas europeias que propiciaram seu surgimento, apenas na virada para a década de 1960 que passou a acolher experimentações para além das geometrias, incorporando questões da vida cotidiana, da cultura e da realidade brasileira. Ainda assim, toda a rica e complexa produção artística indígena de base geométrica passou à margem dos interesses de grande parte dos artistas concretos e da crítica da época, sendo os artistas Aluísio Carvão e Ivan Serpa duas das poucas exceções.

 

Partindo da possibilidade de diálogo e fricção entre a tradição geométrica de povos indígenas brasileiros e o concretismo que marcou a arte brasileira dos anos 1950, o projeto pretende apresentar trabalhos que lidam com abstrações, geometrias, tramas, grafismos e monocromos em suas composições, justapondo e relacionando formalmente artistas da segunda metade do século 20 com contemporâneos, passando também por artefatos indígenas dos povos Asurini, Baniwa, Juruna, Kadiweu, Kaiapó, Tukano e Waujá. Em exibição obras de nomes como: Abraham Palatnik, Aislan Pankararu, Alfredo Volpi, Aluísio Carvão, Bruno Baptistelli, Bu’ú Kennedy, Carol Cordeiro, Celso Renato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Ione Saldanha, Ivan Serpa, Jaider Esbell, Joaquim Tenreiro, Judith Lauand, Luiz Hermano, Lygia Clark, Marcos Coelho Benjamin, Mestre Didi, Mira Schendel, Montez Magno, Raymundo Collares, Rubem Ludolf, Rubem Valentim, Sergio Camargo, Tunga, Ubi Bava, entre outros.

 

Calder + Miró na Casa Roberto Marinho

22/ago

 

 

Através da exibição da mostra “Calder + Miró”, dois artistas fundamentais da arte internacional e da História da Arte entram em cartaz na Casa Roberto Marinho,  Rio de Janeiro, RJ. Visitações até 20 de novembro de terça-feira a domingo das12h às 18h.

 

A palavra do diretor da Casa Roberto Marinho

 

Calder + Miró assinala um momento muito especial da Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, ao reunir dois fraternos gigantes do século XX, interlocutores numa extensa conversa lúdica envolvendo invenção, humor, sínteses e afinidades.

 

É também a primeira mostra alavancada pelo acervo de um dos filhos do nosso patrono: a coleção Karin e Roberto Irineu Marinho. Às suas obras juntam-se, no espaço do Cosme Velho, sob a batuta de Max Perlingeiro, trabalhos de 6 instituições e de 32 particulares. A eles o nosso agradecimento.

 

O Rio de Janeiro é assim agraciado com uma exposição que já nasce inscrita como uma das mais importantes na cidade. Com alegria convidamos cada pessoa a nela mergulhar.

 

Lauro Cavalcanti / Diretor Casa Roberto Marinho

 

Iatã Cannabrava em exposição

 

 

Série de fotografias de Iatã Cannabrava estará em cartaz a partir de 27 de agosto na Casa da Imagem/Museu da Cidade, Sé, São Paulo, SP, obedecendo curadoria de Rubens Fernandes Junior. A exposição denominada “Uma outra cidade, Um outro tempo” permanecerá em exibição até 23 de outubro.

 

A palavra do curador

 

Há mais de 40 anos o fotógrafo Iatã Cannabrava documenta cidades brasileiras e latino-americanas. Seu interesse é geral – centro, periferia e patrimônio histórico -, mas sua vivência política levou-o para os territórios limítrofes do espaço urbano. Era ali que pulsavam novas polifonias, outras visualidades policromáticas e alguns movimentos culturais de resistência. Tudo parecia estar em constante movimento. Pura transformação que estimulava seu processo criativo na direção de uma poética visual para esses espaços periféricos. Esquecidos e desconhecidos. A fotografia documental, que praticamente acompanha o fotógrafo em toda a sua trajetória, é um registro que reproduz o visível e mantém forte conexão com a história e a memória. Desse modo, é inegável a importância da exposição Uma outra cidade/Um outro tempo, que reúne um conjunto de fotografias impregnado de relações afetivas, de inquestionáveis densidade e referência sociocultural. Um inventário articulado, com múltiplas expressões, emerge desses espaços fervilhantes de signos desordenados que desafiam os padrões dos poderes centralizados. Mais do que uma investigação visual, Iatã estabeleceu como meta a construção de um arquivo cuja principal estratégia era produzir memória para a população periférica abandonada pelo poder público. Desassistidas de projetos que atendam minimamente as demandas de habitação, educação, saúde pública e saneamento básico, essas comunidades se organizaram numa intricada e sofisticada rede de acesso. A Casa da Imagem/Museu da Cidade de São Paulo abre seu espaço para que possamos refletir, discutir e compreender essas narrativas distantes das hegemônicas, possibilitando novos e diferentes olhares para as fotografias de Iatã Cannabrava. Uma fotografia não idealizada, realizada sem intervenção e de muita proximidade com os cidadãos em seus espaços privados. Sem excentricidades, pois nesses territórios a vida acontece.

 

 

Novíssimo Edgar

18/ago

 

 

A Gentil Carioca, Rio e São Paulo, anuncia a representação do multimídia e artista plástico Novíssimo Edgar. Sua obra transborda autenticidade e liberdade, passando por diversos suportes e segmentos de pesquisas de metalinguagens e transmídia. Existem dimensões ritualísticas na sua produção, passando ainda por temas atuais, como a violência e o cenário político brasileiro. Em algumas de suas obras trabalha o sincretismo juntando influências da cultura iorubá e técnicas da numerologia Russa. Futurismo indígena e a diáspora negra fazem de seu repertório de pesquisa e experiências uma imersão em um universo específico e indomável.

 

Sobre o artista

O poeta, artista plástico, compositor, e performer nasceu na periferia de Guarulhos, São Paulo, em 1993. Seu interesse pela arte começou na infância, incentivado pela sua mãe – Dona Maria, a elaborar esculturas, desenhos e pintura sobre azulejos. Edgar é um ser nada mimético, milimétrico ou métrico e sim semiótico, semi-nu e cru. Artista multimídia que trabalha com todo tipo de material ancestral e tecnológico, produz pinturas, cria instalações, performances, desenhos, compõem músicas, inventa jogos de cartas, escreve livros, produz filmes, games e NFTs. Em 2022, integrou as coletivas “Naokada” e “Raio a Raio” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a segunda em parceria com o Solar dos Abacaxis. Também participou da coletiva “A Trama da Terra que Treme” na galeria A Gentil Carioca de São Paulo e realizou a performance “Armadura” em Lausanne, na Suíça. Além da parceria musical com Elza Soares, tem participações com João Donato, Céu e Baiana System. Ganhou dois prêmios como artista revelação no ano de 2018, pela SIM e pela APCA, e recebeu o prêmio Zumbi dos Palmares da Legislação de São Paulo pela sua influência na luta anti-racista em 2019. Recentemente, assinou a direção de narrativa e trilha sonora de um game e um longa metragem da diretora dinamarquesa Sissel Morell Dargis.

 

A palavra de Paulo Paes

Hoje, a intensa navegação sedentária na rede, expõe o navegante a fluxos violentos de informação classificada que precisam de resolução poética para serem usadas no dia a dia. É neste destrinchar permanente que se assemelha cada vez mais as práticas alquímicas artesanais que transita o artista, entre o material e o virtual, plástico e palavras, convertidos aos sistemas binários para serem consumidos, quase como carne, numa oferenda fetichista. Proteína para um novo ciclo de milagres entre inspirar e expirar, dólares e amores, navegar sem perder o tempo do bit.

 

 

Exposição de Boris Kossoy em Fortaleza

 

 

“Um mundo de estranhamento diante de situações banais que harmoniza cultura, mistério, história e memória”. É assim que o fotógrafo Boris Kossoy sintetiza sua exposição “Estranhamento” que estreia no Museu da Fotografia Fortaleza, CE. A mostra comemora o Dia Mundial da Fotografia. Sob curadoria de Diógenes Moura, a mostra apresenta 92 obras do artista, algumas delas inéditas, e ficará em cartaz por três meses. O artista Boris Kossoy e Diógenes Moura se reúnem para uma roda de conversa com os visitantes e uma sessão de autógrafos. A partir de 20 de agosto.

 

Sobre o artista

 

Boris Kossoy, natural de São Paulo, é fotógrafo, teórico e historiador da fotografia. A Arquitetura (Universidade Mackenzie) e as Ciências Sociais (Escola de Sociologia e Política de São Paulo) somam-se à sua formação, tendo obtido os títulos de mestre e doutor por esta última instituição. Paralelamente à sua carreira profissional, acadêmica e artística dedicou-se desde cedo ao magistério. É professor livre-docente e titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Na área institucional foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (1980 – 1983) e diretor da divisão de pesquisas do Centro Cultural São Paulo (1995 – 1997).  Participou como conferencista convidado de dezenas de eventos acadêmicos nos EUA, Europa e América Latina. Ao longo de sua trajetória a fotografia tem sido o centro de suas investigações em diferentes áreas: teoria, história e poética. Como pensador e pesquisador, seus trabalhos mais conhecidos são focados na história da fotografia no Brasil e na América Latina, nos estudos teóricos da expressão fotográfica e, na aplicação da iconografia como fonte de pesquisas nas ciências humanas e sociais. Alguns de seus livros nessas áreas se tornaram obras de referência como o clássico “Hercule Florence, a descoberta isolada da fotografia no Brasil”, livro que mereceu edições no México, Espanha, Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos. É autor também de  “Viagem pelo Fantástico”; “Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro”; “Fotografia e História”; “Realidades e Ficções na Trama Fotográfica”; “Os Tempos da Fotografia”; “O Olhar Europeu: o Negro na Iconografia Brasileira do Século XIX”, (em coautoria com Maria Luiza Tucci Carneiro); “Um Olhar sobre o Brasil: A Fotografia na Construção da Imagem da Nação” (org.); “Encanto de Narciso”; “L’ Éphemère et l’Éternel dans L’image Photographique”, entre outras obras. A trajetória do acadêmico caminhou paralelamente à uma longa carreira como fotógrafo:  fotografias de sua autoria integram as coleções permanentes do Museum of Modern Art (NY), Bibliothèque Nationale (Paris), Centro de la Imagen (México DF), Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, entre outras instituições. Em 1984, recebeu a condecoração Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura e da Comunicação da França, pelo conjunto de sua obra.

 

Sobre o curador

 

Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Em 2019, foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura com “O Livro dos Monólogos (Recuperação para Ouvir Objetos)”, publicado pela Vento Leste Editora. Em 2018/2019 foi curador da mostra “Terra em Transe”, que ocupou todo o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, fazendo parte do Solar Foto Festival. Premiado no Brasil e exterior, foi curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1998 e 2013. Seus livros, nove ao todo, habitam o campo da experimentação, da coragem e originalidade na abordagem dos temas, na busca por uma dicção própria, pelos traços de narrativas concisas, sem apego às descrições realistas tão em voga na literatura brasileira contemporânea. Tem uma relação bem próxima com o Museu da Fotografia Fortaleza. Além de “Estranhamento”, também assina a curadoria das exposições de longa duração, “O olhar não vê. O olhar enxerga” e “Não danifique os sinais”. Antes, foi curador da mostra “Estúdio de Arte Irmãos Vargas encontra Martín Chambi”, que já esteve em exposição no segundo andar do equipamento e, atualmente, faz parte do Museu Itinerante, projeto do Museu da Fotografia Fortaleza que percorre espaços públicos em na capital e em cidades do interior do Ceará.

 

Coleção de bichos contemporâneos e atemporais

17/ago

 

 

A Belizário Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP,  exibe – “A Arca de Noé/A Bicharada” – primeira exposição que inaugura o projeto – “Porão da Belizário”. A curadoria das ações do novo espaço é assinada pelo jornalista, fotógrafo, consultor e curador independente Renato De Cara. O conceito do curador para o “Porão” é o de proporcionar uma maior amplitude de artistas e obras ao público que vai à galeria incentivando o contato com novas formas de criação, um dos propósitos básicos da Belizário desde seus primeiros dias. A convivência e a aceitação de novas formas de arte e criatividade necessita de estímulos, desafios e constância.

 

Em sua primeira mostra, Renato De Cara traz uma coletiva com 16 artistas – Ariel Spadari, Arivânio Alves, Charles Cunha, Ciro Cozzolino, Daniel Malva, Delfina Reis, Francisco Maringelli, Gilles Eduar, Lucas Lenci, José Raimundo, Rosa Hollmann, Suellen Estanislau, Ulysses Bôscolo, Vitor Mizael, Vinicius Flores, Wagner Olino – que utilizam suportes variados como pintura, escultura, fotografia e gravura.

 

No conceito selecionado, a liberdade criativa da arte permite questionamentos improváveis. “Consideremos Deus arrependido no mito da Arca,  o bicho-homem e as bestas. Aquele acúmulo de animais com a missão de perpetuar as raças. No ainda aguardado fim-do-mundo, onde predicados, gêneros e hegemonias são questionadas, a quem deveríamos poupar?”, pergunta o curador.

 

Mesmo que o momento presente nos induza a ter respostas não muito positivas à pergunta proposta, pois como diz Renato De Cara, “…pensamos a todo instante no quanto a humanidade não deu certo. Mas vejamos o quanto tudo isso é relativo. A civilização, não podemos negar, muito se desenvolveu técnica e cientificamente até aqui”. A arte e a ciência são provas latentes de que vivemos melhor e podemos ser pessoas melhores. As obras escolhidas nos brindam com uma profusão de cores e formas que enlevam o espírito lembrando o lado positivo da natureza, fonte de toda a beleza em formas modelares.

 

Citando um pouco os trabalhos presentes, na linha costurada pelo curador para unir artistas criativos tão distintos e relevantes em suas variantes técnicas, unindo linguagens mais populares e contemporâneas, além de peças cedidas por colecionadores, obras ousadas, às vezes consideradas mais “ingênuas” de Arivânio Alves (CE), José Raimundo (MG), Suellen Estanislaw (PR) e Vinícius Flores (SC) travam diálogos com Wagner Olino, Vitor Mizael, Ariel Spadari, Charles Cunha e Daniel Malva com linguagens contemporâneas entre desenhos, taxidermia, uso de aplicativos, fotografia  e escultura, enquanto Delfina Reis, Gilles Eduar e Rosa Hollmann trabalham em um universo quase infantil. Com uma linha mais clássica, as fotografias de Lucas Lenci e as pinturas de Ulysses Bôscolo compõem uma unidade visual com as esculturas em bronze de Francisco Maringelli e as pinturas, representativas da “Geração 80″, de Ciro Cozzolino.

 

“A Arca de Noé/A Bicharada”, através da criatividade, técnica e sensibilidade dos artistas convidados, apresenta uma coleção de bichos contemporâneos e atemporais. Como define Renato De Cara, “…cada narrativa procura estabelecer lembranças e sugestões para nos manter ainda em contato com a fauna tradicional. Licenças poéticas para o casting de uma arca repleta, onde casais, singles, e outras relações possam conviver em harmonia”.

 

Sobre o curador

 

Renato de Cara nasceu em Lins, SP, 1963. Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP (1985). Interessado em cultura, especializa-se em arte e moda contemporânea, produzindo, escrevendo, editando e fotografando para marcas e veículos de comunicação. Entre 2006 e 2017, dirige a Galeria Mezanino, respondendo pela produção e curadoria de inúmeras exposições, tanto individuais como coletivas fazendo com que o espaço se consolide como um celeiro para novos nomes e também de resgate para artistas em meio de carreira, cruzando linguagens e propondo novas abordagens no mercado de arte contemporânea. Assumiu em 2018 a Diretoria do Departamento de Museus municipais de São Paulo, coordenando quinze espaços museológicos e históricos, construídos entre os séculos XVII e XX. Atua como curador independente e consultor de arte, acompanhando artistas em parcerias com diversas instituições culturais.

 

Abertura: 20 de agosto, sábado, das 14h às 18h.

Período: de 22 de agosto a 08 de outubro.

 

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