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AGENDA CULTURAL

Amilcar de Castro: na dobra do mundo

05/maio

 

Cerca de 120 obras do artista plástico neoconcretista e designer gráfico Amilcar de Castro passam a compor as instalações internas e externas do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia), São Paulo, SP. A exposição “Amilcar de Castro: na dobra do mundo” é uma homenagem ao centenário do multifacetado artista, que integra o rol dos maiores expoentes brasileiros na arte e cultura, acumulando títulos como o prêmio da Fundação Guggenheim e Prêmio Nacional da Funarte. A mostra é gratuita e pode ser visitada mediante agendamento prévio.

 

 

Dentre a seleção de trabalhos de Amilcar, há obras inéditas como a escultura horizontal, composta por duas partes, da década de 1990, disposta debaixo da marquise do MuBE, e a alta e esbelta escultura, sem título, também da década de 1990, instalada na grama do jardim do museu. Outro destaque é a participação da escultura, sem título, de 1999, com gigantescas dimensões (18 metros de altura e mais de 20 toneladas), pertencente à Universidade de Uberaba (MG) que, pela primeira vez, percorre mais de 480 km para ocupar novo lar temporário no MuBE.

 

 

A mostra é realizada em parceria com o Instituto Amilcar de Castro e conta com a curadoria de Guilherme Wisnik (professor da FAU-USP, crítico de arte e curador), Rodrigo de Castro (filho do artista e diretor do Instituto Amilcar de Castro) e Galciani Neves (curadora-chefe do MuBE). “É realmente uma honra comemorar o centenário de Amilcar em um museu que conversa tanto com a proposta de trabalho do artista. É o encontro da instituição com as obras neoconstrutivas que remontam à universalidade da arte”, celebra Rodrigo de Castro, destacando que as obras sempre estiveram conectadas ao urbanismo.

 

 

Outro ineditismo da exposição é a interação entre o trabalho de Paulo Mendes da Rocha (arquiteto responsável pela concepção do MuBE) e Amilcar de Castro. “O contraste entre a horizontalidade do prédio e a verticalidade das esculturas de aço corten de Castro resultam em uma fricção única entre arte, arquitetura e história”, destaca Guilherme Wisnik, especialista em arquitetura, urbanismo e artes visuais.

 

 

 

As obras estão expostas no pátio do MuBE, ao ar livre, e chamam a atenção de quem passa despretensiosamente na rua pelo lado de fora, mas também atraem quem busca por uma programação cultural ao ar livre. Uma das atrações dentro da exposição é o capítulo matéria-linha, uma seleção de trabalhos contemporâneos de artistas brasileiros diversos, que dialogam com as obras do Amilcar. Carmela Gross, Lia Chaia, Max Willà Morais, Moisés Patrício, Rubiane Maia e Carla Borba, Tomie Ohtake e Wlademir Dias-Pino fazem parte dessa seleção. “Nossa proposta é promover uma outra maneira de nos relacionarmos com o trabalho do Amilcar, trazendo uma visão atual a partir de diálogos que se relacionam com a ideia de linha, explorada pelo artista”, completa Galciani.

 

 

 

Textos curatorais

 

 

Amilcar de Castro no MuBE, de Paulo Mendes da Rocha. Um encontro fundamental entre dois gigantes da arte brasileira. Esculturas que carregam uma expressiva vocação pública, na área externa interagem com uma esplanada aberta. Praça atravessada por uma grande marquise de concreto protendido, que lhe dá escala, e constrói balizas visuais para as esculturas. No caso de Amilcar: chapas de aço cor-ten que, pela ação de corte e dobra, se transformam em espaço, em planos de equilíbrio instável, angulosos, que se afinam para tocar o chão em pontos reduzidos.

 

 

 

No preto e branco do artista, assim como no cinza do arquiteto, não há concessões sentimentais, ou cordiais. Sóbrias e desafiadoras, as suas respostas artísticas se baseiam no conceito virtuoso de projeto. Um projeto entendido como afirmação de desejos que se realizam em conformidade com a técnica e a matéria. Figurando, assim, a ideia de uma sociedade capaz de planejar seu futuro e medir as consequências dos seus atos, responsabilizando-se por eles. Algo que, no Brasil de hoje, volta a ter um urgente significado.

 

 

 

Guilherme Wisnik, curador da exposição

 

 

O início desta trajetória se deu nos anos 1940 quando Amilcar, jovem e estudante de Direito na UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais (formou-se em 1945), passou a frequentar a Escola Guignard onde, durante vários anos, teve aulas com o artista Alberto da Veiga Guignard… Os anos 50 foram decisivos e importantes. Encontrou amigos, fez parte do movimento Neoconcreto junto com Ferreira Gullar, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Aluísio Carvão e Franz Weissmann. E em 1952 fez a “estrela” de cobre, escultura que inaugurou a descoberta da dobra da chapa e deu a direção para tudo o que viria depois…

 

 

Uma longa trajetória de mais de cinquenta anos de arte, produzindo esculturas, pinturas, desenhos e gravuras. E experimentando diversos e diferentes materiais além do ferro para realizar esculturas em madeira, vidro, granito e aço inoxidável… Um dia, conversando com Amilcar sobre a vida e como as coisas mudaram desde que nasceu em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais (Paraisópolis), ele disse: “Tem que acreditar. Acreditar sempre e até o fim…”

 

Rodrigo de Castro, co-curador da exposição   

 

 

Adentrar esse momento histórico da produção artística brasileira é lidar com a complexidade de alguns dos processos que radicalizaram nossas formas de pensar, produzir e vivenciar arte. E nesse sentido, estar em contato com a obra de Amilcar, no MuBE, em uma retrospectiva que comemora seu centenário, acende pensamentos acerca das especulações com geometrias não-euclidianas, das objeções à leitura passiva da obra, das concepções não instrumentalizadas do espaço, de práticas fenomenológicas com a linha. Assim, com o capítulo matéria-linha, propomos um contexto de fluxos e contrapontos entre a linha construtiva dos desenhos, obra gráfica e esculturas de Amilcar e sua presença plural em trabalhos contemporâneos brasileiros.

 

 

 

Galciani Neves, co-curadora da exposição e curadora-chefe do MuBE

 

Até 23 de Maio.

 

Mostra do Estilista Tomo Koizumi

30/abr

 

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, em uma parceria inédita com a Japan House São Paulo, inaugurou a exposição “O fabuloso universo de Tomo Koizumi”. A mostra propõe uma perspectiva da moda contemporânea sob o olhar de um artista que foge das tendências tradicionais e ousa com suas peças marcantes. Serão apresentadas treze surpreendentes criações do jovem estilista Tomo Koizumi, revelação na semana de moda de Nova Iorque de 2019 e que vem conquistando respeito e admiração no mundo fashion. O designer se destaca por criações famosas pelo encantamento, em produções únicas feitas com 50m a 200m de organza japonesa cada uma, de cores e volumes extravagantes, que representam o seu universo recheado de referências nas artes tradicionais e na cultura pop japonesa. Com o apoio do Consulado Geral do Japão em Porto Alegre, a iniciativa de apresentar os trabalhos de Tomo Koizumi na capital gaúcha acontece em função do projeto de itinerância da instituição nipônica, iniciado este ano por meio de colaborações com as principais organizações culturais do país.

 

 

A exposição individual revela a essência do olhar de Tomo Koizumi, por meio de dez peças icônicas das coleções de 2019 e 2020 do estilista. Para a mostra no Brasil, foram criadas também três peças exclusivas, mesclando referências do nosso Carnaval e dos quimonos tradicionais japoneses. Além disso, a exposição conta com um vídeo do último desfile, realizado na Tokyo Fashion Week, permitindo ao visitante vislumbrar a força e a dramaticidade que é vestir uma peça do estilista. Por fim, recortes íntimos da sua carreira e do seu processo criativo estão presentes no espaço expositivo em um mural, que contém desde imagens de referência que serviram de inspiração para as suas coleções, até fotos pessoais feitas pelo artista nos últimos anos. Tomo Koizumi é extravagante, surpreendente, criativo, vibrante. Suas peças são o perfeito encontro da intimidade do trabalho manual ao glamour, sofisticação e teatralidade. Para cria-las, bebe e mescla fontes tradicionais e populares do Japão como os mangás, robôs e o estilo Lolita”, comenta Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo e curadora da mostra, que conta com projeto expográfico do escritório Metro Arquitetos. Sediada na Avenida Paulista, a Japan House São Paulo é uma instituição que apresenta e difunde a cultura japonesa em suas diversas vertentes e, nesta nova fase institucional, ressalta como um dos objetivos a expansão geográfica como uma plataforma de integração para o Brasil e toda América Latina.

 

 

Destinada para todas as idades e com recursos de acessibilidade como libras e audiodescrição, a exposição “O fabuloso universo de Tomo Koizumi” promete cativar tanto os amantes da moda como o público em geral, atraídos pelo olhar de um jovem artista que foge das tendências tradicionais e ousa em cada corte de tecido. Finalista do prêmio LVMH em fevereiro de 2020, Tomo é considerado hoje um dos principais jovens designers do Japão e do mundo, não só por criar vestidos disputados por celebridades internacionais para eventos de gala e red carpet, mas também por ousar em peças que são verdadeiras obras de arte.

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido na província de Chiba, há 32 anos, Tomo foi descoberto pelo dono de uma loja de varejo, que ficou encantado pelas roupas produzidas por ele, ainda quando era estudante universitário. Fundou, então, a sua marca “Tomo Koizumi” e, antes da ascensão ao mundo da alta costura internacional, trabalhou como figurinista para diversos designers japoneses. Em 2016, teve uma de suas peças usada por Lady Gaga durante uma visita ao Japão. No final de 2018, sua carreira decolou quando seu perfil no Instagram foi descoberto por Katie Grand (na época, editora-chefe da revista inglesa LOVE), que ficou fascinada por seu trabalho, orquestrando um desfile na semana de moda de Nova Iorque (2019) com apoio de Marc Jacobs e de um grande time de peso. Tomo Koizumi levou à passarela seus vestidos volumosos e coloridos, surpreendendo o público e tornando-se destaque nos principais veículos de imprensa e nas redes sociais de todo o mundo.

 

Yuli Yamagata | Insônia

 

 

 

Em sua primeira exposição individual – “Insônia” – na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, SP, a paulistana Yuli Yamagata apresenta 18 novas obras que arquitetam complexas relações entre a pintura, a escultura e o espectador. Ao longo dos últimos meses, a artista se debruçou, dentre outras referências, sobre a obra de David Lynch, trazendo para o corpo de trabalho da mostra algo do universo intangível proposto pelo cineasta. Nas palavras da artista: “Me interessa como o mistério se desenrola. É algo que você não entende, mas está no ar. Meu desejo é que as obras não sejam imediatamente digeridas. A continuação do trabalho não se dá nele próprio, mas em quem observa.” Desconectada de uma narrativa linear e vivendo a expectativa de um cotidiano funcional que não chega, Yamagata se apropria da incerteza e faz desse lugar de suspensão seu campo de experimentação. O fazer da obra é pautado pela experiência tátil, pela construção de volumes e fragmentos gerando imagens corpóreas que projetam-se da tela diretamente para o espaço. A costura desempenha papel central no vocabulário pictórico da artista. Yamagata lança mão de mecanismos para explorar a tensão entre plano e tridimensionalidade, um eventual estiramento dos fios é transformado em cicatriz, sobras de tecidos ganham recheio, dando forma e volume à tela. Na obra Summer Sweaty Dream, um relevo de veludo, seda e elastano engendra a imagem de um enorme esqueleto que, apesar de morto, contempla flores brotando do solo. Entre a forma e a sensorialidade, constitui-se uma cena contundente, reflexiva do momento atual. A indistinção entre realidade e sonho, característica da linguagem dos mangás japoneses, informa as composições da artista. Yamagata se aprofunda em suas origens nipônicas também ao resgatar a técnica milenar japonesa conhecida como shibori (popularizada pelo nome de tie-dye). A temática do ciborgue, parte orgânico parte cibernético, nomina algumas obras da exposição e permeam a sua própria constituição. Na obra Cyborg trabalhando (2021), por exemplo, um braço musculoso feito de sobressaltos de elastano é costurado em alto contraste à superfície artesanal do tie-dye ao fundo. Nesse novo corpo de trabalho, além do corte e preenchimento de tecidos variados como seda, crepe e veludo, a inserção do desenho e da pintura incorpora novos desafios à prática da artista. Insônia (2021), a obra que titula a exposição, reúne os elementos recorrentes da costura aos fragmentos de corpos e monstros desenhados freneticamente na tela. Jogando com a hipérbole e a sua capacidade para o absurdo, Yamagata surpreende, assalta e confunde o espectador.

 

 

Sobre o artista

 

Yuli Yamagata (São Paulo, 1989) vive e trabalha em São Paulo. Entre suas principais exposições individuais estão: Nervo, Mac Niteroi (Rio de Janeiro, 2021); Bruxa, Madragoa (Portugal, 2020); Microwave Your Friends, Invitro Gallery (Cluj, Romênia, 2019); Tropical Extravaganza: Paola & Paulina, SESC Niterói (2018); Stickers Album, CCSP (São Paulo, 2016); Sem Cerimônia, MARP (Ribeirão Preto, 2016). Em setembro de 2021 abre uma individual na Anton Kern, em Nova York

 

 

Até 29 de Maio.

 

 

Luiz Zerbini no Fortes D’Aloia & Gabriel

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Galpão, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta Luiz Zerbini. O segundo espaço expositivo do Galpão é ocupado por quatro trabalhos que têm em comum uma narrativa pessoal marcante e exploram o conceito do autorretrato, gênero clássico no cânone da história da pintura.

 

 

Ao explorar o conceito do autorretrato, Luiz Zerbini passa para a tela algo que simbolize a pessoa e não necessariamente sua semelhança em traços hiper-realistas. Neste contexto, a figura da caveira é recorrente como forma de representar o outro e a si próprio, uma referência direta ao momento mori, argumento icônico cuja expressão do latim significa algo como “lembre-se de que você é mortal”. Nas obras Eu e a brisa (1997) e Iai Brother (1997), por exemplo, um esqueleto humano encara o espectador.

 

 

A figura do artista aparece também em diálogo com a paisagem, relação que fica evidente em Brasil Colônia (1993). A tela de mais de 6 metros revela o cotidiano de Zerbini durante uma viagem à feira de Colônia, Alemanha, marcando um momento de inflexão em sua carreira. O título da obra tem duplo sentido e ecoa seu sentimento à época, quando visitava a sua primeira feira de arte internacional. Durante os dias que esteve na cidade, o artista estabeleceu uma rotina de caminhadas e visitas a museus. Ele se baseou em fotos tiradas então para reconstruir o panorama que vemos, misturando aspectos do seu dia a dia que hoje ganham um viés histórico.

 

 

O retrato e as narrativas cotidianas se desdobram nas pinturas figurativas de alta saturação e intensidade apresentadas em mostras recentes – Amor (MAM Rio de Janeiro, 2012), Amor lugar comum (Inhotim, 2013-2018) e sua apresentação solo na coletiva Nous les Arbres (Fondation Cartier pour l’art contemporain, 2019). Objeto da exposição que ocupa o Galpão, o repertório do autorretrato permeia todos esses estilos pictóricos e é ainda hoje elemento recorrente em seus trabalhos, como visto em Suicida alto astral (2006) e Pau D’água (2019), obras atuais nas quais vestígios de seu próprio corpo são inseridos em meio a composições geométricas.

 

 

Sobre o artista

 

 

Luiz Zerbini (São Paulo, 1959) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre suas principais exposições estão: Fire, Stephen Friedman Gallery (Nova York, 2021); Nous les Arbres na Fondation Cartier pour l’art contemporain (Paris, 2019); Intuitive Ratio na South London Gallery (2018); Amor lugar comum, Inhotim (2013-2018); Amor, MAM Rio de Janeiro (2012).

 

 

Até 29 de Maio.

 

Inéditos e Reciclados

 

 

A Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, promove a abertura da exposição “Inéditos e Reciclados – Uma exposição de Vera Chaves Barcellos”. A exposição reúne trabalhos desenvolvidos ao longo de mais de 40 anos de investigação fotográfica na produção da artista.

 

 

As visitas serão disponibilizadas através de agendamento seguindo de forma responsável os protocolos de prevenção recomendados pelos órgãos oficiais. O uso de máscara de proteção é obrigatório e, por ora, as visitas estão restritas somente ao público adulto.

 

 

SERVIÇO | Agendamentos para visita à Sala dos Pomares a partir do dia 24 de abril. Visitas individuais ou grupos de, no máximo, 06 pessoas por horário.

 

 

Horários disponíveis:

 

 

Terças, das 10h às 17h;
Quartas, das 10h às 17h;
Quintas, das 14h às 17h;
Sábados, das 14h às 17h.

 

 

Agendamentos pelo telefone: (51) 9 8229 3031 ou e-mail: educativo.fvcb@gmail.com preferencialmente com 24h de antecedência, mediante e-mail de confirmação do setor Educativo.

 

Exposição de Arjan Martins

26/abr

 

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, tem o prazer de apresentar Descompasso Atlântico, de Arjan Martins, a segunda individual do artista na galeria, virtualmente integrada ao Galleries Curate: RHE, que envolve um grupo de galerias contemporâneas de todo o mundo que se reuniram para discutir como navegar pelos novos desafios da atualidade. Como primeiro capítulo desta colaboração, trazemos a exposição que tem como ponto de partida um tema universal e unificador: a água.

 

 

Provocados pelo tema, que a todos une, em Descompasso Atlântico, chegamos a uma seleção de obras que reiteram a navegação do artista por uma história de resistências e refluxos simbólicos, políticos, culturais e existenciais dos negros de ascendência Africana transplantados pela escravidão colonial. Não por acaso, a data de lançamento da exposição, 22 de abril, é a mesma data da chegada dos colonizadores portugueses a Pindorama, ao Monte Pascoal, na Ilha de Vera Cruz, que veio a se tornar o Brasil.

 

 

Paralelamente ao espaço presencial da galeria, como ação externa e pública da mostra, com o apoio da Orla Rio e parceria do Alalaô (uma mobilização artística-política-afetiva, que leva às praias do Rio de Janeiro intervenções, performances e diversas ações artísticas), Arjan Martins transporta para Ipanema as instalações de birutas, expondo aparelhos destinados a indicar a direção dos ventos, que fundem-se as bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos, que revelam significados específicos e possibilitam ao espectador uma leitura sensível de termos técnicos.

 

 

Em sua poética, Martins prevê a ampla navegação das águas do oceano negro, seja transitando entre períodos históricos, seja viajando entre diferentes latitudes e longitudes. Em suas Birutas, ele relaciona símbolos marítimos com o tráfico de pessoas escravizadas, revelando no nosso dia-a-dia as questões sociais não resolvidas da nossa história.

 

 

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Elizabeth Jobim em Curitiba

 

 

A Simões de Assis, Curitiba, Paraná, apresenta até 12 de junho a exposição “Entre Tempos”, individual de pinturas de Elizabeth Jobim.  Pela primeira vez, Beth traz ao olhar do público uma grande série de trabalhos feitos diretamente com tecido; o material já vinha sendo experimentado em alguns objetos recentes, mas aqui os vemos em escala grande. O linho é o material escolhido e as cores, assim como em suas pinturas, tendem a um tom mais terroso e sóbrio. Essas cores compõem listras e formas poligonais que apelam aos sentidos do espectador – não apenas devido aos seus contrastes inteligentes, mas pela sua materialidade. Estamos diante de pinturas que se apresentam ligeiramente moles aos nossos corpos e, como qualquer tecido, imediatamente parecem nos convidar ao toque. “Entre tempos” contrasta com a fugacidade das terríveis notícias que invadem nossos corpos incessantemente e nos convida a uma velocidade mais lenta na fruição dessa reunião de trabalhos. Em um presente tão tomado por tragédias, essa exposição de Beth Jobim – assim como grande parte de sua pesquisa – é um aceno às sutilezas que perduram no mundo.

 

 

Texto de Raphael Fonseca

 

 

A trajetória de Beth Jobim dentro do campo das artes visuais possui cerca de quatro décadas; sua primeira participação em uma exposição foi em 1982, no Rio de Janeiro. Quando observamos trabalhos de diferentes momentos de sua pesquisa, dois elementos parecem constantes: a pintura e suas relações com o corpo humano.

 

 

No que diz respeito à forma como seus trabalhos costumam ser lidos pelo viés da abstração, prefiro pensar nesta associação mais pelo piscar de olhos do que pela relação monogâmica; prestando atenção em seu percurso, é notável que parte de sua pesquisa se inicia com a imitação do real e se transforma em composições que podem ser interpretadas de forma mais aberta pelo público. Seus trabalhos por vezes se encontram em diálogo com imagens muito precisas – lembro, por exemplo, dos desenhos e pinturas que dialogam com a escultura de Giambologna representando o Rapto das Sabinas ou, ainda melhor, as imagens em que responde ao grupo escultórico do Laocoonte. Todos esses trabalhos são da década de 1980 e trazem, cada um a seu modo, algo que me parece estar presente com diferentes graus de sutileza no olhar da artista: um interesse pela fisicalidade e pelo movimento do corpo humano com seus contornos anticlássicos cheios de veias, rugas e torções.

 

 

Como notou Paulo Sergio Duarte em ensaio sobre seu trabalho[1], se nas pinturas anteriores a essas séries notamos seu interesse pela gestualidade e pela cor da chamada “Geração 80”[2], quando analisamos trabalhos de décadas posteriores novamente percebemos sua atenta observação do mundo – tubos de tinta e pedras portuguesas foram pontos de partida para experimentar diferentes escalas, cores e texturas. Quando esse dado explicitamente figurativo sai de cena, a artista destaca o apelo sensorial de suas composições – desencontros entre diferentes tamanhos de tela, respostas diretas à arquitetura das salas onde expôs, jogos entre diferentes profundidades dentro do mesmo objeto-pintura e até mesmo ocupações espaciais que se dão pelo acúmulo de pequenas pinturas. Nos últimos anos, Beth chega a tirar a pintura das paredes e trazê-la para o centro, tanto em formatos semelhantes a caixas/totens, quanto também em conversas com aquelas pedras que tanto observou.

 

 

Quando vejo os trabalhos reunidos nesta exposição individual da artista, penso que, em verdade, ela dá continuidade a essa experimentação dada pela equação entre pintura e corpo. Aqui, as pinturas a óleo seguem presentes, mas em menor número. Nelas somos convidados a perceber não apenas as frestas entre cores, mas também os momentos em que se opta por um corte na estrutura da tela que faz com que a mesma composição seja dividida por mais de um módulo. Convidando-nos a ficarmos atentos aos detalhes, a artista sugere a diferença entre o branco que separa as cores pintados por suas mãos e aquela linha que também se insere na imagem, mas que se dá a partir de um corte na matéria.

 

 

Pela primeira vez, Beth traz ao olhar do público uma grande série de trabalhos feitos diretamente com tecido; o material já vinha sendo experimentado em alguns objetos recentes, mas aqui os vemos em escala grande. O linho é o material escolhido e as cores, assim como em suas pinturas, tendem a um tom mais terroso e sóbrio. Essas cores compõem listras e formas poligonais que apelam aos sentidos do espectador – não apenas devido aos seus contrastes inteligentes, mas pela sua materialidade. Estamos diante de pinturas que se apresentam ligeiramente moles aos nossos corpos e, como qualquer tecido, imediatamente parecem nos convidar ao toque.

 

 

Há uma presença nessa série que conversa pelo viés da diferença com o uso habitual que a artista faz do rolo em suas pinturas: os pontos de costura. Ao observar os detalhes dessas superfícies, notamos discretas junções que possibilitam tanto que diferentes cores façam parte de uma mesma listra, quanto também que, em outros momentos, o linho abrace a madeira ou o óleo sobre tela. Essa talvez seja uma forma interessante de observar esses trabalhos: abraços longos entre cores que envolvem objetos através do tecido. Isto nos leva a outro dado importante que condiz com a natureza do material: como em qualquer tecido, por mais que haja um esforço por esticá-lo e simular a sua planaridade, sempre podemos notar sua urdidura e pequenas rugas em sua superfície. Eis uma matéria que convida a outra gestão da noção de controle; é importante respeitar a elasticidade e a temporalidade do linho, esse tecido feito milenarmente a partir da planta de mesmo nome.

 

 

“Entre tempos” contrasta com a fugacidade das terríveis notícias que invadem nossos corpos incessantemente e nos convida a uma velocidade mais lenta na fruição dessa reunião de trabalhos. Em um presente tão tomado por tragédias, essa exposição de Beth Jobim – assim como grande parte de sua pesquisa – é um aceno às sutilezas que perduram no mundo.

 

 

Fica o desejo para que, muito em breve, possamos estar reconectados com aquela desaceleração necessária não apenas para dobrar e enlaçar tecidos, mas também para observar os contornos de Laocoonte e as superfícies ao nosso redor.

 

 

[1] DUARTE, Paulo Sérgio. “Pintura plena” in Elizabeth Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2015, págs. 9-51.

 

 

[2] Importante lembrar que a artista participou da célebre exposição “Como vai você, Geração 80?”, em 1984, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e com curadoria de Marcus Lontra, Paulo Roberto Leal e Sandra Magger.

 

 

Festival de Fotografia

19/abr

 

Começa nesta sexta-feira, dia 23, às 19h, a 14ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre. Com o tema “Fotografia e Silêncio – Nuvens de Escuta”, o FestFoto POA concentra suas atividades e videoexposições, totalmente online e gratuitas, de 23 a 28 de abril, e segue em maio com leituras de portfólios.

 

 

O primeiro painel do evento tem como convidada Sarah Meister, curadora do Departamento de Fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e da exposição “Fotoclubismo: Fotografia Modernista Brasileira, 1946-1964”, que o MoMA inaugura em maio.

 

Panorama da arte contemporânea brasileira

15/abr

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta, a partir do dia 14 de abril de 2021, a exposição inédita “1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira”, com 119 obras de 68 artistas, pertencentes à magnífica coleção do casal carioca, radicado em São Paulo há mais de 30 anos. Nos últimos anos, Andrea e José Olympio constam na lista publicada anualmente pela prestigiosa revista ARTnews como um dos 200 maiores colecionadores de arte do mundo. O CCBB RJ está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on-line (eventim.com.br), controle da quantidade de pessoas no prédio, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.

O conceito desta mostra chama a atenção para a importância do colecionismo no Brasil. “Arte é o alimento da alma, ela amplia o mundo, te leva para lugares, te leva a sonhar. O colecionismo é fundamental, além de sustentar a produção artística, é também uma forma de cuidar das obras, uma grande responsabilidade”, diz o casal, que começou a coleção na década de 1980 de forma despretensiosa, estudando e visitando exposições e leilões de arte. Hoje, possuem cerca de 2.500 obras. “Temos na coleção somente trabalhos com os quais estabelecemos alguma relação. Pode ser uma obra que nos toca ou nos perturba, mas que mexe de alguma forma conosco. Poder expor a coleção é um privilégio para nós. É uma oportunidade de dividir a coleção com o grande público, de rever algumas obras e de vê-las em diálogo com outras, ganhando um novo significado”. O curador Raphael Fonseca foi convidado a pensar uma narrativa para a exposição a partir da coleção. A mostra ocupará as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ a partir de núcleos temáticos, com obras de importantes artistas, de diferentes gerações, cobrindo um arco de 40 anos de arte contemporânea brasileira. A exposição conta com obras em diferentes linguagens, como pintura, instalação, escultura, vídeo e fotografia. “A ideia é que o público veja cada sala como uma exposição diferente e que tenha uma experiência distinta em cada uma delas. Os contrastes e a diversidade da arte brasileira serão visíveis a partir da experiência do espectador”, afirma Raphael Fonseca.

Sem seguir uma ordem cronológica, a exposição traz desde trabalhos produzidos em 1981, como a escultura “Aquário completamente cheio”, de Waltercio Caldas, e a fotografia “Maloca”, de Claudia Andujar, até a pintura “De onde surgem os sonhos” (2021), de Jaider Esbell, mais recente aquisição da coleção. Obras raras, como pinturas de Mira Schendel (1919 -1988), produzidas em 1985, também integram a mostra, que apresenta, ainda, obras pouco vistas publicamente, dos artistas Jorge Guinle, Laura Lima, Marcos Chaves e da dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO

A exposição será dividida em oito salas, intituladas a partir do nome de obras presentes em cada um dos espaços. “Os trabalhos que dão título às salas norteiam o tema e os demais, criam um diálogo ao redor, sendo alguns mais literais e outros nem tanto”, diz o curador Raphael Fonseca.

Na primeira sala, intitulada “A Coleção”, estará uma única obra: a instalação homônima do artista paulistano Pazé. Feita em adesivo vinilico, ela cobrirá todas as paredes do espaço com a imagem de uma coleção de pinturas, onde, nos diversos quadros, há personagens que olham para os visitantes. A instalação, de 2009, é apresentada de forma inédita na exposição, com novos elementos. “É um trabalho que pensa a coleção, assim como a exposição”, afirma o curador.

A segunda sala, “Coluna de Cinzas”, parte da escultura de Nuno Ramos, de 2010, em madeira e cinzas, medindo 1,87m de altura, para falar sobre o tempo, sobre a morte e sobre a brevidade da vida. Desta forma, no cofre estará o vídeo “O peixe” (2016), de Jonathas de Andrade, sobre uma vila de pescadores onde há o ritual de abraçar os peixes após a pesca, como um rito de passagem. Nesta mesma sala estarão as obras “Isto é uma droga” (1971/2004), de Paulo Bruscky, uma assemblage de caixas de remédio; “Stereodeath” (2002), de Marcos Chaves, composta por fotografia e relógio, e o vídeo “Nanofania” (2003), de Cao Guimarães, em Super 8, onde, cadenciados por uma pianola de brinquedo, pequenos fenômenos acontecem, como a explosão de bolhas de sabão e o salto de moscas.

A terceira sala da exposição é a maior de todas, com 42 obras, e chama-se “Costela de Adão”, inspirada na pintura de Marina Rheingantz, de 2013. “É um núcleo basicamente sobre paisagem, tema que tem bastante destaque na coleção”, afirma o curador Raphael Fonseca. Nesta sala, estão obras de Amelia Toledo, Ana Prata, Brigida Baltar, Claudia Andujar, Daniel Acosta, Daniel Steegmann Mangrané, Efrain de Almeida, Fabio Morais, Jaider Esbell, Janaina Tschape, Jorge Guinle, Leonilson, Lucas Arruda, Lucia Laguna, Marina Rheingantz, Mauro Restife, Paulo Nazareth, Paulo Pasta, Paulo Nimer Pjota, Rodrigo Andrade, Rosana Ricalde, Sandra Cinto, Vania Mignone e Waltercio Caldas.

“War” é a quarta sala, cujo nome vem da obra do artista Rodrigo Matheus, que faz uma alusão ao clássico jogo de estratégia. Esse núcleo traz obras com o tema da violência e conflito, como as pinturas em óleo sobre tela “Azulejaria com incisura vertical” (1999), de Adriana Varejão, e “Caveira” (2007), de Antonio Malta Campos, além da fotografia “Sem título (for sale)”, de 2011, de Paulo Nazareth, do neón “Sex,War & Dance” (2006), de Carmela Gross, da obra “Batalha naval” (2004), também de Rodrigo Matheus, e o “Painel de ferramentas grandes” (2013), de Afonso Tostes.

Seguindo, chega-se à quinta sala, intitulada “Saramandaia”, que é uma escultura em bronze policromado da artista Erika Verzutti, de 2006. “Neste núcleo, é pensando o corpo estranho nas artes visuais, ou seja, o monstro, a mistura entre humano e animal, com um caráter mais surrealista, que podemos encontrar nos desenhos do Cabelo e nas obras da Laura Lima e do Véio”, explica o curador. Nesta sala, estarão 34 obras dos artistas Adriano Costa, Alex Cerveny, Anna Israel, Bruno Novelli, Cabelo, Eduardo Berliner, Erika Verzutti, Gilvan Samico, Ivens Machado, José Bezerra, Laura Lima, Odires Mlázsho, Paulo Monteiro, Tunga, Véio (Cícero Alves dos Santos) e Walmor Corrêa.

Trabalhos que pensam a relação entre documento e ficção, verdade e mentira, estão na sexta sala, “Como se fosse verdade”, cujo nome veio da instalação da dupla Bárbara Wagner e Benjamim de Burca, de 2017, onde retratos de pessoas que passavam por um terminal de ônibus foram transformados em capas de CDs, partindo de um questionário onde esses personagens definiram os cenários, os temas e as expressões que melhor os representariam. Além da instalação, nesta sala também estão obras de Fábio Morais, Iran do Espírito Santo, Laura Lima, Leda Catunda, Leonilson, Maureen Bisilliat, além do trabalho “Carmen Miranda – uma ópera da imagem” (2010), do artista paranaense radicado na Suécia e no Rio de Janeiro, Laércio Redondo, que aborda os problemas da representação do corpo performático de Carmen Miranda, através da obra composta por ripas de madeira, com objetos diversos, e alto-falantes, que transmitem um texto sobre a cantora.

A série de fotos “Blue Tango” (1984/2003), de Miguel Rio Branco, que retrata crianças jogando capoeira, dá nome à sétima sala, cujo tema é o movimento, a dança, “tanto em obras que trazem o corpo quanto na abstração”, ressalta o curador. Neste núcleo também estão obras de Carla Chaim, Emmanuel Nassar, Enrica Bernadelli, Ernesto Neto, Iole de Freitas, Jarbas Lopes, Luciano Figueiredo, Luiz Braga, Dias & Riedweg, Miguel Rio Branco, Mira Schendel e Rodrigo Matheus.

Na oitava e última sala estará a obra “Menos-valia” (2005-2007), da artista Rosângela Rennó, composta por objetos adquiridos na feira Troca-troca, na Praça XV, no Rio de Janeiro. Os objetos foram seccionados de acordo com os respectivos níveis de depreciação no ato da negociação. Desta forma, os objetos mais negociados aparecem multiplicados na obra. “É um trabalho que também pensa o colecionismo, mas de forma oposta da obra de Pazé, que está na primeira sala. Se ali o olhar dele se voltou para o fantasma da tradição da pintura ocidental, o de Rennó se volta para aquilo que é visto como algo a ser reciclado e, talvez, nunca reutilizado. São formas diferentes de se pensar criticamente uma coleção”, diz o curador Raphael Fonseca. A exposição será acompanhada de um catálogo, que será lançado ao longo da mostra.

SOBRE A COLEÇÃO

Com cerca de 2.500 obras, com foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual, a coleção Andrea e José Olympio Pereira é uma das mais destacadas do mundo. A visão cultural que o casal tem de sua coleção vai muito além de ceder obras para mostras individuais e coletivas em museus no Brasil e no exterior. Em 2018, com o intuito de não só acondicionar e guardar parte das obras, mas de dar acesso a pessoas, artistas e estudantes de arte, eles alugaram um antigo armazém de café do século XIX e o converteram em um espaço expositivo – o Galpão da Lapa. A proposta é convidar, a cada dois anos, um curador para montar uma exposição a partir das obras da coleção. O casal não costuma adquirir uma só obra de cada artista. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade. Conseguimos entendê-lo melhor desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como um livro, no qual não é possível entender a história só com uma página”. José Olympio Pereira contribui para vários museus no Brasil e no exterior, participando dos conselhos dessas instituições. No Brasil, é presidente da Fundação Bienal de São Paulo e participa do conselho do Museu de Arte de Sâo Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Em Nova York, participa do The International Council of The Museum of Modern Art (MoMA); em Londres, do International Council da Tate Modern e, em Paris, do Conselho da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea (Fondation Cartier pour l’Art Contemporain). José Olympio também faz parte do Conselho da ONG SOS Mata Atlântica. Andrea participa do conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e é presidente da ONG Americas Amigas, que luta contra o câncer de mama.

SOBRE O CURADOR

Raphael Fonseca é pesquisador da interseção entre curadoria, história da arte, crítica e educação. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Mestre em História da Arte pela UNICAMP. Graduado e licenciado em História da Arte pela UERJ. Trabalhou como curador do MAC Niterói entre 2017 e 2020. Entre suas exposições, destaque para “Vaivém” (CCBB SP, DF, RJ e MG, 2019-2020); “Lost and found” (ICA Singapore, 2019); “Riposatevi – Lucio Costa” (MAC Niterói, 2018); “A vida renasce, sempre – Sonia Gomes” (MAC Niterói, 2018); “Dorminhocos – Pierre Verger” (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); “Regina Vater – Oxalá que dê bom tempo” (MAC Niterói, 2017); “Bestiário” (Centro Cultural São Paulo, 2017); “Dura lex sed lex” (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017); “Mais do que araras” (SESC Palladium, Belo Horizonte, 2017), “Quando o tempo aperta” (Palácio das Artes – Belo Horizonte e Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro, 2016); “Reply all” (Grosvenor Gallery, Manchester, Inglaterra, 2016); “Deslize” (Museu de Arte do Rio, 2014), “Água mole, pedra dura” (1a Bienal do Barro, Caruaru, 2014) e “City as a process” (Ural Federal University, II Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rússia, 2012). Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente do Institute Contemporary Arts Singapore (2019) e da Manchester School of Art (2016). Integrante do comitê curatorial de seleção da Bienal Videobrasil (2019). Jurado do Prêmio Pipa (Brasil, 2019) e do Prêmio Mariano Aguilera (Quito, Equador, 2017). Participante do comitê de indicação do Prêmio Prima (2018 e 2020). Autor convidado para o catálogo da 32ª Bienal de São Paulo (2016).

 

 

Até 26 de Julho.

Angelo Venosa na Galeria Nara Roesler, Rio

 

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de anunciar a individual “Quasi”, de Angelo Venosa, em sua sede carioca. A mostra comemora a longa trajetória do artista paulistano radicado no Rio de Janeiro, cujo compromisso com a experimentação não deixa de lado o rigor técnico.

Nessa ocasião, Venosa apresenta trabalhos recentes, criados desde 2018, que expressam e desdobram as principais características de sua prática, entrelaçando formas, materiais e procedimentos do início de sua carreira com preocupações atuais. A grande maioria dos trabalhos foi desenvolvida com madeira, tecido e fibra de vidro. A partir desses materiais, Venosa elabora formas que apontam para a tensão entre o orgânico e o abstrato. Essas peças nos remetem a fósseis, fragmentos ou corpos inteiros de criaturas desconhecidas, fazendo-nos refletir sobre as diferentes temporalidades presentes no mundo, o passado, o presente e o futuro; assim como nos oferece uma reflexão sobre morte e sobrevivência. De fato, suas figuras sempre trazem algo de familiar e de estranho, de palpável, pela sua fisicalidade, e de mistério, por não nos permitir identificar um referente exato.

Radicado no Rio de Janeiro desde meados da década de 1970, Angelo Venosa participou da cena efervescente que ficou conhecida como “Geração 80”. Venosa é um exemplo de que o grupo de criadores que despontou nessa época não desenvolveu trabalhos apenas voltados para a linguagem da pintura, mas que, segundo a crítica de arte e curadora Daniela Name, “tinham em comum o desejo de recuperar a conexão afetiva com a representação e com as imagens, migrando seus interesses políticos para uma esfera subjetiva e íntima, o que coincide com uma ampliação da liberdade narrativa conquistada no período de redemocratização do país.”

A importante trajetória de Angelo Venosa pode ainda ser verificada pela sua presença em coleções privadas e institucionais, como Museu de Arte do Rio (MAR), a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), em Madrid; mas também por ocupar o espaço público. A escultura “Baleia” (1989), na praia do Leme, é apenas uma das inúmeras esculturas do artista espalhadas pelo país, dialogando e transformando o ambiente em que se instaura.

O Feminino na Arte Popular

14/abr

 

O Museu do Pontal, Rio de Janeiro, RJ, no próximo dia 19 de abril, às 17h, promove em seus canais no Youtube e Facebook o encontro virtual “Artes e Saberes Femininos na Tradição Popular”, com a presença das ceramistas Ducarmo Barbosa (Minas Novas e Turmalina, Minas) e Socorro Rodrigues (Alto do Moura, Caruaru, Pernambuco), a ativista cultural e congadeira Sanete Esteves de Sousa (Quilombo Mocó dos Pretos, Berilo, Minas) e o fotógrafo Lori Figueiró (São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro, Minas). A conversa terá mediação da antropóloga e gestora cultural Joana Corrêa (Milho Verde, Serro, Minas).

O evento celebra ainda o lançamento da segunda edição do livro “Mulheres do Vale, substantivo feminino”, de Lori Figueiró, pelo Centro de Cultura Memorial do Vale, no Serro, Minas.

A conversa abordará as vivências das mulheres e os atravessamentos de gênero em contextos de cultura e tradição popular. No Alto do Moura, a arte popular começa como uma tradição masculina a partir da obra do Mestre Vitalino, seguido por nomes como Zé Caboclo – pai de Socorro Rodrigues – e Manuel Eudócio e Manuel Galdino, entre tantos outros. Somente nas gerações seguintes as mulheres passaram a atuar e serem reconhecidas como artistas e ceramistas. Já na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas, a tradição de arte cerâmica nasceu pelas mãos de artistas mulheres, como Dona Isabel Mendes da Cunha, da comunidade Santana do Araçuaí, Ponto dos Volantes, e de Noemisa, de Caraí, entre tantas outras. Lá, ao contrário de Alto do Mouro, foram os homens que se inseriram posteriormente no campo da arte e do artesanato popular. Sanete Esteves de Souza, quilombola, congadeira e gestora de cultura, abordará também os aspectos interseccionais e raciais que perpassam os desafios de ser liderança e artista no campo da cultura popular.

As lives do Museu do Pontal contam com o patrocínio do Instituto Vale, do Itaú e do BNDES por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

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