Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

Pinturas de Lucia Laguna 

11/mar

 

 

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a abertura da exposição “Se hace camino al andar”, exibição individual de pinturas de Lucia Laguna de 13 de Março a 16 de Maio.

Sobre a artista
 
“Lucia Laguna é uma das grandes revelações da pintura no Brasil neste início de do século XXI. Sua pintura não surge da retórica sobre a pintura, mas do processo empírico da pintura”.
Paulo Herkenhoff

Zerbini on line

“OVR” – a individual de Luiz Zerbini na Stephen Friedman Gallery pode ser visitada online. Folhas de palmeira e samambaias em espiral se espalham pela estrutura em grid presente em todas as pinturas da exposição. Essas formas se fundem com áreas de marcações abstratas, demonstrando como o artista se apropria de padrões encontrados na natureza e os incorpora em seu próprio vernáculo.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Foto: Luiz Zerbini, “Happiness Beyond Paradise”, 2020

Bienal de Veneza

10/mar

 

A arquiteta Lina Bo Bardi será reconhecida com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra na 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, que começa no dia 22 de maio. O anúncio foi feito em uma publicação no site do evento.

Hashim Sarkis, curador da edição, afirmou que “se há uma arquiteta que representa adequadamente o tema da Bienal deste ano, é Lina Bo Bardi”.
“Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, principalmente, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo inteiro”, afirmou Sarkis.

Aos 32 anos, a italiana Lina Bo Bardi se mudou para São Paulo, onde ficou conhecida por projetos como o icônico cartão-postal paulistano Masp, o Museu de Arte de São Paulo, e a modernista Casa de Vidro. A arquiteta é um dos maiores nomes da arquitetura brasileira do século passado. As obras de Lina Bo Bardi têm traços que são lidos tanto como arte erudita quanto arte popular. Além de grandes edifícios, a arquiteta produziu desenhos e objetos famosos. Muitas de suas obras foram criadas a partir de itens que ela encontrava no lixo. Para ela, estas peças eram o ponto de partida para a construção de uma cultura autenticamente brasileira.

Segundo Sarkis, os projetos da arquiteta se destacam pela união entre arquitetura, natureza, vida e comunidade, através de seus desenhos e formas. “Em suas mãos, a arquitetura se torna verdadeiramente uma arte social”, disse.

Em nota enviada à organização da Bienal, o Instituto Bardi de São Paulo, que reúne o acervo artístico e biográfico do casal Bardi – ela foi casada com Pietro Maria Bardi, figura central na fundação do Masp -, disse estar profundamente honrado e grato pelo prêmio. “Esperamos que em vez de aumentar a popularidade de Lina Bo Bardi como um ícone da arquitetura, a Bienal ajude a contextualizar e comunicar a profundidade de sua visão de mundo crítica, sempre cuidando daqueles que são subrepresentados, sempre ciente da importância da diversidade e sempre comprometida com uma abordagem multidisciplinar de uma arquitetura que reúne pessoas de todas as esferas da vida”, diz o texto.

O questionamento “Como Viveremos Juntos?” é o tema da Mostra deste ano. A edição havia sido marcada para ocorrer no primeiro semestre do ano passado, mas devido à pandemia do novo coronavírus, foi adiada -duas vezes – e, agora, deve acontecer a partir do dia 22 de maio. A mudança de datas trouxe também uma importante mudança no calendário da Bienal de Veneza – agora, as mostras de arquitetura ocorrem em anos de numeração ímpar, enquanto as de arte acontecerão em anos pares, assim como a Bienal de São Paulo.

Lina Bo Bardi morreu em 20 de março de 1992, aos 78 anos, devido a uma embolia pulmonar.

Escombros de casas do Pontal de Atafona

08/mar

 

 Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio  de Janeiro, RJ, abre para o público no próximo dia 08 de março a exposição “Escombros, peles, resíduos”, com trabalhos inéditos da artista Jeane Terra, criados a partir de várias técnicas e processos singulares que ela vem desenvolvendo nos últimos anos – incluindo os meses do isolamento social – tendo como ponto de partida os escombros das casas do Pontal de Atafona, praia no norte fluminense que está sendo tragada pelo mar. A exposição ocupará toda a galeria, onde além das pinturas secas – ou “pele de tinta”, processo que criou e que agora está patenteado – e as “monotipiassecas”, estarão reunidas esculturas, fotografias, um bordado e duas instalações: uma escavação na parede e uma ocupação da vitrine voltada para a Rua Aníbal de Mendonça.

O público poderá ver, reunidos, em curadoria de Agnaldo Farias, os trabalhos poéticos desta artista singular, que discute a memória habitada em destroços de casas, e agora, de maneira mais ambiciosa, de quarteirões inteiros. Os trabalhos expostos são resultantes da imersão que a artista fez em janeiro de 2020 em Atafona.

Agnaldo Farias, curador da exposição e autor do texto crítico, destacou, em um bate-papo virtual com a artista em dezembro, que acompanha o trabalho de Jeane Terra “desde quando ela era ainda apenas uma promessa”. “O trabalho dela tem muita força, e é um privilégio fazer esta viagem por ele”, diz. Ele acha “impressionante o fato de ela se chamar Jeane Terra, e ter esta pesquisa muito particular”. “Não acredito em coincidências”, diz ele. “Esta ideia de resíduos, peles, escombros tem a ver com construções e com uma arquitetura que é reivindicada pela própria terra para a condição de ruína, para que esta construção volte à própria terra”, observa.

Agnaldo Farias afirma que “este é um momento lindo, em que não apenas a artista pode ver reunidos seus trabalhos, que ficavam espalhados no ateliê, como o público poderá tomar contato com toda a riqueza, a fertilidade e a amplitude de sua pesquisa, e isso é um privilégio muito grande”.

MONOTIPIAS EM PELE DE TINTA

 

Com o isolamento social imposto pela pandemia, Jeane Terra se concentrou em seu ateliê, onde pode se dedicar a várias experiências que vinha fazendo. Deste período surgiu uma nova técnica inventada por ela, que chama de “monotipias em pele de tinta”, ou “monotipia seca”, e oito desses trabalhos estarão também na exposição. Nesta série, a pele de tinta é usada inteira em grande formato, até 1,10m, como suporte para uma monotipia seca, em que a artista transfere uma imagem em um delicado e complexo processo, que resulta em uma “aparência de pergaminho, de documento antigo”. As imagens impressas são fotografias que a artista fez em Atafona.  “Quis tatuar, marcar, inscrever na pele, e no processo de transferência da imagem para a pele ela se fragmenta, se dilacera, como a memória. Parece que o tempo desgastou”, observa.

PANORÂMICA DA EXPOSIÇÃO

Mineira radicada no Rio, Jeane Terra transforma seu ateliê em laboratório. “Tudo é experimental. Sempre estou buscando algo novo. Gosto da dificuldade, de trabalhar o erro e o acerto, da surpresa que me aguarda diariamente no ateliê. São muitas frustrações, e a busca até descobrir o caminho certo é o que me faz me sentir viva como artista. O ateliê é um laboratório. Me sinto uma artista alquimista”, diz.

Ver reunido este conjunto de obras será uma excelente oportunidade de percorrer o universo desta artista inventiva, que se por um lado tem na memória – a sua, familiar, a de casas específicas, e agora bairros inteiros -, um agente propulsor, por outro é movida pela inquietação diária em estar sempre procurando processos, técnicas, materiais não existentes até então.

PELE DE TINTA, MONOTIPIA SECA, PONTO CRUZ

Três obras darão a dimensão para o público desses processos, pois trazem a mesma imagem, mostrada na fotografia “Miragem” (2020) feita pela artista – em impressão fine art em papel algodão, de 50 x 65cm -, a de um barranco cavado pelo mar, onde restos de casas se mantêm equilibradas no topo. Esta cena está em “Miragem Tecida” (2020), um bordado em ponto cruz sobre entretela, de 57 x 87cm,feito pela própria artista, e em “Pele Mirada” (2020), uma “pintura seca”, ou “pele de tinta”, técnica criada pela artista que chamou a atenção de críticos e curadores como Paulo Herkenhoff, que incorporou à coleção do Museu de Arte do Rio (MAR) a obra “O Salto” (2017), a primeira em que Jeane Terra usou este processo. Cada trabalho desses pode demorar até quatro meses para ser finalizado. Primeiro, a artista produz suas “peles de tinta” – uma combinação de pigmentos de tinta e aglutinantes, agora patenteada. Depois, ela recorta pequenos quadrados de 1x1cm, aplicando um a um na tela previamente quadriculada, com a paleta de cores já determinada pela artista. “É como um bastidor de ponto em cruz. Um pixel analógico”, observa. O ponto cruz surgiu da memória de sua avó fazendo bordados para o enxoval das mulheres da família, e Jeane aplica de várias maneiras em seu trabalho.

Desenvolvendo sua busca pela tridimensionalidade, Jeane quis transformar a pele de tinta em suporte, em tela, para outras intervenções. A artista então trilhou um longo caminho, que começou no final de 2019 e atravessou 2020, para alcançar a consistência necessária para criar peles em grande formato, e depois realizar monotipias neste material. Foi dificultoso encontrar as condições adequadas para realizar a transferência de imagem. Estarão na exposição sete dessas “monotipias secas”, entre elas “Receita” (2020), 56 x 85cm, que traz a imagem do programa de bastidor, em ponto cruz, usado pela artista em seus trabalhos. As monotipias se assemelham a pergaminhos antigos, que o tempo desgastou.

 

ESCOMBROS, MEMÓRIA ETERNIZADA

 

A memória das casas é outro assunto de interesse para Jeane Terra. Ao guardar pedaços de escombros da casa da família, que foi demolida em Belo Horizonte, “com aquela chuva de poeira de memória”, ela sem saber dava início a toda uma série de trabalhos, a partir da ideia de que as casas guardam memórias. Quando foi para Atafona, atraída pelo fato de o local estar há décadas sendo engolido pelo mar, ela ampliou a escala deste interesse: “Agora não se tratava de uma casa apenas, mas de todo um bairro desaparecido”, conta. Além das séries de pinturas, estarão na exposição uma série de objetos e duas instalações a partir desta necessidade da artista em eternizar a memória contida nos fragmentos das casas.

Na entrada da galeria Simone Cadinelli, Jeane Terra fará uma escavação na parede que percorrerá fragmentos de escombros que estarão instalados ali. A escavação que a artista irá folhear a ouro, obedecerá ao desenho do mapa do Pontal de Atafona, que não existe mais. No último dia da exposição, a artista fará uma “cerimônia de apagamento da escavação, encobrindo o trabalho, que dessa forma desaparecerá, mas ficará “incrustado na parede”, como uma memória.

No chão do espaço térreo estarão totens, colunas de paredes em que Jeane escavou e folheou a ouro mapas aéreos de catorze ruas encobertas pelo mar.  Na outra parede, uma fotografia feita pela artista em Atafona, e outra que revela “receita” do ponto cruz, o “bastidor digital” usado nos trabalhos da artista.

MONOTIPIAS EM ESCOMBROS SUBMERSOS

Jeane Terra observou que quando a maré baixava, e o mar recuava, era possível ver semienterrados muitos destroços do que haviam sido casas. Ela mediu o tempo da maré baixa, e fez monotipias em pedaços de escombros, usando silicone. A partir deste molde, a artista recriou os escombros submersos em concreto, “uma camada fina como uma pele”, com interferências em folha de ouro. “É uma máscara mortuária”, comenta. Esses trabalhos poderão ser vistos no segundo andar da galeria Simone Cadinelli, e Máscara Gold (2020) é um deles, medindo 50 x 27 x 3 cm. As monotipias em pele de tinta estarão também neste espaço, assim como “Fáscia 2” (2020), com 58 x 47cm, em que Jeane Terra bordou e desenhou sobre pele de tinta.

 

FENÔMENO EM ATAFONA

Em um processo iniciado ainda em fins dos anos 1960, com o assoreamento do rio Paraíba do Sul, e a consequente perda de pressão em sua foz, Atafona, distrito do município de São João da Barra, próximo de Campos, e a cerca de 300km do Rio de Janeiro, é originalmente uma aldeia de pescadores, foi um porto, se transformando depois em local de veraneio da região. São várias as causas estudadas para o fenômeno da invasão do mar.

Jeane Terra explica que o mar escava a areia, desestruturando as construções e árvores, que desabam. Ela registrou a queda de uma árvore, e recebeu de uma moradora fotografias de um hotel, de quatro andares, que ruiu. A população, ao perceber que suas casas serão atingidas em breve, retiram além de seus móveis, pias, portas, azulejos, o que podem, para transferir para outro local.

Agnaldo Farias comenta que Atafona significa “moinho de grãos”. “Não é coincidência, é destino a escolha desta cidade por Jeane. A cidade está sendo moída pelo mar. Ali deságua o Paraíba do Sul, que etimologicamente quer dizer ‘rio difícil’ em tupi. Este rio enfrentava o mar, era uma queda de braço, mas a ocupação predatória, nossa característica, foi assoreando o rio e ele foi perdendo sua força, e deixou de ser um rio difícil. O mar entra”. Ele também aponta um aspecto que observou sobre as obras da artista que serão expostas. É como se o trabalho bifurcasse: apontasse para o passado, que é o da avó fazendo o ponto cruz, e o aqui e o agora, e o ponto de confluência é este mundo que está se desfazendo”.

SOBRE A ARTISTA

 

Mineira (1975) radicada no Rio de Janeiro, Jeane Terra frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e cursou por dois anos o bacharelado em artes plásticas na Escola Guignard, em Belo Horizonte, entre outros cursos na área. Foi assistente da artista plástica Adriana Varejão por dez anos. Sua pesquisa está atrelada à memória e suas subjetividades, investigando fragmentos e nuances da transitoriedade das cidades, do apagamento urbano, do crescimento desenfreado das urbes e de sua ocupação. Muitas vezes autorreferente, seu trabalho gravita a usina ruidosa de onde vem a substância de sua memória. Trabalhando com diferentes suportes, se dedica especialmente à pintura, escultura, fotografia e videoarte. Com treze anos de trajetória, participou de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior, das quais se destacam: “Como habitar o presente? Ato 1 – É tudo nevoeiro codificado” (julho e agosto de 2020) e “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro” (outubro de 2020 a 16 de janeiro de 2021), Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “O ovo e a Galinha”, Galeria Simone Cadinelli, Rio de Janeiro, “Exposição 360”, Museu da República, no Rio de Janeiro, “Brasil Arte Contemporânea”, Museu Ettore Fico, Turim, Itália, “Abre Alas ”, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro(2019);  “Projeto Montra”, em Lisboa, em 2013; “Nova Escultura Brasileira- Herança e Diversidade”, na Caixa Cultural Rio de Janeiro,  em 2011; e, Biwako Biennale, Japão, em 2010; individual “Um olhar Invisível”, no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, e a individual  “Inventário”, na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em 2018.

De 08 de março a 29 de maio.

Comunicado

05/mar

 

Seguindo as orientações do Governo do Estado de São Paulo sobre a mudança para a fase vermelha do Plano São Paulo, como forma de contenção da pandemia do COVID-19, o mam estará fechado do dia 06 de março, próximo sábado, ao dia 19 de março, sexta-feira.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo preza pela segurança, bem-estar e saúde do público, de seus colaboradores e da sociedade como um todo. A nossa programação continua no #mamonline, com visitas virtuais, cursos online, oficinas e encontros à distância, conteúdos nas redes sociais, além do Festival Corpo Palavra, com apresentações acessíveis e gratuitas no Youtube do mam.

 

FIAC Online Viewing Rooms | Glauco Rodrigues

 

 

55 11 3853 5800 – Rua Oscar Freire, 379 – São Paulo – bergamingomide.com.br

 

Duas artistas no Projeto “Interações”

03/mar

 

A LONA, Galeria, Centro, São Paulo, SP, e Anexo, inicia o Projeto INTERAÇÕES que irá ocupar, alternadamente, seus dois espaços expositivos. Em uma sequência de mostras, os artistas representados pela LONA são agrupados de forma a transmitir mensagens tanto únicas como uníssonas em exposições coletivas. As mostras estarão disponíveis para visitas com agendamento e em formato virtual nas plataformas digitais da galeria.

INTERAÇÕES 1

As artistas Cristina Elias e Thais Stoklos exibem 21 trabalhos, entre pinturas, desenhos, instalações e vídeos no ANEXO LONA.

Cristina Elias traz “Releituras de Hokusai”, onde faz uma reescritura particular do traço do artista japonês por meio de técnicas diversas, que se interpenetram: desenho e tricô. Esse resultado pode ser visto em desenhos, pinturas e uma instalação. “O meu processo criativo prioriza a ação, aquilo que se está fazendo, ao objeto (estático) de arte. (….) Por isso, dada a relação intrínseca entre ação do corpo e objeto, chamo meus trabalhos de objetos-ação. Além disso, trabalho na intersecção entre as artes visuais e as artes do corpo (especificamente o Butô japonês) e, o que vou expor é o resultado de anos de treino psicofísico nessa zona de interação”, define Cristina Elias. “Partindo do movimento, seja especificamente das mãos ou do corpo de forma sistêmica, a artista dá continuidade à pesquisa iniciada há 10 anos com a abstração do texto em imagem e da aplicação de uma forma sinestésica de percepção à produção visual”, define Duilio Ferronato.

Em diálogo com as obras de Cristina tem-se o trabalho de Thais Stoklos, no momento representado pela série “Déficit” onde a artista apresenta trabalhos compostos por desenhos, instalação e vídeos, onde o gesto se torna visível através de apagamentos de uma ação insistente. “A palavra “déficit” significa: aquilo que está faltando para completar uma conta; o que falta para preencher certo valor ou quantidade; aquilo que está faltando para completar um todo. O “déficit” abala uma expectativa comum, surpreende o esperado, e indica uma nova atenção “, define a artista. Há interação, “porque os dois atos opostos são criadores. O impulso de criar já pressupõe a possibilidade de erro e este, então, já estimula uma insistência, um ajuste, uma renovação do olhar. Os trabalhos apresentados falam da informação dada através do rastro do gesto, onde a inclinação inata da combinação é a resistência das potências contrárias. O diálogo entres elas é o que faz se aprimorar”, explica Thais Stoklos.

Projeto INTERAÇÕES

Por falta de imunidade, foram excluídas as possibilidades de encontros. A simples perspectiva de interação sugere contaminação.” As relações dos últimos 2 anos entre os artistas da Lona Galeria têm se mostrado fecundas e incomuns. O grupo vem mantendo constante contato, trocando ideias e analisando ações mútuas. O contato artístico é tanto antropofágico como apropriador; basta um olhar e a transformação já principia. Artistas se contaminam de propósito com ideias, imagens e conversas. Não há lugar para barreiras. Os processos artísticos interessam tanto quanto o resultado e, as provocações constantes que surgem de todas as partes, sejam na área criativa ou comercial, nos mantém em alerta constante”, explica o coordenador Duilio Ferronato.

Com INTERAÇÕES, pretendem discutir os processos e alcançar uma nova etapa de amadurecimento artístico, institucional e comercial.

“Os 2 primeiros anos nos mostraram diversas possibilidades, que firmamos nossa convicção de que incentivar o processo artístico é o que nos deixa animados para os próximos lances.”

De 06 de março até 17 de abril.

Fundação Iberê exibe documentário

Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, lança em 03 de março em seu canal no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCx1TlUamEDhS9QUyVRDW9wA) o documentário “Mestres em Obra”, de Marta Biavaschi, realizadora e produtora audiovisual, sócia da Surreal Filmes e curadora de cinema da Fundação. Às 20h, na mesma plataforma, acontece uma live com o arquiteto Lucas Volpatto e a coordenadora do Programa Educativo, Ilana Machado. Já no dia 10 de março, às 20h, Volpatto e Marta batem um papo sobre a pesquisa e produção do documentário

Lucas Volpatto é pós-graduado em Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Edificado e mestre em Arquitetura e Urbanismo: o Projeto como Investigação e Edificações Culturais e professor de Arquitetura e Urbanismo pelo Uniritter. Integrante do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico Cultural de Porto Alegre e sócio-fundador do Studio1 Arquitetura, atua na  área de projetos e execuções de conservação e restauro. Entre os trabalhos estão: restaurações da capela mor da Igreja Nossa Senhora das Dores, do edifício da Cúria Metropolitana, da Casa dos Azulejos da Rua dos Andradas e das pinturas decorativas da capela da Santa Casa de Misericórdia; reconstrução da Capela da Fundação o Pão dos Pobres de Santo Antônio a conservação e manutenção do Museu da Fundação Iberê.

 

atividade integra o projeto Iberê Renova, contemplado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc nº 14.017/2020, Edital Sedac nº 10/2020 – Aquisição de Bens e Serviços, para execução do Plano de Gerenciamento de Riscos: aquisição de equipamentos e materiais para modernização do acervo, a fim de atender aos padrões internacionais para salvaguarda, catalogação e exposição de bens museológicos.

Criada em 1995 com o objetivo de preservar e divulgar a obra de um dos artistas brasileiros mais importantes do século 20, a Fundação resguarda mais da metade de toda a produção deixada por Iberê Camargo. O Acervo de Obras conta com mais de cinco mil trabalhos, enquanto a parte Documental abriga mais de vinte mil itens.

 

O encontro dos mestres


Da pedra fundamental à finalização da obra, “Mestres em Obra” registra diferentes etapas da construção e de conversas com o arquiteto Álvaro Siza, Prêmio Pritzker e criador do projeto, e sua equipe em ação durante seis anos, além de imagens de arquivo de Iberê no ato da pintura, na exposição de suas obras e na reflexão sobre sua poética. A aproximação entre a arte, a arquitetura e o cinema, o filme é um convite ao percurso pelo espaço como num filme, como fala Siza, sobre a experiência com a arquitetura. Em 2002, a instituição foi premiada com o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza.

Além do filme, o Iberê Renova realizará uma série de lives sobre manutenção e conservação com características museológicas. Entre os convidados estão: o arquiteto Guilherme Wisnik, os museólogos Gustavo Possamai e Renata Galbinski e as historiadoras da Arte Blanca Brittes e Mônica Zelinsk. 

Também será produzida uma minissérie, intitulada “Iberê Renova: Máquina de Cultura”, que mostrará os bastidores do que faz esse espaço cultural funcionar. Serão explorados diversos mecanismos, ocultos aos visitantes, mas essenciais para o funcionamento da instituição: sustentabilidade, limpeza do concreto branco, acervo, montagem e desmontagem das exposições, climatização e controle de umidade, mobiliário, placas de saída e pictogramas exclusivos dos banheiros e nomenclatura das plantas, arrumos, alçadas e etc.

Ricardo Ribeiro : Exposição e lançamento de livro

26/fev

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, apresenta a partir do dia 27 de fevereiro, na sede de São Paulo, “Puxirum”, exposição do artista Ricardo Ribeiro que contará com lançamento de livro homônimo. A visitação neste dia poderá ser realizada das 10h às 18h, respeitando todas as recomendações das autoridades de saúde, como o uso de máscaras e distanciamento social.

As visitas espontâneas serão bem-vindas, mas para a segurança de todos e melhor controle do espaço, recomendamos que agende sua visita. Pedimos que nos envie um e-mail com o seu nome completo indicando o dia e horário de sua preferência

 (Email: info@galeriamarceloguarnieri.com.br – telefone: 11 3063 5410)

A mostra reúne fotografias feitas entre 2016 e 2018 em São Pedro, povoado localizado às margens do Rio Arapiuns, no estado do Pará. A série trata de um olhar poético e político do cotidiano de uma comunidade ribeirinha que organiza seu modo de vida entre as economias de subsistência e mercantil. “Puxirum” foi editada em livro homônimo, impresso em 2020 com o suporte da Pollock-Krasner Foundation.

“Puxirum” é uma palavra de origem tupi que define uma prática social e cultural ainda encontrada em áreas rurais na qual um grupo de pessoas reúne-se por um dia para desenvolver coletivamente um trabalho na roça. Em língua portuguesa pode ser traduzida como “mutirão”. Durante as nove visitas que fez a São Pedro ao longo de dois anos, o fotógrafo Ricardo Ribeiro acompanhou de perto a dinâmica em torno desse trabalho. Em sua primeira visita, ainda em 2016, chegou ao povoado munido apenas de um bilhete, no qual seu amigo Zair pedia a sua mãe Zeneide que o recebesse e o apresentasse aos demais moradores de São Pedro. A partir de então, Ribeiro passou a negociar sua presença naquele lugar através de pequenos serviços que podia oferecer enquanto fotógrafo, restaurando fotografias antigas, corroídas pela umidade, ou fazendo retratos das crianças em trajes de festa.

Enquanto aprendia a observar o seu entorno e a conviver não somente com aquele grupo de pessoas, mas também com a própria natureza, sob um ritmo de vida bem mais desacelerado ao que estava habituado, Ribeiro fotografava. Não pretendia desenvolver ali qualquer tipo de trabalho antropológico, a sensação de estranhamento e o estado de deslocamento lhe permitiriam, afinal, entregar-se ao desenvolvimento de sua linguagem poética. Esse exercício, no entanto, não era imune às problemáticas que configuravam o contexto em que estava inserido, e acabava por traduzir, em imagens, as percepções do fotógrafo. “Isolada pela paisagem e pela falta de eletricidade, a cultura está à beira de uma ruptura com um passado baseado na família, religião, costumes e trabalho comunitário. Os jovens que se beneficiaram dos programas governamentais bem-sucedidos nas últimas duas décadas para reduzir a fome, agora, rejeitam tradições estabelecidas há muito tempo e não se resignam mais às perspectivas limitadas de seus pais”, escrevia Ribeiro em seu diário.

Em “Puxirum”, Ricardo Ribeiro retrata essa sensação de um tempo vagaroso com a ajuda de sua câmera Hasselblad, em um processo totalmente analógico. Por meio de cores pouco saturadas e da baixa luz, suas fotografias transmitem a atmosfera melancólica que envolve a vila de São Pedro, através, por exemplo, do registro de seus habitantes em momentos de introspecção. Em uma delas, retrata a cena ao redor de uma jovem repousando em uma rede azul após ter sido atingida por um raio. “Tampouco havia zum zum zum”, escrevia o fotógrafo, “havia silêncio, um compasso de espera pelo que o tempo haveria de dizer”. Tal vagarosidade, que também o acompanhava durante o trajeto de dez horas que tinha que percorrer desde Santarém até São Pedro, é novamente abordada em “Novo Relógio Velho”, filme que também integra a exposição.

Muitas das fotografias que fez em São Pedro foram expostas pela primeira vez na própria comunidade, distribuídas em espaços públicos da vila e exibidas em diversos formatos. Reuniu no Barracão Comunitário 32 fotos em uma exposição, e na noite da abertura preparou um telão na quadra de futebol onde foram projetadas outras tantas imagens. Na escola indígena e na escola regular montou varais de fotos com cinco cópias de cada, permitindo que cada criança pudesse levar para casa aquelas que mais gostassem. Ao ar livre, em pontos onde as fotografias haviam sido captadas, montou alguns painéis das imagens impressas em lona, material resistente às chuvas e à umidade típicas da região. Ainda na casa onde funcionava a retransmissora local, montou uma videoinstalação com a projeção de “Filha Ausente”, filme que fez sobre os filhos que se vão de São Pedro. O título faz referência à música homônima composta por Sr. Riso (cancioneiro local), dedicada a um de seus oito filhos. Ao retornar para São Paulo pela última vez em 2018, Ribeiro deu início a edição do livro “Puxirum”, que além das imagens, reúne fragmentos do diário que escreveu no período em que esteve na vila paraense.

Sobre o artista

Ricardo Ribeiro nasceu em 1978 em São Paulo, onde vive e trabalha. Fotógrafo e artista visual, concluiu em 2016 o programa de Práticas Criativas do International Center of Photography – ICP em Nova York. Seu projeto “Puxirum” foi exibido in loco, em São Pedro, comunidade situada às margens do Rio Arapiuns, no oeste do Estado do Pará, onde foi fotografado entre 2016 e 2018, em mostra concebida e organizada em parceria com os residentes locais. O mesmo trabalho foi premiado, em 2019, pelo 7o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, e, em 2018, pelo 9o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Também exibido em Salvador-BA, Belém-PA, Porto Alegre-RS e Santos-SP. Seu mais novo projeto, “Norte-Sul Esquerda-Direita”, ainda em andamento, foi escolhido e é hoje financiado pela Fundação Pollock-Krasner (Pollock-Krasner Foundation) , com sede em Nova York, EUA

Até 27 de março.

Sua mensagem foi enviada com sucesso!