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AGENDA CULTURAL

Caetano Dias no México

20/dez

O questionamento da nossa realidade, cada vez mais complexa, e o papel da própria arte dentro dessa realidade, colocando questões básicas sobre a nossa existência e o nosso lugar no mundo atual, onde a arte não faz afirmações, faz perguntas, em trabalhos com vídeo, pintura, obras tridimensionais, instalação multimídia, fotografia digital, performance, refletindo as relações entre corpo e identidade, memória e pertencimento, levando a discussão sobre ideias e poéticas, são alguns dos principais eixos da arte de Caetano Dias.

 

Uma das vertentes deste trabalho em fotografias e vídeos está em exposição na cidade de San Cristóbal de Las Casas, no extremo sul do México, fronteira com a Guatemala, no estado de Chiapas, México, como integrante da programação do XVII Festival Tragameluz, com curadoria de Luciana Accioly. O artista é exclusivo da galeria Paulo Darzé, Salvador, Bahia.

 

 

Sobre o artista

 

Caetano Dias é considerado pela crítica nacional como um dos mais importantes artistas surgidos ultimamente na Bahia. Nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 1959. Vive e mora em Salvador, Bahia. Começou a expor individualmente a partir de 1989. Participou de exposições importantes representando a Bahia e o Brasil, como XVIII Festival de La Peinture (França), The Brazilian Northeast Festival Contemporary Art (Portugal), Feira Internacional de Arte (Estados Unidos). Entre suas individuais fora do Brasil temos: Nova York (Neuhoff Galery), Paris (Galerie Vivendi), Havana (Casa das Américas). Sua obra foi premiada no 16º Festival de Arte Contemporânea Sesc/Videobrasil (2007) com residência no Le Fresnoy, em Tourcoing, França.

Quatro no Museu da República

A Galeria do Lago, Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, encerra o ano com a abertura de “Quimera”, mostra que reúne três gerações com quatro artistas e curadoria compartilhada de Isabel Sanson Portella com Ricardo Kugelmas, curador do espaço Auroras em São Paulo. Ana Prata, Bruno Dunley, Veío  e Liuba Wolf são os artistas que expõem suas pinturas, esculturas e desenhos. Trata-se, primeiramente, de um diálogo de gerações onde a exaltação imaginativa em diferentes técnicas aparece como destaque. A Quimera mitológica, símbolo complexo de criações imaginárias do inconsciente, representa a força devastadora dos desejos frustrados, dos sonhos que não se realizam, da utopia e fantasias incongruentes. Monstros fabulosos alimentam, desde sempre, a imaginação do homem com devaneios necessários à expansão da alma.

 

“O diálogo que se estabelece entre os quatro artistas resulta numa mostra de identidades e poéticas que se aproximam enquanto falam de desejos e expectativas. Embora as práticas sejam distintas existe a mesma procura pela excelência, pela abstração e simplicidade das formas. A eles interessa o prazer criativo, a “brincadeira séria” e a liberdade de sonhar”, avalia a curadora, Isabel Sanson Portella, que também é diretora da Galeria do Lago.

 

 

Sobre os artistas

 

Liuba Wolf

 

Inserida na tradição da escultura moderna desde os anos 1950, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir. Inicialmente figurativa, a artista passou, a partir dos anos 1960, por uma significativa mudança formal que a levou à “quase abstração”, tendo a figura do animal como referência. Suas obras, como a própria artista afirma, vêm do inconsciente e são uma “simbiose entre vegetal e animal.” A força e beleza de seus trabalhos inspirou, certamente, toda uma geração de artistas que se seguiu.

 

Véio

 

Artista sergipano dos mais destacados na arte popular brasileira, utiliza a madeira para representar o seu olhar crítico sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Transforma restos de troncos da beira do rio, em esculturas coloridas, seres imaginários e personagens místicos que surgem das histórias de assombração ouvidas na infância. O universo de Véio, autodidata e muito enraizado em sua terra natal, é povoado pela tradição popular que o faz perceber o poder da transformação e da luta pela forma pura.

 

Ana Prata

 

A artista entende a pintura como meio de experimentação e linguagem. Seus trabalhos apresentados em Quimera trazem algumas propostas bastante significativas nesse diálogo de gerações e lugares de fala. A procura pela liberdade, o prazer criativo e a imaginação são pontos em comum nos quatro artistas selecionados. Para Ana Prata é importante variar, criar sempre algo novo para que outros sentimentos aflorem. Sua obra está aberta a novas propostas e respostas. E é sempre no olhar do expectador que a narrativa se completará.

 

Bruno Dunley

 

Sua prática é voltada para a abstração gestual, sem, entretanto, perder o foco na representação dos objetos. Para ele existe uma mudança fundamental na função da imagem que deixa de ser forma única de apresentação de uma ideia. As cores utilizadas, delicadas mesmo quando as imagens são violentas, aparecem ora em manchas, ora como fundo para os desenhos. Quase sempre há uma cor predominante, pastel seco aplicado com vigor além de traços em carvão. Bruno não procura a beleza perfeita e absoluta, mas cada vez mais pensa em uma beleza possível, direta. Algo que faça o espectador apurar o olhar e criar sua própria experiência sensorial.

 

 

Até 24 de fevereiro de 2019.

Galeria Aberta Amílcar de Castro

19/dez

 

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, dando sequência à série de inaugurações de 2018, apresentou ao público da capital mineira, a nova Galeria Aberta Amílcar de Castro. O espaço, localizado entre as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta no Palácio das Artes, abriga a exposição “Corte”, uma mostra de média duração que reúne esculturas em diferentes tamanhos de um dos principais expoentes do neoconcretismo brasileiro: Amílcar de Castro.

 
A inauguração da Galeria Aberta Amílcar de Castro reforça a diretriz da FCS em valorizar a arte produzida em Minas Gerais durante a atual gestão (2015-2018). Neste ano, inclusive, toda a programação artística da instituição foi norteada por diferentes manifestos, dialogando diretamente com o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, que completa 90 anos em 2018. E em junho de 2019, inicia-se a comemoração do centenário de nascimento e Amílcar de Castro, um dos signatários do Manifesto Neoconcreto.

 
De acordo com Augusto Nunes-Filho, apresentar ao público um novo espaço expositivo no Palácio das Artes é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do legado do artista e um olhar mais demorado sobre a produção artística em diferentes suportes, como a escultura. “Amílcar de Castro tem papel importante no cenário artístico brasileiro gozando também, há muito, de reconhecimento internacional. Por ser um escultor de mão cheia, foi justa essa vertente escolhida pela Fundação Clóvis Salgado para lhe prestar merecida homenagem com a nomeação do mais recente espaço expositivo do Palácio das Artes, a Galeria Aberta Amílcar de Castro”, destaca o presidente.

 
“CORTE” traça uma linha do tempo na história da produção de Amílcar de Castro ao reunir esculturas produzidas em diferentes momentos da carreira do artista. Vindas diretamente do Instituto Amílcar de Castro, em Nova Lima, as obras representam trabalhos em grande e pequena escala, exemplificando a visão que o escultor tinha sobre dimensionalidades, percepções espaciais e manipulação do ferro.

 

 

Amílcar ao ar livre

 
Para Ana de Castro, diretora do Instituto Amílcar de Castro, a exposição é uma grande homenagem ao escultor e uma lembrança daquilo que mais inspirava o trabalho de Amílcar. “Ao explorar com grande intensidade espaços abertos do Palácio das Artes e nomear este espaço de Galeria Aberta Amílcar de Castro, a Fundação Clóvis Salgado faz referência instantânea ao passado do escultor e cria um lugar onde a percepção se exerce mesclando elementos concretos e orgânicos. A prática sensível conduz a vivências de grande apelo visual”.

 
Um dos destaques do acervo é a obra “Estrela”, uma escultura em ferro, inspirada em um trabalho anterior de Amílcar de Castro, que concedeu ao artista seu primeiro prêmio. Datada do início dos anos 2000, a obra mescla a força do ferro com a sutileza e a precisão dos cortes característicos do escultor mineiro. Ao contrário das outras obras, a peça ficará exposta no Hall de entrada do Palácio das Artes.

 

 

As demais esculturas que integram a exposição “CORTE” são obras que perpassam as décadas de 1950 a 1990. Com dimensões variadas, algumas chegando a medir pouco mais de 30cm. Já outras esculturas chegam aos 2m de comprimento e pesam mais de 5 toneladas.
“CORTE é uma seleção de obras que reúne um amplo e significativo acervo do trabalho de Amílcar. É, também, uma homenagem à trajetória do artista que, aluno da Escola Guignard, observava e se inspirava na paisagem do Parque Municipal. Com essa galeria, celebramos o passado do escultor ao mesmo tempo em que reverenciamos a mistura do concreto, no caso, as esculturas de Amílcar, com a leveza de um espaço aberto, de livre circulação e conectado ao parque”, destaca Augusto Nunes-Filho.

 

 
Até 27 de junho de 2019.

Siron Franco em BH

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, apresenta a exposição do pintor, desenhista e escultor Siron Franco. Suas obras estão presentes nos mais importantes museus do Brasil, como MNBA (Rio de Janeiro), MON (Curitiba), MASP (São Paulo) e MAC (São Paulo), e a exposição, que tem curadoria de Augusto Nunes-Filho, traz à Galeria Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes 36 quadros do artista.

 

O trabalho de Siron Franco faz uso de uma paleta de cor escura e flerta com o realismo fantástico, representando imagens irreais na pintura. Com um olhar sutil sobre o cotidiano, o artista retrata situações de violência, por meio de figuras quase monstruosas, mesclando humanos e animais. Seu trabalho usa manchas de tinta, uma característica típica dos artistas da época, mas sua obra não chega a ser classificada como abstrata, já que, segundo o próprio Siron, lida com imagens, sejam elas humanas ou não.

 

As obras fazem parte, principalmente, de coleções particulares e a exposição conta, entre outras, com o díptico “Metamorfose” (1979), uma das séries mais famosas do artista, bem como “Sorriso” (1975) e “Espelho” (1975) da série “Fábulas do Horror”. Segundo o curador, “Destacar as obras de Siron Franco é parte do atual programa da Fundação Clóvis Salgado que abre espaço para artistas de todo o Brasil. Com grande satisfação realizamos esse trabalho, que dá acesso à população a obras de grande reconhecimento nacional e internacional, até então inéditas na cidade”, comemora Nunes-Filho.

 

Expondo individualmente pela primeira vez no Palácio das Artes, Siron Franco possui uma admiração especial pelos artistas mineiros. “Minas Gerais é um berço muito instigante da cultura brasileira, na sua música, teatro, artes plásticas e dança, por isso me sinto muito honrado em ocupar uma galeria do Palácio das Artes”, conta. Para o artista, a curadoria é uma oportunidade de revisitar um pouco do seu trabalho. “Todas são obras muito importantes da minha carreira e tenho muito carinho por elas, por isso agradeço muito a oportunidade de expor essa fase do meu trabalho que muita gente ainda não conhece”, comenta.

 

 

Sobre o artista

 

Gessiron Alves Franco, mais conhecido como Siron Franco, nasceu em Goiás, em 1947). Artista plástico brasileiro cuja obra é reconhecida no Brasil e no exterior. Como pintor, alcançou notável reconhecimento em sua participação na 12ª Bienal Nacional de São Paulo (1974). Passou sua infância e adolescência em Goiânia, tendo sua primeira orientação de pintura com D.J. Oliveira e Cleber Gouveia. Começou a ganhar a vida fazendo e vendendo retratos. A partir de 1965, decidiu concentrar-se no desenho. Residiu em São Paulo, frequentando os ateliês de Bernardo Cid e Walter Levi, e integrando o grupo que fez a exposição “Surrealismo e Arte Fantástica, na Galeria Seta”. Muito ligado às questões sociais, o artista realizou uma série de obras sobre o acidente com o Césio 137, elemento radioativo que causaria grandes danos de saúde a várias famílias de Goiânia. Os povos indígenas foram tema de um memorial feito por Siron Franco, em respeito e homenagem ao contínuo massacre dessas populações. A devastação da natureza também é um de seus temas, denunciando a caça e a matança de animais.

 

 

Até 10 de fevereiro de 2019.

Bate-papo na Carpintaria

18/dez

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, promove bate-papo com Luiz Zerbini nesta terça-feira, 18 de dezembro, das 19h às 21h.
Participam da conversa com o artista os convidados Carlito Carvalhosa, Fred Coelho e Alexandre Gabriel.   

Tons de brancos no Paço Imperial

O carioca Ronaldo do Rego Macedo mostra 40 trabalhos inéditos em óleo sobre tela e sobre papel na individual, intitulada “Fissão)(Tectônica”, um segmento de sua produção dos anos 2010, que ocupa três salas do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo. Ronaldo do Rego Macedo é um pintor que não faz concessões no conceito nem na feitura de seus trabalhos.

 

A pintura abstrata recente do artista, professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é a continuidade de uma pesquisa de décadas, em que a cor constitui pura presença física. Cores vibrantes, criadas por Ronaldo são “soterradas” por camadas muito espessas de tinta a óleo de tons de branco, aplicadas com pincel, trincha, vassoura ou a mão diretamente. Nas telas grandes e pequenas, há vestígios de vermelhos, azuis e roxos implacavelmente cobertas pelos brancos, nos quais a marca das “pinceladas” se faz evidente.

 

“Estou sempre girando em torno do tema da invisibilidade, do silêncio, do vazio. Sempre há algo que nunca se revela inteiramente, fica à sombra (…). A pintura vem para a frente, ela quer nos abraçar, mas há alguma coisa que chama atenção para o que é fluido e recessivo. O título, quando aparece inscrito na pintura, (…) é, muitas vezes, é um signo vazio, que nada significa, ainda bem. E que tem sempre um apagamento, que contradiz essa presença da área pintada”, entrega Rego Macedo.

 

Sobre o apagamento a que o artista se refere, a curadora Sonia Salcedo Del Castillo descreve no texto de apresentação: (…) o vigor impresso à fatura de suas telas resulta em espaço e presença pulsantes. Há nela tal frescor que, por vezes, parece sugerir sabor à sua pintura.”

 

 
Sobre o artista

 

Ronaldo do Rego Macedo nasceu no Rio de Janeiro, em 1950. Fez sua primeira individual aos 23 anos no Rio, à qual se seguiram outras 12 em capitais brasileiras. Desde os 19 anos participa de coletivas no Brasil e em cidades como Montevidéo, Buenos Aires, Cidade do México, Toronto, Pully (Suíça), Viena e Linz (Áustria), Paris, Bruxelas, Cairo, Rabat e Tóquio. O artista esteve nas edições da Bienal Internacional de São Paulo de 1973 e de 1987, quando ganhou Sala Especial, e no Salão Nacional de Arte Moderna de 1972 e 1973. Sua pintura está nas coleções de Gilberto Chateaubriand, João Sattamini, Giovanni Bianco, Antonio Cicero, Brenda Valansi, Lauro Jardim, Marcel Telles (Ambev), e nos acervos do MAM Rio e do Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Teve como mestre o pintor Aluisio Carvão, com quem estudou três anos no MAM Rio. Foi ainda aluno de Lygia Pape e Cildo Meireles também no MAM Rio.

 

 

Até 17 de fevereiro.

Pinturas de Lucia Laguna no MASP

14/dez

Entra em exibição noMASP, Paulista, São Paulo, SP, exposição individual de pinturas de Lucia Laguna. A paisagem é o ponto de partida para as pinturas da  artista nascida em 1941, em Campos dos Goytacazes, RJ. Atualmente Lucia Laguna vive no Rio de Janeiro. Dos arredores de seu ateliê, no bairro de São Francisco Xavier, subúrbio do Rio de Janeiro, a artista extrai o vocabulário de formas, de cores e de imagens que vão compor suas pinturas. Laguna passou a dedicar-se à pintura depois de se aposentar como professora de literatura portuguesa e latina, e frequentar os cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, nos anos 1990. A artista buscou na janela de sua casa-ateliê – com vista para o morro da Mangueira – a paisagem, os modos de construção e a arquitetura do subúrbio para definir sua maneira de pintar.

 
Esta exposição reúne 21 obras da produção recente da artista realizadas entre 2012 e 2018, e dos três principais temas trabalhados por ela: Jardins, Paisagens e Estúdios. Parte desta mostra é composta pelas “Paisagens” que Lucia Laguna realizou tendo como tema bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro. Com essas obras, a artista propõe outro imaginário do subúrbio carioca, incorporando sua experiência e memória. Nesta série, a artista expande sua “vizinhança” para o espaço do museu: em uma tela realizada especialmente para esta mostra – Paisagem nº114 (MASP) (2018) -, a artista absorve os objetos de seu ateliê, as plantas do jardim de sua residência, elementos arquitetônicos do edifício do MASP e das obras da coleção do museu.

 

Ao visitar o ateliê de Lucia Laguna percebe-se uma extensa lista de artistas fixada em uma das paredes, na qual constam nomes canônicos da história da arte ocidental, como Paolo Uccello, William Turner, Paul Cézanne, Henri Matisse, Pablo Picasso, mas também artistas contemporâneas como Beatriz Milhazes e Paula Rego. Ao definir esses artistas como sua “família artística” e viver diariamente com essas referências em seu ateliê, Laguna os traz para o convívio com o morro da Mangueira, com o barulho do trem, com os muros de contenção dispostos nos “pés” da favela, com a trepadeira que cresce no jardim e invade o estúdio, com os passarinhos que entram pela janela – enfim, com toda essa simultaneidade de camadas que compõem o subúrbio e a natureza do quadro de Lucia Laguna. A exposição “Lucia Laguna: vizinhança” tem curadoria de Isabella Rjeille, assistente curatorial do MASP.

 

 

Até 10 de março de 2019.

Tratando as diferenças

13/dez

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Cabeças” de Antonio Sérgio Moreira, a última de sua programação encerrando o calendário de 2018 sob a curadoria de Marco Antônio Teobaldo.

 

A partir de uma visita do artista à construtora de uma amiga, em 2016, nela encontrou dezenas de capacetes de trabalhadores que seriam descartados, Antonio Sérgio Moreira viu naquele material, separado por diferentes cores de acordo com a função dos operários (seguindo normas da ABNT), um grande potencial para trabalhar algumas idéias sobre e seu papel de resistência no espaço que ocupa no contexto além da sua jornada de trabalho. Rostos foram pintados sobre a superfície de cada um dos 110 capacetes exibidos na instalação “Insólitos construtores”.

 

Outra série, iniciada em 1992, chamada de “Tétes” (cabeças, em francês), são, segundo o artista, “…aminha visão como os afro-ameríndios lêem a si mesmos, e como os outros afros se lêem.” Ele questiona e aponta: “…qual é a face da nossa identidade? As diferentes expressões de cada uma dessas cabeças são na verdade, como podemos ser estranhos um para o outro. A inserção na religiosidade Nagô me fez refletir mais sobre o valor da cabeça num âmbito maior da ancestralidade. O ori (cabeça em Iorubá) é mais importante do que a própria divindade ancestral.”

 

O curador da exposição, Marco Antonio Teobaldo, revela que “…a exposição “Cabeças” será composta por mais de 200 obras, a grande maioria formada por inéditas, dentre objetos, telas e papéis, que tecem uma trama sobre a memória do indivíduo negro e de seus antepassados, no contexto da Diáspora Africana, que é amplificada quando exibida sobre o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos.”

 

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN, é o responsável pela preservação do sítio arqueológico da maior necrópole deste gênero, de africanos escravizados das Américas, e tem sido o guardião da memória deste episódio monstruoso na historio do Brasil, no qual, estima-se, mais de 50 mil corpos foram sepultados sem qualquer tipo de ritual fúnebre ou dignidade com os seus restos mortais.

 

 

Até 09 de fevereiro de 2019.

Ao Quadrado no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, apresenta a galeria Iberê Camargo, a exposição “Ao Quadrado”, da artista Beth Turkieniez. Beth Turkieniez já soma mais de 40 anos de dedicação diária ao seu trabalho em artes plásticas: experimentando, reciclando e mergulhando em processos ao encontro de novos conceitos e novos olhares. A mostra “Ao Quadrado” compõe-se de 50 pinturas em formato quadrado, dispostas na sala de exposição em dois projetos que se fundem. São obras que apresentam técnicas e suportes diferentes, convidando o expectador, junto com a artista, a propor continuamente um novo significado aos trabalhos expostos. Beth também utiliza pigmentos indianos, com tintas que ela mesma produz. Os tons são trabalhados incansavelmente até se obter a intensidade e a opacidade que cada pintura requer, possibilitando uma série em conversa sem fim, entre as múltiplas composições possíveis, construindo e reconstruindo o grande quadrado.

 

 

A palavra da artista

 

“É importante para mim voltar a expor em Porto Alegre: primeiro, por ter sido o lugar onde nasci, onde construí muito da minha vida profissional, onde estudei com Iberê Camargo, Paulo Porcella, Stockinger, Tenius, Ado Malagoli e muitos outros. Onde cresci e amadureci, onde me tornei mãe, mulher e artista. Ao sair de Porto Alegre, enfrentei desafios: o começar de novo e de novo em uma cidade grande, onde a aspereza é a predominância, lidar com a solidão frequente, com o experimentar constante na arte e na utilização de novas técnicas, fazem realmente crescer… Fiz varias mostras individuais e coletivas, tanto no exterior quanto no Brasil, participei de muitas feiras de arte, ganhei prêmios no exterior e no meu país, mas só agora tenho novamente a oportunidade de mostrar o meu trabalho atual em Porto Alegre.”

 

 

Sobre a artista

 

Nasceu em 1950, em Porto Alegre, RS, vive e trabalha em São Paulo desde 1989. Estudou desenho no Atelier Livre de Porto Alegre com Paulo Peres e xilogravura com Danúbio Gonçalves. Também foi aluna em pintura de Ado Malagoli e Iberê Camargo, e dos escultores Sonia Ebling, Vasco Prado, Xico Stockinger e Carlos Tenius. Graduada em Artes Plásticas e Arquitetura pela UFRGS, onde desenvolveu pesquisas no campo da linguagem visual, bi e tridimensional. Realizou exposições individuais na Galeria Monica Filgueiras (São Paulo), 2017/2018 Ajoelhou tem que rezar (3 artistas), e “2018 200 anos dos direitos Humanos – artigo 30” e em coletivas na Pinacoteca de São Paulo, 2017 “Resistir é preciso”, mostra itinerante; Centro Cultural do Banco do Brasil São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, 2017/ 2018. Possui obras em acervos públicos como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS (Porto Alegre) Museu Kanagawa (Japão) Pinacoteca Aldo Locatelli (Porto Alegre) Palácio Dos Bandeirantes, “Galeria Dos Direitos Humanos” (São Paulo) Museu da Organização Pan-Americana de Saúde Pública (Washington) Galeria Sincromoart (Paris). Recebeu premiação em 1989 – 1.º Prix Canson d’art sur papier – Prêmio de Viagem | França.

 

 

Até 27 de janeiro de 2019.

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