Individual de Diógenes Moura

31/jan

O escritor, curador de fotografia e editor Diógenes Moura expõe “Livro de Rua (série fashion-abandono)”, na Galeria Utópica, Vila Madalena, São Paulo, SP. As 34 imagens inéditas que compõem a mostra foram clicadas pelo autor em seu celular, ao longo da pesquisa que vem realizando desde 2010, no bairro paulistano dos Campos Elísios – onde reside há 30 anos. O projeto versa sobre literatura, imagem e esquecimento.

 

Os “pacotes-existência”, como define o autor, estão aos nossos pés como resquícios de humanidades à beira do grande abismo que se tornou o mundo contemporâneo. Em “Livro de Rua (série fashion-abandono)”, uma poética da crueza toma forma de imagem para chamar atenção a uma discussão importante: os inúmeros indivíduos que passam a viver nas ruas da cidade em situação de abandono. “Pode doer, sim. Como doem e não doem os pacotes-existência que aqui estão e que se espalham (cada dia mais um, ou dois, ou três) pelas ruas do bairro, na região central de São Paulo depois de perderem o emprego, a casa, a família, a esperança, o amanhã dilacerado pelo que está por vir. Lá e aqui eles estão no silêncio e nos gritos da loucura coberta por fuligem: a segunda pele da imagem. São como nós. Estão aos nossos pés”, comenta.

 

Sobre a técnica, Diógenes Moura define: “Não são fotografias. São imagens feitas com um celular. Fotografia é abismo. Imagem feita com celular não possui segunda pele. Basta olhar e pronto. A diferença pertence a quem ver. O outro se incorpora ao primeiro plano e nada mais”. Mais que estética, a reflexão: “Fashion-abandono é um subtítulo perverso. Tem a ver com modismo, com a variação dos invólucros que protegem cada um desses personagens. (…) Na mesma cidade onde cachorros passeiam em carrinhos de bebê e são chamados pelos donos de ‘meu filhinho’. Na mesma cidade onde um homem, catador de papelão, é assassinado com uma flechada no pescoço em pleno Século XXI. As imagens de ‘Livro de Rua’ são o que me interessam na cidade onde vivo, entre violência e paixão. Meu por de sol é o Minhocão. Meu contraluz são as lanternas vermelhas dos automóveis no caos do trânsito interrompido. Minha poesia vem da voz da mulher belissimamente desvairada que corre em baixo do viaduto gritando que ‘a saudade é como um dia de Domingo, às 17h30′. Dói nela e dói em mim. Deus tomou Gardenal. Mas nada de tragédias. Aqui estamos e a cidade é um presépio. Tem alma. Pulsa e adormece. E cochicha bem baixinho nos ouvidos de cada um de nós: “Ou você me decifra ou te devoro em trinta segundos”.

 

 

Sobre o artista

 

Escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Nasceu em Recife, Pernambuco. Viveu durante 17 anos em Salvador, onde fez parte da equipe de criação da TV Educativa da Bahia. Vive em São Paulo desde 1989, no mesmo bairro, Campos Elísios. Premiado no Brasil e no exterior, foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1999 e 2013, onde realizou exposições, edições de livros e reflexões sobre o pensamento fotográfico tornando o acervo do museu um dos mais importantes da América Latina. Recebeu três vezes o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo seu trabalho como curador. Com Ficção Interrompida – Uma Caixa de Curtas, ganhou novamente o Prêmio APCA de melhor livro de contos/crônicas, em 2010. Com o mesmo título, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2011. Tem publicados, entre outros, Elásticos Chineses – Poemas Sujos (Casa de Palavras/Fundação Casa de Jorge Amado, 1999), Drão de Roma – Dezembro Caiu (Casa de Palavras/Fundação Casa de Jorge Amado, 2006) e Fulana Despedaçou o Verso (Terra Virgem Editora, 2014). O Livro dos Monólogos – Recuperação para Ouvir Objetos, seu novo livro, será publicado pela Vento Leste Editora em maio de 2018.

 

 

Galeria Utópica

 

Em 2017 a FASS, pioneira na apresentação de fotografias do início do século 20 no mercado brasileiro, comemorou 10 anos de existência e passou a chamar-se Utópica. Pesquisamos e mostramos a fotografia moderna, a ligação entre fotografia e literatura, o fotojornalismo e vários outros assuntos atiçados pela curiosidade e as contribuições de nossos colaboradores e parceiros, aos quais devemos grande parte de nosso prestígio. Sediada em São Paulo, a Utópica representa as obras de 17 fotógrafos. São eles: Wagner Almeida, Rogério Assis, Luiz Carlos Barreto, Aracy Esteve Gomes, Fernando Lemos, German Lorca, Juca Martins, Beth Moon, Carlos Moreira, Monica Piloni, Rogério Reis, Felipe Russo, Guillermo Srodek-Hart, Evandro Teixeira e Valdir Zwetsch, e os acervos dos fotógrafos Annemarie Heinrich e Martín Chambi. Além desses nomes, a Galeria conta em seu acervo com obras de mais cerca de 30 fotógrafos consagrados, como o brasileiro Carlos Bippus (primeira metade do séc. 20), o húngaro Lászlo Moholy-Nagy e o alemão Heinz Hajek-Halke (1898 – 1983).

 

 

De 03 de fevereiro a 03 de março.

Basquiat em São Paulo

29/jan

“Eu sei desenhar, mas não quero”, costumava dizer Jean-Michel Basquiat (1960-1988), conhecido por pinturas que lembram grafites e traços robustos que se assemelham a desenhos infantis. Nos anos 1970, o artista negro começou a ganhar popularidade ao pichar muros em Nova York com a assinatura de “SAMO” (“same old shit”, ou “mesma merda de sempre”) passando depois ao suporte convencional das telas.

 

“Ele queria ser visto, por isso grafitava em lugares que chamassem a atenção”, diz Pieter Tjabbes, que assina a curadoria da primeira retrospectiva do artista no Brasil.

 

A mostra, no CCBB São Paulo, Centro, São Paulo, SP, conta com cerca de 80 obras do artista do acervo do israelense Jose Mugrabi. Considerado o maior colecionador de Basquiat no mundo – embora não revele quantas peças do artista possui, nem o valor pelo qual cedeu as obras ao CCBB – Mugrabi tem ainda em seu acervo peças de Andy Warhol.

 

Segundo o curador da mostra, foi por colecionar trabalhos de Warhol que Mugrabi conheceu Basquiat. Warhol foi um grande colega de Basquiat e calcula-se que tenham produzido cerca de cem telas juntos.

 

No CCBB, estarão expostas três telas da dupla. “Eles tinham uma relação muito intensa”, explica o curador, frisando que, no entanto, o cunho não era sexual. Além de telas, há na exposição desenhos e objetos – caso da porta de um apartamento em que o artista morou com uma namorada e traz escritos como “famous negro athlets” (famosos atletas negros), um aceno crítico de Basquiat ao fato de que, na época, negros só atingiam a fama se fossem jogadores de basquete ou cantores de jazz.

 

Fora de museus

 

Calcula-se que mais de 80% dos trabalhos de Basquiat estejam na mão de colecionadores, e não de museus. Ao morrer precocemente – Basquiat teve overdose de ecstasy e cocaína aos 27 anos – ele tinha produzido, em sete anos, cerca de 2.000 peças. Os preços das obras do artista subiram exponencialmente após a sua morte, e os museus não conseguiram acompanhar suas vendas.

 

Além disso, instituições não costumavam comprar obras de iniciantes. “Hoje os museus não têm fundos para comprar mais as obras de Basquiat”, diz o curador. Por exemplo, em 2017, uma obra do neoexpressionista bateu recorde em vendas de artistas americanos em leilão ao ser arrematada por US$ 110 milhões em Nova York.

 

Marcus Bastos, professor do departamento de artes plásticas da USP, acredita que a crise econômica dos anos 1970 tenha ajudado na ascensão de Basquiat. Para Bastos, a crise possibilitou que artistas vivessem em Manhattan, e não na periferia de Nova York, então “uma cidade com clima underground”. Quando a situação econômica melhorou, nos anos 1980, eles estavam bem posicionados e “estouraram”.

Fonte: Touch of class

 

 

Até 07 de abril.

 

ArtRio 2018

Estão abertas as inscrições para a oitava edição da ArtRio, que acontecerá de 26 a 30 de setembro, na Marina da Glória. Todas as informações estão disponíveis no portal www.artrio.art.br/applications, assim como os formulários de inscrição.

 

Os formulários de inscrição serão avaliados pelo Comitê de Seleção da ArtRio, que analisa diversos pontos como relevância em seu mercado de atuação, artistas que representa – com exclusividade ou não -, número de exposições realizadas ao ano e participação em eventos e/ou feiras.

 

O Comitê 2018 é formado pelos galeristas Alexandre Gabriel (Fortes D’Aloia & Gabriel/ SP e RJ); Anita Schwartz (Anita Schwartz Galeria de Arte / RJ); Elsa Ravazzolo (A Gentil Carioca / RJ); Eduardo Brandão (Galeria Vermelho / SP) e Max Perlingeiro (Pinakotheke / RJ, SP e FOR).

 

As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de fevereiro. Para outras informações pode ser enviado e-mail para application@artrio.art.br.

 

 

Programas

 

  • PANORAMA

Participam galerias nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de arte moderna e contemporânea.

 

  • VISTA

Programa dedicado às galerias jovens, com projeto de curadoria experimental. Com foco em arte contemporânea emergente, as galerias desenvolvem projetos artísticos inovadores especialmente para feira.

 

 

Programas com curadoria

 

A seleção de galerias e obras para os programas curados da ArtRio será definida pelos respectivos curadores nos próximos meses.

 

  • SOLO

O programa, existente desde a primeira edição da ArtRio, em 2011, traz a cada ano uma temática diferente. O curador selecionará um artista por galeria, de acordo com sua temática curatorial.

 

  • MIRA

Projeto dedicado a vídeo arte, apresentando projeções em um espaço outdoor.

 

  • PALAVRA

O programa traz a importância da palavra – escrita e falada – nos diferentes processos de criação da arte.

 

 

ArtRio 2018

 

Reconhecida como uma das mais importantes feiras internacionais de arte, a ArtRio se destaca pelos bons resultados alcançados pelos galeristas que participam no evento. Além de receber importantes colecionadores e curadores brasileiros e internacionais, a feira desenvolve um importante trabalho de estimular o crescimento de um novo público através do acesso à cultura. O evento faz parte do calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro.

 

Além da presença dos nomes de forte relevância já estabelecidos no segmento, a ArtRio possui como foco também apresentar novas galerias e jovens artistas, grandes apostas para o mercado de arte, trazendo frescor e inovação à feira.

 

A ArtRio é apresentada pelo Bradesco, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

 

Exposição coletiva na Cavalo

No dia 01 de fevereiro inaugura “Jardim das delícia com juízo final” [sic] na Cavalo, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, exibição coletiva com curadoria do artista Pedro Caetano.  A primeira exposição de 2018 na galeria carioca conta com trabalhos de 18 artistas de diversas gerações, além de reproduzir o disco homônimo de Nelson Cavaquinho e exibir o documentário de Leon Hirszman sobre o cantor.

 

O título da exposição, que faz referência a duas obras do pintor medieval Hieronymus Bosch sobre o inferno e o paraíso, reflete também “a visão estereotipada de um paulista sobre a cidade do Rio de Janeiro e suas linguagens – por isso a falta do plural no “delícia(s)” do nome da mostra” conta o curador Pedro Caetano. Para ilustrar simbolicamente a imagem de cidade romântica e trágica, o artista/curador escolhe trabalhos menos explícitos de mentores como Jac Leirner, Paulo Monteiro, Leda Catunda e Marcelo Cipis, assim como os artistas de gerações seguintes como Erika Verzutti, Tiago Carneiro da Cunha, Adriano Costa e Marina Perez Simão.

 

Pedro Caetano encontra no álbum “Nelson Cavaquinho” de 1973 e no curta metragem de mesmo nome lançado por Leon Hirszman em 1969 a ligação entre o Rio de Janeiro histórico, o Rio estereotipado e o Rio atual. Para a mostra na Cavalo, decidiu criar cenários antagônicos nas duas salas expositivas da galeria. A serenidade das obras na sala de entrada se contrapõe à montagem conturbada da seguinte.

 

Na sua pesquisa como artista, Pedro Caetano confronta humoradamente a linguagem da cultura de massa com as concepções comuns de “bom-gosto”. Encontra-se com frequência em sua obra referências ao hedonismo, tanto em suas esculturas com bustos de manequins ou cinzeiros quanto em suas pinturas de picolés e de personagens lisérgicos. A obra de Pedro Caetano costuma ter um caráter ambíguo, preocupado em mostrar os lados prazerosos e melancólicos da vida. Acostumado a exercer várias funções, geralmente se apresenta também como curador e ex-galerista, pelo seu tempo na galeria Polinésia, inaugurada em 2007. Durante os três anos em que esteve aberta, Pedro exibiu no espaço em São Paulo uma cena intensa de artistas de sua geração.

 

“Jardim das delícia com juízo final” conta também com trabalhos de Marcius Galan, Alberto Simon, Alexandre da Cunha, Tiago Tebet, do venezuelano Ricardo Alcaide, do português Tiago Mestre, uma parceria entre Laura Lima e Jarbas Lopes além de uma obra do próprio Pedro. Em suas palavras, é uma exposição que presta homenagem à cidade, “essa que fica entre as duas pinturas do Bosch, entre a beleza e a violência, o Rio da Anitta e um outro Rio, o do Nelson, do Cartola, do Noel Rosa e etc.”

 

 

Até 21 de abril.

 

Coletiva na Luciana Caravello

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 29 de janeiro, exposição coletiva com obras de seu acervo. Serão apresentas seis obras, dentre pinturas, esculturas e objetos dos artistas Daniel Lannes, Fernando Lindote, Gisele Camargo, Igor Vidor, Ivan Grilo e Lucas Simões.

 

De Daniel Lannes, será apresentada a pintura “Totem &Tabu”, de 2017, em óleo sobre linho. Fernando Lindote também apresentará uma pintura em óleo sobre tela de 2017. De Gisele Camargo será apresentada a obra “brutos” Cipó, de 2017, em acrílica e óleo sobre algodão esticado em madeira. Igor Vidor estará com a obra “Esquemas #1”, de 2017, composta por madeira e cartucho de bala. A obra “Não é um muro. É um abismo”, de Ivan Grilo, feita em bronze, em 2017, também integra a coletiva. A obra “White Lies 16”, de Lucas Simões, feita em papel, concreto e metal, também fará parte da exposição.

 

      

Sobre a galeria

 

O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

 

 

Até 24 de fevereiro.

Individual de Daniel Feingold

Foi prorrogada até o dia 16 de fevereiro a exposição do artista plástico Daniel Feingold, na Cassia Bomeny Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A mostra traz 24 obras inéditas, produzidas este ano pelo artista, que tem 30 anos de trajetória. Para fazer suas pinturas, Feingold não utiliza o tradicional pincel. Em uma técnica desenvolvida por ele, a pintura é feita entornando as tintas sobre a tela. Ele a coloca na vertical e, através de latas que ele mesmo retorce, criando bicos de diversos tamanhos, derrama a tinta, que escorre verticalmente por toda a tela, formando linhas retas. Ao secar, o artista vira o quadro e repete o procedimento, resultando em diversas linhas coloridas, com espessuras variadas, que se cruzam, se sobrepõem e se entrelaçam. A exposição apresenta oito pinturas em esmalte sintético sobre tela desta série, que apresentam sua pesquisa sobre trama e estrutura, e dezesseis pinturas em bastão oleoso sobre papel, onde a estrutura desconstruída dá lugar a um novo espaço de investigação, numa potente expansão de sua pesquisa construtiva. 

Semana temática

Durante esta semana, o Wesley Duke Lee Art Institute, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, mostrará como foi o período vivido por Wesley no Japão. Em 1965, ele é convidado por Pietro Maria Bardi como principal representante do Brasil na 8ª Bienal de Tóquio e não só participa como também recebe o primeiro prêmio dedicado à pintura.  Devido ao sucesso na Bienal, passa mais cinco meses no país, expondo na Tokyo Gallery (a galeria de arte mais importante do Japão) e estudando caligrafia e Sumi-ê. O Japão se tornou uma grande inspiração para o Wesley em toda sua carreira, sendo parte importantíssima de sua trajetória.

Em Bolzano

 

O pintor Alessandro del Pero divide seu tempo entre os Estados Unidos – vive em Nova Iorque onde mantém atelier – e a Itália. O artista já teve passagem de impacto e sucesso pelo Brasil com exposição individual de pinturas em grandes formatos no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, MARGS, Porto Alegre, RS. Agora ele expõe “Ogni giorno”, série de novos trabalhos na Galerie Prisma, em Bolzano, Itália, com apresentação de Denis Isaia.

 

 

 Palavra de Denis Isaia

 

“…Se há uma questão que diz respeito a Alessandro del Pero é a representação do sujeito. E como todos os artistas que têm lidado com as habilidades projetivas também Alessandro não renuncia em suas pinturas a declarações de princípio. Isto tem uma correspondência flagrante tanto sobre os retratos temas e na disposição das formas que os determinam….Desde o início a escolha de Alessandro del Pero recai sobre a representação do self. Como para a prática do retrato, ainda vida e naturalmente o Self-retrato convergem em um limiar do espelho cuja função seja questionável e emblemática. Isto informa o quadro de forma assertiva e constitutiva que aumenta o peso específico do espectador. As imagens são propostas na força de uma determinada e inescapável e ainda incompleta fixação. De modo que está ausente o elemento conclusivo, desse modo a epifania ou sublimação dá lugar a uma agitação manifesta, mas não fatal, que desempenha o papel de instabilidade e incompletude como uma condição genética. O campo em que as imagens são apresentadas é sempre um ambiente privado (um espaço psicológico em fertilização) iluminado por uma fonte escondida da vista. Interior e interioridade coincidem…”

 

 

Até 09 de fevereiro.

Rugendas, imagens do Brasil

24/jan

A CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Rugendas, um cronista viajante”, que exibe 50 obras do pintor, desenhista, ilustrador, aquarelista e litógrafo alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858). A curadoria é de Angela Ancora da Luz e o projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e o Governo Federal.

 

Rugendas foi um dos mais conhecidos artistas viajantes e, ao lado do francês Jean Baptiste Debret, foi responsável pela divulgação das primeiras imagens do Brasil no exterior. Em sua trajetória, retratou o país durante os anos 1820 com toda a exuberância da natureza e os costumes da população. Era como se Rugendas fosse, dois séculos atrás, um fotógrafo antes da invenção da fotografia.

 

A exposição apresenta um panorama de sua obra com desenhos, aquarelas, litografias e pinturas, divididos em três núcleos: Olhar a terra, com paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas; Olhar o homem, na qual apresenta cenas da vida cotidiana da população brasileira; e Plantas da terra, que traz estudos da fauna e flora brasileira. Entre as obras reunidas estão presentes 36 originais do famoso álbum Viagem pitoresca através do Brasil (Voyage Pittoresque dans le Brésil), considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século 19.

 

Segundo a curadora Angela Ancora da Luz, a importância de se revisitar as obras de Rugendas se dá pela oportunidade de um encontro com o documentarista, que é um dos principais ilustradores do Novo Mundo. “Ele que, possivelmente foi impactado pela natureza exuberante e pela luminosidade de lenta acomodação aos olhos de um europeu, quando participou da Expedição Langsdorff, retorna a partir de suas obras. A exposição objetiva apresentá-las com o olhar de hoje, comprovando que a arte se recria a cada novo olhar, e que nesta dinâmica ela terá sempre propostas e observações atuais a nos acrescentar, como as que serão apresentadas”, comenta Angela.

 

 

Sobre o artista

 

Rugendas chegou ao Brasil em 1821 como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil km pelo interior do país com objetivo de constituir um inventário completo do Brasil. Capitaneada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff, médico alemão naturalizado russo, e patrocinada pelo Czar Alexandre I, por D. Pedro I e José Bonifácio, a caravana visava estreitar as relações comerciais com a Rússia.

 

O artista abandonou a expedição em 1824, mas continuou sozinho o registro de tipos, costumes, paisagens, fauna e flora brasileiros. Retornou à Europa no ano seguinte para dedicar-se a produção do luxuoso álbum Voyage Pittoresque dans le Brésil, editado em Paris, 1835, em francês e alemão. A publicação continha 100 obras acompanhadas por textos explicativos.

 

Rugendas ainda retornou Brasil em 1845 e, no Rio de Janeiro, participou das Exposições Gerais de Belas Artes, realizadas pela Academia Imperial de Belas Artes, tornando-se o artista preferido da família Imperial e realizando retratos de seus integrantes.

 

De 28 de janeiro a 11 de março.

“SÃO PAULO | VON POSER”

22/jan

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura seu calendário expositivo de 2018 com “SÃO PAULO | VON POSER”, do artista plástico paulistano Paulo von Poser e curadoria de Ian Duarte Lucas. Planejada para as comemorações dos 464 anos de São Paulo, a individual contempla nove séries inéditas, perfazendo um total de vinte e seis peças – em técnicas distintas de desenho, acrílica sobre tela, instalação e objetos -, que desvendam a relação do artista com a cidade onde nasceu, onde vive e trabalha, e que representa sua maior inspiração ao longo de seus 35 anos de carreira.

 

“Minha rua em São Paulo é um estranho assombro, sem casas nem vizinhos da frente, nem asfalto tem – a rua é de terra mesmo! Moro e trabalho literalmente no mato, no mais absoluto silêncio da natureza na periferia sul da cidade. Neste desenho me surpreendi com a presença de pessoas e o movimento desta rua deserta de onde saio todos os dias em busca da arte e da vida urbana”. A citação de Paulo von Poser se refere a “minha rua” (desenho em carvão e acrílica sobre tela), trabalho realizado na Riviera Paulista, às margens da Represa de Guarapiranga. “Ao conduzir o expectador por uma São Paulo muito pessoal, o artista aborda um conceito que permeia toda a sua pesquisa: a deriva, procedimento psicogeográfico proposto pelo escritor Guy Debord, representante do movimento situacionista, que tem como objetivo estudar os efeitos domeiourbanonos estadospsíquico e emocional das pessoas. Ao registrar seus percursos, o artista se deixa conduzir pelo próprio ambiente urbano para produzir seus trabalhos, outro ponto de contato com os situacionistas, que propunham a abolição da noção de arte enquanto atividade especializada – sua superação viria pela transformação ininterrupta do meio urbano”, comenta Ian Duarte Lucas, curador da mostra.  

  

Em “vistas privadas” (desenho sobre papel, técnica mista), paisagens urbanas, como o bairro do Glicério, o Parque Dom Pedro e a Igreja da Boa Morte, são recriadas com os traços de Paulo von Poser. Na obra intitulada “vistas públicas”, são apresentadas cenas da cidade elaboradas com grafite e guache sobre papel. “A exposição toma ainda uma dimensão urbana literal, na medida que propõe atividades pela cidade ao longo de seus dois meses de duração. A obra “tempo livre” percorrerá espaços importantes de São Paulo para o artista, e será completada em aulas de desenho abertas ao público, simbolizando esta cidade que se constrói a cada dia em suas incontáveis histórias”, conclui o curador.

 

 

 

De 23 de janeiro a 31 de março.