Mira Schendel em NY

06/set

“Sarrafos and Black and White Works”, exposição de Mira Schendel na Hauser & Wirth New York, 69th Street, 32 East 69th Street. Mira Schendel “Sarrafos e trabalhos em preto e branco”. Com abertura no dia 07 de setembro, é a primeira exposição focada nas últimas duas séries na carreira de uma figura seminal da arte moderna latino-americana. Organizado com Olivier Renaud-Clément, esta exposição examina as séries de Sarrafos (1987) e Brancos e Pretos de Mira Schendel (1985 – 1987) através de obras que tentam conciliar as práticas de pintura e escultura.

 

Nascida em Zurique, Suíça, em 1919, Mira Schendel foi criada em Milão, Itália, onde realizou estudos em Arte e Filosofia. A partir de 1941, ela foi obrigada a mudar-se entre a Bulgária, a Áustria e a Iugoslávia para evitar a perseguição, finalmente se instalando em São Paulo, Brasil, em 1953. Embora ela estivesse inicialmente envolvida com os movimentos concretos e neo-concretos que surgiram na década de 1950, Schendel rapidamente estabeleceu sua independência, desenvolvendo uma linguagem visual distinta influenciada por seu envolvimento com um círculo de poetas, físicos, filósofos e outros artistas visuais. Enquanto esses pares buscaram uma resposta exclusivamente brasileira ao modernismo europeu, Schendel traçou um curso autônomo, formando sua própria abordagem de abstração e inspirando influências que vão desde a física quântica até a fenomenologia, do Budismo Zen às experiências de deslocamento.

 

A combinação singular de etérea e tangibilidade que caracteriza a arte de Schendel encontra seu clímax na série “Sarrafos e Brancos e Pretos” em exibição na Hauser & Wirth, 69th Street. Os “Sarrafos” são painéis de tempera brancos, cada um cruzado de maneira discreta por uma única barra preta angulada que entra no espaço físico do visualizador, exigindo ser experimentado ao invés de ser visto. Paralelo às vigas transversais fragmentadas, essas barras pretas atuam como gestos de individuação, interrompendo as superfícies monocromáticas das quais se projetam.

 

A série “Sarrafos” compreende um total de doze trabalhos, seis dos quais estão incluídos nesta exposição. Schendel observou que eles foram sua primeira tentativa bem sucedida de “agressividade”, que atribuiu ao impacto do clima sociopolítico em que foram feitos. O Brasil estava então em estado de agitação, com uma recessão econômica e os protestos contra a Ditadura Militar aumentando. Referindo-se à estréia da série em 1987, Schendel explicou: “(Sarrafos) surgiu do momento de falta de determinação e desordem que o Brasil viveu em março deste ano, quando aparentemente estávamos vivendo em um Weimar tropical … E esses trabalhos constituem uma reação à situação de paralisação do momento.

 

Desenvolvido de 1985 a 1987, a série “Brancos e Pretos” de Schendel acaba de preceder a sua “Sarrafos”, na sua ênfase no movimento e no espaço, essas pinturas de tempera e gesso aparecem a uma distância de painéis planos pontuados por arcos e linhas pintadas; mas uma inspeção mais próxima revela pequenas variações de textura que somam sombras e formam sutis relevos escultóricos.

 

A exposição continua com os desenhos relacionados de Schendel e trabalha em papel da década de 1960 até a década de 1980. Entre eles, está “Untitled (série Sarrafinhos)”, um trabalho delicado de quatro partes em papel da década de 1960, com composições que antecipam as rígidas projeções de madeira dos Sarrafos. Também estão à vista os precursores de Brancos e Pretos, uma série sem título de obras em torno de 1986 sobre o papel de arroz japonês – um material que se tornou uma característica da obra de Schendel, dada pela primeira vez pelo crítico de arte e físico brasileiro, Mário Schenberg. Para esses trabalhos, Schendel organizou e coloriu folhas de papel de arroz translúcido para criar planos distintos e monocromáticos, cruzados por marcas negras únicas de lápis de cera.

 

As séries “Aquarelas, Aguadas e Toquinhos” de Schendel iluminam seu fascinante fascínio pelos materiais e suas aplicações técnicas. Em seus tratamentos de tinta e tinta, que vão desde marcas densas e escuras a planos liquefeitos de cor neutra, entre opacidade e transparência, primeiro plano e fundo, desenvolvendo uma gama expressiva que atuaria como forragem criativa nas próximas décadas.

 

“Mira Schendel. Sarrafos e Black and White Works” é organizado com a colaboração da Bergamin & Gomide, São Paulo, e o apoio de colecionadores.

 

 

Até 21 de outubro.

Individual de Amelia Toledo

Um dos principais nomes da arte brasileira dos anos 1960, Amelia Toledo, 91 anos, ganhará exposição na Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 11 de setembro. Na mostra, serão apresentadas obras da série “Horizontes”, produzidas nas duas últimas décadas, sendo três esculturas e quatro pinturas. Em setembro, a artista também participará da exposição “Radical Women: Latin American Art, 1960 – 1985”, no Hammer Museum, em Los Angeles, que seguirá para o Brooklyn Museum, em Nova York, no próximo ano.

 

Serão apresentadas na Galeria Marcelo Guarnieri, obras da série “Horizontes”, iniciada nos anos 1990, com pinturas e de onde descendem esculturas. A série é resultado da investigação da artista sobre a paisagem, tanto do espaço pictórico, quanto do espaço físico. A linha do horizonte tem uma presença marcante na tradição da pintura ocidental figurativa, servindo como ponto de referência na construção da imagem e da relação que nosso corpo estabelece com ela. “Fatia de Horizonte”, escultura formada por uma chapa de aço inox em formato retangular, sendo ¼ dela polido e os outros ¾ oxidados, é uma peça que parece embaralhar categorias da dimensão espacial no momento em que produz uma espécie de elevação da linha do horizonte. A faixa espelhada da peça vertical alcança uma altura que a permite refletir aquilo que está acima de nossas cabeças, levando-nos a reorganizar nosso senso de direção no espaço. Podemos também circular por um conjunto de “Fatias de Horizonte” e nos perder entre elas: a experiência imersiva é uma frequente na produção de Amelia Toledo.

 

As pinturas são compostas por duas faixas de cores que ocupam, cada, uma metade da tela. O formato paisagem de alguns quadros – esse que tem a forma retangular onde a altura é menor que o comprimento – nos leva a associar os dois campos de cor às faixas do céu e da terra de uma pintura figurativa. O que vemos nas telas de Amelia Toledo, contudo, é uma investigação sobre a própria pintura, pelo uso e extroversão de seus padrões esquemáticos que se dá pela cor. O tensionamento entre tons de cores tão próximas dividindo o mesmo retângulo produz um tipo de vibração que, embora cause um efeito mais imediato à visão, mobiliza também, a um olhar mais demorado, outros sentidos.

 

 

Sobre a artista

 

Amelia Toledo nasceu em São Paulo, SP, em 1926. Vive e trabalha em São Paulo. Sua produção é marcada pelo uso de materiais distintos como bolhas de espuma, líquidos coloridos, pedras, conchas, chapas de alumínio ou acrílico e evidenciam um interesse profundo pelas questões da matéria, seja ela orgânica ou industrial. Transitando constantemente entre o controle formal e a intuição, Toledo investiga as relações que construímos com o espaço a partir da nossa sensibilidade às cores, substâncias, volumes, texturas e dimensões. Há nisso uma reflexão filosófica sobre os aspectos da linguagem, e que passa também por uma curiosidade científica sobre as estruturas não só do pensamento e dos sentidos, como também da própria natureza. Seu envolvimento com a ciência vem desde muito pequena, quando aprendeu, ainda criança, a manipular microscópios com seu pai que era cientista. Amelia Toledo, no entanto, gosta sempre de lembrar: “Se meu trabalho tem algo com a ciência, é com uma ciência ligada à intuição e a outros enfoques que não o racionalista”.

 

 

Até 18 de outubro.

Adriana Varejão na Gagosian/LA

“O barroco sempre conecta dois extremos, como a luz e a sombra, em um corpo, uma pintura. História fora contra um corpo selvagem dentro, cultivado e não cultivado, cozido e não cozido, ganância e expressionismo, racionalismo e irracionalismo, frio e quente.”

 

 

Adriana Varejão

 

A Gagosian, Los Angeles, apresenta “Interiores”, exposição individual de Adriana Varejão, uma das artistas contemporâneos mais renomadas do Brasil. Um projeto colateral do Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, esta é a primeira exposição da West Coast de Adriana Varejão e inclui importantes empréstimos do Brasil e da Europa em uma pesquisa selecionada dos últimos vinte anos.

 

Empreendendo o pluralismo cheio da identidade brasileira e as diversas implicações do intercâmbio social, cultural e estético, as formas artísticas sem precedentes de Varejão – que englobam pintura, escultura e instalação de vídeo – alcançam o tempo e o lugar, expondo a natureza multivalente da história, da memória, e representação cultural.

 

Em “Interiores”, o drama espacial do barroco assume muitas formas: do disfarce das geometrias legais do Minimalismo; à incerteza que interrompe a lógica perfeita da superfície pintada; às ruínas da arquitetura euclidiana, grossas de carne, sangue e gordura. Nas pinturas da sauna, Varejão inventa câmaras revestidas em grades monocromáticas intricadas e pintadas, lembrando as grades perspectivas subjacentes às obras-primas renascentistas, bem como as geometrias do reino digital moderno. Em O iluminado (The Shining) (2009), o amarelo vibra em todo o espectro de cores, sua energia brilhante é sublinhada por variações de tonalidade aparentemente infinitas. Os espaços abstraídos retratados nessas pinturas são ao mesmo tempo familiares e estranhos, recordando casas de banho, piscinas, matadouros e hospitais – lugares de rotina e lazer, vida e morte. Feixes de luz de uma fonte indetectável; sem saídas visíveis, os ambientes aparecem como labirintos psicologicamente carregados, limiares sedutores para o olhar do espectador. Na pintura singular intimamente dimensionada, The Guest (2004), pools de sangue em azulejos brancos, um traço forense do corpo e sua vulnerabilidade.

 

Parede com incisões á la Fontana (2000) mostra uma parede de azulejos azul claro, cortada verticalmente, como as telas de Lucio Fontana. No entanto, em vez de revelar vazios, a tela de Varejão sangra com seus cortes profundos, criando uma equivalência com o corpo humano, recorrendo à tradição barroca de pintar carne lívida. Para Varejão, a carne é uma ferramenta simbólica, infundindo o comum com um erotismo inerente para agitar a atração e a repulsão. Senta-se embaixo e entre as superfícies de azulejos de suas ruínas de charque, esculturas de paredes e pisos cujos títulos se referem a locais reais em Portugal, Brasil e Itália. Em Rome Meat Ruin (2016), seções de azulejos amarelo pálido, azul e branco se encontram ao longo de um fragmento de canto reto e alto, apenas para entrar em eretas em massas de vísceras vermelhas profundas. E em Açougue Song (2000), os pedaços de carne estão amarrados na tela, inteiramente revestidos com um efeito monocromático branco crepitante inspirado nas morfologias da cerâmica cintilante da dinastia Song.

 

Estas fraturas de superfície tornam-se mais profundas, chegando à geologia, nas pinturas de Azulejão (“big tile”) de Varejão, feitas pela aplicação de uma espessa camada de gesso viscoso em tela e permitindo secar naturalmente durante um longo período de tempo. Em curso desde a primeira iteração em 1988, as pinturas baseiam-se na tradicional praça, azulejos vitrificados (azulejos) que foram a forma de decoração mais utilizada na arte nacional portuguesa desde a Idade Média. Absorvendo influências de artesãos mouros, pintura renascentista italiana, porcelana chinesa e decoração holandesa, o azulejo é uma metáfora para a mistura de culturas, seja pela força ou pelo desejo. Anteriormente, Varejão organizou suas pinturas em vastas grades, ecoando o uso tradicional do azulejo na arquitetura, mas com interrupções visíveis nos esquemas narrativos; ou criou grandes obras individuais cujas imagens – seja um padrão geométrico, um florescimento sinuoso ou um motivo figurativo – se movam para a abstração. Os monocromos mais recentes – cada uma variação de porcelana “branca” – com suas superfícies abertas, são tão sísmicas quanto sublimes.

 

Durante o Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, Transbarroco, a única instalação de vídeo multi-canal de Varejão até à data, também estará em exibição pela primeira vez nos EUA, após apresentações recentes no Brasil, Portugal e Itália. Este trabalho convincente, filmado no local no Brasil, capta em varrendo, leva detalhes específicos dos notáveis ​​interiores de igrejas barrocas que relacionam a história de intercâmbio cultural e assimilação, sublinhado por um intercalamento de colagem de som ambiente com recitações de escritos-chave sobre a identidade brasileira.

 

 

Até 25 de outubro.

Maiolino em LA

Esta primeira retrospectiva sobre o trabalho da artista brasileira Anna Maria Maiolino nos EUA, reúne em cinco décadas, pinturas, desenhos, vídeos, performances, esculturas e instalações em larga escala para traçar o caminho de uma artista extraordinária.

 

O MOCA – Museum of Contemporary Art, Los Angeles, apresenta a primeira grande exposição de pesquisa de Anna Maria Maiolino, uma das mais influentes artistas brasileiras de sua geração. Anna Maria Maiolino nasceu na Itália – em 1942 – e emigrou com sua família, na adolescência, para a Venezuela. Em 1960, mudou-se para o Brasil para participar da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, onde começou a desenvolver um corpo de trabalho em diálogo com abstração, minimalismo e a arte conceitual. Seu trabalho foi profundamente influenciado pelo rescaldo da Segunda Guerra Mundial, a Ditadura Militar no Brasil e sua experiência como artista durante o período em que o que poderia ser chamado de arte mudou drasticamente. A exposição abrange toda a carreira da artista, desde a década de 1960 até o presente, reunindo impressões, desenhos, filmes, performances e instalações experimentais, incluindo suas recentes instalações efêmeras em grande escala, feitas com argila não cozida e laminada à mão. O trabalho de Anna Maria Maiolino é exclusivamente capaz de traçar o curso dos movimentos que definem a História da Arte Brasileira, canalizados através de uma prática pessoal, psicologicamente carregada que traça seu próprio caminho introspectivo, tanto quanto abre sobre grandes questões filosóficas de repetição e diferença, o transitório e os problemas permanentes e estéticos como o sólido e o vazio e a relação íntima entre o Desenho e a Escultura.

 

 

 

Até 27 de novembro.

Na Roberto Alban, 13 em Salvador

O trabalho de 13 artistas de diversas regiões do Brasil, alguns dos quais vivendo no exterior, encontra-se em exposição em “Fragmentos de um Discurso Pictórico”, em exposição até 30 de setembro na capital baiana.

 

Um recorte sobre a pintura brasileira, com a participação de artistas de diversas gerações e estilos e que vivem dentro e fora do Brasil, é um dos diferenciais da exposição coletiva, “Fragmentos de um Discurso Pictórico”, que a Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, até 30 de setembro. O curador da mostra, Mario Gioia, atua desde 2009 em crítica de arte no circuito brasileiro e latino-americano, com artigos em publicações especializadas e curadorias.

 

“A exposição parte mais das leituras que cada obra pode proporcionar. Não pretende ser um panorama que esgote discussões sobre determinadas características da linguagem, mas que funcione como um encontro entre produções de artistas que não comumente estejam relacionadas”, afirma Mario Gioia, destacando que entre os artistas estão alguns mais experientes como Fábio Miguez, Ricardo van Steen e Sérgio Sister, ativos desde os anos 1980 – conhecida como “a década da pintura”- até talentos emergentes, como a paulista Giulia Bianchi (nascida em 1990), a carioca Cela Luz (de 1986) e o gaúcho João GG (também de 1986). Há a presença destacada de novos artistas representados pela Roberto Alban como Antonio Lee, David Magila e Felipe Góes, todos apresentados pela primeira vez no espaço expositivo da capital baiana.

 

“Anualmente a galeria convida curadores externos para trazerem a Bahia um novo olhar sobre a arte contemporânea. Acredito que a curadoria do Gioia é um bom momento de conhecer sobre a ótima produção da pintura brasileira, através do seu recorte”, observa Cristina Alban.

 

Com a maioria das telas sendo exibidas pela primeira vez, Mario Gioia considera que há uma ótima oportunidade e não fácil de ser repetida em ver reunidos, numa só mostra, trabalhos dessa qualidade e de nomes celebrados tanto no campo institucional como no mercado. “Existe um claro interesse de colecionadores nesta linguagem e, com isso, pinturas que admiramos podem ficar anos a fio em acervos particulares”, declara o curador, enfatizando a presença da baiana Lara Viana dentro do recorte. “Acompanho de perto a obra dela faz ao menos dois anos, quando suas telas de pequenas proporções eram um dos atrativos da Roberto Alban na ArtRio”, diz ele. “Sua habilidade em criar atmosferas muito particulares, por meio de uma inspirada construção de figuração e abstração, além de um marcado domínio de cores, são um dos destaques da coletiva.”

 

Lara Viana se divide entre Salvador e Londres, onde estudou mestrado no prestigiado Royal College of Art. Entre as exposições recentes que participou, podem ser citadas “Málverkasýning”, coletiva em Rejkjavik, Islândia, que contou também com obras de incensados artistas internacionais, como Andreas Eriksson e Melanie Smith.

 

Os artistas que compõem a exposição “Fragmentos…” são: Ana Elisa Egreja, Antonio Lee, Cela Luz, David Magila, Eloá Carvalho, Fabio Flaks, Fábio Miguez, Felipe Góes, Giulia Bianchi, João GG, Lara Viana, Ricardo van Steen e Sérgio Sister. “As obras escolhidas sempre têm características pictóricas, mesmo que sejam apresentados em outros suportes, como o tridimensional de João GG, que pode ser lido como uma pintura expandida, e os objetos de Sérgio Sister, como a “Caixa e o Tijolinho”, estas peças que têm como principal atributo o uso da cor”, afirma Gioia.

 

A Roberto Alban Galeria também promoveu uma conversa com os artistas Fábio Miguez e Sérgio Sister, com a mediação do curador, no dia seguinte à abertura.

 

 

 

Sobre o curador

 

Mario Gioia, nasceu em São Paulo, SP, em 1974. Curador independente é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e faz parte do grupo de críticos do Paço das Artes desde 201, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de “Luz Vermelha” (2015), de Fabio Flaks, “Black Market” (2012), de Paulo Almeida, e “A Riscar” (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de “Ter lugar para ser”, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre Arquitetura e Artes visuais. Já fez a curadoria de exposições em cidades como Brasília (“Decifrações”, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (“Ao Sul, Paisagens”, Bolsa de Arte se Porto Alegre, 2013) e Rio de Janeiro (“Arcádia”, CGaleria, 2016). É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de Artes visuais e Arquitetura da Folha de São Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto “Zip’Up”, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos de curadoria. Na feira de arte ArtLima 2017, assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada “Sul-Sur”.

 

 

 

Sobre os artistas

 

 

Ana Elisa Egreja, São Paulo, 1983. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Formou-se no ano de 2005 em Artes Plásticas pela FAAP. Participou em 2008 da 11ª Bienal de Santos (São Paulo, Brasil) e no mesmo ano recebe o prêmio 15º Salão da Bahia, no MAM Bahia (Salvador, Brasil). Entre as recentes exposições individuais estão Jacarezinho 92, na Galeria Leme (São Paulo, Brasil, 2017); Da Banalidade: vol.1, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil, 2016); Galeria Leme (São Paulo, Brasil, 2013); Temporada de Projetos, no Paço das Artes (São Paulo, Brasil, 2010). Participou de diversas exposições coletivas como: A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela, com curadoria de Bruno Miguel, na Caixa Cultural (Rio de Janeiro, Brasil, 2017); Vértice – Construções, exposição itinerante com curadoria de Polyanna Morgana, no Centro Cultural dos Correios (São Paulo, Brasil, 2016). Em 2012, participou da Seven Artists from São Paulo, no CAB Contemporary Art (Bruxelas, Bélgica) e Nova Pintura, no Centro de Exposições Torre Santander (São Paulo, Brasil). No ano de 2011, Os primeiros dez anos, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil) e Convivendo com arte: Pintura além dos pincéis, no Centro de Exposições Torre Santander (São Paulo, Brasil); Seus trabalhos receberam prêmio aquisição no 32º Salão de Arte de Ribeirão Preto (MARP, Brasil, 2007) e Prêmio incentivo Energias na arte, do Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil, 2009). Participa de coleções como: Coleção Santander, Brasil. Franks-Suss Colletion, Londres, Inglaterra. MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil. MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil. Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil.

 

Antonio Lee, São Paulo, 1981. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Formou-se em Artes Plásticas pela FAAP. Trabalha principalmente com pintura, onde mistura as diferentes linguagens e estilos da arte moderna e contemporânea. Participou de exposições institucionais como o Salão de Arte Contemporânea na Pinacoteca de Piracicaba e em 2012 e 2013 na Anual de Artes da FAAP, onde foi premiado em 2012 com a Bolsa de Arte da faculdade. Realizou sua primeira exposição Memória Dinâmica na Galeria Luciana Caravello, no Rio de Janeiro, em 2013. Em 2015, na Galeria Zipper mostrou na exposição Velocity vs Viscoscity, seu primeiro conjunto de obras abstratas, que foram destaque em reportagem do canal Arte 1. Em 2016, realizou Pareidolia, sua primeira mostra internacional na Galeria Emma Thomas em Nova Iorque.

 

Cela Luz, Rio de Janeiro, 1986. Vive e trabalha em New York. Cela Luz concluiu mestrado em Fine Arts com foco em pintura, pela School of Visual Arts, New York, em 2017. Entre suas principais exposições, está uma individual na Casa de Cultura Laura Alvim em 2015, e duas coletivas em New York, “Cognitive Dissidence”, com curadoria de Dan Cameron (New Museum), e “Transfiguration”, na Flatiron Gallery, Chelsea, ambas em 2017. A artista foi selecionada para Partial Scholarship pela School of Visual Arts e tem obras na Coleção Gilberto Chateubriand, Brasil/MAM-RJ, Rio de Janeiro, Brasil e coleções particulares.

 

David Magila, São Caetano do Sul, 1979. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Magila é formado pelo Instituto de Artes da UNESP no Bacharelado em Artes Plásticas, participou de diversos cursos de especialização: 2017 – Ready-made e Imagens Prontas como Alegorias Neobarrocas com o prof. Sergio Romagnolo no Instituto de Artes UNESP – São Paulo. Litografia na ECA- USP com Cristy Wyckoff – PNCA – EUA, Anotações para uma História da Estampa no Ocidente na Pós-Graduação ECA-USP com Prof. Claudio Mubarac entre outros. Em 2017 participou como convidado da exposição “Tudo é Tangente” no Memorial Minas Vale em Belo Horizonte 2017; “Fotografia-Pintura e o Espírito de um tempo” na Casa Para Alugar em Ribeirão Preto 2016; Semana de Arte de Londrina 2016 e de exposições como: “Mostra Bienal Caixa de Novos Artistas 2015 e 2016” ”40º Salão de Ribeirão Preto” em 2015 , “Arte LONDRINA 3” , “Geometrias fragmentadas” e ”Preâmbulo” ambas na Galeria Contempo – SP em 2013, “Situações Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea do Distrito Federal – 2012”; “Programa de Exposições 2012” MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto – SP – 2012. Ganhou prêmios aquisitivos no 1º Festival Casa Camelo – Belo Horizonte em 2017; 40º Salão de Ribeirão Preto”; III Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea – Palácio do Itamaraty – Brasília; 28º Salão de Arte Contemporânea de Santo André – SP e no 26º Salão de Arte Jovem CCBEU- Santos.

 

Eloá Carvalho, Niterói, 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. O trabalho de Eloá Carvalho se apresenta inicialmente com a ideia de uma paisagem velada, que sugere uma espécie de narrativa silenciosa, passando pela construção do espaço através das figuras, na relação entre elas e em suas atitudes. A maioria das imagens vem de registros fotográficos que a artista se apropria e nos convida a olhar para aqueles que olham. Sua capacidade de gerar diálogos internos entre os trabalhos, a relação com o cinema, o interesse pela história, pela cena, as fricções entre o fazer pictórico, a fotografia e o desenho, tudo isso compõe o universo de investigação da artista. Dentre as principais exposições, suas individuais: Todo ideal nasce vago, MAM RJ/2016; Como se os olhos não servissem para ver, Galeria do Lago (Museu da República)/RJ 2015; Projetos da minha espera, ZipUp (Zipper Galeria)/SP 2015; Diante de outro branco, MUV Gallery/RJ em 2015 e Mise em Scène, Galeria Ibeu/RJ em 2013. Suas principais exposições coletivas: A insistência abstrata, nas coisas, Galeria Ibeu/RJ; Cruzamentos Insuspeitos, C.Galeria/RJ; Ver e ser visto, MAM RJ; Figura Humana, Caixa Cultural RJ; Novas Aquisições 2014, MAM RJ; XI Bienal do Recôncavo Baiano, São Félix/BA; Como se não houvesse espera, CCJF/RJ; Como o tempo passa quando a gente se diverte, Galeria Casa Triângulo, São Paulo/SP; Novíssimos 2010, Galeria de Arte IBEU/RJ.

 

Fabio Flaks, São Paulo, 1977. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, em 2001. Mestre em Poéticas Visuais pelo Departamento de Artes Plásticas da ECA USP, em 2009. Entre as exposições individuais estão ‘Luz Vermelha’ na Temporada de Projetos do Paço das Artes (São Paulo, 2015), o ‘Solo Project’ na ARCO Feria Internacional de Arte Contemporáneo (Madri, 2014), ‘Cinza’ na Galeria Pilar (São Paulo, 2013), ‘Aéreos’ no Espaço Zip’Up da Zipper Galeria (São Paulo, 2011). Participou de diversas exposições coletivas como ‘Deslize’, curadoria de Raphael Fonseca no Museu de Arte do Rio – MAR (Rio de Janeiro, 2014), ‘Premio Internacional de Pintura na Fundación Focus – Anbegoa (Sevilla, 2014), ‘Realidades: Desenho Contemporâneo Brasileiro’ no SESC Pinheiros (São Paulo, 2011), entre outras. Em 2014 participou da Residência Artística do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre através da Bolsa Luiz Aranha. Recebeu o Prêmio Bolsa Luiz Aranha da Fundação Iberê Camargo em 2014, o Prêmio Estímulo no 31° Salão de Arte Contemporânea de Santo André em 2003 e a Menção Honrosa na 9ª Bienal Nacional de Santos de 2004.

 

Fábio Miguez, São Paulo, 1962. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Pintor, gravador e fotografo. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP. Em 1982, estudou gravura em metal com o artista Sérgio Fingermann. Fábio Miguez participou de bienais como a Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo, Brasil, 1985 e 1989), a 2ª Bienal de Havana (Havana, Cuba, 1986), a 3ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca (Cuenca, Equador, 1991) e a 5ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 2005), além de mostras retrospectivas como Bienal Brasil Século XX (1994) e 30ª Bienal (2013), ambas promovidas pela Fundação Bienal de São Paulo. Realizou exposições individuais, como: Paisagem zero (Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, Brasil, 2012); Temas e variações (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2008); na Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, Brasil, 2003), acompanhada da publicação de um livro sobre sua obra; e no Centro Cultural São Paulo (São Paulo, Brasil, 2002). Mostras coletivas recentes incluem Prática portátil (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2014), Tomie Ohtake/Correspondências (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2013), Analogias (Museu da Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, Brasil, 2013) e As tramas do tempo na arte contemporânea: estética ou poética (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil, 2013).

 

Felipe Góes, São Paulo, 1983. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Formado em Arquitetura. Durante esse período, expôs trabalhos em eventos culturais organizados pelo Diretório Acadêmico da faculdade. O interesse por pintura o levou ao curso de história da arte com Rodrigo Naves em 2007, e a uma viagem de estudos pela Europa em 2008 para ter contato direto com o acervo de importantes museus. Realizou curso de pintura com Paulo Pasta (2008-2012) e algumas disciplinas como aluno ouvinte no mestrado em artes da ECA-USP. Além dessas atividades participou de salões e exposições coletivas. Realizou também exposições individuais na Galeria Loly Demercian (São Paulo, 2010), Museu de Arte de Goiânia (2012), Usina do Gasômetro (Porto Alegre, 2012), Centro Cultural Adamastor (Guarulhos, 2013) Galeria Transversal (São Paulo, 2013), phICA (EUA, Phoenix, 2014), Central Galeria de Arte (São Paulo, 2014), Galeria Virgílio (São Paulo, 2016) e Museu Universitário de Arte, UFU (Ubêrlandia, 2017). Outro campo de atuação foram projetos artísticos como Arte Praia (Natal, 2013), AbNach São Paulo – Aos cuidados de Kassel” com exposição simultânea em Kassel e São Paulo (2012), exposições do Coletivo Terça ou Quarta (2011-2014) e residências artísticas no Instituto Sacatar (Itaparica, 2012) e Phoenix Institute of ContemporaryArt (EUA, Phoenix, 2014).

 

Giulia Bianchi, Bauru, 1990. Vive a trabalha em São Paulo, Brasil. A prática cotidiana de desenho e interesses relacionados impulsionou Bianchi a cursar artes plásticas pela FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), durante os anos de 2008 e 2011. Neste período de sua formação acadêmica, pôde experimentar diversas mídias, aprofundando-se na pesquisa pictórica que é realizada desde então. Inicialmente, os trabalhos foram guiados por impulsos, apetite, desejo de produzir; época em que sua prática era influenciada por elementos do seu cotidiano, universo íntimo e relações interpessoais. A pesquisa que se desenvolveu a partir de então, atualmente é direcionada ao coletivo. Através de pinceladas marcadas, escorridos casuais e gestualidade em harmonia contrastante com uma paleta bem equilibrada; corpos de contornos não definidos se fazem presentes por força e sensualidade. Os personagens podem ser vistos como uma narrativa ou dissolvidos em seu enquadramento. Participou de exposições coletivas independentes, fez parte da 41ª e da 42ª Anual de Arte FAAP, do 7º Salão dos Artistas sem Galeria, 3ª edição da Compartiarte, entre outras. Em 2016, fez parte do acompanhamento em pintura com Rodrigo Bivar e atualmente integra o grupo de artistas “Agosto”, orientado por Thiago Honório.

 

João GG

Porto Alegre, 1986. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Artista visual graduado pela Universidade de São Paulo (ECA USP), bacharel em Pintura. Nos últimos dois anos, participou de diversas exposições, com destaque para ‘Disfarce’ (Oficina Cultural Oswald de Andrade), ‘O Céu Ainda é Azul, Você Sabe…’ (retrospectiva de Yoko Ono no Instituto Tomie Ohtake), 66º Salão Paranaense (Museu Oscar Niemeyer), Programas de Exposições do MARP e SARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto) e Arte Londrina (Casa de Cultura UEL). Em 2015, participou da residência UV Estúdios em Buenos Aires, com a decorrente exposição ‘CINEcatástrofe’. Atualmente, reside em São Paulo e integra os grupos de estudo e acompanhamento “Após o Fim da Arte” (orientação de Dora Longo Bahia e Renata Pedrosa) e “Escola Entrópica” (orientação de Paulo Miyada e Pedro França).

 

Lara Viana, Salvador, 1970. Vive e trabalha em Salvador e Londres. Pintora, Lara Viana formou- se em 1995 Falmouth School of Art, Bacharel em Artes, e em 2007 M.F.A. Painting, Royal College of Art, Londres. Entre diversas exposições coletivas, participa da “Málverkasýning” em 2017, na Galeria i8 na Islândia. Em 2014, Bahia contemporânea Bahia, na Roberto Alban Galeria com curadoria de Marcelo Campos. Em 2011, Mail Art at the Memorial, curadoria de Pablo Ferretti na Galeria Progresso, Porto Alegre, Brasil. No ano de 2010: Art Blitz na Transition gallery, Londres; Art Brussels ‘Young Talent’ Domobaal Gallery, Londres. Em 2009: The Manchester Contemporary, com Marcel Dinahet e Felicity Powell, convidada pelo Arts Council, Inglaterra;Whitechapel Gallery, EEA Multiple commission; East End Academy, The Painting Edition, júri: Gillian Carnegie, Marion Naggar, Francis Outred, Barry Schwabsky, Anthony Spira, Whitechapel Gallery, Londres e na The Great Exhibition, Royal College of Art, Londres em 2007. E no ano de 2011, realiza as exposições individuais: Galerie De Expeditie Amsterdã, Holanda; Conrads Galerie Düsseldorf, Alemanha; Ruins, Permanent Gallery/The Regency Town House, Brighton, Reino Unido, publicação com um ensaio de Laura McLean–Ferris, design de Alex Rich e no mesmo ano recebe o prêmio da Bienal de São Paulo. Em 2010 – Lara Viana expõe na Domobaal Gallery, Londres.

 

Ricardo van Steen, São Paulo, 1958. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Artista multimídia, trabalha desde 1976, foi editor de revistas e dono de agência de propaganda, e hoje é diretor de cena nas produtoras Movi&Art, Fat Bastards e Modern Times, onde realiza para vários formatos: comerciais, vinhetas, documentários e longa-metragem. Também é fundador e diretor de criação da TempoDesign, onde há anos assessora a área institucional de grandes empresas, como Rede Globo, Globosat, Natura e Riachuelo. Coordena equipes, seja para trabalhos jornalísticos, seja para filmes ou desenvolvimento de marcas. Como artista plástico, realizou exposições individuais na Galeria Paulo Figueiredo (1983), na Galeria Millan (1997) e Noir na Galeria Zipper (2013). Além destas, participou de diversas exposições coletivas como: Cidades Invisíveis no MASP – Museu de Arte de São Paulo (2014); 7ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre (2009). Em 2006, Paris é Aqui em São Paulo e As linhas do Horizonte no Acervo da Caixa, Galeria Caixa Brasil, em Brasília. Brasiliens Gesichter, em Ludwig Museum, Koblenz na Alemanha (2005); Galeria Vermelho (2003). Ganhou o 1º Prêmio, Salão de Pintura no Centro Cultural Brasil Estados Unidos em Santos (1980); Prêmio Revelação, Panorama de Arte Moderna no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1979). Tem trabalhos no acervo permanente do Museu da Língua em São Paulo, Coleção Masp, Coleção Porto Seguro, Coleção Borusan, na Turquia.

 

Sérgio Sister, São Paulo, 1948. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Participou das 9ª e 25ª edições da Bienal Internacional de São Paulo, Brasil (1967, 2002); Dentro, curadoria de Evandro Salle (Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, Brasil) e Modos de ver o Brasil: Itaú 30 anos, curadoria de Paulo Herkenhoff, Thais Rivitti e Leno Veras (São Paulo) em 2017; Resistir é preciso (Centro cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, 2014); Correspondências (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2013); Transformação na arte brasileira da 1ª a 30ª edição (30ª Bienal de São Paulo, Brasil, 2013); e no ano de 2011, participou da exposição O Colecionador de Sonhos ( Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil); Ponto de equilíbrio (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2010); entre suas exposições individuais recentes estão: Pintura com ar, sombra e espaço, (Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro – RJ, 2017); Malen mit raum, schatten und luft (Galerie Lange + Pult, Zurique, Suíça, 2016); Sérgio Sister (Goya Contemporary Gallery, Baltimore, MD, EUA, 2015). Em 2015, A Cor Reunida (Museu Municipal de Arte (MuMA), Curitiba, Brasil) e (Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil); Entre tanto (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2011) e Pontaletes (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2007). Suas obras fazem parte de acervos como os do Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; e Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil.

Marcio Atherino e Rona Neves

05/set

A exposição “IndiviDuo”, que reúne trabalhos de dois talentos das artes visuais, aporta na Galeria Teste, Polo Têxtil, Rio Comprido, Rio de Janeiro, RJ, exibindo obras de Marcio Atherino e Rona Neves. Com curadoria de Flávia Tamoyo, a exposição resulta de uma vivência urbana, onde o aspecto psicológico se mostra nas figuras de um mundo contemporâneo, ansioso, claustrofóbico e individualista, porém, extremamente humano.

 

“Em estilos distintos com tema similar são estórias dentro de estórias geradas dentro de tantos gritos e sonhos o ser humano do mundo atual e cúmplice”, diz Flávia.

 

As obras do artista Marcio Atherino apresentam fortes traços contorcidos e intensos. Um trabalho que expressa o stress das grandes cidades através de pinceladas e materiais do cotidiano. Tanto a constante presença da figura humana quanto da caligrafia, reconhecidas nas imagens, tudo está a serviço da demonstração do caos psicológico e social do indivíduo em seu cotidiano.

 

Segundo Marcio Atherino, não há retoques, tudo ali é premeditadamente passional e espontâneo. “Num mundo individualista, nada como um quadro na parede refletindo sua opção individual, no único lugar de refúgio que sobrou, seu lar”, diz o artista.

 

Apresentando um trabalho intuitivo, livre, construído a partir do seu mundo particular, suas memórias, invenções, contos e lendas, Rona Neves possui obras que são fortemente influenciadas por imagens da sua infância, as escolas de samba, a folia de reis, as roupas no varal da sua casa, o candomblé, os bordados de sua mãe, e os brinquedos que eram confeccionados por seu avô.

“Aprendi a usar o que tinha em mãos, aquarela, lápis, pastel, carvão, esmalte, batom, maquiagem, tinta de parede. Sou urgente!”, conta Rona Neves. Inspirado pelo dia a dia da sua vida atual, o tempo e a rua são suas maiores fontes de criação.  Passeando por figuras, cores, animais, movimento e poesia, desenvolvendo um mundo onde a dura realidade também proporciona formas de beleza e contos de fadas, tal como no teatro. “Sou como minhas pinturas, sem moldura, sem bainha. Adoro coisas rachadas, quebradas, partidas… Aparentemente parecem sobras, mas sinto que se renovam quando coloco arte e poesia”, diz o artista.

 

 

Sobre os artistas

 

Mario Atherino vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em Economia, trabalhou no mercado financeiro entregando-se mais tarde às artes plásticas. Estudou no Parque Lage e participou de curso intensivo no atelier de Charles Watson. Participou de várias exposições individuais e coletivas e suas obras já foram adquiridas por colecionadores no Brasil e no exterior.

 

Rona Neves nasceu e foi criado no subúrbio do Rio de Janeiro. Autodidata, pinta desde os 18 anos e trabalhou como cartazista e pintor cenotécnico em teatros no Rio de Janeiro. Este ofício lhe deu grande desenvoltura para pintar trabalhos em grande escala e com materiais variados. Pinta, desenha e cria instalações inspiradas em suas próprias histórias. Já dirigiu, produziu e escreveu filmes em curta-metragem dos quais alguns receberam premiações. Sendo ator, atualmente divide seu tempo entre sua casa em Laranjeiras e o atelier no Cosme Velho onde além de pintar, escreve peças de teatro e outras histórias.

 

Até 01 de outubro.

Martelinho de Ouro

Marcius Galan, em sua terceira individual na galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma série de objetos que dialogam com a Pintura, Arquitetura e o Desenho. São obras que provocam o olhar do espectador criando elementos de tensão entre os materiais e sugerindo uma reflexão sobre as relações de desarmonia e conflito.

 

Partindo de superfícies com pinturas automotivas, de cores neutras, o artista cria desenhos geométricos propondo uma interação entre esses objetos e a arquitetura. O desenho formado pelo atrito de objetos nessas pinturas tem a delicadeza de um traçado mínimo, mas também mostra uma agressividade ao violar a superfície de acabamento industrial.

 

“Martelinho de Ouro” é o nome do serviço especializado em reparar os pequenos riscos nas pinturas dos automóveis. Na exposição, o incômodo do risco da chave na pintura do carro novo e o som que esse atrito produz é justamente o ponto de partida das obras. Ora utilizando elementos de construção que saem da parede e agridem a superfície lisa da pintura, ora utilizando a parede como suporte para o desenho feito por estes materiais.

 

Além dessa série de pinturas, a exposição ainda apresenta três esculturas em ferro (vergalhões de construção), dispostas sobre bases com pintura automotiva. O movimento da escultura sobre esta base produz um desenho geométrico que neste caso deixa de ser um incômodo e se mostra como um movimento intencional de “riscar” a superfície com precisão.

 

 

Sobre o artista

 

Marcius Galan vive e trabalha em São Paulo. Participou de mostras importantes como a 29º Bienal de São Paulo e a 8º Bienal do Mercosul e tem mostrado sua obra com frequência nos principais museus do Brasil e no exterior, como Inhotim, MG; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo e MAM-Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Palais de Tokyo, Paris; Museu Serralves, Portugal; MALBA, Buenos Aires, Argentina; Museum of Fine Arts Houston, USA; Guggenheim Bilbao, Espanha; entre outros. Em 2012 Marcius Galan foi o vencedor do Prêmio Pipa.

 

 

De 14 de setembro a 13 de outubro.

Nuno Ramos, “Grito e Paisagem”

04/set

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 05 de setembro próximo a exposição “Grito e Paisagem”, de Nuno Ramos, um dos mais celebrados artistas da cena contemporânea nacional, com pinturas e desenhos inéditos e recentes, em grandes formatos. A mostra reúne no grande espaço térreo quatro pinturas com 1,85m de altura e 2,75m de largura, e profundidade em torno de 30 centímetros. A quinta pintura é maior, com 2,75 de altura e 3,70m de largura. Todas são feitas com vaselina, cera de abelha, pigmentos, tinta a óleo, tecidos, plásticos e metais sobre madeira.

 

 

Esta é a primeira vez que Nuno Ramos mostra no Rio de Janeiro suas pinturas com vaselina e tinta a óleo, em encáustica – técnica milenar de mistura a quente de pigmentos e cera – pesquisa que o destacou no cenário da arte nos anos 1980, e que abandonou no final da década seguinte. A partir de então, a produção de pintura do artista foi dedicada a seus “relevos”, imensas massas de materiais diversos que se lançavam para fora do suporte em uma profundidade de até quatro metros – que pode ser vista na premiada individual “Mar Morto”, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2009.

 

 

Há três anos, a pintura voltou a ocupar o centro de seu interesse. Nuno Ramos retomou seu trabalho com encáustica e óleo. O resultado esteve em cinco pinturas mostradas na individual “Houyhnhnms”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2015. Este processo se deu em continuidade a sua pesquisa da dádiva, da oferenda, da troca, existente em sociedades primitivas, que caracterizou a exposição “Um ensaio sobre a dádiva”, na Fundação Iberê Camargo em 2014, e que também permeou sua exposição “O globo da morte de tudo”, realizada junto com o artista e parceiro Eduardo Climachauska, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2012.  “Comecei a fazer um sistema de trocas entre as duas pinturas, a com vaselina, parafina e tinta a óleo, e os relevos”, conta Nuno.  “A pintura vinha pedindo para habitar de novo”.

 

 

Os trabalhos atuais, nos quais está mergulhado desde dezembro do ano passado, “são muito diferentes dos quadros originais, dos anos 1980”, mas retomam em alguma medida essa espécie de “pântano de origem, um território onde as coisas afundam ou emergem, que me caracteriza desde o início e ao qual de alguma foram ainda sou fiel”, diz. “Agora tem muito mais cor. A outra pintura era mais monocromática, diferenciando-se apenas pela matéria e pelos objetos incluídos. As atuais são já diferenciadas desde o início, dada a presença da cor. Por isso, de alguma forma, apesar de bastante caóticas, parecem talvez mais organizadas”. As camadas sucessivas de massa pictórica chegam a pesar 300 quilos, e Nuno utiliza às vezes uma vassoura como unidade de pincelada dessa massa que atinge até 30 centímetros de profundidade, a que acrescenta outros elementos como metais, plásticos e tecidos. “Tem algo de uma paisagem literal, feita mesmo de matéria, uma exacerbação da matéria que precisa virar som, virar onda, grito, meio como “O Grito” de Munch”, explica, se referindo à icônica obra do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). “Na verdade, talvez pudesse caracterizar meu trabalho como um todo como uma tentativa obsessiva para surpreender essa transformação da matéria em sentido, ou da paisagem em grito – por isso gostei tanto do título de Ungaretti.”

 

 

O título da exposição, “Grito e Paisagem”, faz referência à obra do poeta Giuseppe Ungaretti (1888-1970), um dos mais importantes do século 20. Filho de italianos, nasceu em Alexandria, no Egito, e lecionou na USP entre 1936 a 1942, tendo convivido com grandes intelectuais brasileiros da época. Foi em São Paulo que Ungaretti perdeu um filho de oito anos, em decorrência de apendicite, dor manifestada em alguns de seus lancinantes poemas. Em 1952, Ungaretti publicou “Un grido e paesaggi” (“Um grito e paisagens”, com ensaio de Piero Bigongiari e desenhos de Giorgio Morandi, Editora Schwarz, Milão).

 

 

“Adeus, cavalo”, o livro de ficção que Nuno Ramos lança em agosto, pela Editora Iluminuras, tem Ungaretti como personagem, ao lado de Procópio Ferreira e Nelson Cavaquinho.

 

 

Para o artista, sua produção atual representa um momento de convívio com uma questão original de todo o seu trabalho. Esta exposição na Anita Schwartz Galeria de Arte contrasta com a realizada no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, em 2016, “O direito à preguiça”, “que era mais política, atual, ardida”. “Estou vendo o que faço com a pintura, essa substância que sempre esteve em mim, e que estou recuperando, mexendo neste pântano, nesta matéria verdadeira e antiga para mim”, diz. Nuno Ramos conta que este processo o tem deixado “loucamente alegre”. “A maior vingança, todo mundo sabe, é a alegria”, afirma.

 

 

 

Desenhos

 

 

Nuno Ramos destaca que nos últimos dez anos continuou desenhando muito, mas que este é um processo “espontâneo e muito rápido” – “de 3 a 10 minutos” – muito diferente do tempo despendido em uma pintura. No segundo andar expositivo da galeria estarão desenhos da série “Rocha de gritos” (2017), em pastel, grafite e carvão sobre papel, também em grande formato. O nome da série vem de um verso de Ungaretti: “A vida mais não é,/ Detida no fundo da garganta,/ Que uma rocha de gritos” (“Tudo Perdi”, na publicação “Daquela Estrela à Outra”, tradução de Haroldo de Campos e Aurora F. Bernardini, Editora Ateliê Editorial, 2004).

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico e escritor, participou de várias bienais, como a de Veneza, em 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das edições de 1985, 1989, 1994 e 2010 da Bienal Internacional de São Paulo. Também integrou a 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2005, e a 2ª Bienal de La Habana, Havana, em 1989. Outras mostras coletivas de destaque são em “Moving – Norman Foster on Art”, no Carré d’Art Museum, Nîmes, França, em 2013, e “First Escape and Rescue Plan for the Rhine-Main Region”, na Künstlerhaus Mousonturm, em Frankfurt, Alemanha, em 2014. Entre suas exposições individuais, destacam-se “Morte das Casas”, Centro Cultural Banco do Brasil (2004); “Nuno Ramos”, Instituto Cultural Tomie Ohtake (2006); “Mar Morto”, Galeria Anita Schwarz, Rio de Janeiro (2009), ganhadora do Prêmio Bravo! – Melhor exposição do ano; “Fruto Estranho”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2010); “O globo da morte de tudo”, em parceria com Eduardo Climachauska, na Galeria Anita Schwartz, no Rio de Janeiro e “3 Lamas (Ai, pareciam eternas!)”, na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte,  em 2012; “Ensaio Sobre a Dádiva”, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, em 2014; e “Houyhnhnms”, na Estação Pinacoteca em São Paulo, em 2015. Ganhou diversos prêmios, incluindo o Grand Award (pelo conjunto da obra) – da Barnett Newmann Foundation (2007). Ganhou, como escritor, os Prêmios Portugal Telecom dos anos 2009 (pelo livro “Ó”, Melhor livro do ano) e 2012 (pelo livro “Junco”, Melhor livro de Poesia). Publicou em 1993 o livro “Cujo”, pela Editora 34; “Minha Fantasma” (edição de autor, 2000); “O Pão do Corvo” (Editora 34, 2001); “Ensaio Geral” (Editora Globo, 2008); “Ó” (Editora Iluminuras, 2009), ganhador do Prêmio Portugal Telecom de Literatura; “O Mau Vidraceiro” (Editora Globo, 2010); “Nuno Ramos” (Editora Cobogó, 2011); “Junco” (Editora Iluminuras, 2011); e “Sermões” (Editora Iluminuras, 2015).

 

Podemos encontrar ainda em sua produção gravuras, pinturas, fotografias, instalações, vídeos e canções.

 

 

Até 11 de novembro.

Digitais

A Galeria de Arte Solar, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, promove a exposição “Digitais”; com “peças de arte produzidas através do meio digital, como documentos eletrônicos codificados em dígitos binários e acessados por meio de sistemas computacionais”.

A coordenação é de Osvaldo Carvalho e conta com a participação de quatro artistas. A mostra busca ampliar e compartilhar experiências pessoais de maneira colaborativa. Leva-se em consideração o significado duplo da palavra digitais, que ora remete a ferramentas de criação, softwares e hardwares e ora remete à identidade online de cada indivíduo.

“Digitais” apresenta ainda grande inspiração do universo urbano, onde é possível ver a cidade contemporânea e sua pluralidade de percepções. As peças buscam instigar o olhar, estimular o pensamento e transpassar linguagens aos visitantes.

 

 

Sobre o Solar Meninos de Luz

 

O Solar Meninos de Luz é uma organização civil e filantrópica, que promove educação integral, cultura, esportes, apoio à profissionalização, cuidados básicos de saúde e de assistência social às famílias com maior nível de desestruturação das comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, ambas no Rio de Janeiro. A obra possui 33 anos de existência e comemorou 25 anos do Programa Educação Integral em 2016. As 400 crianças de 03 meses até 18 anos de idade permanecem no Solar, do Berçário ao Ensino Médio, ingressando em universidades e bons empregos.

 

 

Artistas participantes:

Dalton Romão, Edson Landim, Ricardo Bhering e Sonia Gil.

 

 

De 14 de setembro a 28 de outubro.

No SESC Palladium/BH

“Tropicália 50 anos: Mais Do Que Araras” apresenta até 01 de outubro em Belo Horizonte, MG, obras de artistas contemporâneos de Hélio Oiticica, criadas entre 1960 e 1980. A exposição assinada pelo curador carioca Raphael Fonseca acontece gratuitamente no Sesc Palladium, até o dia 1°de outubro, e conta com programação de atividades paralelas.

 

“O mito da tropicalidade é muito mais do que araras e bananeiras: é a consciência de um não condicionamento às estruturas estabelecidas, portanto, altamente revolucionário na sua totalidade”. A frase é do artista carioca Hélio Oiticica, autor da instalação “Tropicália”, que completa 50 anos em 2017. Icônica a ponto de nomear o movimento artístico que explodiu com Caetano, Gil e companhia, a obra expandiu o conceito de arte e participação, deslocando o espectador de um lugar de fruição apenas contemplativo. Muitos artistas brasileiros também se enveredaram pelos mesmos caminhos de Oiticica e Lygia Clark, sem conseguirem, porém, o devido reconhecimento. Foi pensando nisso que o curador Raphael Fonseca idealizou esta exposição inédita.

 

Com entrada franca, a mostra ocupa a Galeria GTO com obras de 14 artistas de diferentes estados brasileiros, contemporâneos de Oiticica e Clark que também atravessaram, por meio da arte e da contestação política, os duros anos de chumbo. Ao todo, “Mais Do Que Araras” conta com 31 trabalhos que se amarram pelo eixo curatorial da arte participativa, de nomes como Anna Bella Geiger (RJ), Carlos Vergara (RJ), Edinízio Ribeiro Primo (BA), Neide Sá (RJ), Torquato Neto (AL) e Vera Chaves Barcellos (RS). A jovem artista Daniela Seixas completa a lista, mostrando como o peso histórico da Tropicália segue inspirando a criação contemporânea.

 

Vencedor do 5º Prêmio Marcantonio Vilaça, em 2015, o carioca Raphael Fonseca utilizou três linhas temáticas para a curadoria: a crítica em torno do estereótipo da tropicalidade e da identidade brasileira; a atenção dada ao corpo ativo para além da noção de espectador; e o interesse em obras que se encontram no limite entre a poesia e as artes visuais. Um dos objetivos da mostra, segundo o curador, é questionar a hegemonia da região Sudeste na história da arte no Brasil, por isso a escolha de artistas de vários estados. “A institucionalização desses agentes é assimétrica e demonstra a precariedade e a necessidade de mais pesquisas em torno dessa geração de artistas. Enquanto alguns têm uma produção sólida e reconhecida, outros ainda são vistos como fenômenos de atuação local e urgem por serem inseridos em narrativas mais abrangentes”, defende Raphael Fonseca.

 

Assim como Oiticica, os artistas selecionados trabalham com a ideia da interação do público com as obras de arte. O convite, então, é para que os visitantes criem conexões com as criações expostas na mostra. “Esperamos que as pessoas percorram o espaço da Galeria GTO e criem suas conexões formais, poéticas e temáticas entre imagens e diferentes anseios existenciais por parte desses artistas atuantes no Brasil, que nos ensinam que o fazer artístico durante esse período histórico era muito maior do que qualquer tropicalidade panfletária colorida contida nas figuras das araras”, diz o curador.

 

Ao promover e sediar a exposição, o Sesc em Minas reforça mais uma vez o compromisso de promover as manifestações artístico-culturais nacionais e de oferecer uma programação de qualidade, articulando ações de reflexão e formação a partir das mais diversificadas experiências estéticas e de um amplo trabalho de mediação cultural para públicos diversos. “A Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium, tem como proposta ser um espaço democrático que recebe periodicamente mostras de arte de artistas consagrados e de novos talentos, valorizando a produção de artes visuais mineira e nacional. A exposição “Mais Do Que Araras” reafirma a proposta curatorial do espaço, apresentando ao público artistas ligados à Tropicália, cujas produções influenciam a arte brasileira até os dias de hoje”, afirma a gerente de cultura do Sesc, Eliane Parreiras.

 

 

 

Programação paralela

 

Compondo a programação paralela da exposição “Mais Do Que Araras” serão oferecidas diversas atividades gratuitas nos espaços do Sesc Palladium, como o bate-papo com o curador Raphael Fonseca e com os artistas Anna Bella Geiger e José Ronaldo Lima (MG). Professora da Escola de Arte do Parque Lage, a artista carioca, hoje aos 84 anos, é uma das maiores expressões vivas da arte contemporânea dentro do contexto da Tropicália. Ela participou de uma leitura de portfólio, no dia 12 agosto, quando conversou com artistas previamente selecionados sobre seus trabalhos, propondo reflexões sobre as artes visuais, através de sua ótica e experiência.

 

Já José Ronaldo Lima foi uma acertada descoberta das pesquisas de Raphael Fonseca sobre expoentes tropicalistas em BH. Com trabalhos de 1969 expostos no Museu de Arte da Pampulha (MAP), o mineiro embarcou na arte participativa criando obras que brincam com o olfato e o tato. Segundo o artista, alguns trabalhos se perderam no MAP e estão sendo recriados para a exposição. No bate-papo, Lima e Geiger falaram sobre seus processos criativos e vivências artísticas.

 

No dia 19 de agosto, aconteceu um encontro com professores guiado pelos artistas/educadores Alison Rosa Loureiro e Fabíola Rodrigues. O objetivo é acolher profissionais que estejam interessados em um dia de imersão nas obras de “Mais Do Que Araras”, instaurando um ambiente de escuta, toque e olhar para o lugar da criação na prática educativa.

 

Para fechar a programação, a artista Daniela Seixas ministra o workshop “Quer Que Eu Desenhe? O Que É Preciso Dizer Várias Vezes”, no qual propõe um diálogo com o público onde desenho, escrita e interferência da palavra serão pensados juntos a um duplicador analógico (mimeógrafo), dando forma a pequenas publicações realizadas pelo grupo.

 

 

“Me Molde”

 

Além das atividades paralelas da exposição, o Sesc Palladium recebe a instalação “Me Molde”, do paraibano Martinho Patrício. Também focada no conceito de arte e participação, a obra fica exposta no foyer, pelo “Projeto Desvios”, até 17 de setembro. Trata-se de um conjunto de mesas desenhadas pelo artista onde o público pode participar ativamente a partir de recortes coloridos de tecido. Cada pedaço contém uma série de botões de pressão e o público pode tanto desenhar a partir de cada tecido, quanto também uni-los e fazer uma peça maior, que pode inclusive ser vestida.

 

Me Molde é uma obra onde o público pode participar ativamente, criando por meio de recortes coloridos de tecido os seus próprios “desenhos”, e utilizando o corpo como suporte. A instalação vai de encontro à pesquisa de Martinho Patrício sobre as relações entre cor, tecido e o corpo participativo dos visitantes.

 

 

Artistas da exposição “Mais Do Que Araras”

 

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro – RJ); Carlos Vergara (Rio de Janeiro – RJ); Edinízio Ribeiro Primo (Vitória da Conquista – BA); Falves Silva (Natal – RN); Jomard Muniz de Britto (Recife – PE); José Ronaldo Lima (Belo Horizonte – MG); Letícia Parente (Rio de Janeiro – RJ); Mario Ishikawa (São Paulo – SP); Neide Sá (Rio de Janeiro – RJ; Raymundo Colares (Grão Mogol – MG); Regina Silveira (São Paulo- SP / Porto Alegre – RS); Regina Vater (Rio de Janeiro – RJ); Torquato Neto (Teresina – PI); Vera Chaves Barcellos (Porto Alegre – RS).

 

 

Serviço

 

Exposição “Mais Do Que Araras”.

Visitação: até 01 de outubro. Terça a domingo, das 9h às 21h

Galeria GTO – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

Entrada franca

 

Workshop “Quer que eu desenhe? O que é preciso dizer várias vezes”

Com Daniela Seixas

Dia 30 setembro | 10h às 12h | 14h às 16h | 18h às 20h

Foyer – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

 

Instalação “Me Molde”

Com Martinho Patrício

Até 17 de setembro. De terça a domingo, das 9h às 21h

Foyer – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

 

Legendas: Regina Silveira

Martinho Patrício

 

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