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AGENDA CULTURAL

Mariana Manhães em cartaz no Oi Futuro

15/fev

Mariana Manhães inaugura a obra “Prenúncio da saliva”, produzida especialmente para o projeto Ressonâncias, no Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro. A convite da curadora Fernanda Vogas, a artista ocupou uma das galerias do Centro com equipamentos eletrônicos, espuma expansível, plástico, ventiladores industriais e outros materiais, integrando-os à arquitetura do espaço expositivo. “A obra de Mariana Manhães desconstrói formalidades, reorganiza materiais, objetos e o próprio espaço de uma forma inovadora”, afirma a curadora.

 

A exposição “Prenúncio da saliva” pode ser visitada até 26 de março.

 

Novo espaço expositivo da Gomide&Co

 

A Gomide&Co tem a alegria de apresentar “Não vejo a hora”, mostra individual de Lenora de Barros. Com abertura marcada para o dia 08 de março, quarta-feira, das 18h às 22h. A exposição celebra também a inauguração do novo espaço expositivo da galeria, na Avenida Paulista, 2644, São Paulo, SP.

“Não vejo a hora” reúne um conjunto de trabalhos, em sua maioria inéditos, que têm como denominador comum uma elaboração sobre o tempo. Lenora de Barros sabe que diante das formas convencionais de medir o tempo, o tempo parece sempre ganhar de nós. Assim, a artista coloca em cena o seu repertório poético com vias a nos endereçar, aliando rigor e humor, formas de dilatar, desacelerar, quebrar e embaralhar o tempo.

Manifestações divinas e profanas

14/fev

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta de 02 de março até 15 de abril, a exposição “Dialetos do Firmamento”. A artista belga de origem turca Shen Özdemir traz em sua primeira viagem ao Brasil seu universo particular de carnaval, em que cria esculturas que nos lembram os bonecos de Olinda. Para abrir a mostra coletiva em que estará junto com os artistas Bonikta, Ivan Grilo, Jeane Terra, Rochelle Costi, Thiago Costa, e Zé Tepedino.

Shen Özdemir fará um cortejo com seus estandartes, e seis músicos integrantes do Céu na Terra, que percorrerá as ruas do bairro da Gávea até a Anita Schwartz. A exposição discute as diferentes cosmovisões, mundos inventados, o encantamento e os mistérios que transitam entre o céu e a terra.

A exposição será aberta por um cortejo/performance com oito bandeiras desenhadas e confeccionadas pela artista belga de origem turca Shen Özdemir, em sua primeira visita ao Brasil, e a participação de seis músicos integrantes do tradicional Céu na Terra. A concentração será a partir das 18h30, na Praça Santos Dumont, na Gávea, e o cortejo percorrerá algumas ruas do bairro até a Anita Schwartz, na Rua José Roberto Macedo Soares, 30. Por meio de suas linguagens e modos sensíveis de compreensão, os trabalhos dos artistas de “Dialetos do Firmamento” constelam imaginários, desenhando novas direções para modos plurais da existência, integrada à imensidão dos poderes ocultos do universo.

A exposição inaugura o programa de 2023 da galeria e convida o público a imaginar novas possibilidades de cuidar de um futuro ancestral, em conexão com o campo da arte e da espiritualidade, construindo percursos e diálogos entre manifestações divinas e profanas. O projeto de um Brasil inventado é revisto pelas potências do intangível, as expressões primárias e as subjetividades da memória, atravessando o tempo e o espaço visível/invisível do mundo moderno organizado pela racionalidade.

Bonikta (Caio Aguiar), nascido em 1996, em Ourém, Pará, e radicado em Salvador, estará na exposição com as fotografias “Kurumins do Rio” (2023) e “Ygarapé das Bestas” (2023), cada um medindo 45 x 60 cm. Sua produção que desenha um universo encantado inspirado no imaginário ribeirinho amazônico, reflexos de vivências que traçam travessias entre o interior e a cidade, entre a rua e a floresta. Bonitka se dedica a processos de criações e encantarias em diversas linguagens e tecnologias, do grafite, lambe-lambe, ilustrações, pinturas, fotografias, vídeos, animações, tatuagens, máscaras a desenhos digitais, entre outros. Bonikta é bicho que vira gente e gente que vira bicho. Atualmente ele é estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia).

Ivan Grilo (1986, São Paulo) mora em Itatiba, São Paulo, e tem sua produção reconhecida no circuito da arte a partir de seu interesse em investigar tradições orais, ou pesquisar história brasileira a partir de arquivos públicos. A escrita é um elemento importante em seu trabalho, de várias maneiras, e na exposição a obra “Fazer juntos um trecho de céu no chão” (2022) traz a frase entre linhas, em bronze, medindo 8cm x116cm.

O tríptico “Santuário do Sertão” (2022), uma monotipia feita sobre pele de tinta – material desenvolvido pela própria artista – foi criado a partir da vivência de Jeane Terra no final de 2021 nas cidades baianas inundadas pelo Rio São Francisco em 1970, para a criação da represa de Sobradinho. A obra retrata, a partir de um registro fotográfico feito pela artista, a Igreja de Santo Antônio, do século XVIII, na margem do rio em Pilão Arcado. Jeane Terra nasceu em 1975 em Minas, e é radicada no Rio de Janeiro.

Rochelle Costi (1961-2022), artista atuante em exposições no Brasil e no exterior, deixou um legado poético de sua coleção amorosa de registros do que a cercava – objetos, paisagens, cenas do cotidiano. Sua obra que integra a exposição “Escada Palavrada – Céu” (2014), em jato de tinta sobre papel de algodão, de 105cm x 70cm, é também uma homenagem a ela.

A artista belga de origem turca Shen Özdemir (1996) criou um universo de carnaval a partir das lendas de gigantes, na Bélgica, e das marionetes da Turquia. Na série de trabalhos Karnavalo, sua intenção é criar uma comunidade humana internacional através do sincretismo cultural. Seu carnaval é composto por uma multidão de trupes, concebidas como núcleos familiares, ressaltando a ideia de parentalidade, e seguindo a tradição das alegorias dos desfiles de carnaval. Suas “cabeças” nos lembram, entre outros personagens de festas populares, os tradicionais Bonecos de Olinda. Criadas com espuma, papel, tinta acrílica, gesso e tecido, e medindo aproximadamente 90cm x 90cm, duas obras “Cabeças” (2023), que representam metaforicamente dois membros de uma mesma família, sem definição de gênero ou faixa etária. Com a participação de integrantes do Céu da Terra, será a primeira vez que os desfiles feitos por Shen Özdemir com seu carnaval imaginário terão música. O conjunto de bandeiras do cortejo integrará a exposição.

As esculturas-ferramentas “Exercícios para suspensão” (2022) – solda sobre vergalhão, com 50cm x 20cm cada – do paraibano Thiago Costa (1994, Bananeiras, residente em João Pessoa), faz parte de sua pesquisa da escrita em relação com a imagem a partir das filosofias Bantu e Yorubá. “O gesto de assentar e seus métodos fazem parte de saberes milenares onde se acessa as temporalidades do que é intencionado, que possibilita comunicação e relação da forma com o corpo”, diz. Ele investiga a relação das formas com as corporações e incorporações.

Na instalação “Sem título” (2023), em madeira, nylon, tecido, areia e pedra, o artista carioca Zé Tepedino (1990) dá seguimento à sua série “Vários verões”, em que objetos de praia são destituídos de sua função original, e ao serem desmembrados e rearranjados são pensados a partir de cor e forma.

 

Claudia Andujar e Yanomanis em NY

13/fev

 

A Fondation Cartier pour l’art contemporain e The Shed inauguraram a exposição “The Yanomami Struggle”, uma mostra abrangente dedicada à colaboração e amizade entre a artista e ativista Claudia Andujar e o povo Yanomami. Em exibição até 16 de abril no The Shed em Nova York, a exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles de São Paulo, e é organizada pelo IMS, Fundação Cartier e The Shed em parceria com as ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami e Instituto Socioambiental.

Após apresentações aclamadas no IMS São Paulo, na Fondation Cartier e no Barbican Center (Londres), entre outros locais, a exposição foi ampliada no The Shed para incluir mais de 80 desenhos e pinturas dos artistas Yanomami André Taniki, Ehuana Yaira, Joseca Mokahesi, Orlando Nakɨ uxima, Poraco Hɨko, Sheroanawe Hakihiiwe e Vital Warasi.

Os visitantes também conhecerão novos trabalhos em vídeo dos cineastas Yanomami contemporâneos Aida Harika, Edmar Tokorino, Morzaniel Ɨramari e Roseane Yariana. Essas obras aparecem ao lado de mais de 200 fotografias de Claudia Andujar que traçam os encontros da artista com os Yanomami e continuam a dar visibilidade à sua luta pela proteção de sua terra, povo e cultura. O diálogo estabelecido entre o trabalho de artistas Yanomami contemporâneos e as fotografias de Andujar oferece uma visão inédita da cultura, sociedade e arte visual Yanomami. As obras contemporâneas Yanomami serão exibidas pela primeira vez em Nova York, construindo a maior apresentação da arte Yanomami nos Estados Unidos até hoje.

Como parte da abertura da exposição “The Yanomami Struggle” no The Shed (NY), a Universidade de Princeton recebeu o líder xamã Davi Kopenawa, os artistas Yanomami apresentados na exposição e a fotógrafa Claudia Andujar para uma conferência que ocorreu no dia 31 de janeiro.

Sobre a Coleção Sophia Jobim

 

O Museu Histórico Nacional promoverá a Live “Restauração de peças da coleção Sophia Jobim do MHN”, com a participação de Jeane Mautoni (museóloga do MHN), Márcia Cerqueira (museóloga e restauradora) e Madson Oliveira (professor da EBA/UFRJ). Eles abordarão o processo de tratamento das peças, detalhando a coleção e os critérios de escolha de cada item, entre outros assuntos.

 

Jornalista, figurinista, museóloga, indumentarista – como gostava de ser chamada -, professora e colecionadora, Sophia Jobim legou ao Museu Histórico Nacional a coleção de objetos artísticos e peças de indumentária que reuniu ao longo de 30 anos. A doação aconteceu postumamente em 1968, por seu irmão Danton Jobim, introduzindo uma temática nova à política de aquisição do museu. Toda a conservação e captação de imagens de peças etnográficas desta coleção, sob guarda da Reserva Técnica do MHN, foi um dos destaques de uma série de ações contempladas pelo Plano Anual 2021, idealizado e desenvolvido pelo Museu Histórico Nacional, com o apoio da Associação de Amigos do MHN, e patrocínio do Instituto Cultural Vale (por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura).

 

Sobre a coleção

A Coleção Sophia Jobim é composta por peças variadas – histórica e etnográfica, principalmente -, de origens distintas, como México, Alemanha, Grécia, União Soviética, Panamá, Tchecoslováquia, União Soviética, Coréia do Norte, Sudão, Israel, França, Hungria e Mauritânia. Esse legado possui um valor inestimável para pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que destinam tempo e esforço para preservar a memória dessa coleção, produzindo artigos, dissertações, teses e livros. Atualmente, é uma das mais pesquisadas no museu, o que justificou o projeto de conservação, sobretudo considerando-se os 53 anos de permanência no MHN.

 

Sobre o processo de restauração

A conservação de têxteis envolve uma série de ações que visam aumentar a resistência do objeto aos agentes físicos (danos e perda de valor devido ao armazenamento, manuseio e transporte inadequados), químicos (acidificação, amarelecimento) e biológicos (ataque de pragas e fungos). Entre essas ações realizadas, vale destacar a higienização, pequenos reparos, contenção de rasgos, isolamento de elementos metálicos para evitar a corrosão, estabilização dos objetos e o acondicionamento de maneira correta.

Já que se trata de um projeto grandioso, cada etapa foi documentada em fotos e vídeo, podendo futuramente se desdobrar em catálogos, exposições ou mesmo ser utilizada para o estudo de técnicas de conservação que poderão ser aplicados em outras coleções de têxteis, ou servir de referência a intervenções futuras, caso seja necessário.

 

Live “Restauração de peças da coleção Sophia Jobim do MHN”

 

Dia 15 de fevereiro, às 15h

Link de acesso: https://www.youtube.com/museuhistoriconacional_rio.

 

Participantes: Jeane Mautoni (museóloga do MHN), Márcia Cerqueira (museóloga e restauradora) e Madson Oliveira (professor da EBA/UFRJ).

Aconteceu

 

A Gentil Carioca convidou a todes para o “Abre Alas 18″, exposição que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, abrindo o calendário da galeria para o ano de 2023. A comissão de seleção e a curadoria são compostas por Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri, que selecionaram 29 artistas através do edital 2022/2023. Artistas: Aline Brant, Ana Bia Silva, Ana Mohallem, Andy Villela, Anna Menezes, Alexandre Paes, Ariel Ferreira, Augusto Braz, Benedito Ferreira, Camila Proto, Celo, Clara Luz, Cyshimi, Daiane Lucio, Dariane Martiól, Denis Moreira, Érica Storer, Genietta Varsi, Luiz Sisinno, Mapô, Marina Lattuca, Mônica Coster, Newton Santanna, Rafael Vilarouca, Raphael Medeiros, Rebeca Miguel, Rose Afefé, Vulcanica Pokaropa e Yanaki Herrera.

“Diante do que emerge num recorte de tantas inscrições, enxergamos confluências que criam um corpo comum. Memória e aceleracionismos; ecologias, trabalho e capital; cosmologias; e o reencantamento pela arte. Que a atmosfera proporcionada por estes artistas do Abre Alas 2023 reforce esses bons ventos de retomada.”

“Com mais de 500 inscrições, vemos que a arte resiste mais uma vez, atenta, em vários Brasis. Agradecemos a todes inscrites e ao nosso trio mágico, feminino e plural, composto por Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri, que reuniu forças e construiu o enredo para esse desfile. Com os olhos bem abertos, amarrou em laços sutis o que hoje apresentamos a vocês. No Rio ou em Sampa, tá bonito de ver!”

 

Encruzilhada Gentil | Rua Gonçalves Ledo, 17 – Centro

Progamação de abertura:

DJ Galo Preto (@brunobalth) DJ Tata Ogan (@tataogan)

Performances de artistas selecionades do Abre Alas 18

Concurso de Fantasias Gentil valendo uma noite no Hotel Meu Cantinho

Como parte da programação do CIGA de Verão da ArtRio, em uma parceria entre A Gentil Carioca e o Solar dos Abacaxis, o Abre Alas 18 vai ter Cortejo com Reviravolta de Gaia do coletivo #florestadecristal e a Bateria Balança Mas Não Cai! A concentração aconteceu no Solar dos Abacaxis (Rua do Senado, 48), com saída para A Gentil Carioca (Rua Gonçalves Ledo, 17).

 

O evento teve apoio Beck’s

 

A GENTIL CARIOCA | RIO DE JANEIRO

Rua Gonçalves Lêdo, 11 e 17 sobrado – Centro

 

A GENTIL CARIOCA | SÃO PAULO

Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis

Ianelli 100 anos: o artista essencial

10/fev

 

A exposição “Ianelli 100 anos: o artista essencial” comemorativa do centenário de nascimento de Arcangelo Ianelli reveste-se de especial emoção por se realizar no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o museu mais estimado pelo artista. Sua primeira exposição individual na instituição aconteceu pelas mãos de Mario Pedrosa, em 1961, e, a partir de 1969, ele participou de seis edições do Panorama de Pintura, sendo premiado em 1973. Em 1978, sua retrospectiva no museu recebeu o prêmio de melhor exposição do ano da ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte.

Ianelli foi um artista do fazer, obsessivamente dedicado ao métier, e intransigente quanto ao lugar da pintura. Tendo feito o percurso habitual de sua geração, realizou obras acadêmicas, seguidas por pinturas com acentos cezannianos, que foram se tornando cada vez mais sintéticas até o mergulho na abstração, que o encaminhou, sem volta, em busca da essência.

O partido curatorial adotado nesta retrospectiva foi o de privilegiar a coerência de sua obra, mostrando que, no jovem pintor de 1950, já está contido o artista de 1970; que o mural de 1975 abre caminho para a escultura dos anos 1990 e que, nesse momento, nascem também as grandes pinturas, realizadas até 2000. Para permitir ao visitante a compreensão desse processo, a mostra estabelece um percurso que se inicia com a produção dos anos 1970, retrograda até 1950 e volta traçando o percurso de 1960 a 2000. Assim é possível ver, ao mesmo tempo, todas essas vertentes nascendo umas das outras. A mostra também propõe revelar o processo de criação e execução do artista, trazendo para o público a intimidade de seu ateliê e revelando sua persistência e perfeccionismo.

Uma exposição é um trabalho que envolve muita gente. Meus agradecimentos aos filhos do artista, Katia e Rubens Ianelli; à diretoria do museu; à jovem e eficiente equipe da instituição, liderada por Cauê Alves, e a todos os demais colaboradores. Parte deles, como eu, conheceu pessoalmente o artista, mas, mesmo aqueles que não tiveram essa sorte, entregam ao público esta mostra igualmente encantados.

Salve, Ianelli!

Denise Mattar, Curadora

De 14 de fevereiro a 14 de maio.

 

A Natureza das Coisas

 

Radicada em São Paulo desde 1998, a escultora cubana Alina Fonteneau já teve duas de suas obras expostas no jardim do Museu Brasileiro de Escultura. Feitas de fibra de vidro, às vezes, suas peças levam dois meses ou três meses para ficar prontas. “Inspiro-me na natureza”, explica a artista e complementa: “As cores vivas que utilizo são as das frutas e das flores.”

Agora o próximo passo de Aline Fonteneau obedece a curadoria do crítico Marcus Lontra Costa e entra em cartaz a partir de 11 de fevereiro com a exposição individual “A Natureza das Coisas” na Galeria Dila Oliveira, Jardim Paulista, São Paulo, SP.

Povos originários brasileiros

07/fev

 

A partir do dia 09 de fevereiro, às 14h30, o Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, RJ,  abre ao público sua nova exposição de longa duração: “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”, que traz um novo olhar sobre a trajetória dos povos originários brasileiros desde antes da chegada dos portugueses até os dias atuais. A exposição, que tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, será inaugurada com a roda de conversa “Memórias e museus indígenas”, com representantes dos povos Kanindé (CE) e Yawanawá (AC), seguida de apresentação cultural. Na ocasião será realizada, ainda, uma feira de arte indígena no pátio de Minerva (térreo).

Dividida em dois eixos temáticos – “Arqueologia” e “Povos originários” -, a exposição apresenta importantes objetos etnográficos – desde o tacape (arma de madeira), que pertenceu ao líder indígena Tibiriçá, no século XVI, até um colar usado em rituais contemporâneos dos Yawanawá. Obras recentes de artistas indígenas, como Denilson Baniwa, Diakara Desana, Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara, completam a mostra, que faz uma reformulação conceitual e expográfica, após 16 anos, da exposição de longa duração sobre os povos originários brasileiros, alinhada ao tema do centenário do MHN – “Escuta, conexões e outras histórias” – e às perspectivas atuais dos povos originários.

“O discurso do museu sobre a História do Brasil tem sido alvo de uma reflexão crítica, especialmente neste momento em que celebramos 100 anos de existência”, diz Pedro Colares Heringer, diretor substituto do Museu Histórico Nacional. “Isso tem gerado uma revisão conceitual de nossas perspectivas. Îandé é fruto desse esforço e da necessidade de dar protagonismo às histórias que durante muito tempo foram invisibilizadas”.

Realizada por representantes dos núcleos técnicos do museu, consultores e curadores externos, a exposição convida à reflexão sobre a nossa própria história sem deixar de lembrar que, a todo tempo, muitas outras estão sendo escritas. Somos um conjunto de experiências diversas que percorre tempos e espaços, conectados por uma teia, muitas vezes invisível, que liga ideias e sentimentos e gera conceitos e tradições. “Îandé”, em tupi, significa “nós e vocês”.

 

Eixos temáticos

A exposição será dividida em dois grandes eixos. O primeiro, “Arqueologia”, traz parte dos vestígios e do legado dos povos originários no Brasil. Com a colaboração de especialistas da arqueologia brasileira, o MHN se propõe a reescrever a história, iluminando e evidenciando os indígenas, suas perspectivas e discursos, por muito tempo ausentes e à margem da história oficial.

O segundo eixo, “Povos originários”, apresenta um panorama dos povos indígenas, mostrando sua diversidade, sua cultura material e objetos, como vivem hoje, os museus dedicados à causa, além de um espaço para as vozes e as lutas indígenas e a arte contemporânea.

Nesse eixo, destacam-se alguns núcleos. “Os povos originários hoje” reflete sobre a diversidade de identidades, sistemas sociais e culturais, modos de viver e visões de mundo que marcam a vida contemporânea destes povos – cada vez mais protagonistas nos mais variados âmbitos da sociedade brasileira.

Nessa perspectiva, “Waapówa: nosso caminho, nossa história” faz uma introdução à produção artística indígena atual, com curadoria do artista e curador indígena Denilson Baniwa. “Neste pequeno recorte vemos uma perspectiva de povos do norte-nordeste sobre sua própria trajetória. Ambos os trabalhos, a partir da visão de seus povos, afirmam uma única história: este lugar que pisamos sempre foi terra indígena”, explica.

A diversidade dos povos originários no Brasil está presente também em objetos que compõem o acervo do Museu Histórico Nacional, evidenciando usos, costumes e hábitos integrados ao cotidiano brasileiro, e questionando sobre o que estes itens dizem sobre a contemporaneidade e a história dos mais de 250 povos que vivem hoje no país.

Outra novidade é o “Espaço da meia-lua”, pensado para ser um local de promoção das vozes e das lutas indígenas, que contará com mini exposições temporárias. A primeira delas, com peças do próprio MHN, homenageia o povo Ianomâmi.

Os museus indígenas também têm lugar em Îandé. Em um espécie de “museu dentro do museu”, Alexandre Gomes, Antônia Kanindé e Suzenalson Kanindé apresentam a história do Museu Kanindé, do Ceará, e as memórias de lutas, resistências, afirmação e valorização da identidade e das suas práticas culturais.

 

 

Encontro de escultor e crítico

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ,  promove no dia 14 de fevereiro um encontro entre o escultor José Resende, um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira, e o crítico e professor Ronaldo Brito, um dos mais respeitados pensadores do país. O bate-papo gira em torno da exposição “Rotação e translação”, que apresenta 14 obras inéditas em latão, mola latonada, cobre e cabo de aço de Resende. Ronaldo Brito, que possui uma parceria profissional de longa data com o artista, é quem assina o texto da mostra, que termina no dia 24 de fevereiro, na Mul.ti.plo.

A entrada é franca e o encontro acontece em 14 de fevereiro, uma terça-feira, às 18h30, como desdobramento da mostra na galeria.

Aos 77 anos de idade e com mais de 50 de uma sólida e exitosa carreira, José Resende está de volta à capital carioca depois de uma década. Em sua última exposição na cidade, em 2011, ele ocupou o saguão monumental do MAM. Dessa vez, o desafio foi criar obras que conversassem com o espaço da galeria no Leblon.

A exposição abre-se em dois tempos. No primeiro, estão obras maiores, que se desdobram delas mesmas, como uma experiência de multiplicação. São cinco esculturas de parede (de cerca de 260 x 80 x 40 cm) e duas de chão (de aproximadamente 45 x 42 x 115 cm), elaboradas a partir de tubos de latão articulados com cabo de aço. “Uma peça sai da outra, mas cada uma tem uma unidade diferente e uma relação de mobilidade com o espaço da galeria”, explica o artista. Em contraponto, estão seis esculturas menores, de cerca de 45 x 42 x 115 cm, que trabalham a questão da tensão e também do movimento a partir de hastes e molas.

O nome da exposição, “Rotação e translação”, partiu do texto crítico de Ronaldo Brito e se refere a uma frase do artista norte-americano Carl Andre. “Em resposta à perplexidade diante de suas peças literais, o escultor minimalista insistia que elas tinham, sim, base: a terra. José Resende pontuaria – a terra, em movimento de rotação e translação”, escreve Ronaldo, que também assinou o texto da exposição no MAM-RJ em 2011.

Conhecido por suas obras em grande escala, como a monumental instalação com vagões pendurados com cabo de aço, em São Paulo, em 2011, José Resende tem várias obras em locais públicos no Rio de Janeiro. Uma delas é a escultura apelidada de “O passante”, no Largo da Carioca, e “A Negona”, no corredor cultural do Centro. “José Resende é um criador de exceções. Sua poética, sempre renovada, traz uma potência que se revela a cada novo trabalho”, diz Maneco Müller, que comanda a Mul.ti.plo em parceria com Stella Ramos.

 

Sobre o artista

José Resende nasceu em São Paulo, SP, em 1945. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Formado em Arquitetura pela Universidade Mackenzie, São Paulo, cursou gravura na FAAP. Em 1963 estudou com Wesley Duke Lee e, entre 1964 e 1967, foi estagiário no escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 1966, fundou com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser a Rex Gallery and Sons. Em 1967, ganha o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal de São Paulo. Em 1970, realiza exposição individual no MAM-RJ e no MAC-USP. No mesmo ano, funda com Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Luís Baravelli o centro de experimentação artística Escola Brasil, onde lecionou por quatro anos. Em 1974, realiza exposição individual no MASP, São Paulo. Em 1980, recebe menção honrosa na representação do Brasil na 11ª Biennale de Paris. No mesmo ano, edita a publicação sobre arte “A Parte do Fogo” junto com um grupo de críticos e artistas. Em 1984, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, residindo em NY até 1985. Em 1988, participa da 43ª Bienal de Veneza. Em 1992, Participa da Documenta 9, Kassel, Alemanha. José Resende desenvolveu ao longo de sua carreira uma atuação pungente dentro do debate da arte e da cultura no Brasil, sobretudo entre 1960 e 1980, época da Ditadura militar. A partir da década de 1990, desenvolve inúmeros projetos, permanentes e temporários, especialmente para espaços urbanos. Além de expor diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9ª, 17ª, 20ª e 24ª) e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas como o MoMA (Museum of Modern Art), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, em dezembro de 2021.

 

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