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AGENDA CULTURAL

Maxwell Alexandre em Madrid

06/fev

 

A Gentil Carioca tem o prazer de convidar a todes para “Novo Poder: passabilidade”, primeira exposição individual de Maxwell Alexandre na Espanha, no Centro Cultural La Casa Encendida, em Madrid. A mostra encontra-se em exibição desde o dia  02 de fevereiro.

Na série Novo Poder, o artista explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes aponta para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

 

Novo Poder: passabilidade

Na série Novo Poder, o artista Maxwell Alexandre explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta, atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes apontam para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

Para compreender a totalidade da mensagem que Maxwell transmite nesta série, antes se faz necessário investigar a intenção de sua criatividade em “Pardo é Papel”, uma série que fala sobre um futuro especulativo de glória, vitória, farra, fartura, marra, vaidade e auto-estima para as comunidades negras. E se em Pardo é Papel a projeção da ascensão se dá através da ostentação de bens de consumo como carros, jóias e roupas de grife, em Novo Poder o artista busca a abundância intelectual e simbólica, o acesso à quintessência da produção material ocidental, a Arte. Sabemos que a Moda e a Arte são dois campos da cultura hegemônica ocidental que se consolidaram a partir da modernidade, cada um com suas especificidades, tendo como ponto comum a forte influência que ambos exercem na construção de distinções sociais. Tanto a Arte quanto a Moda atuam em um sistema complexo que legitima determinadas hierarquias, e ambos envolvem aspectos ligados ao desenvolvimento dos conceitos de beleza e valores estéticos. A Moda reforça os valores estabelecidos pela sociedade de consumo, e a Arte provoca esses valores, nos ensinando a sonhar com perspectivas mais críticas. Funcionando em suas instâncias específicas, por um lado a passarela e as revistas de moda; por outro, os museus e as galerias de arte, em alguns momentos, as produções destes dois diferentes campos se cruzam e, em outros casos, os limites são tênues. Sabemos que a Moda, na realidade ocidental, conduz as escolhas e as preferências das pessoas, indicando aquilo que devemos consumir, utilizar, ou fazer. Mas é importante observar que ela atua também como uma forma de manifestação de poder, prestígio e distinção cultural, para além do capital financeiro, sendo, assim como a arte contemporânea, detentora de um grande capital intelectual e simbólico. As roupas, as joias, os cabelos, as telas e as molduras servem como elementos estéticos que agregam valor e status a um corpo, esses símbolos também influenciam no cotidiano e isso acontece principalmente devido a dois fatores: o significado simbólico que eles representam e a experiência física de ostentar algo valoroso. Em outras palavras, um relógio não é apenas um acessório e vestir uma peça que gostamos e com a qual nos sentimos bem, assim como o ato de emoldurar uma obra, pode se traduzir em uma afirmação de poder.

A falta de interesse das periferias e favelas pela arte contemporânea, afirma Maxwell Alexandre, é um programa construído. Esse é um segmento de elite e também de distinção social mesmo entre os ricos. Para aqueles que têm iates, helicópteros, mansões e piscinas como bens corriqueiros, a arte torna-se uma referência para dizer quem é mais sofisticado. Dessa maneira, quem tem um quadro valioso na parede de casa e pode compreender o artista deu seu tempo, se destaca. Do mesmo modo acontece no meio da Moda, a sensação de entrar numa loja Louis Vuitton é parecida com a sensação de entrar no Louvre, ao ocupar esses espaços o sentimento de exclusão grita dentro do corpo negro, já para o corpo branco o sentimento geralmente é de pertencimento. O cruzamento da produção artística de Maxwell Alexandre com o universo da Moda, surge de uma construção que vem se desenvolvendo desde os tempos em que ele adentrou os corredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Por ser aluno do curso de Design, Maxwell teve acesso aos laboratórios de Moda, onde pôde recolher o material necessário para suas experimentações: retalhos de papel pardo repletos de rascunhos e anotações que eram descartados nas aulas de modelagem. A partir da sua condição de estudante, ele tateou materiais descartados nesses espaços como uma alternativa para criar trabalhos, apesar da falta de recursos econômicos que existiam naquele momento. Ao se deparar com esse material, o artista alcançou pouco a pouco a intimidade necessária para germinar as primeiras pinturas que dariam origem à série “Pardo é Papel”.

Pintar personagens negros com atitude e posições de poder naqueles fragmentos de papel usados para construir roupas, foi uma interseção poderosa que Maxwell Alexandre encontrou para enfatizar a afirmação de que tanto a Arte quanto a Moda são sustentáculos que edificam a sociedade atual. Deste modo, ao relacionar os espaços expositivos da Arte e da Moda, o artista afirma que estes são celeiros de cultura que estão profundamente conectados a uma posição de poder, considerando que a instância superior do circuito da Moda é a passarela, e o da Arte é o museu. Espaços que precisam ser reivindicados por corpos pretos, já que ali a história é legitimada, pois são nesses lugares onde as narrativas e a construção de imagens são manipuladas. É neste sentido que a série Novo Poder propõe a transmutação da realidade, gerando imagens de pessoas melanizadas dentro das exposições de arte, caminhando com elegância, como “catwalks” pelas exposições.

Essa familiaridade, tratada pela primeira vez na exposição de La Casa Encendida, é fruto de um processo de assimilação e incorporação, ou mesmo entendimento e vivência, dos códigos de ambos os campos, que conferem a esses indivíduos confiança e auto estima. Essas florescem em um porte ou postura de tranquilidade e confiança; uma passabilidade, emanada de dentro pra fora. Quer dizer, uma caminhada que não é somente uma passagem efêmera pelo espaço, mas uma conquista de quem aprendeu a pertencer e usufruir destes lugares e do gozo estético com segurança e tranquilidade.

 

Respirando a Natureza

 

Artista “radicada” em Teresópolis, Bianca Land apresenta individual no Centro Cultural Correios RJ.  Depois de trabalhar durante anos em ritmo frenético no Departamento de Criação de uma grande agência de publicidade, Bianca Land decidiu mudar de ares e respirar. E se inspirar. No início dos anos 1990, quando foi morar na Serra, a artista passou a se dedicar essencialmente à pintura. O resultado poderá ser visto a partir do dia 09 de fevereiro, data de abertura da sua individual “Respirando a Natureza”, sob curadoria de Beatriz Padilla e produção de Francisco Menescal. Foram selecionados trabalhos que flertam com o movimento impressionista, em tons que vão dos azuis aos alaranjados, a maioria em médios e grandes formatos.

 

A palavra da curadora

Bianca Land Farah é uma artista inspirada pela natureza. Nascida no Rio de Janeiro, viveu a infância numa Chácara em Petrópolis, em conexão com a floresta e com os animais. Livre, muito expressiva e espontânea, sempre teve a arte como seu meio de comunicação. E foi justo Comunicação Social, que decidiu cursar na PUC do Rio de Janeiro. Já adulta, escolheu se embrenhar ainda mais na mata, indo morar em um pequeno sítio com uma cachoeira no terreno, em Teresópolis. Foi lá que Bianca formou sua família com Eduardo Small, trazendo ao mundo suas grandes paixões, os filhos Arthur e Raphael. E também, foi nesse seu pequeno paraíso, que iniciou sua carreira de artista plástica, pintando inicialmente quadros à óleo e atualmente tinta acrílica. Naturalmente, a identidade de sua pintura, traz a força de sua comunhão com a Terra e, mais que isso, nos convida a compartilhar do seu respirar a natureza. Nas telas da belíssima exposição “Respirando a Natureza”, estão expressas a escolha de vida de Bianca, a sua identificação com a explosão de cores, formas, vida, amor e energia. São telas que contam muito mais que um olhar pouco atento possa imaginar. Telas que contam da sensível experiência de imersão na alma da natureza, em pinceladas firmes e fortes pela vibração das cores e, ao mesmo tempo delicadas e suaves, por conta do doce olhar dessa grande artista”. Beatriz Padilha, janeiro de 2023.

 

 Sobre a artista

A artista Bianca Land é formada em Comunicação pela PUC e após ter trabalhado no Departamento de Criação da agência McCann Erickson, se dedica exclusivamente à pintura. Entre suas realizações destacamos exposições em diferentes cidades, a participação no circuito das artes no Rio de Janeiro, a atuação no projeto Morar Mais Por Menos, o recebimento de menção honrosa pela Só Arte Teresópolis, a criação dos afrescos decorativos do SENAC Petrópolis, e a colaboração como arte educadora do SESC Teresópolis e no lar Tia Anastácia. Seu trabalho mais recente é como cenógrafa no Centro Cultural FESO Pro Arte.

Até 02 de abril.

 

 

O Pequeno Grande Mundo de Flavio Papi

 

“O Pequeno Grande Mundo de Flavio Papi” começou a ser construído muito cedo, ainda na infância, quando já produzia maquetes e mini esculturas. Aos seis anos de idade, começou a desenhar com Augusto Rodrigues, na “Escolinha de Artes do Brasil”, e logo em seguida com Ivan Serpa, no MAM, dos 7 aos 12 anos. Seu know-how em arquitetura, já que além de artista plástico e maquetista é também arquiteto, favoreceu bastante seus projetos em menor escala; hoje, Flavio Papi é considerado o maior maquetista brasileiro, elencando uma extensa e respeitável lista de trabalhos para publicidade, cinema e televisão (TV Globo, a extinta Manchete e Record). No dia 09 de fevereiro, “O Pequeno Grande Mundo de Flavio Papi”, faz uma retrospectiva sobre sua trajetória de mais de 60 anos -, reunindo desenhos, pinturas, esculturas e maquetes, sob curadoria de Dinah Guimarães, no Centro Cultural CorreiosRJ.

 Entre as maquetes mais curiosas, estão a do “Teatro” da novela Mandala (TV Globo), a do “Banheiro”, criada para o clipe do grupo “Paralamas do Sucesso”, dirigido por Andrucha Wadington e vencedor na MTV Awards Brasil, em 1996. São destaques também na exposição a maquete oficial da “Rio 2016″ e a recente série “Floresta” (bastante oportuna no momento atual de devastação da Amazônia), criada para uma peça publicitária sobre o Dia do Meio Ambiente.

 

A palavra da curadora

“Será a arte capaz de transportar imaginariamente o espectador para um universo paralelo? A obra de Flávio Papi se insere, inegavelmente, em uma criatividade transcendental, que logra decodificar informações novas ao introduzir elementos estranhos (“ruídos”) em dados cotidianos. É aqui possível perceber uma distinção capital entre “arte formalizada” (arte criada pelos artistas) e “arte em estado bruto” (capacidade humana de fruir esteticamente objetos ou fenômenos naturais como crepúsculos)? A atual retrospectiva revela artefatos ecléticos, que mesclam valores artesanais da arte do passado com uma ruptura estética radical. Peças artísticas criadas a partir de maquetes com técnica mista (madeira, mdf, acrílico, plastique, papel, arame, pvc, plástico, poliuretano, resina, gesso, pintura acrílica ou automotiva) simbolizam obras intuitivas, espontâneas, sem projeto prévio. Fugindo da premissa ingênua de obras cuja facilidade se disfarça sob a ideia do difícil, a exposição revela desenhos, pinturas, esculturas e maquetes produzidos desde a infância do artista até a atualidade, em mais de 60 anos de trabalho ininterrupto. Começou Flávio Papi a desenhar com Augusto Rodrigues na Escolinha de Artes do Brasil e, em seguida, com Ivan Serpa no MAM-Rio. Maquetes, mini esculturas e desenhos originais dos anos 1960 constam da exposição, ao lado de esculturas recentes com temática ecológica, destruição e renascimento do planeta, assim como temas ligados à violência humana. Sua mão artística, em um gesto surrealista, expressa a criação/destruição humana do planeta e a esperança de retomada do bem comum verde, com a presença maciça de uma ecologia que possa nos redimir nesse terrível momento de crise ambiental brasileira na Amazônia. Enfatizam-se maquetes para publicidade, cinema e televisão, como aquelas feitas para novelas: “Teatro”, da novela “Mandala”, ao lado de obras para a TV GLOBO, Record e a extinta Manchete, além de filmes como “Outras estórias”, de Pedro Bial e “Lili Carabina”, de Lui Farias. Juntam-se maquetes usadas em vídeoclipes para bandas de rock e shows musicais para o programa “Fantástico”, com artistas como Djavan, Martinho da Vila, Zizi Possi, Ângela Maria e o programa “Os Trapalhões”. Destaca-se a maquete do “Banheiro” para o grupo “Paralamas do Sucesso”, vencedor do melhor vídeoclipe do ano (1996) na MTV Awards Brasil e dirigido por Andrucha Waddington. Derivando de uma família de artistas plásticos como Luiz Alphonsus e Domingos Guimaraens, foi sua obra influenciada pela poesia de Alphonsus de Guimaraens Filho, Afonso Henriques Neto e Augusto de Guimaraens Cavalcanti, devendo sua estética de connoisseurship à exímia modista Sônia Papi, sua mãe, ao bom gosto e escritos da tia Hymirene Papi de Guimaraens, às esculturas e poemas do tio Luiz Papi e ao apoio imprescindível do irmão Pedro Papi. Trata-se de ter olho e gosto, pois o bom gosto é um juiz intemporal perante o qual as obras comparecem, à espera de julgamento…”.

 

Sobre o artista

Flavio Papi nasceu no Rio de Janeiro em junho de 1954, Formado em Arquitetura pela FAU-UFRJ. Em seu currículo, há cursos de maquetes ministrados na década de 1980 no MAM. Em 1982, trabalhou por dois anos em Nova York na Maloof Architectural Models. Retornando ao Rio de Janeiro, voltou  a ministrar cursos no  IAB, E.A.V. (Parque Lage) e em seu Ateliê, na Lapa. Desde então, produz e faz maquetes para Arquitetura, Cinema, Televisão, Fotografia, Publicidade, Engenharia, Música, Artes Gráficas. Entre os seus principais projetos, “Os 100 anos de Oscar Niemeyer”, a exposição sobre os 50 anos de Brasília com a obra de Lúcio Costa, Burle Marx, Petrobrás, comerciais para Skol e Motorolla, e projetos para TV Globo e TV Record (maquetes de novelas e seriados).

Até 02 de abril.

 

 

 

Texturas, entrelaçamentos e urdiduras

01/fev

 

A primeira coletiva de 2023 da Simões de Assis em São Paulo reflete sobre as possibilidades têxteis dentro da produção visual latino-americana.

“Tramas e Tecituras” reúne diversos artistas que, em suportes distintos e a partir de processos variados, exploram os caminhos da costura, do bordado, da apropriação, sobreposição e colagem têxtil, e de todas as histórias contadas a partir de fios, lenços, telas, panos, texturas, entrelaçamentos e urdiduras.

A mostra traz obras inéditas e recentes de André Azevedo, Elizabeth Jobim, Ernesto Neto, Mariana Palma, Martin Soto Climent, Mestre Didi, Yuli Yamagata, além de artefatos criados pelos artesãos haitianos Georges Valris e James Recule, que exploram a natureza narrativa das bandeiras e tapeçarias historicamente desvalorizadas pela produção contemporânea.

Proust e as artes

 

Confira os cursos do mam, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque Ibirapuera, portões 2 e 3, São Paulo, SP, com inscrições abertas para o dia 25 de fevereiro (sáb), das 15h às 17h; masterclass presencial.

A aula acontece por ocasião dos 100 anos da morte do escritor francês Marcel Proust e o lançamento do livro póstumo “Proust e as artes” (Todavia), do filósofo Roberto Machado. Aberta a todos os públicos, a masterclass será ministrada pelo pesquisador Brunno Almeida Maia.

Os dez primeiros inscritos ganharão um exemplar físico do livro “Proust e as artes”, de Roberto Machado, em celebração à parceria entre o mam e a Editora Todavia para esta realização.

Em fevereiro, a programação de cursos do mam são paulo traz oficinas de lambe-lambe e fotografia bordada, recortes da história da arte e uma masterclass, formato inédito na grade do museu. Aberta a todos os públicos, a aula “Proust e as artes” será ministrada pelo professor e pesquisador em Filosofia e Ciências Humanas Brunno Almeida.

Filme e exposição de Glauco Rodrigues

31/jan

 

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Porto Alegre, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS – Sedac, apresenta o Cine Verão Tropical pelo Programa Público da exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL”, atualmente em exibição no Museu. Será um ciclo com 5 sessões do filme “Glauco do Brasil” (2015), no Auditório do MARGS, nos dias 01, 11, 15 e 25 de fevereiro e 16 de março, sempre às 16h. Esta última contará com a participação do diretor do documentário, o cineasta Zeca Brito. As sessões são abertas ao público e gratuitas, com limite de 60 lugares por ordem de chegada. “Glauco do Brasil” tem duração de 90 minutos e classificação indicativa livre.

Ocupando duas salas do 2º andar do MARGS (Galeria Iberê Camargo e Sala Oscar Boeira), a exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL” permanecerá em exibição até 16 de abril. A visitação é gratuita e ocorre de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h30). Visitas mediadas para grupos podem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br.

 

Sobre o filme

O documentário “Glauco do Brasil”, apresenta, a partir de entrevistas e arquivos, a trajetória de vida de Glauco Rodrigues (1929 – 2004). Acompanha as mudanças nas concepções artísticas do artista, partindo dos anos iniciais em Bagé até sua estadia no Rio de Janeiro. O filme inicia com um depoimento do artista, concedido ao diretor Zeca Brito, quando este possuía apenas 12 anos. Além de depoimentos do artista, constam entrevistas com nomes de destaque no campo artístico nacional, como os críticos Frederico Morais e Ferreira Gullar, Gilberto Chateaubriand – seu pricipal colecionador -, o músico João Bosco, o escritor Luis Fernando Veríssimo, a atriz Camilla Amado, e o curador francês Nicolas Bourriaud.

 

Sobre o diretor

Zeca Brito (1986) é cineasta. Foi diretor do Instituto Estadual de Cinema do Rio Grande do Sul. Possui mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, com ênfase em História, Teoria e Crítica, e graduação em Realização Audiovisual pela Unisinos e em Poéticas Visuais pela UFRGS. Dirigiu e roteirizou longas-metragens como “O Guri” (Canal Brasil), “Glauco do Brasil” (Canal Brasil), “Em 97 Era Assim” (Canal Brasil), “A vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” (Canal Brasil), “Grupo de Bagé” (Canal Curta!), “Legalidade” (Telecine Cult) e “Trinta Povos” (Canal Curta!).

 

Sobre a exposição e o artista

Nascido em Bagé, Glauco Rodrigues ficou notabilizado pela sua atuação nas importantes realizações do denominado “Grupo de Bagé” e dos Clubes de Gravura criados nos anos 1950. Assim, seu nome costuma figurar junto aos artistas Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar. Esse Glauco Rodrigues relacionado à representação do homem e das paisagens do campo, do trabalho rural da pecuária e dos tipos e costumes regionais – ligado, portanto, ao gaúcho e à cultura campeira sulina – foi desde então bastante celebrado. Inclusive pelo MARGS, como atesta a história das exposições do Museu. Depois de partir, no final dos anos 1950, para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se a seguir no Rio de Janeiro, Glauco Rodrigues dá um direcionamento ao seu trabalho em que passa a fazer da história e da cultura brasileiras o maior interesse e tema privilegiado de sua produção. A exposição enfoca esse “Glauco tropical”, que surge nos anos 1960, explorando os temas de uma identidade brasileira vivenciados a partir da experiência carioca. Com seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop, são obras nas quais Glauco Rodrigues explora fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica.

A mostra apresenta uma seleção de 49 obras do Acervo Artístico do MARGS, onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos. A maior parte foi adquirida em 2018, através da generosa doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva do artista. Desde então, essas obras foram sendo submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 90.   Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, “Glauco Rodrigues – TROPICAL” integra 2 programas expositivos em operação no Museu que são aqui interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e revisões históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda a história institucional do Museu.

 

Exibição da coleção de Vera e Miguel Chaia

30/jan

 

A Arte 132 Galeria, Moema, São Paulo, SP, exibe exposição “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético”, um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas brasileiros. A mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz.

Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, Tridimensional mescla de forma não-linear os temas centrais. Supõe-se que cada artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos. O conceito de sagrado é aqui entendido no seu significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e metafísico – centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece representado por cinco elementos – sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão, rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de relevo.

 

Sobre o processo curatorial

Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E, ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca da revolução da linguagem?

Entre os destaques da exposição, aparecem Artur Lescher, Carmela Gross, José Resende, José Leonilson, Leda Catunda, Marcelo Cidade e Tunga.

A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar. Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar, juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam. Assim surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. “Tridimensional – Entre o sagrado e o estético” será uma oportunidade para que os espectadores conheçam um recorte desse acervo.

Evento de encerramento: Recital de piano, em 11 de março, sábado, às 11h30.

Até 11 de março.

 

Paisagens naturais de Rebecca Sharp

 

A exposição “Terrestres”, individual de Rebecca Sharp, inaugurou a programação de 2023 da Sé Galeria, Vila Modernista, São Paulo, SP.

Em seu novo conjunto de obras, a artista substitui as paisagens metafísicas criadas dentro do ateliê por paisagens naturais. Desde 2019, Rebecca Sharp tem se dedicado à pintura pela observação ao ar livre.

Brasileira radicada nos Estados Unidos, suas obras têm elementos das Montanhas Rochosas nos arredores de Boulder, cidade em que vive, e também de Montana, Wyoming, Novo México, Havaí, além de cidades brasileiras como Ponta Negra e Ibiúna.

Em exibição até o dia 04 de março.

 

 

Formas botânicas fabuladas

27/jan

 

Thalita Hamaoui apresenta “Gaia: seu corpo, sua carne, seu sopro”, sua primeira exposição individual na Galeria Simões de Assis, Jardins,  São Paulo,  com curadoria de Priscyla Gomes. O conjunto inédito é formado por pinturas de média e grande escala, nas quais a artista desenvolve paisagens inventadas e imaginadas, descoladas de lugares reais ou espécies existentes. Ao contrário, Thalita Hamaoui extrapola os limites do cientificismo e do figurativismo, abdicando da observação ou da fidelidade representacional, em favor de imagens fantásticas, repletas de organicidade. As formas botânicas fabuladas e os espaços tomados por gestos pictóricos reverberam de um trabalho a outro, como se as figuras estivessem em constante metamorfose, contaminando todas as obras ao redor. As pinturas de Thalita Hamaoui são como exercícios constantes de fusão e distanciamento, pulsão e análise, ritmo e respiro, dando vida à magia do inesperado.

Até 25 de fevereiro.

 

Inéditos de Felipe Rezende

Em sua primeira exposição individual na Galeria Leme, Butantã, São Paulo, SP, Felipe Rezende apresenta sua produção mais recente, composta de pinturas à óleo sobre lona de caminhão e desenhos em nanquim e grafite, todos inéditos. Com curadoria de Tiago Sant’Ana, “O último buritizeiro” permanece em cartaz de 02 de fevereiro até 10 de março.

Neste conjunto de trabalhos, Felipe Rezende combina observações de seu cotidiano com elementos da cultura pop, como personagens de animes e quadrinhos, em prol da constituição de uma narrativa visual. Nas obras presentes na mostra, o artista amplia seus assuntos de interesse e passa a incorporar os debates sobre as questões ambientais e os fluxos migratórios para São Paulo.

Na obra que dá título à exposição,  o artista retrata no centro da composição Dona Ozelina e um buriti ao fundo. Ao redor dessa figura é possível notar uma colheitadeira, um balde e uma bacia cheios de frutos da planta, demonstrando duas formas distintas de colheita e plantio e um aviação agrícola expelindo agrotóxico. No topo esquerdo da composição um Koffing – personagem venenoso do anime Pokémon – veste um chapéu de cowboy.

Ozelina é moradora do quilombo Cacimbinha, no oeste baiano. A região vive um intenso conflito entre dois projetos antagônicos, de um lado os camponeses, geraizeiros e comunidades tradicionais, que vivem dos recursos hídricos abundantes da região, do cultivo do buriti e do conhecimento da biodiversidade do Cerrado e de outro o modelo do agronegócio, que hoje ocupa 150 mil hectares com plantio de soja, milho e algodão, de acordo com relatório da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM).

“Felipe desenvolveu uma maneira de criar a partir daquilo que ele observa e se relaciona no cotidiano, mas ele não para por aí, porque ele funde elementos dessa realidade tangível com outras figuras, que muitas vezes vem do universo do sonho, dos quadrinhos, da cultura pop. Ele utiliza esses elementos para fazer uma espécie de bricolagem, que vai justapondo diferentes elementos nessa atmosfera, que ele cria em prol da constituição de uma narrativa”, comenta o curador Tiago Sant’Ana.

A escolha da lona de caminhão como suporte para suas pinturas extrapola uma decisão exclusivamente matérica, contribuindo como uma metáfora do trânsito de pessoas, de elementos, de imagens de um lugar para o outro.

“Essas lonas viajam, deslizam nas estradas e carregam consigo uma sorte de desgastes do tempo, de marcas que ficam inscritas em suas fibras. Elas são uma estratégia, que o Felipe utiliza para tratar desses fluxos de migração, de finitude, de passagem do tempo”, acrescenta Tiago Sant’Ana.

 

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