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AGENDA CULTURAL

Bienal de São Paulo no MAR

20/out

 

O programa de mostras itinerantes da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto chega ao Rio de Janeiro no Museu de Arte do Rio (MAR). A exposição, correalizada junto ao MAR com o apoio do Instituto Cultural Vale, fica em cartaz até o dia 22 de janeiro de 2023.

A mostra é organizada em torno do enunciado Os retratos de Frederick Douglass. Douglass foi um homem público, jornalista, escritor, orador estadunidense, e um dos  principais expoentes da luta pela abolição da escravidão. Até hoje seus retratos circulam pelo mundo como símbolo de justiça e liberdade. Assim, sob o olhar penetrante e desafiador de Douglass, este enunciado traz artistas e obras voltados aos processos de colonização, deslocamento, violência e resistência que marcaram e continuam marcando a vida de milhões de pessoas ao redor do planeta.

Treze artistas de oito países diferentes compõem a mostra: Anna-Bella Papp (Romênia), Arjan Martins (Brasil), Daiara Tukano (Brasil), Daniel de Paula (Brasil/Estados Unidos), Deana Lawson (Estados Unidos), Frida Orupabo (Noruega), Gala Porras-Kim (Colômbia), Jaider Esbell (Brasil), Joan Jonas (Estados Unidos), Noa Eshkol (Israel), Paulo Kapela (Angola), Seba Calfuqueo (Chile) e Tony Cokes (Estados Unidos).

No dia da abertura, Daiara Tukano realiza uma performance, ativando sua obra Kahtiri Ēõrõ – Espelho da vida (2020), inspirada nos mantos tupinambás. A performance tem início às 11h30 e a artista percorrerá o caminho da exposição, no primeiro pavimento do Museu.

Além do fomento à produção artística, um dos focos principais da Fundação Bienal de São Paulo é a realização de ações de educação e difusão. No Rio de Janeiro, uma visita temática pela exposição está programada para o dia da abertura, 22 de outubro, às 12h30, com a equipe de mediação da Fundação Bienal. A atividade é gratuita, assim como a entrada na exposição na abertura, e não requer inscrição prévia.

 

 

 

Exibição de Maxwell Alexandre

19/out

 

A Gentil Carioca – São Paulo e Rio de Janeiro – apresenta, para a Paris+ par Art Basel (stand F10), o solo de Maxwell Alexandre. As obras compõem a série Novo Poder, um desdobramento de “Pardo é Papel”, feito para explorar a ideia da comunidade negra dentro dos templos consagrados para contemplação de arte: galerias e museus. Entendendo a arte contemporânea como um campo de elite que concentra um grande capital financeiro e intelectual, a série busca chamar atenção da comunidade negra para esses espaços que legitimam narrativas na história. A série trabalha apenas com três signos básicos, sendo eles o preto (personagens), o branco (“cubo branco” ou espaço expositivo) e o pardo (arte).

 

 

Múltiplos encontros de arte

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Baixo Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta encontros na exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”, Yolanda Freire, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Rosana Palazyan, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados, estarão na programação gratuita de conversas, performances e filmes de artistas, entre 27 de outubro e 17 de novembro, sempre às quintas-feiras, às 19h.

Do dia 27 de outubro a 17 de novembro, participarão da programação Yolanda Freire, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Rosana Palazyan – artistas que têm obras na exposição -, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados.

No dia 17 de novembro, será realizado um recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados em homenagem à publicação “Poetamenos” (1953), um conjunto de poemas de Augusto de Campos (1931), considerado um dos precursores do Concretismo no Brasil. Pedro Lago, poeta, editor e performer é presença confirmada para dar voz às poesias de autores desde Augusto de Campos e seu irmão Haroldo de Campos, até Arnaldo Antunes, passando por Décio Pignatari, Wlademir Dias-Pino, Ferreira Gullar e Paulo Leminski.

“Poetamenos” – que pode ser vista na galeria – é a obra que fundamenta a exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”,com a apropriação feita por Augusto de Campos do conceito da técnica musical inaugurada por Arnold Schoenberg (1874-1951) em 1911, em que a coloração, a tessitura orquestral (os diversos timbres dos instrumentos) são usadas para compor uma linha melódica, horizontal, serial, vazada de silêncios e intervalos, e não mais sobreposta dentro de uma harmonia, rompendo assim com o sistema tonal vigente. No início da década de 1950, Augusto de Campos visitou o conceito da “Klangfarbenmelodie” de Schoenberg, e cria uma transcrição intersemiótica, inaugurando novas relações e procedimentos na construção e apresentação da poesia. Ao propor uma leitura de múltiplas vozes e cores, Campos cria o “Poetamenos”, publicação que em 2023 completará 70 anos. A exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres” apresenta obras de Lenora de Barros, Waltercio Caldas, Augusto de Campos, Yolanda Freyre, Cristiano Lenhardt, Antonio Manuel, Rosana Palazyan e Paulo Vivacqua.

De 27 de outubro até 19 de novembro.

 

A programação:

27 de outubro – Conversa com a artista Yolanda Freyre e a projeção de seu filme “A Hortência e a Galinha: luto e vida”;

03 de novembro – Conversa entre os artistas Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua e a roteirista, artista e pesquisadora radiofônica Lilian Zaremba;

10 de novembro – Conversa da curadora e consultora de arte Evangelina Seiler com a artista Rosana Palazyan sobre seu trabalho;

17 de novembro – Recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados.

Recomenda-se a inscrição prévia pelo telefone 21.2274.3873.

 

 

A cerimônia da arte autoral

 

“RITUS” é a segunda exposição conceituada por Renato De Cara que abre no Porão da BELIZÁRIO, Pinheiros, São Paulo, SP, com 30 trabalhos de Leo Sombra e Otoniel Ferreira onde esculturas e fotografias contam histórias de diferentes momentos dos dois artistas que apresentam suas poéticas construídas através de sua fé e da documentação do fazer artístico. Renato De Cara traz artistas marginais ao eixo Rio/São Paulo como uma afirmação cabal de que o fazer artístico não se circunscreve à eixos pré-definidos. A capacidade de transmitir emoções, sensações, verdades, nasce onde o criativo está sempre que há foco e determinação em seguir suas crenças e poéticas e que vivencias e origens distintas não são determinantes de conflitos e sim de harmonia e congruência. “Histórias e lendas, crenças e mitos – assim construímos nossas narrativas. Os afetos vão corroborando repertórios apropriados para vivermos dentro daquilo que podemos nominar como conforto ou reforço na salvaguarda de nossas esperanças”, conceitua o curador.

As fotografias de Leo Sombra compõe a série “Cura Áspera”, um registro analógico em negativo de 35mm, onde o artista se apropria dos ruídos e do acaso, “construindo assim uma narrativa sutil com elementos simples e banais da natureza e do seu cotidiano familiar. A imagem fotográfica como diário de uma pausa forçada a partir de uma lesão no pé. O artista, então isolado e imobilizado, começa a inventariar a poesia sutil do entorno”, explica o curador. Os paradigmas panafricanos são o foco principal das pesquisas de Otoniel Ferreira que exibe trabalhos da série Adupé-Iowo-olorún (Graças a Deus por ter conservado minha vida e minha saúde até hoje) onde esculpe e desenha totens e oferendas para seus orixás e santos de devoção. Nas palavras de Renato De Cara, “as construções escultóricas se dão coletando madeiras e materiais variados para resinificar a fé e o respeito ao divino. Seja na tradição de ex-votos ou numa pintura nova e sincrética o artista nos alimenta de esperança potencializando a verdade viva que experimenta…Dentro dos limites pessoais ou na expansão da liberdade imaginada de cada um a linguagem se fortalece, seja em imagens representativas ou documentais para falarmos com sinceridade sobre aquilo que nos é caro.”

Renato De Cara

 

Sobre os artistas

Léo Sombra (São Miguel, RN, 1986) – Vive e trabalha em São Paulo, para onde se mudou em 1998. Em 2006 fez um curso profissionalizante na ONG ImageMágica, onde, por falta de recursos, começou a fotografar no formato pinhole, construindo imagens com câmeras sem lentes e papéis fotográficos vencidos. Documentou a cidade de São Paulo e sua periferia, assim como indivíduos à margem da sociedade como portadores de deficiência visual, usuários de crack e moradores de rua. Incorporando o acaso e os defeitos oriundos do processo artesanal que utiliza para fotografar, Sombra desenvolve uma imagética intrigante e expressiva que, em certos momentos, nos remete a um universo estético muito particular, cheio de ruídos e impurezas transformados em poesia. Em 2011 teve cinco de suas obras adquiridas pela Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Otoniel Ferreira (Oto) – (Serrinha, BA, 1995) – Vive e trabalha em São Paulo. Ogã, Escultor, Pintor, Luthier e Artista Interdisciplinar, cursou Bacharelado Interdisciplinar em Artes da UFBA. Foi violinista e luthier no Programa NEOJIBA, acompanhando a Orquestra Juvenil da Bahia em sua Turnê Europa 2018; cursou construção e restauro na Geigenbauschule Brienz, na Suiça, e atuou como estagiário em ateliers em Genebra e França. Em 2019, participou da Exposição Pintura no Museu de Arte da Bahia e do 8° Salão da Escola de Belas Artes. Participou da Feira Latino Americana Equinox no ano de 2022. Segundo o artista, sua pesquisa é por meio da experiência no existir, corpo trajeto e território, suas estéticas e poéticas, comungando em sua arte o sentido de pertença à nação afrolatina e o descondicionamento às epistemes da colonização e do mundo globalizado.

 

Sobre o curador

Renato de Cara (Lins, SP 1963) – Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP (1985). Interessado em cultura, especializa-se em arte e moda contemporânea, produzindo, escrevendo, editando e fotografando para marcas e veículos de comunicação. No período entre 2006 e 2017, dirige a Galeria Mezanino, respondendo pela produção e curadoria de inúmeras exposições, tanto individuais como coletivas fazendo com que o espaço se consolide tanto como um celeiro para novos nomes como também de resgate para artistas em meio de carreira, cruzando linguagens e propondo novas abordagens no mercado de arte contemporânea. Em 2018, assume a Diretoria do Departamento de Museus municipais de São Paulo, coordenando quinze espaços museológicos e históricos, construídos entre os séculos XVII e XX. Atua como curador independente e consultor de arte, acompanhando artistas em parcerias com instituições diversas.

 

De 24 de outubro a 19 de novembro.

 

 

Ateliê em aberto

18/out

 

No mês de outubro, o Ateliê André Venzon, Rua Leopoldo Froes, 126, Bairro Floresta, 4º Distrito, Porto Alegre, RS, comemora 25 anos de atuação com a exposição pop up “Eu me deixo ser”, que integra a agenda do projeto “Portas para a Arte” – 13ª Bienal do Mercosul. O espaço apresenta centenas de obras de arte contemporânea autorais e uma coleção pessoal de arte, exposta de forma inusitada. Criado junto a oficina mecânica da família, o local também é pensado pelo artista como uma obra de arte instalativa, interessante para quem busca conhecer uma casa/ateliê/acervo e arejar seus conceitos de como viver com arte por todos os lados, dos pés à cabeça, literalmente.

Segundo o amigo e curador Nicolas Beidacki, basta caminhar pelo seu ateliê, olhar os primeiros trabalhos, identificar a estante com presentes de amigos, reparar no acúmulo de potência que alimenta o artista nesse ambiente, para chegarmos a uma conclusão: “tudo que falta no mundo lhe preenche. As obras de arte, os livros, o acervo pessoal, os papéis de cada evento, as anotações, o apreço pela lembrança, por vivenciar a experiência de tentar nunca mais esquecer. Tudo aquilo que se apaga, que desaparece atrás dos tapumes na cidade, que se torna invisível para determinadas camadas sociais e que se desprende do afeto recebe acolhimento e devoção do artista. Sua prática é assim: uma vontade de conseguir desejar tudo; e uma força para reconhecer a dimensão das coisas que foram perdidas. Não permitir a destruição, não deixar avançar o horror e não ceder ao sentimento de incompreensão da vida.”

Seja revestindo completamente a si mesmo ou transformando as cabeças dos outros – colocando um cubo rosa para cobrir o rosto – a obra de Venzon busca nos inserir numa visão interna e até mesmo solitária sobre a vida. O jogo entre se abrir para o mundo ao nosso redor, mas não abandonar o olhar para um interior colorido reverbera uma multiplicidade de conflitos que transformam o sujeito e o colocam em confronto com a sua subjetividade. Ao perceber aquilo que fecha, reveste, protege e camufla, André pontua as necessidades de pessoas e lugares num mundo marcado por inúmeros projetos de destruição. A falência de bairros, a precarização da vida, a violência de um sistema econômico, o abuso e venda do próprio corpo e o esquecimento são parte fundamental de uma reflexão sobre a cidade, as pessoas e a arte que dialoga com o tema “Trauma, sonho e fuga” da Bienal. Reflexão essa que não se desprende daqueles que fazem de sua própria obra um conjunto de força. É a mescla entre o peso do mundo e a beleza rosa dos sujeitos comprometidos com a manifestação da singularidade, potência e dualidade do seu ambiente de origem.

A exposição “Eu me deixo ser”, com visitação gratuita, também é um convite para comemorar a esperança de que toda arte é portadora, desejando sempre a liberdade de expressão e do próprio ser.

 

 

 

Revisão de obra arquitetônica

14/out

 

“Arquiteto Theo Wiederspahn” em Porto Alegre um olhar contemporâneo sobre projetos e obras de 1908 a 1952. Neste ano coincidem duas efemérides: os 250 anos de Porto Alegre e os 70 anos de falecimento do arquiteto alemão Theo Wiederspahn, que imigrou para o Brasil em 1908.

A exposição, permanecerá em cartaz até 20 de janeiro de 2023 na Pinacoteca Aldo Locatelli, no antigo Paço Municipal, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Porto Alegre em parceria com o Consulado Alemão, CDEA – Centro de Estudos Europeus e Alemães, espaço DELFOS-PUC, Instituto Goethe, faculdades de Arquitetura e Urbanismo da PUC e UNISINOS, também conta com o apoio do Memorial do Hospital Moinhos de Vento. Paralelamente, exposições-satélites acontecerão na Casa de Cultura Mario Quintana (que inaugurará o Memorial Theo Wiederspahn) e no Hospital Moinhos de Vento.

Atento à importância do fato, o Consulado Geral da Alemanha pretende contribuir com os eventos culturais da capital através da disseminação e conscientização do valor da obra desse arquiteto, que construiu mais de 500 prédios no Rio Grande do Sul, muitos dos quais na capital. Boa parte dos desenhos originais desses projetos se encontra sob a guarda da PUC, e até hoje nunca haviam sido apresentados em espaço público.

Diante do cenário do novo plano diretor para o desenvolvimento do Centro de Porto Alegre, que visa, mesmo com um aumento da massa edificada, a valorização do patrimônio histórico, é de suma importância demonstrar a beleza e o potencial de resiliência do patrimônio existente. Assim, a exposição – contendo desenhos originais, um mapa com localizações de projetos e obras, fotografias da época e atuais, projetos acadêmicos de revitalização e ainda cartas e documentos pessoais do arquiteto – visa fomentar o amor pelos testemunhos edificados do passado que tanto contribuíram às singulares características da cidade e pretende estimular o interesse em percebê-los e reconhecê-los nas ruas.

 

 

Jogo de sedução e fartura em Yêdamaria

 

“Yêdamaria: Políticas da Intimidade” é uma exposição – em cartaz até 10 de dezembro na galeria Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP – que convida a ver de perto, que trama vizinhanças. As obras que compõem o conjunto em exibição dão indícios de uma artista profícua e ainda por ser decifrada, mas que há pouco batemos em sua porta, para nos aconchegar no seu lugar.

Devemos pensar e considerar o contexto para a existência de uma figura tão pertinente e “teimosa” como Yêdamaria – que, mesmo diante das violências visíveis e invisíveis, deixa como legado a excelência de sua produção. Cabe dizer ainda que Yêdamaria pintou a fartura, os espaços de encontro, o íntimo e o popular. Suas cenas nos ensinam a encontrar intimidade no sublime, porque constrói miragens para os olhos por vezes fatigados do cotidiano.

 

Texto de Horrana de Kássia Santoz

“Para curar a cisão entre mente e corpo, nós, povos marginalizados e oprimidos, tentamos resgatar a nós mesmos e às nossas experiências através da língua. Procuramos criar um espaço para a intimidade.” (1)

Tenho a honra de apresentar “Yêdamaria: Políticas da Intimidade”, exposição que celebra a vida e o patrimônio artístico da professora e artista baiana Yeda Maria Corrêa de Oliveira (1932-2016) que, por mais de cinquenta anos, dedicou-se integralmente ao seu meio de expressão. Com uma conduta ilibada, sendo constante e criativa na fatura de suas obras, ela é um dos nomes fundamentais da pintura brasileira contemporânea e, pela mesma razão, sabemos hoje que ainda há muito a ser desvendado da sua trajetória.

Nascida na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, em 12 de março de 1932, Yeda Maria Corrêa de Oliveira, filha única da professora primária Theonilda da Silva Corrêa de Oliveira, teve seu olhar atravessado pela experiência do seu lugar. Cresceu no bairro da Ribeira, onde conviveu com as marinas, o comércio popular, as frutas, as cosmologias afrodiaspóricas; esses índices, por serem tão próximos, se tornaram a tônica de sua produção.

Formada no Instituto Normal da Bahia em 1951, Yêdamaria iniciou sua carreira lecionando na educação básica, seguindo os passos e os desejos de sua mãe. Em 1956 já pintava e, como aluna da graduação em Belas Artes e Pintura na Universidade Federal da Bahia (UFBA), muito bem relacionada entre os artistas de sua geração, recebeu o prêmio de Menção Honrosa, no Salão Baiano de Artes Plásticas. Outro momento da atuação de Yêdamaria como educadora foi em 1971, quando ingressou na UFBA como professora das disciplinas de desenho e gravura. Em 1977, viajou para os Estados Unidos para cursar o mestrado na Illinois State University. Foi após essa experiência que outras técnicas, como a colagem e a gravura, ganharam peso nas suas composições e sua produção alcançou merecido prestígio internacional.

No Brasil da década de 1970, a ditadura civil militar foi um dos momentos de maior tensão e de fortes restrições, especialmente para a classe artística e, nos Estados Unidos, devido às inúmeras manifestações pelos direitos civis e da luta antirracista, havia um cenário social e político igualmente desafiador. Para Yêdamaria, artista, mulher negra e latino-americana, sua carreira foi moldada por esse contexto. Para além dos reveses no Brasil, o corpo docente da universidade americana, por muito tempo e de forma nada elogiosa, demarcou sua produção como naïf. Mas, ao final da temporada de estudos, a universidade adquiriu toda sua produção do período para sua coleção permanente. Estes são apenas alguns dos incontáveis episódios de pelejas que Yêdamaria vivenciou e logrou êxito.

Dessa energia produtiva, na “fase dos barcos” – assim chamado o período célebre de cerca de doze anos que a artista produziu um grande número de pinturas marinhas – é possível notar o tratamento pictórico e a ordenação dos planos e linhas que Yêdamaria aplicava em suas cenas. Herdeira das vanguardas artísticas tanto quanto por seu olhar atento ao ordinário, a cor e o desenho são elementos primordiais em sua produção e é por meio deles que Yêdamaria demonstrou sua grande destreza compositiva.

Na obra “Barcos com casarios”, de 1964, exposta aqui, os casarios coloridos verticalizam a paisagem, enquanto os barcos minuciosamente aportados no primeiro plano flutuam na orla. A cena é solar, quente e carrega um pouco de nós, como o “Timoneiro” da canção de Paulinho da Viola. A densidade cromática dos azuis, vermelhos e amarelos revela a dedicação incansável da artista pelo estudo dos efeitos, nuances e mesclagens que aplacam suas composições e fazem o espectador quase se perceber dentro da obra, no balanço dos barcos e na brisa das marinas. O branco de sua paleta é intenso e, quando visto nas toalhas de mesa, nas porcelanas, no brilho das transparências das taças, talheres e das jarras de prata, é de um requinte acachapante.

As naturezas-mortas são puro deleite e luminosidade, contrapondo o tom soturno tão habitual nas cenas de interior desse gênero de pintura. Quem duvidaria da opulência ao ver um peixe farto, coberto por rodelas de limão, acompanhado de uma saladinha de alface e tomates e servido generosamente em uma travessa de porcelana azul e branca? Quem é aguardado pela bandeja azul posta em diagonal, repleta de cajus maduros, de um amarelo alegre, contrastando ao fundo esverdeado? Até mesmo do prato cinza com maçãs de um vermelho profundo e reluzente sobre fundo verde? Tudo em Yêdamaria é um jogo de sedução e fartura, seja pelo olhar, pelo tato e até pelo paladar.

Yêdamaria: Políticas da intimidade é uma exposição que convida a ver de perto, que trama vizinhanças. As obras que compõem o conjunto em exibição dão indícios de uma artista profícua e ainda por ser decifrada, mas que há pouco batemos em sua porta, para nos aconchegar no seu lugar. Devemos pensar e considerar o contexto para a existência de uma figura tão pertinente e “teimosa” como Yêdamaria – que, mesmo diante das violências visíveis e invisíveis, deixa como legado a excelência de sua produção. Cabe dizer ainda que Yêdamaria pintou a fartura, os espaços de encontro, o íntimo e o popular. Suas cenas nos ensinam a encontrar intimidade no sublime, porque constrói miragens para os olhos por vezes fatigados do cotidiano.
Magnum opus. É dessa forma que a obra de Yêdamaria merece ser vista e celebrada.

(1) Hooks, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade / bell hooks; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. – 2. ed., p.223 – São Paulo: Editora WMF, Martins Fontes, 2017.

 

osgêmeos no CCBB Rio

13/out

 

Depois da exibição em espaços como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e pelo Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, PR, a exposição retrospectiva da dupla osgêmeos chega ao Rio de Janeiro. A mostra, que aborda a trajetória dos irmãos grafiteiros, encontra-se em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com o nome “Nossos Segredos”.

São mais de 850 itens, entre pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções em site specific, desenhos e cadernos de anotações. A exposição é a primeira retrospectiva de grande porte que examina a produção dos artistas desde o começo da década de 1980 até a atualidade. “Esta é a maior exposição já produzida por eles”, comenta o curador da mostra, Jochen Volz.

O objetivo da mostra é revelar novas visões do fazer artístico d’osgêmeos. Objetos pessoais, como cadernos, fotos, desenhos e pinturas que datam desde a infância dos dois irmãos até hoje são apresentados ao público pela primeira vez, incluindo estudos e obras de arte que precedem em muito seus famosos personagens e lançam luz sobre as raízes de seu surgimento. Influências artísticas e colaborações são expostas ao lado de pinturas e esculturas recentes.

A exposição fica em cartaz no CCBB do Rio até o dia 23 janeiro de 2023.

 

 

Alexandre Murucci  apresenta Cadeau

 

O artista visual Alexandre Murucci exibe a mostra individual “Cadeau” – até 29 de janeiro de 2023 – no Centro MariAntonia, Vila Buarque, São Paulo, SP, com 17 obras – esculturas, objetos, fotografias, videoinstalação e instalações – onde traça um panorama crítico e por vezes atávico, do momento político atual e, quase hereditário, dos males que assolam a nação. Ao mesmo tempo, o artista reconhece seu momento e seu papel e, o que crê ser a demanda de seu país: fortalecer instituições, liberdades e discursos inclusivos. A curadoria e o texto crítico são de Shannon Botelho.

“Cadeau”, que titula a mostra e também nomeia uma das obras da exposição, na língua portuguesa significa ‘presente’, como ato de estar fisicamente num lugar ou numa causa, assim como celebrar outra pessoa, dar a ela uma lembrança num momento especial; “e este termo tem sido usado como palavra de ordem em atos de protestos e luta por direitos individuais e coletivos da sociedade brasileira. Será este o presente que deixaremos para futuras gerações ou estaremos presentes na hora de defender nosso patrimônio natural ??”, questiona o artista.

Na visão de Shannon Botelho, o artista dando sequência à sua visão de perdas pregressas que continuam ameaçando o seu presente, explica: “Sobre essas ideias está estruturada a crítica de Murucci, uma insurgência contra as opressões e as formas de violências que insistem em minorar a vida, como uma sirene em alerta, indicando a sucessão distópica de eventos que a compõem.”

Sobre as obras em exposição, mantendo um viés coerente em sua criação artística, Murucci brinda o público com trabalhos que derivam de uma dialética, um pensamento plástico à serviço ‘de uma abordagem crítica dos fatos’. Os temas podem variar, mas a abordagem mantém fiel à dinâmica necessária para cada peça: a opção pelos suportes mantém-se fidedignas ao fio condutor do trabalho que é seu conceito.

“Neste sentido, mantenho essa unidade matérica com uso de ferro, metal, espelho e madeira, que reverberam um cromatismo restrito, só quebrado pela eventual presença de vermelhos, pois foi a cor base de uma fase bastante ampla do meu trabalho. E, como suportes principais, apresento esculturas, objetos, fotografias, vídeos e instalações, mesmo que o desenho esteja fortemente presente na criação das obras”, pondera o artista. A utilização de materiais pós-industriais e naturais os quais imprimem uma fatura povera e ready-mades, instauram uma lógica criativa, mais do que uma investigação da forma. “Um pensamento plástico em busca de um testemunho de meu tempo histórico, sem preconceitos físicos formais, a não ser o rigor do acabamento, fruto de meu DNA da arquitetura e do design”, conclui.

“Atento ao agora, que nos presenteia com realidades disruptivas, o artista convoca a nossa atenção para o momento de virada que atravessamos, lembrando-nos da responsabilidade de solidificar nossas escolhas para uma saída do labirinto existencial que o país e o mundo se encontram. Urge reinventar o porvir para um outro amanhã. Neste sentido, não basta que a arte seja uma reinvenção do que virá. Importa que ela seja uma engrenagem na transformação do presente. Por esta razão, Alexandre Murucci estrutura em Cadeau um manifesto visual, no qual os termos são definidos pela fluidez de narrativas, cujas dialéticas articulam um possível futuro, a partir daquilo que possamos lhe deixar como presente”. Shannon Botelho

“Um olhar crítico, neste momento grave da história brasileira, com todas as ameaças aos direitos individuais e às instituições advindas de um grupo no poder que deveria preservar e harmonizar a nação frente aos inúmeros desafios que o mundo atravessa, vejo que isto se torna mais necessário ainda, principalmente num período de acirramento e polarização da sociedade em torno das escolhas para nosso destino como democracia e nação”. Alexandre Murucci

 

Sobre o artista

Alexandre Murucci nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1961. Artista plástico com formação pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), com orientação de Luis Ernesto. Grupo de estudos com Fernando Cocchiaralle e Felipe Scovino e ateliê de escultura com Israel Kislanski. Em 20 anos de trajetória, trabalha com suportes múltiplos e ênfase em escultura, fotografia, instalações, vídeo e digital art (NFT), conta com mais de 80 exposições em sua trajetória. Sua multidisciplinariedade o faz atuar também como diretor de arte, cenógrafo, curador, designer, cineasta e autor em mídias diversas, com mais de 30 anos de carreira em Cinema, Teatro e Design. Suas obras com foco conceitual, e em suportes variados, falam principalmente de identidades, inserções periféricas e polaridades dos fluxos de poder, sempre através do viés político-histórico, com referências metalinguísticas no âmbito da arte. Em 2007, foi selecionado para o prêmio Bolsa Iberê Camargo. Em 2009 foi convidado para Las Américas Latinas – Fatigas Del Querer, mostra coletiva em Milão com curadoria de Philippe Daverio e em 2011 foi o vencedor do 2º prêmio da Fundação Thyssen-Bornemisza, de Vienna, no projeto The Morning Line – TBA21. Como destaque nas exposições individuais, pode-se citar “Arquipélago” – na Galeria de Arte Maria de Lourdes Mendes de Almeida, O Fio de Ariadne, Centro Cultural Correios, RJ, Las Américas Latinas, em Milão, Italia e a Nicho Contemporâneo no Museu Nacional de Belas Artes, RJ, além de exibições nos EUA, Eslovênia, Cuba e Alemanha, entre muitas. Em 2011, foi o artista selecionado para representar o Brasil na Bienal da Áustria; em 2019 na 13ª Bienal do Cairo, e em 2017, um dos artistas da 57ª Bienal de Veneza, selecionado em um opencall mundial, para o Pavilhão de Grenada, sob curadoria de Omar Donia. Foi também um dos primeiros artistas a mostrar seus trabalhos em NFT numa feira presencial de arte – a ARTRIO, através de sua galeria Metaverse Agency, uma participação inédita, internacionalmente.

 

Sobre o curador 

Shannon Botelho – Crítico de arte, curador independente e professor no Departamento de Artes Visuais do Colégio Pedro II (RJ). Doutorando em História e Crítica da Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ em parceria com a École des Hautes Études en Sciences Sociales/CRBC (Paris); representante do Comitê de História, Teoria e Crítica de Arte da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP) e curador convidado do Memorial Municipal Getúlio Vargas (RJ). Realiza cursos de acompanhamento crítico e teórico para profissionais ligados ao campo cultural no Rio de Janeiro e São Paulo. Assinou curadoria de algumas exposições como Abstrato Possível, Concreto Real (MMGV-RJ-2017); Balangandãs (Zipper Galeria-SP 2018); Paisagem Grão de Areia (MMGV-RJ 2018); O que você guarda tão bem guardado (Casa Abaeté – Ribeirão Preto 2019); Da Linha, o Fio (BNDES-RJ2019), Impulsos Imitativos (MMGV-RJ-2019), Estruturas Improváveis (Casa das Artes-Tavira 2020), Illusions (Zipper Galeria-SP 2021), Malgré le Brouillard (Anne+ Art Contemporain – Paris 2021) e Forma é Afeto (Andrea Rehder-SP 2022).

 

Sobre o MariAntonia

O Centro Universitário MariAntonia, um dos órgãos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, está instalado nos edifícios históricos Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, que pertenceram à antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Desde sua inauguração, em 1993, com uma atuação multidisciplinar, o MariAntonia conquistou um lugar próprio entre as instituições culturais da cidade. Situado estrategicamente na região central de São Paulo, abriga exposições diversas, oferece cursos de curta duração, palestras, debates e seminários, e outros eventos. Também abriga a Biblioteca Gilda de Mello e Souza, com acervo dedicado principalmente à Estética, cujo núcleo gerador é a coleção de livros sobre arte, estética e história da arte que pertenceu à professora que empresta seu nome ao espaço, primeira docente de Estética da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Entre os artistas que tiveram mostras recentes no espaço estão Cildo Meireles, Eleonora Koch, Carlos Zilio, Claudio Tozzi, Evandro Teixeira, Gilvan Barreto, Jaime Lauriano, Laís Myrrha, Leila Danziger , Giselle Beiguelman, Carmela Gross, Dora Longo Bahia, Clara Ianni, Rosana Paulino. Marilá Dardot, Marcelo Moscheta, Walmor Corrêa. entre outros. e artistas internacionais como Lucio Fontana, Luciano Fabro, Mario Merz, Michelangelo Pistoletto, Mimmo Paladino, Gilberto Zorio, Enrico Baj, Alighiero Boetti, Giovanni Anselmo, Maurizio Catellan.

 

 

Livros Espelho Consequências

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 02 de dezembro uma exposição de Waltercio Caldas, um dos maiores nomes da cena de arte contemporânea brasileira. Para a mostra, Waltercio preparou, durante dois anos, 14 obras inéditas que trazem a sua assinatura poética de relacionar objetos que à sua visão pertencem à mesma família, entre eles os livros e os espelhos. Ao todo serão apresentados nove objetos e cinco desenhos tridimensionais, além de um catálogo com notas de sua caderneta de trabalho. A exposição pode ser visitada até o dia 02 de dezembro.

O reconhecimento da obra de Waltercio Caldas não encontra fronteiras. Sua arte é tanto poética quanto precisa. Segundo texto do crítico e professor Paulo Sérgio Duarte, “não existe arte contemporânea que não seja experimental. Sabemos disso desde Adorno e sua Teoria Estética. Mas existe algo em Waltercio Caldas além do experimentalismo: um ascetismo que não se confunde com aquele da Minimal Art. Trata-se de uma economia que não é avessa ao campo semântico, à polissemia dos significados. Isso estimula a experiência da obra”.

Nessa exposição, Waltercio Caldas trabalha a partir do conhecimento poético dos objetos e das coisas. “A passagem de uma ideia abstrata para um objeto real é o que permite o aparecimento da obra de arte. Ela entra em nossa vida de forma transversa, como algo que não conhecemos, inaugurando sua própria presença. Me interessa esse aparecimento, essa perplexidade inicial”, diz ele, que prioriza em sua prática artística a tridimensionalidade. “Por enfatizar novos aspectos da gravidade, do peso e das matérias, as obras surgem pondo entre parêntesis sua inserção no mundo”, afirma. Nesses objetos inéditos, Waltercio chega a formas extremamente rigorosas e precisas, carregadas de sugestões impossíveis de serem traduzidas em outras linguagens.

Não por acaso, na exposição da Mul.ti.plo, Waltercio Caldas acrescentou um catálogo com anotações que surgiram no decorrer do processo de criação desses trabalhos, e as chamou de “Consequências”. Escrever sobre as questões relacionadas ao processo criativo dos trabalhos reverbera o conteúdo da exposição em outra atitude. Procurar entender o funcionamento dos espelhos e dos livros é enfrentar mais uma vez o que ainda não sabemos”, diz o artista, que realiza a sua terceira exposição na galeria – a primeira foi em 2012, com múltiplos; e, a outra, em 2017, com desenhos.

 

Sobre o artista

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946. Realizou sua primeira exposição individual em 1973, no Museu de Arte Moderna (MAM) da mesma cidade, quando recebeu o Prêmio Anual de Viagem ao Exterior, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte. Desde então, tem participado de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Em 1998, recebeu o prêmio Johnnie Walker de Artes Plásticas e, em 2002, o prêmio Mario Pedrosa da Associação Brasileira de Críticos de Arte, ambos pelo conjunto de sua obra. Representou o Brasil nas Bienais de São Paulo de 1983, 1987 e 1996; na Documenta IX de Kassel, em1992; e na XLVII Bienal de Veneza, em 1997. Em 2005 recebeu o “City Light Award”, o grande prêmio da Bienal da Coreia. Em 2007 foi artista convidado para o pavilhão Itália da LII Bienal de Veneza. Em 2008 realizou exposições Centro Galego de Arte Contemporânea (Espanha) e Fundação Calouste Gulbenkian )Portugal). Em 2012 exibiu uma retrospectiva de suas obras na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que, em 2013, foi para a Pinacoteca de São Paulo e para o Blanton Museum no Texas, EUA. Em 2018 foi artista curador convidado na XXXIII Bienal Internacional de São Paulo. O artista possui esculturas públicas nas cidades de Punta del Este (1982), São Paulo (1989 e 1997), Leirfjord, Noruega (1994), Rio de Janeiro (1997 e 2014), na fronteira do Brasil com Argentina (2000) e em Porto Alegre (2006). A escultura “O Modo Azul” foi instalada permanentemente no Museu do Açude em 2018, no Rio. Seus desenhos, esculturas e livros de artista fazem parte de diversas coleções particulares do Brasil e do exterior, além de museus como o MAM RJ, MAM SP, Museu de Artes de Brasília, Phoenix Art Museum, Neue Galerie Staatliche Museen, Alemanha; Daros Foundation, Zurique; e Centre Pompidou, Paris; Museu Reina Sofia, Madri; entre outros. Em 2001 foi realizada uma retrospectiva parcial de sua obra no CCBB do Rio de Janeiro e de Brasília. O Museum of Modern Art de Nova York adquiriu, em 2006, mais duas de suas obras. No mesmo ano, o artista lançou Notas, ( ) etc., livro que reúne uma seleção de seus textos sobre o trabalho. Em 2007 participou como artista convidado da 52a Bienal de Veneza e, em 2008, realizou mostras na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; e no Centro Galego de Arte Contemporânea de Santiago de Compostela, Espanha. Em 2010 expôs no Museu Vale e no MAM RJ. Em 2011, nas galerias Elvira Gonzalez, em Madri e Raquel Arnaud, em São Paulo, e na mostra Art/Unlimited em Basel, Suíça. No mesmo ano, recebeu o grande prêmio da Bienal de Cuenca. Em 2017 expôs na Galeria Xippas, de Paris. Sobre sua obra já foram publicados uma dezena de livros, com textos dos mais renomados críticos de arte do país.

 

Sobre a Mul.Ti.Plo

Mais do que uma galeria onde as obras ficam expostas para a apreciação do público, a Mul.ti.plo Espaço Arte apresenta-se como um ambiente de encontro com a arte contemporânea. Aqui, artistas consagrados e novos talentos oferecem o melhor de sua produção em múltiplos e obras em papel, objetos e pinturas, além de projetos especiais. A ideia é que o espaço crie as condições para que os olhares do público encontrem formas singulares de se relacionar com a arte. Além de comercializar obras selecionadas a partir de critérios estéticos de extraordinária densidade artística, a Mul.ti.plo realiza permanente trabalho de pesquisa no sentido de identificar e divulgar novos trabalhos. Por seu engajamento na circulação da arte e pela recusa em tomá-la como produto, a galeria vem se consolidando como um espaço que investe no lançamento de edições exclusivas, um lugar que cultiva preciosidades. Com os múltiplos e as obras em outros formatos de grandes artistas brasileiros e estrangeiros, a Mul.ti.plo trabalha no sentido de renovar a reflexão e a fruição estética, atrair não especialistas, despertar novos colecionadores e enriquecer coleções já estruturadas.

 

 

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