Os Amigos da Gravura

19/set

Claudia Bakker é a artista convidada para exibir seus trabalhos no  Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, em nova edição do projeto “Os Amigos da Gravura”. A convidada exibe fotogravura “Escreve na memória”, na qual une imagens de duas instalações realizadas no Museu do Açude, em 1994 e em 1996.A imagem é composta por duas instalações que ocuparam a mesma fonte do Açude. No entanto se diferenciam pelo uso do material, numa delas a fonte foi preenchida com 900 maçãs (1994) e uma placa de acrílico submersa com inscrições sobre  mitologia e  medicina, e que podia ser visualizada através da transparência da água, enquanto as maçãs se moviam delicadamente pelo espaço, e  na outra foram 3.000 litros de  tinta branca (1996) mais bolas de latex também brancas, que amarradas a pequenas pedras se moviam ao sabor do vento. Esses trabalhos  são fortes referências na carreira da artista ao longo destes 20 anos.  Uma obra que se mostra e se esconde, segundo Claudia, “ é permeada pela dicotomia entre o efêmero e o permanente”.  Maçãs e mármores, filmes e  fotografias, fazem parte do repertório de materiais usados pela artista.

 

Para Claudia Bakker sua produção é pontuada com “com pausas de silêncio, para que essa mesma produção, possa se realimentar de uma forma muito pessoal de construção. Acredito na experiência sensível da vida e foi isso que me moveu a fazer essas instalações, que se apresentaram a princípio efêmeras, mas que restam eternas numa imagem atemporal, como um espelho infinito da memória – assim como é o princípio mesmo da fotografia e da documentação.” Além da tradicional imagem inédita para “Os Amigos da Gravura”, a artista irá ocupar as duas salas expositivas do terceiro andar com uma exposição de trabalhos realizados a partir da década de 1990.

 

Em referência a obra de Claudia Bakker o crítico de arte Luiz Camilo Osório, destacou: “As centenas de maçãs pintadas pelo grande mestre francês [Cézanne] criaram e revelaram o que parecia impossível: a maçã numa migração da natureza para a pintura. Basta olhar para crer. A questão é sempre a mesma as maçãs e o tempo. Seja através das fotos e do texto (utilizados na exposição), ou do vídeo e da instalação (em outras ocasiões), o que está em jogo são os modos de permanência que as coisas (a maçã e a arte) têm, expostos a consumação do tempo. A maçã, como metáfora da arte e da vida, só existe pela morte. O paradoxo é este: sem morte não há vida. Suas fotos misturam os tempos, ou melhor, elas querem ser tempo: da escrita, da arte, da fruta e do feminino. Todos os tempos num só, que parece retornar sempre novo.” (O Globo, 10/09/1998).

 

As duas instalações inspiradoras no trabalho de Claudia Bakker, “O jardim do Éden e o Sangue da Górgona”, 1994/95, e “A via Láctea”, 1996, possuem, para o crítico Adolfo Montejo Navas, “uma duração que não é platônica, que continua nestes registros mostrados como documento de artista que nos revela um caráter íntimo, de bastidor. Para documentar isto nada melhor que o exercício e o auxílio da fotografia, pois como se sabe, ela reescreve a própria imagem já vivida, naquela memória que é a vida do perdido”.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Bakker é artista plástica carioca, conhecida por suas grandes instalações com maçãs. Desde o início dos anos 1990, cria sensíveis trabalhos, que falam da dicotomia entre o efêmero e o permanente, misturando materiais, como maçãs e mármore, além de filmes e fotografias. Recentemente, voltou a se dedicar a experiências com a pintura.

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros.

 

Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Até 26 de janeiro de 2015.

Papéis Avulsos na Galeria Movimento

21/ago

Quem conhece a obra de Paulo Vieira, sabe da paixão do artista pelo desenho. São muitos os cadernos onde ele inventa seu universo, sempre experimentando os limites do traço.  A linha como o tema principal. Os materiais variam de acordo com as intenções do artista: Paulo trabalha com grafite, guache, lápis de cor, carvão e aquarela. Esta é a sua terceira individual na Galeria Movimento, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, que tem a frente o galerista Ricardo Kimaid e também representa os artistas Toz, Tinho,  Arthur Arnaud, Thais Beltrame entre outros.

 

A exposição intitulada “Papéis Avulsos” é composta por 12 desenhos onde o artista apresenta seus personagens, por vezes em grupo, ou desgarrados e isolados. A narrativa foge da linearidade e surpreende pela atmosfera própria do grafite aliada a economia no uso da cor, o resultado são desenhos com uma densidade surpreendente. O “Autorretrato de gravata” e “O Inquilino”, sozinhos em seus pensamentos, ocupam o primeiro plano e parecem avulsos, interagem apenas com os seus medos, seus fantasmas, suas fantasias.

 

As padronagens presentes em alguns trabalhos, criam um ritmo dinâmico.  Em  “A menina com fio de ouro”, elas surpreendem  pela beleza do traço em conjunto com a figura. São muitas, as possibilidades diante de imagens tão instigantes. Quem observa certamente se perderá pelos diversos caminhos que os desenhos podem levar.

 

Paulo vieira nos fala sutilmente de solidão, de vida interior, de se reinventar quando o equilíbrio muitas vezes desequilibra o olhar. Sua intuição, submetida à experiência evita as armadilhas da imagem. Ao espectador, depois da fruição, permanecerá uma história interior, às vezes, perturbadora como um conto de fadas. A curadoria é de Isabel Portella.

 

 

Sobre o artista

 

Mineiro de Manhuaçu-MG, 1966, morou em  Caratinga-MG desde a infância, época em que começou seu envolvimento com arte. Na década de 80 fez sua primeira individual na cidade e frequentou os ateliês de Gian Carlo Laghi e Josias Moreira. Também  participa do segundo salão de artes plásticas de Governador Valadares-MG neste período. Em 1991, frequenta a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde estuda com Celeida Tostes e Lygia Pape e frequenta curso de pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com Beatriz Milhazes. Em 2007, a convite do cartunista Ziraldo participa  do projeto Zeróis – Ziraldo na Tela Grande e retorna a EAV para o curso de desenho com Gianguido Bonfanti. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 04 a 27 de setembro.

Pinturas de Cristina Canale

28/jul

A riqueza formal dos trabalhos de Cristina Canale, que está entre os mais importantes pintores brasileiros em atividade, pode ser vista de perto em sua nova individual na Galeria Nara Roesler, Pinheiros, São Paulo, SP. A mostra, traz cerca de 12 obras produzidas entre 2013 e 2014, reforçando as relações entre figuração e abstração que norteiam a pesquisa incessante da artista desde 1993.

 

Conceituando os trabalhos exibidos na galeria, Cristina Canale afirma: “Procurei criar territórios de abstração dentro de um contexto figurativo. Estas áreas abstratas surgem, por exemplo, como fundo da composição, substituindo o que seria um contexto ambiental ou dentro de algum elemento da pintura – como, no caso da obra Menina e Vento no vestido da mulher – passando então a protagonizar a obra. Ou o geométrico é identificado a um elemento figurativo – como o caso da casa-tenda na tela Casa Triângulo.”

 

Dessa forma, sua produção recente é calcada no binômio figura-abstração, com ênfase no orgânico-geométrico, subvertendo uma divisão da linguagem abstrata em dois recursos distintos. “A abstração como linguagem dentro da História da Arte tem se desenvolvido na direção do geométrico ou do gestual. Nas áreas em que uso a referência geométrica, ela traz também o gestual, uma vez que as formas têm tratamento diferenciado e não inteiramente gráfico. A ideia é confrontar as linguagens da abstração com a da figuração.”

 

“Essa questão já faz parte da minha ‘dramaturgia’ desde sempre, mas com diferentes enfoques. O diferencial nesse grupo de trabalhos é a equivalência de peso entre o plano figurativo e a referência abstrata. A narrativa nessa série também aquiriu tons de abstração, e não mais literários. É mais atmosfera que história”, explica a artista.

 

 

Pesquisa pictórica

 

Para Cristina Canale, o ano de 1993 marcou o abandono definitivo de uma pintura mais matérica e empastada, ao gosto do neorrealismo alemão que caracterizava o grupo de pintores denominado Geração 80 – do qual Canale fez parte ao lado de nomes como Beatriz Milhazes e Daniel Senise (amigos próximos da artista). De acordo com o crítico Fernando Cocchiarale, “a superação, na Alemanha, dos preceitos pictóricos que a situavam no contexto da Geração 80 marca uma inflexão fundamental da obra de Canale. Desde então, as transformações de seu trabalho devem ser buscadas unicamente na maturação interna ao processo criativo”.

 

Em 1993, com sua mudança para Berlim, a artista parte para uma nova busca pictórica que transforma a construção de perspectiva, a temática e a utilização de matéria-prima em seus quadros, sintetizando as dinâmicas do movimento da vida através da tensão entre cultura e natureza, arquitetura e ser vivo. Nesse movimento, ela traduz o fluxo oculto do cotidiano em elementos opostos. Em lugar do excesso de tinta, camadas econômicas, mesmo translúcidas, permitindo superposições. Em vez da perspectiva construída no ponto de fuga, uma tridimensionalidade mínima, quase planar. Em oposição à utilização de símbolos rígidos, a alternância de uma geometria baseada em elementos arquitetônicos, como ladrilhos e lajotas, abandona a frieza formal por meio da inserção de elementos familiares e de seres vivos.

 

Nas palavras do curador Luiz Camillo Osorio, “A figura ganha o primeiro plano e está sendo projetada para fora. Neste aspecto é uma imagem que trabalha em sentido anti-perspectivo, vinda de dentro para fora da tela e não levando o olhar em direção a um ponto de fuga. O olhar do espectador ganha densidade e fluidez, assumindo uma materialidade que as imagens virtuais não têm. A pintura é uma reserva diante da manipulação desenfreada das coisas. Diante das pinturas de Cristina Canale estamos sempre à espera de uma deflagração do mundo enquanto cor.”

 

 

Até 23 de agosto.

Prêmio Marcantônio Vilaça

13/jun

 

Edição especial do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas” celebra os dez anos do projeto com a inauguração de duas mostras comemorativas no dia 29 de maio no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Na noite de abertura das exposições, “Inventário da paixão e Cor, luz e movimento”, também será dada a largada da 5ª edição do prêmio com a divulgação do novo regulamento para os próximos anos.

 

Entre as inovações que serão apresentadas pelo atual curador e coordenador geral, Marcus de Lontra Costa, está o aumento do valor da bolsa de pesquisa conferida a cada um dos cinco artistas vencedores, que passa de R$ 30 mil para R$ 40 mil; e a ampliação do sistema de premiação, se torna mais plural com a inclusão de curadorias regionais no júri de seleção e uma exposição com trabalhos com os 30 artistas pré-selecionados.

 

Além dessas novidades, uma inédita premiação para curadores emergentes passa a integrar o Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, que se constitui uma das maiores ações de apoio do setor privado à arte brasileira. O novo formato propõe ainda ênfase especial aos processos pedagógicos que possibilitem a qualificação de trabalhadores, professores e estudantes por meio de ações que unam criatividade artística e pesquisa tecnológica.

 

O diretor de Operações do Serviço Social da Indústria (SESI), Marcos Tadeu de Siqueira, destacou a importância do Prêmio. “O investimento em artes contribui para uma interação entre as atividades culturais e o desenvolvimento econômico. Nenhum país pode se considerar desenvolvido, se não tiver um olhar para questões que envolvam cultura, educação e qualidade de vida do trabalhador”, disse.

 

 

Inventário da Paixão

 

As duas mostras comemorativas dessa edição especial reavivam as intenções que motivaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o SESI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a criarem o prêmio, em 2004. A panorâmica Inventário da paixão é uma homenagem ao galerista Marcantonio Vilaça, patrono do prêmio, que reúne 66 obras de 36 artistas surgidos a partir dos anos 80 e que tiveram mais projeção em suas trajetórias profissionais depois do trabalho em parceria com Marcantonio. Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Angelo Venosa, Luiz Zerbini e Cildo Meireles são alguns desses expoentes aliados a um expressivo núcleo de artistas internacionais, cujos trabalhos passaram a ser mais conhecidos no Brasil devido à ação de intercâmbio artístico realizada pelo galerista (veja lista completa abaixo). “A impactante presença dessas obras juntas em um mesmo espaço físico, com sua variedade de linguagens e propostas estéticas constitui um vibrante painel da arte no Brasil e no mundo e refletem a personalidade exuberante e inquieta daquele que empresta o seu nome à nossa iniciativa”, comenta Lontra.

 

 

Arte Indústria

 

As relações entre processos de criação artística e produção industrial são acentuadas no recém criado projeto Arte Indústria que acompanhará todas as edições do prêmio.  A série se inicia com a coletiva Cor, luz e movimento em homenagem a Abraham Palatnik. A partir de trabalhos deste pioneiro da arte cinética, diversos artistas estabelecem pontos de contato com o conjunto de sua obra. A mostra apresenta uma sala especial com oito trabalhos de Palatnik e 38 obras de 14 artistas que se relacionam com sua poética. Entre eles Ana Linnemann, Eduardo Coimbra, Deneir e Emygdio de Barros. (Veja a lista completa abaixo). Para o idealizador da exposição, o projeto parte do pressuposto de que o aspecto definidor da arte do século 20 está na instigante relação entre o artista e a máquina.

 

 

Novo Regulamento

 

A partir de sua quinta edição, o “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” renova formato e regulamento de modo a se aproximar cada vez mais da investigação artística contemporânea, compreendida como ação fundamental para o desenvolvimento do conhecimento humano e da pesquisa tecnológica.  A iniciativa do Sistema Indústria criada em 2004, ao longo desse tempo, realizou quatro edições consecutivas. Recebeu 2532 propostas e premiou 20 artistas, que atuam em diferentes pontos do país, com bolsas de trabalho e acompanhamento dos projetos por curadores designados. Ao conceber as duas mostras da edição especial, os novos curadores revigoram a proposta do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” no cenário artístico brasileiro e afirmam sua presença como uma referência entre as principais premiações nacionais no gênero.

 

 

Quem foi Marcantônio Vilaça

 

Marcantonio Vilaça, falecido precocemente em 2000 aos 37 anos de idade, tem sua trajetória cultural iniciada em Recife, PE. Influenciado pelos pais, conheceu a arte popular da região e fez visitas rotineiras a museus, igrejas e conventos de todo o Nordeste. Aos 15 anos, adquiriu sua primeira obra de arte, uma gravura de Samico. No início dos anos 80, Marcantônio e a irmã Taciana Cecília abriram sua primeira galeria de arte, a Pasárgada, na Praia de Boa Viagem, em Recife. Em 1991, instalou-se em São Paulo e inaugurou a Galeria Camargo Vilaça, junto com a sócia Karla Camargo. Aos 35 anos, possuía cerca de 500 obras dos mais representativos artistas contemporâneos brasileiros. Em sua trajetória como marchand, ajudou a projetar novos talentos no mercado brasileiro e internacional e doou diversas obras de sua coleção particular para diversos museus, tanto instituições nacionais quanto internacionais.

 

 

Artistas participantes da exposição:

 

Adriana Varejão | Angelo Venosa | Beatriz Milhazes | Barrão (Plano B) | Cildo Meireles | Daniel Senise | Efrain Almeida | Ernesto Neto | Francis Allys | Gilvan Samico | Helio Oiticica | Hildebrando de Castro | Iran do Espírito Santo | Jac Leirner   | José Damasceno | José Resende | Leda Catunda | José Leonilson | Lia Menna Barreto | Luiz Zerbini | Lygia Pape | Maurício Ruiz | Mauro Piva | Nuno Ramos | Rivane Neuschwander | Rosangela Rennó | Valeska Soares | Vik Muniz | Anselm Kiefer (Alemanha) | Cindy Sherman (Estados Unidos) | Guillermo Kuitca (Argentina) | Julião Sarmento (Portugal) | Mona Hatoum (Líbano) | Antonio Hernández-Diez (Venezuela) | Pedro Croft (Portugal) | Pedro Cabrita Reis (Portugal)

 

FICHA TÉCNICA:

 

Coordenação Geral: Claudia Ramalho;

Curador: Marcus de Lontra Costa;

Curadora Adjunta: Daniela Name;

Produção: Maria Clara Rodrigues – Imago Escritório De Arte;

Produção Executiva: Andreia Alves | Marcia Lontra;

Expografia: Marcio Gobbi;

Identidade Visual: New 360;

Projeto Técnico Interativo: 32bits Criações Digitais;

Iluminação: Antonio Mendel;

Projeto Educativo: Rômulo Sales Arte Educação

 

 

De 30 de maio a 13 de julho.

Gonçalo Ivo expõe na Laura Marsiaj

30/mai

O pintor Gonçalo Ivo  tornou-se conhecido quando de sua participação, em 1984, da grande exposição organizada por Marcus Lontra no Parque Lage, “Onde está você geração 80?”. Agora, o artista apresenta sua nova produção na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Esta exposição revelou importantes nomes que se tornaram figuras pontuais na pintura contemporânea brasileira como Luiz Zerbini e Beatriz Milhazes, entre outros. Oriundo dessa geração, Gonçalo Ivo aprofundou e ampliou sua pesquisa no campo da pintura, interrogando continuamente a experimentação no ato de pintar em um fazer rudimentar  incrementado pela tecnologia, buscando refletir sobre as relações que abarcam imagens, suportes, técnicas, estilos, materiais, gestos, formas, cores, figuras, etc., em síntese: uma extensa gama de possibilidades.

 

Residindo em Paris há 14 anos, Gonçalo Ivo nunca deixou de expor no Brasil mesmo cumprindo uma intensa agenda internacional. O artista exibirá no espaço da galeria quatro telas de grande formato e no ANEXO, cinco aquarelas. Trabalhos inéditos com a apresentação de Raphael Fonseca e Vera Pedrosa.

 

 

Um texto por dia – Texto de Rafael Pedrosa

 

Lembro de que durante a graduação um professor disse uma frase que nunca esqueci. Após a leitura de uma entrevista dada por Arthur Danto, iniciamos um debate sobre a importância da prática da escrita no campo da história da arte. Ao final da aula, como uma espécie de resumo das discussões, esse professor virou para a turma e disse: “É essencial que todo dia se escreva um texto. Não necessariamente um texto crítico ou fruto de uma pesquisa que diga respeito à arte, mas ao menos um e-mail pessoal com mais de três linhas deve ser feito por dia”.

 

Esse elogio ao fazer permanece na minha memória e muitas vezes foi debatido junto a amigos também escritores e/ou artistas. Algumas pessoas apontam para uma interpretação de certo estímulo a um trabalho incessante, isto é, onde está o espaço para o repouso nessa concepção do mundo? Para além de meu tendencioso caráter workaholic, ao lembrar o modo como essas duas frases foram proferidas, prefiro pensa-las a partir da necessidade de se ter um compromisso com o nosso ofício; dizendo de outro modo, creio que meu professor queria nos orientar quanto à necessidade de estarmos plenos em nossos compromissos, alinhados eticamente e existencialmente ao nosso fazer. Se havíamos escolhido (de modo objetivo ou não) a formação em história da arte, nessa área deveríamos estar com o corpo imerso – daí a importância de exercitarmos sempre a matéria expressiva que tradicionalmente compunha o nosso fazer, ou seja, a escrita.

 

Trabalho com arte contemporânea de modo enfocado há cerca de quatro anos e sou, assim como muitos colegas de profissão, rotulado pelo termo “jovem crítico” e/ou “jovem curador”. Não reclamo desta carga ainda leve que carrego, mas recentemente me dói um pouco viver em uma era em que se normalizam os excessos – das imagens, das mensagens, das ideias, das oportunidades e dos portfolios. Talvez nunca antes tivéssemos tantos jovens artistas efervescentes, mas, ao mesmo tempo, uma tecnologia digital que parece iludir que ser artista é realizar imagens e divulga-las aos quatro ventos pelo Facebook.

 

Qual não foi, portanto, minha surpresa e felicidade a aceitar um novo convite e refletir um pouco sobre a produção recente e a trajetória de Gonçalo Ivo. Se fui orientado para escrever diariamente, tenho a impressão que esse artista também o foi, porém no que diz respeito à sua capacidade de ser um produtor de imagens. Sendo sua primeira participação em exposição coletiva em 1978, podemos afirmar que seu percurso institucional já abarca mais de 35 anos. De lá para cá, foram diversas as participações em exposições desse momento histórico-artístico depois chamado por “geração 80”, além de projetos individuais que circularam as principais capitais do Brasil, além de museus e instituições pela Europa.

 

Se hoje advenho de uma geração de artistas em que as ideias se proliferam muito rapidamente e muitas vezes são movidas pelas fatídicas “curtidas” das redes sociais, Gonçalo me parece exemplar no que diz respeito à sua disciplina do fazer. Sim, estamos a falar de um profissional que poderia ser chamado pelo termo “pintor” – por mais que, claro, sua produção abarque também áreas afins como a gravura, o desenho e mesmo a escultura. De todo modo, mesmo que sua carreira ande junto ao fardo de se assumir enquanto pintor, não lidamos aqui com uma pessoa que nega ou rechaça técnicas que geralmente são interpretadas de modo imediato como sinônimo de certa ideia estilística de arte contemporânea; basta, por exemplo, ler suas reflexões recentes sobre a exposição do videoartista Bill Viola, no Grand Palais, em Paris.

 

Seu compromisso quanto ao fazer está para além da pintura – tem como alvo o campo fenomenológico das artes visuais. Mais do que um aficionado pela técnica, Gonçalo é comprometido com a potência da imagem e é a partir dela que se ergue uma pesquisa formal e poética que nunca estará terminada devido ao seu interesse, justamente, pelo processo diário. Mas de quais modos isso se faz perceptível nas suas obras? Por quais perspectivas podemos abordar a sua produção?

 

Poderíamos nos referir às suas pinturas fazendo um acréscimo de uma pequena palavra após o nome da técnica; “pintura abstrata”, alguns poderiam dizer. Porém, quando recorremos aos títulos dados pelo artista a algumas de suas produções recentes, como, por exemplo, “Aurora” (2014) e “Estrela do Norte” (2012), essa certeza é colocada em dúvida. Longe do lugar da representação figurativa de imagens que poderiam ser qualificadas como paisagem, a produção recente do artista diz respeito a uma resposta no campo da imagem para algo que o chama a atenção através do seu embate entre corpo e experiência ótica.

 

Ao olharmos de perto alguns de seus cadernos, é interessante perceber como que, mesmo que sua pintura recente lide com grandes campos de cor que dominam o espaço da tela e a fragmentam espacialmente, não estamos a contemplar imagens que são construídas de um modo espontâneo ou que se dão diretamente através de um contato imediato entre homem e tela em branco. É nesses cadernos de viagens que se percebe a importância que Gonçalo atribui para o estudo de suas composições futuras. Trata-se de pequenas arenas em que o artista se pergunta sobre as melhores articulações entre formas geométricas e opções cromáticas de modo que a tela posterior seja uma possibilidade de diálogo com algum elemento apreendido anteriormente e recodificado para uma linguagem que poderíamos chamar de abstrata. A abstração, porém, está apenas na incapacidade do espectador reconhecer elementos realistas. Melhor do que esse termo muito usado na história da arte, talvez fosse mais interessante ler as criações do artista pela perspectiva afetiva da memória capaz de possibilitar que uma igreja como a de Santa Maria de Taüll e suas nuances de cor sejam transfiguradas em listras que configuram de outro modo a potência das imagens religiosas.

 

Ao voltarmos o nosso olhar para “Aurora”, sua pesquisa formal se desvela. Busca-se trabalhar com tons ligeiramente diferentes de azul em contraponto a uma série de pequenas listras dotadas de cores diferentes. Joga-se, assim, com a ideia da justaposição entre as cores. Enquanto isso, qualquer certeza em torno de uma abordagem que lidasse com a ideia de simetria precisa ser revista já que ainda que as grandes áreas de cor se assemelhem a retângulos, quadrados e listras, elas apresentam, ao mesmo tempo, pequenos deslocamentos e transições planares que impossibilitam, novamente, um olhar mais catalográfico da análise da imagem. Não apenas no que diz respeito ao desenho dessas formas, mas a fatura e textura que cada polígono apresenta denota uma pesquisa da pintura que a coloca em princípios de uma busca também pelos diferentes efeitos tridimensionais proporcionados por suas pinceladas. Réguas, portanto, não são o bastante para se escrever sobre as telas de Gonçalo Ivo.

 

Essas características formais também se fazem presentes, mas de modo mais contaminado, na outra técnica que acompanha o artista desde o começo de sua carreira, ou seja, a aquarela. Em pequenos formatos, Gonçalo também propõe encontros geométricos, mas não necessariamente rígidos entre cores. Devido à espessura diversa que a técnica, por exemplo, do óleo sobre a tela possui, ao se praticar a aquarela sobre o papel, as cores se encontram e criam novas manchas em suas fronteiras fictícias. Os títulos aqui se fazem presentes dentro dos limites do papel e convidam o público, novamente, a pensar as relações entre imagem e texto em sua produção pictórica. “Acorde noturno – a luz do Parque do Retiro” remete, por exemplo, às recentes experiências do artista na Espanha, onde se encontra sempre atento tanto às tradições pictóricas locais, quanto às diversas luzes e paisagens proporcionadas pelo seu deslocamento por Madri. Talvez seja possível aproximar esses pequenos formatos de imagens dos cartões postais. Por mais que não vejamos uma paisagem explícita, são frutos de uma experiência da paisagem que não deve ser lembrada tal qual uma fotografia e sua mimese, mas sim ecoada através de sensações cromáticas.

 

Uma dessas aquarelas é intitulada “O véu da aurora – caminhando com Maria Leontina”. Ao fazer referência a essa pintora, penso também como poderíamos elencar diversos outros importantes nomes da arte moderna no Brasil e coloca-los em diálogo com Gonçalo Ivo: Alfredo Volpi, Iberê Camargo e José Pancetti. Parece-me interessante pensar, ao lado desses vínculos já estabelecidos por outros escritores, a possibilidade de ver sua produção caminhando com outras tradições de imagens.

 

Creio que faz sentido relacionar as suas cores à produção escultórica de Veio, um artista que Gonçalo possui em sua coleção. Nascido em Sergipe e com uma produção que articula as formas de madeiras, troncos e a cor, muito além do fardo de ser sempre lido pelo viés da “arte popular”, o modo como conjuga as cores e as texturas das madeiras que escolhe proporciona um diálogo muito interessante não apenas com a pintura de Gonçalo, mas também com os objetos tridimensionais em que ele explora as possibilidades da têmpera sobre madeira. Esses cruzamentos não precisam se manter geograficamente no Brasil, mas o quão potente não seria também caminhar junto com os objetos africanos também de sua coleção? Trazer a obra de Gonçalo Ivo para uma perspectiva mais global e menos eurocêntrica, mais da cultura visual e menos da história da arte, se trata de uma tarefa curatorial ainda por ser feita e capaz de proporcionar o encontro entre estandartes tribais da África, máscaras e sua larga experiência com a cor em diversas mídias e formatos.

 

Conhecer um pouco de seu fazer e de seu espaço de trabalho em uma tarde me fez relembrar daquelas palavras de meu professor. É preciso se manter imerso no nosso comprometimento para com isso que chamamos por arte. É preciso não ceder à fugacidade do veloz sistema da arte contemporânea que nos avassala em 2014. Tal qual a disciplina e insistência da pintura de Gonçalo Ivo, é necessário estar atento ao que nos rodeia e não necessariamente transformar todas as vivências em escrita, mas seguir a experimentar o mundo através da estesia para que sigamos a pensar uma pluralidade de narrativas para nossas existências e diferenças.

Se Gonçalo caminha com Maria Leontina, gostar-me-ia de caminhar um pouco com as suas formas rumo ao mundo desconhecido, mas fiel à minha meta textual diária.

 

 

 

De 03 de junho a 17 de julho.

Livro artístico

14/mar

Ricardo Sardenberg responde pela curadoria da mostra “A tara por livros ou A tara de papel”. Essa mostra temática é o próximo cartaz da Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, reunindo seleto grupo de nomes e livros de Nuno Ramos, com “Caldas Aulete (Para Nelson 3)”; Beatriz Milhazes, com “Meu Bem”; Artur Barrio, com “Cadernolivro”; Mira Schendel, com “Sem título”; José Bento, com “Baquelite”; Ed Ruscha, com “Me and The”; Rivane Neuenscwander, com “Paisagens Dobradas”; Marcius Gallan, “Livro/objeto Presente”; Leonilson, com “Certas Sutilezas Humanas” e Julio Plaza, com “Objetos Poema”.

 

 

A palavra do curador

 

A exposição A tara por livros ou a tara de papel não toma como ponto de partida a investigação do livro-objeto, algo que já pôde ser visto em tantas exposições recentes. Mas, espero, ela se apropria da ideia do livro-corpo. Embora não seja uma investigação puramente plástica ou estética, ainda assim, espero que a exposição cobre do visitante a experiência sensual e estética, um pouco hedonista com os objetos de desejo.  O livro aqui se confunde com a possessão, o erotismo, a compulsão pelo belo e também como nota de carinho, pois o livro se dá pra quem se quer bem. Nesse sentido, o livro artístico aqui é visto como um fetiche. A exposição celebra o objeto livro pela sua força de sedução.

 

O livro não é apenas objeto ou caixa, invólucro de histórias e sonhos. O livro é uma ideia que se apodera da nossa mente e que, por diversas vezes, a sua perda – um livro que foi emprestado e nunca mais voltou – pode ser tão dolorosa quanto a perda da pessoa amada. Como escreveu Flaubert em defesa do seu livro Madame Bovary: no nosso livro, a palavra perfeita é somente nossa e só existe no nosso léxico.

 

Pouco é mais perturbador que a vista de uma fogueira de livros.”  – Ricardo Sardenberg.

 

 

De 18 de março a 17 de abril.

José Patrício na Chácara do Céu

13/jan

O Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, exibe a última edição do projeto Os Amigos da Gravura. Desta vez os trabalhos apresentados são do artista José Patrício e convidam o público a um mergulho em sua obra recente. José Patrício criou especialmente para Os Amigos da Gravura a obra “Vertigo”, cujo título remete a um dos mais famosos filmes de Alfred Hitchcock, no Brasil chamado “Um corpo que cai”, e conduz o olhar do expectador a um labirinto ao revés, um efeito inventado por Hitchcock que simula uma espécie de vertigem, na época chamado de contra zoom. Patrício também vai mostrar a série “Afinidades Cromáticas”,  de 2012, que será exposta pela primeira vez no Rio. São sete trabalhos nos quais o artista utiliza botões coloridos costurados sobre tela.

 

Segundo o crítico Paulo Sérgio Duarte “se nos detivermos nas Afinidades cromáticas somos levados à memória do jogo numérico de trabalhos anteriores de José Patrício com os dominós. Aqui o protagonista do jogo é mais prosaico e lidamos com ele todos os dias: o botão. Os botões são vários nos tamanhos e nas cores, mas nunca grandes demais, são comuns. Todo botão espera uma casa para cumprir sua função: abotoar, manter presas duas superfícies de tecido. Mas aqui sua utilidade está banida. Costurados na superfície com regularidade geométrica constituem uma multidão aprisionada, cada indivíduo em seu lugar, para se transformarem em superfície de uma obra de arte. O resultado é evidente, estão presos para nos prender, nos deter na trama vertiginosa de suas sutis variações de forma e cor. Na sua banalidade de coisa comum, juntos se erguem e se emancipam na “coisa” arte.”

 

As obras de Patrício se caracterizam pela preocupação com a forma e, ao mesmo tempo, pelos resultados inesperados de suas composições geometricamente organizadas.  O artista já trabalhou anteriormente com papel, produzido artesanalmente, ainda no início de sua trajetória, depois passou a explorar objetos prontos, feitos em série, passando para os dominós, até chegar aos botões de Afinidades Cromáticas. A exposição ocupa as duas salas expositivas do 3º andar do museu. A tiragem limitada da gravura “Vertigo” está sendo vendida na loja do próprio museu.

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros. Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Sobre o artista

 

José Patrício nasceu em Recife, Pernambuco, em 1960, onde vive e trabalha até hoje. Quando jovem, estudou na Escolinha de Arte do Recife. Mais tarde, graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco. Já participou de diversas bienais, como a 22ª Bienal de São Paulo, São Paulo, SP, 1994; a 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, RS, 2001; e a 8ª Bienal de Havana, Cuba, 2003. Suas mais recentes mostras individuais são: “A espiral e o labirinto”, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP, 2012; “José Patrício: o Número”, Caixa Cultural, Rio de Janeiro e no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE, 2010; “Expansão múltipla”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 2008; e “Connections”, no Pharos Centre for Contemporary Art, Nicosia, Chipre, 2008. José Patrício é representado pela Galeria Nara Roesler, São Paulo, desde o ano 2000. Em 2013, tornou-se artista convidado a participar do projeto Amigos da Gravura no Museu da Chácara do Céu – Museus Castro Maya.

 

Até 10 de março.

Beatriz Milhazes: O Círculo e seus amigos

06/nov

Chama-se “O Círculo e seus amigos”, a nova exposição individual de Beatriz Milhazes em São Paulo, SP, para a qual o Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda será o espaço exibidor.  A artista apresenta nove pinturas inéditas que enfatizam a vibração ótica e cromática da Op Art, e padronagens e cores de origem tribal africana, entre outras.

 

Nesta série de trabalhos, as cores cítricas e o uso particular de dourados se rende a uma tonalidade mais escura, com a introdução do marrom e das cores de pigmentos naturais peruanos. A referência à Op Art, que em trabalhos anteriores aparecia de forma indireta, reaparece aqui em papel principal, num uso objetivo de recursos óticos, onde linhas e círculos saturam o plano em uma audaciosa justaposição de padrões geométricos. Na tela “Potato Dreaming”, dominada por tons de rosa, vinho e ocre, padrões em listras sobrepostos emprestam inquietação e movimento à uma estrutura que de outra forma seria rígida. Em “Flores e Árvores”, esta mesma sobreposição é radicalizada com a introdução de elementos vazados que confundem figura e fundo, sem que o olhar consiga estabelecer uma hierarquia.

 

Em outras composições a artista apresenta novas flores como um elemento central, cuja forma e estrutura são resultantes da observação da arte tribal. Em “Wild Potato”, a flor central se desfaz em listras orgânicas e algo psicodélicas de alto contraste, sobre um fundo de geometria precisa em cores igualmente contrastadas.” Igrejinha” traz a figura totêmica de um copo-de-leite ativado por tons elétricos, por sua vez preenchidos por um padrão de círculos irregulares recorrente nessa exposição.

 

Beatriz Milhazes consagrou-se como uma das maiores artistas da atualidade, desenvolvendo em trinta anos de carreira um vocabulário pictórico único, onde elementos da ornamentação se enredam com a tradição da pintura abstrata. Questões de um repertório visto muitas vezes como secundário –  das artes decorativas, da arte popular e do Carnaval – permeiam sua obra, em que a cor e a geometria são os elementos estruturantes. A artista desenvolveu uma técnica particular em que a tinta é aplicada primeiro sobre folhas de plástico que depois são transferidos para a tela, eliminando assim o gesto da pincelada. Esse modus operandi possibilita à artista uma enorme capacidade de experimentação aliada a um rigor formal.

 

 

Sobre a artista

 

Beatriz Milhazes nasceu no Rio de Janeiro em 1960 onde vive e trabalha. Na última década a artista teve importantes exposições individuais das quais podemos destacar: “Quatro Estações”, Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal e Panamericano, MALBA, Argentina, 2012; Fondation Beyeler, Suíça, 2011; Fondation Cartier pour l’art contemporain, França, 2009; Beatriz Milhazes – Pinturas e Colagens, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil, 2008; 21st Century Museum of Contemporary Art, Japão, (2004; Domaine de Kerguéhennec-Centre d’Art Contemporain, France, 2003. A artista representou o Brasil na 50ª Bienal de Veneza em 2003, participou da Bienal de Shangai, China, em 2006 e das 24ª e 26ª Bienais de São Paulo em 1998 e 2004. Suas obras figuram nas mais importantes coleções do mundo, como MoMA, Nova York; Museo Nacional Reina Sofia, Madrid e  Metropolitan Museum of Art, Nova York, entre outros. “Meu Bem”, grande exposição panorâmica da artista, esteve recentemente em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro, e ainda em 2013, será apresentada no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR.

 

De 23 de novembro a 21 de dezembro.  

 

Dia 24, Beatriz Milhazes, o catálogo

24/out

Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Banco Itaú Unibanco, Statoil, Base 7, Associação dos Amigos do Paço Imperial e o Centro Cultural Paço Imperial convidam para o lançamento do catálogo  da exposição “MEU BEM”, individual de Beatriz Milhazes, editado pela Base 7 Projetos Culturais, com textos do curador Frédéric Paul e registros fotográficos dos mais de 60 trabalhos da exposição. Na ocasião, terá um bate-papo com a artista e Lauro Cavalcanti, diretor da Instituição. A conversa acontecerá na Sala Academia dos Felizes, com capacidade para 80 pessoas. Senhas serão distribuídas para o público a partir das 17h.

 

 

Dia: 24 de outubro.

Beatriz Milhazes no Paço Imperial

02/set

Depois de 11 anos sem expor no Rio, sua terra natal, e após comprovada consagração internacional, a artista plástica Beatriz Milhazes, apresenta mais de 60 obras (pinturas, colagens e gravuras) na exposição denominada “Meu Bem”, atual cartaz do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição, uma panorâmica de suas obras a partir de 1989, é composta por trabalhos cedidos por colecionadores e museus internacionais e obedece organizaçção cronológica sob a curadoria do crítico francês Frédéric Paul.

 

A mostra reveste-se numa boa oportunidade para apreciar os renomados arabescos, circulos, mandalas e flores harmonicamente criados pela artista nos últimos anos, formas e signos que estabeleceram e destacaram sua obra; uma festa de cores que evoca – sem folclore – o Carnaval e a luminosidade tropical. A artista exibe, ainda, um grande móbile concebido exclusivamente para esta ocasião. De acordo com o curador, Beatriz Milhazes “…reivindica laços fortes com a modernidade europeia e está em pé de igualdade na cena contemporânea, na qual abala os códigos muitas vezes pouco sábios da abstração”.

 

Até 27 de outubro