Nova galeria em Ipanema

26/jun

A nova Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com exposição sob a curadoria de Marcelo Campos. O casarão amarelo da Aníbal de Mendonça, no conhecido “quadrilátero dourado” de Ipanema, passou a abrigar o espaço dedicado à arte contemporânea cuja proposta é ser um centro propulsor da arte, com exposições, mas também performances, workshops, visitas guiadas, com vistas a uma programação diversificada. A exposição de inauguração “Luzes indiscretas entre colinas cônicas” reúne obras de 13 artistas que têm em comum temas relacionados à luz, ao corpo e a paisagem. Os expositores são Anna Kahn, Brígida Baltar, Claudio Tobinaga, Hugo Houayek, Jimson Vilela, Leo Ayres, Lívia Flores, Osvaldo Gaia, Roberta Carvalho, Robnei Bonifácio, Thiago Ortiz, Tiago Sant’Ana e Yoko Nishio.

 

 

A palavra do curador e a exposição

 

A proposta de Marcelo Campos com esta exposição é unir trabalhos que tratem de ideias relacionadas à luz, ao corpo e a paisagem. Ele se baseou no relato de viajantes que se deparavam com as cidades brasileiras e em três conceitos que se tornaram evidentes: a luz, a transbordante paisagem e o gentio. 

 

“Recebi o convite e todo o material dos artistas e logo percebi o interesse da galeria sobre discussões atuais e sociais. A exposição inaugural vai trazer um pouco da consciência de assuntos do presente, cedendo espaço para artistas atuais”.

 

“Mário de Andrade, em O turista aprendiz, destaca a luz das manhãs no subúrbio do Rio de Janeiro e uma ‘certa’ característica “indiscreta” nas pessoas, nas ruas. George Gardner, em Viagem ao interior do Brasil, inicia seu trabalho de campo no litoral e não se furta em valorizar a transbordante beleza da natureza, a cidade por entre ‘colinas cônicas’,” 

 

Os artistas desta exposição olham a cidade como se fôssemos mergulhar de trampolim em direção ao pleno viver. Porém, há outras luzes que transcendem e atravessam esta observação, a luz da noite, das encruzilhadas, dos paraísos artificiais, dos néons, dos espelhos, conclui o curador

 

 

A palavra de Simone Candinelli

 

“A galeria tem a proposta de formar, administrar e representar a carreira de artistas. Por isso, inauguramos com um portfólio diverso, mas em total harmonia com o tema proposto”.

 

 

Até 08 de agosto.

Fotos na Galeria da Gávea

07/fev

A Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com a exposição “Vadios e Beatos”, a primeira de uma trilogia relacionada ao Carnaval brasileiro. Em cada ano galeria terá um curador convidado e a exposição será sempre inaugurada uma semana antes do sábado de Carnaval. A mostra “Vadios e beatos” reúne cerca de 47 obras, entres eles dois vídeos (Bárbara Wagner e Benjamim Búrca/ Karim Aïnouz e Marcelo Gomes), e 45 fotografias de tamanhos variados, em cor e em preto e branco, em impressões de papel algodão e cópias vintage em gelatina de prata (impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas). As obras abrangem o período dos anos de 1970 até 2018. Participam, Antonio Augusto Fontes, Arthur Scovino, Bina Fonyat, Bruno Veiga, Carlos Vergara, Celso Brandão, Cláudio Edinger, Evandro Teixeira, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Rafael Bqueer, Ricardo Azoury, Rogério Reis, Shinji Nagabe e Walter Carvalho.

 

A curadoria de Marcelo Campos tem como ponto de partida a afirmação de um dos primeiros teóricos da arte brasileira, Gonzaga Duque, do final do século XIX, que demonstrava desencantamento com o futuro para as artes no Brasil. O critico observava personagens sociais, capadócios de importância que viviam “à boêmia” , “tocando viola nos fados”, jogando capoeira. Assim, foi-se criando uma análise que, anos depois, configuraria uma das mais importantes compreensões sobre os modos como o Brasil lidava com ritos identitários, como o carnaval.

 

 

Até 17 de abril. 

Na Galeria do IBEU

21/set

 

Questões domésticas, privadas e da memória são as inspirações da mostra “A intimidade é uma escolha”, da artista visual Maria Fernanda Lucena, que será inaugurada no dia 26 de setembro, na Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Cesar Kiraly, a vencedora do Prêmio Novíssimos 2016 apresenta um trabalho instalativo, no qual as paredes são cobertas por tecidos garimpados em diferentes oficinas de estofadores espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro. Sobre a malha destes tecidos, através da pintura, são retratadas famílias em seus sofás.

 

Os tecidos escolhidos carregam, em suas marcas, histórias vividas por seus donos no cotidiano particular de cada um, sendo expressões do interesse da artista em retratar questões como a da memória expressa através de objetos herdados e descuidadamente guardados. Para Maria Fernanda, cada casa vai se convertendo em um relicário pessoal que reúne objetos que um dia foram desejados ou úteis, mas que, por algum motivo, não seguiram o processo de descarte.

 

“Gosto de mergulhar nas coisas do universo cotidiano das pessoas, capturar imagens e recolher objetos singelos e diversos como velhos brinquedos, televisores, caixinhas com utilidades esquecidas, vestidos de noiva, frascos de perfume que não cheiram mais, relógios que não marcam mais as horas, tecidos retirados de sofás muito usados, dentre muitas outras coisas”, afirma a artista.

 

“Desejo que este mergulho faça com que as coisas que foram antes vividas se desprendam de seus tempos e espaços de origem para vir a fazer parte de uma nova história onde a mistura de novas vidas e realidades se encontrem e se sentem no mesmo sofá”, completa Maria Fernanda.

 

Na edição de 2016 de Novíssimos, Maria Fernanda Lucena apresentou um conjunto de peças de acrílico que encapsulavam objetos afetivos e da vida doméstica, acompanhando-os de pinturas. De acordo com o curador Cesar Kiraly, há alguma continuidade entre as obras que deram o prêmio à artista e as que compõem a exposição que será inaugurada.

 

“Em uma trajetória já consistente, a artista consegue dar um importante salto de originalidade, aproveitando virtudes e indo além do conforto. “A Intimidade é uma Escolha” aborda a experiência na vida das pessoas, em sugestão, de proximidade não declarada, com a própria vida da artista. Esses personagens não estão mais em um relicário, não há mais asfixia, e sim ampla paisagem de afetos circulando”, analisa Kiraly.

 

 

Sobre a artista

 

Com formação em Indumentária e design de moda, além de diversos cursos da EAV, Parque Lage, Maria Fernanda Lucena se interessa por lugares, personagens, objetos e, sobretudo histórias. Seus trabalhos são caixas de lembranças, relicário de um tempo da vida que alguém viveu. As narrativas propostas nas obras refletem realidade e ficção ao apresentar um alguém, um lugar, um objeto e ela mesma. Ganhou o Prêmio Novíssimos 2016 da Galeria de Arte IBEU, o que lhe rendeu essa exposição individual. Além dessa mostra, a artista já está agendada para uma individual no Museu da República, no RJ, também em 2017. Em 2016 realizou sua 1ª individual na C. Galeria, sob curadoria de Efrain Almeida. Dentre as exposições coletivas e salões que participou estão “Limiares”, Paço Imperial, RJ; “À Deriva do Olhar”, C. Galeria, RJ, “Somos Todos Clarice”, Museu da República (Galeria do Lago), RJ / 2017; SP-ARTE, C. Galeria, SP, “Novíssimos 2016, Galeria de Arte Ibeu, RJ, “Somos todos Clarice”, curadoria de Isabel Sanson Portella, RJ / 2016, “29 de Setembro”, curadoria de Marcelo Campos e Efrain Almeida, Largo das Artes, RJ / 2015;” Visão de Emergência”, curadoria de Marcelo Campos, Galeria Colecionador, RJ; “À Primeira Vista”, curadoria de Brigida Baltar, Efrain Almeida e Marcelo Campos, Galeria Artur Fidalgo, RJ / 2014; 12º Salão Nacional de Arte de Jataí, Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Goiânia; 31º SAPLARC, XXXI Salão de Artes Plásticas de Rio Claro, SP – Prêmio de Menção Honrosa/ 2013; 19º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande, Palácio das Artes, SP; II Salão dos Analfabetos, Universidade Federal de Santa Maria, RS / 2012.

 

 

Até 27 de outubro.

Carpintaria Para Todos

28/jul

“Carpintaria Para Todos” é uma exposição coletiva formada por um único critério: a ordem de chegada dos participantes. No dia 10 de agosto, das 10h às 19h, a Carpintaria, Rua Jardim Botânico 971, Rio de Janeiro, RJ, estará de portas abertas para receber uma obra de arte de qualquer pessoa interessada em mostrar seu trabalho. Sem nenhuma curadoria, qualquer um poderá participar desde que siga as especificações listadas no texto-convite divulgado no site e nas redes sociais da Carpintaria.

 

O projeto funciona como uma releitura do evento homônimo realizado em setembro de 2012, no Galpão do Liceu de Artes e Ofícios, paralelo à 30ª Bienal de São Paulo. A proposta surgiu da reunião de alguns profissionais do campo da arte com um objetivo em comum: realizar uma exposição na qual presencia-se uma suspensão de valores e hierarquias, criando assim um espaço experimental de colaboração, que opere em rede e que se desdobre em múltiplos debates.

 

Com este intuito, o grupo resgatou a importante figura do curador norte-americano Walter Hopps (1932–2005), que desenvolveu uma série de projetos entre os anos 60 e 70, segundo ele mesmo, “imprevisíveis e irregulares”. Atuando sempre de maneira não convencional no circuito de arte contemporânea de seu tempo, Hopps se interessava em trabalhar outros formatos de curadoria e outras relações entre público e privado, tensionando a esfera institucional e o espírito anárquico da arte. Da mesma maneira, é relevante destacarmos como inspiração nomes como o do historiador e crítico de arte Walter Zanini (1925–2013), cuja atuação à frente do MAC-USP, de 1963 a 1978, contribuiu significativamente para ampliar os espaços de reflexão e exibição da arte, através de ambiciosos projetos expositivos como o JAC (Jovem Arte Contemporânea). Carpintaria Para Todos também dialoga e soma-se ao espírito colaborativo de outras ações artísticas que aconteceram e ainda acontecem na cidade do Rio de Janeiro, como Zona Franca, Alfândega, Orlândia e as exposições “Abre Alas”, realizadas há mais de uma década pela A Gentil Carioca.

 

No encerramento da exposição, sábado 19 de agosto, a partir das 17h, acontecerá uma conversa entre membros do comitê voluntário e os artistas participantes do projeto, tendo como eixo as práticas expositivas colaborativas na cena artística carioca e nacional. A conversa será pontuada pela exibição de trechos de filmes, vídeos e materiais de arquivo diversos.

 

Os organizadores e colaboradores voluntários deste projeto são: Alexandre Gabriel, Alessandra D’Aloia, Barrão, Bernardo Mosqueira, Eduardo Ortega, Laura Mello, Luisa Duarte, Marcelo Campos, Márcia Fortes, Mari Stockler e Victor Gorgulho. Os colaboradores estarão pessoalmente no local da exposição ajudando a receber as obras e montar a exposição.

 

 

Regulamento

 

Você está convidado a comparecer com uma obra de arte de sua autoria na Carpintaria (Rua Jardim Botânico 971 – Rio de Janeiro) na quinta-feira, dia 10 de agosto de 2017 das 10h às 19h. Nós iremos receber e instalar seu trabalho no espaço expositivo da galeria. A mostra estará aberta para o público do dia 10 a 19 de agosto, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 18h.

 

Serão aceitas obras de todas as naturezas – desenho, colagem, fotografia, pintura, escultura, instalação, vídeo, filme, performance e o que mais você inventar – e sua participação estará garantida desde que:

 

Você leve em pessoa o seu trabalho;

 

O seu trabalho passe pela porta (1,80 x 2,10 m);

 

Você traga todo o material necessário para a sua instalação, exposição e funcionamento. Haverá montadores para auxiliar na montagem;

 

A sua obra de arte preserve a integridade física e respeite os outros trabalhos em exposição, o público e o espaço expositivo;

 

Você entregue sua obra nas mãos da produção que escolherá o local de instalação do trabalho. Caso queira deixar um material impresso relacionado ao trabalho, iremos disponibilizar um local para consulta;

 

Se o trabalho for uma performance, o horário de apresentação será definido em acordo

 

com a produção. O registro em vídeo ou foto da sua performance poderá ser exposto posteriormente na mostra;

 

Você se comprometa a retirar a sua obra do local expositivo ao final da exposição, no prazo estipulado pela produção;

 

Qualquer dano ou perda da obra durante a sua montagem, exposição e/ou retirada será considerada como parte do processo. Haverá segurança e monitoria durante a exposição, mas a produção não pode garantir ressarcimento de eventuais danos;

 

A Carpintaria não fará o intermédio comercial das obras dessa exposição, mas os interessados poderão contatar diretamente os artistas. Haverá uma lista com a ficha técnica das obras e o e-mail dos artistas na recepção.

 

 

Mais informações: carpintaria@fdag.com.br

Três no Santander Cultural

31/mai

Dentro da proposta de valorizar o trabalho curatorial neste ano, o Santander Cultural, Porto Alegre, RS, inaugurou a exposição que leva o nome dos seus artistas integrantes: “Zerbini, Barrão, Albano”. Ao todo, são 43 obras, em diferentes técnicas, como pintura, gravura, escultura e fotografia. A seleção para cada artista ficou a cargo de um curador diferente. As obras de Luiz Zerbini, SP, tiveram a curadoria de Marcelo Campos. As de Barrão, RJ, de Felipe Scovino; e as de Albano, SP, por Douglas Freitas. “Foram seis cabeças dividindo o mesmo espaço”, explicou o diretor-superintendente do Santander Cultural, Carlos Trevi. Com estilos diferentes, o desafio foi promover o diálogo entre as diferentes linguagens de cada artista.

 

As esculturas de Barrão ocupam a parte central da galeria, com trabalhos na cor branca. “Geralmente meus trabalhos têm escala menor, mas como fiz obras especialmente para esta exposição, levei em conta o espaço e fiz em escala maior”, explica Barrão. As obras de Albano e Zerbini estão nas laterais. Zerbini apresenta monotipias, pinturas e, em primeira mão, três mesas, cujos superfícies de vidro lembram praias e ondas. Já Albano traz instalações que abordam a questão da luz e da sombra e um tríptico fotográfico.

 

 
Até 16 de julho.

No Centro Cultural São Paulo 

28/mai

O Centro Cultural São Paulo, Paraíso, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Objetos sobre arquitetura gasta”, a primeira exposição individual do artista plástico André Griffo na cidade. Na exposição, que integra I Mostra do Programa de Exposições 2017 do centro cultural, o artista apresenta obras produzidas recentemente, sendo quatro pinturas, uma delas inédita, e uma instalação. “Os trabalhos fazem parte da minha atual pesquisa e este projeto almeja estabelecer um relacionamento com o público que permita o seu engajamento na proposta artística”, diz o artista.

 

André Griffo, que é representado pela galeria Athena Contemporânea desde 2013, já realizou exposições em importantes museus e centros culturais, como no Museu de Arte do Rio (MAR), no Museu da República e na Caixa Cultural, ambos no Rio de Janeiro. Também participou de uma mostra coletiva no Paço das Artes, em São Paulo.

 

Em “Objetos sobre arquitetura gasta”, o artista exibe quatro pinturas que representam espaços desocupados, vestígios ali deixados. “O processo é iniciado com a procura de edificações desabitadas para o registro fotográfico (e posterior reprodução em pintura) dos locais onde sejam percebidos sinais das ocupações passadas, evidentes na arquitetura e ou nos objetos remanescentes”, explica o artista, que busca o silêncio em suas obras.

 

A instalação “Predileção pela alegoria – Andaimes”, de 2016, feita em ferro, encontra-se nos jardins do centro cultural. A obra, que já foi apresentada nos jardins do Museu da República, no Rio de Janeiro, é composta por andaimes utilizados para construção e reparo de edificações, que são modificados com a inclusão de elementos provenientes da arquitetura gótica. Existe um contraponto entre o que é funcional e o que é estético. “Os ornamentos, elementos combatidos pela arquitetura funcionalista, modificam a estrutura dos andaimes, uma vez que suas aparições tornam-se corpos estranhos à armação, ao mesmo tempo que a estrutura modular modifica a natureza decorativa dos arcos, inserindo os elementos estéticos num contexto que não lhes são nem um pouco usual”, conta o artista. Para André Griffo, existe um diálogo entre as obras da exposição, mesmo se tratando de suportes diferentes. Além de todas tratarem do tema da Arquitetura, em uma das pinturas, por exemplo, há elementos góticos, que também estão presentes na instalação.

 

 

 

Sobre o artista

 

André Griffo foi bolsista no Programa de Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2013, com Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e Marcelo Campos, mesmo ano em que realizou suas primeiras exposições individuais “Commando”, pelo edital de ocupação da Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani, Prefeitura de Jundiaí, SP e “Reúso e Retardo”, na Galeria Athena Contemporânea no Rio de Janeiro. Em 2015,realizou as exposições individuais “Intervenções pendentes em estruturas mistas”, Palácio das Artes, BH, “Predileção pela Alegoria”, na Galeria Athena Contemporânea e “Engenho Maratona”, na Universidade de Barra Mansa, RJ. No ano passado, participou das exposições coletivas “Ao Amor do Público I – Doações da ArtRio (2012-2015) e MinC/Funarte”, no Museu de Arte do Rio (MAR), instituição que possui obra do artista em seu acervo, e “Intervenções”, no Museu da República, Rio de Janeiro. Outra mostra coletiva que integrou, foi “Instabilidade Estável”, em 2014, proposta pela curadora Juliana Gontijo para a Temporada de Projetos do Paço das Artes, em São Paulo. Em 2015, participou da exposição coletiva “Aparição no Espaço”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro, de curadoria de Fernanda Lopes e recebeu o Prêmio Especial do Júri no 47º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, SP . Entre os prêmios, em 2012, recebeu o da Leitura Pública e Análise de Portfólios no 44º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, SP e foi indicado ao Prêmio Investidor Profissional de Arte, PIPA, em 2014.

 

 

 

Até 27 de agosto.

Escultura Contemporânea

11/abr

Livro de autoria do professor e curador carioca Marcelo Campos – resultado de três anos de pesquisa – mapeia a produção escultórica brasileira a partir dos anos 1950 sob dez critérios temáticos e terá lançamento no dia 11 no Rio (Casa França-Brasil) e dia 19 de abril em Salvador (Palacete das Artes). Trata-se de um espaço rarefeito na bibliografia da arte brasileira que será ocupado com o lançamento da edição bilíngue de “Escultura Contemporânea no Brasil – Reflexões em dez percursos”, pela Caramurê Publicações.

 

Convidado pela editora baiana para destacar, a princípio, um pequeno grupo de escultores, Campos contrapropôs um contorno conceitual mais abrangente. O editor Fernando Oberlaender aceitou o desafio que resultou em uma obra de fôlego, com suas 420 páginas e 300 ilustrações. O patrocínio é da Global Participações em Energia S.A. (GPE), através da Lei de Incentivo à Cultura do MinC.

 

– Decidi fazer uma pesquisa mais extensa, olhando para artistas e obras canônicas, trabalhos que estabeleceram ou consolidaram mudanças de paradigma. Percebi, nesse levantamento, vertentes conceituais que me chamaram a atenção e optei por essa configuração, explica o autor.

 

Dos 200 artistas listados num primeiro apanhado, Campos selecionou 91 escultores (relacionados abaixo), cujo trabalho se desenvolveu a partir dos anos 1950. Eles estão distribuídos em dez capítulos-conceito, a partir do que o autor chama de “sintoma”: a reunião de “parentescos, células, lugares de encontro, onde a junção das poéticas as torna firmemente históricas”, ele define na introdução do livro.

 

A organização, portanto, não faz o caminho histórico-evolutivo, de alinhamento meramente temporal; também não segue o critério que reúne artistas e obras em movimentos ou grupos. Campos buscou a ampliação do raio de busca para além dos eixos geográficos tradicionais da produção artística brasileira.

 

 

– Pesou também minha identificação crítica com o trabalho. Não incluí os coletivos, mesmo que produzam objetos. E não enveredei pela instalação, privilegiando a tridimensionalidade; a manufatura, que me interessou bastante no livro, de certa forma, se apresenta como um contraponto à teatralidade da instalação. Campos reafirma que não houve intenção de esgotamento da pesquisa ou do olhar enciclopédico.

 

Os temas propostos pelo autor são: 1 – Herança construtiva, geometria revisada; 2 – Corpo, organicidade ; 3 – Atlas, mapas, localizações; 4 – Apropriação conceitual, imagéticas populares; 5 – Eu-objeto, relicários, espólios; 6 – Paisagem, casa e jardim; 7 – Tecnologia, mídias, comunicação; 8 – Ritual, totemismo, ídolos; 9 – A infância, o brinquedo; 10 – Hibridação, rotinas, alquimias.

 

 

Escultura Contemporânea no Brasil – Reflexões em dez percursos: Artistas

 

Abraham Palatnik (RN) | Afonso Tostes (MG) | Agnaldo dos Santos (BA), Alexandre da Cunha (RJ) | Almandrade (BA) | Amílcar de Castro (MG), Ana Linmemann (RJ) | Ana Maria  Tavares (MG) | Ana Miguel (RJ), Angelo Venosa (SP) | Anna Bella Geiger (RJ) | Anna Maria Maiolino (ITA), Artur Bispo do Rosário (SE) | Ascânio MMM (POR-RJ) | Ayrson Heráclito (BA), Bel Borba (BA) | Brennand (PE) | Brígida Balltar (RJ) | Camille Kachani (LIB), Carmela Gross (SP) | Celeida Tostes (RJ) | Cildo Meireles (RJ), Cristina Salgado (RJ) | David Cury (PI) | Edgard de Souza (SP), Edson da Luz (BA) | Eduardo Coimbra (RJ) | Eduardo Frota (CE), Emanuel Araujo (BA) | Efrain Almeida (CE) | Erika Verzutti (SP), Ernesto Neto (RJ) | Felícia Leirner (POL) | Fernanda Gomes (RJ), Flávio Cerqueira (SP) | Franz Weissman (AUT) | Hélio Oiticica (RJ), Iole de Freitas (MG) | Iran do Espírito Santo (SP) |Ivens Machado (SC), Jac Leirner (SP) | Jarbas Lopes (RJ) | Jorge Barrão  (RJ), José Bechara (RJ) | José Bento (BA) | José Damasceno (RJ), José Rufino (PB) | José Tarcisio (CE) |Juarez Paraíso (BA), Juraci Dórea (BA) | Laerte Ramos (SP) | Laís Myrrha (MG), Leonilson (CE) | Lia Menna Barreto (RJ) | Livia Flores (RJ), Luiz Hermano (CE) | Lygia Clark  (MG) | Lygia Pape (RJ), Márcia X (RJ) | Marcius Galan (EUA) | Marcone Moreira (MA), Marepe (BA) | Maria Martins (MG) | Milton Machado (RJ), Nelson Felix (RJ) | Nuno Ramos (SP) | Otavio Schipper (RJ), Paulo Nenflídio (SP) | Paulo Paes (PA) | Paulo Vivacqua (ES), Ramiro Bernabó (AR) | Raul Mourão (RJ) | Renata Lucas (SP), Renato Bezerra de Mello (PE) | Ricardo Ventura (RJ) | Ricardo Basbaum (RJ), Rodrigo Sassi (SP) | Rogério Degaki (SP) | Ronald Duarte (RJ), Rubem Valentin (BA) | Sandra Cinto (SP) | Sergio Camargo (RJ), Tatiana Blass (SP) | Tiago Carneiro da Cunha (SP) | Tonico Lemos Auad (PA), Tunga (PE) | Vanderlei Lopes (PR) | Vinicius S.A (BA), Wagner Malta Tavares (SP) | Waltercio Caldas (RJ) | Zélia Salgado (SP).

 

 

Sobre o autor

 

Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É diretor da Casa França-Brasil, desde 2016, professor Adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Desenvolveu tese de doutorado sobre o conceito de brasilidade na arte contemporânea. É autor de “Um canto, dois sertões: Bispo do Rosário e os 90 anos da Colônia Juliano Moreira” (MBrac/Azougue Editorial, Rio de Janeiro, 2016) e  “Emmanuel Nassar: engenharia cabocla” (Museu de Arte Contemporânea de Niterói/MAC, Niterói, 2010). Foi curador das exposições: “Viragens: arte brasileira em outros diálogos na coleção da Fundação Edson Queiroz”, Casa França-Brasil, 2017; “Orixás”, Casa França-Brasil, 2016; “A cor do Brasil”, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, MAR (Museu de Arte do Rio), 2015; “Tarsila e Mulheres Modernas”, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, Hecilda Fadel e Nataraj Trinta, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio); “Guignard e o Oriente”, junto com Priscila Freire e Paulo Herkenhoff, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio).

Coleção Fundação Edson Queiroz

24/mar

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “VIRAGENS: arte brasileira em outros diálogos na coleção da Fundação Edson Queiroz”. Construída há mais de três décadas com obras de variados períodos da arte brasileira, esta coleção caracteriza-se por ser uma das mais importantes do país, e encontra-se sediada na Universidade de Fortaleza, no Ceará. Curadoria de João Paulo Quintella, Laura Consendey, Marcelo Campos e Pollyana Quintella e expografia de Helio Eichbauer.

 

A proposta é construir diálogos múltiplos que perpassam alguns capítulos da arte brasileira com obras desde 1913, como a emblemática pintura de Lasar Segall, “Duas amigas”, até os anos 1980. A exposição é constituída por núcleos que apresentam abordagens mais amplas do que os convencionais movimentos e cronologias da história da arte, identificando obras que se relacionam às discussões da forma, aos referenciais da cultura, aos interesses psicológicos e a outros atravessamentos possíveis, observando não só a influência de um artista sobre seus sucessores, mas, antes, as evidências de que arte e sociedade são indissociáveis.

 

Dentre os 43 artistas participantes, constam nomes como Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antonio Gomide, Bruno Giorgi, Candido Portinari, Cícero Dias, Danilo Di Prete, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto de Fiori, Flávio de Carvalho, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Guignard, Hélio Oiticica, Hercules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ismael Nery, Ivan Serpa, José Pancetti, Judith Lauand, Lasar Segall, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Lygia Clark, Maria H. Vieira da Silva, Maria Leontina, Maria Martins, Maurício Nogueira de Lima, Milton Dacosta, Mira Schendel, Rubem Valentim, Samson Flexor, Sérgio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, Tomie Ohtake, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret e Willys de Castro.

 

A exposição também prevê um ciclo de falas com pesquisadores voltados para as questões da arte moderna brasileira.

 

 

De 25 de março a 25 de junho.

Abaporu, até o dia 30

26/ago

 

A célebre obra de Tarsila do Amaral, “Abaporu”, está na exposição “A cor do Brasil”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que apresenta percursos, inflexões e transformações da cor na história da arte brasileira. A cor é apresentada como projeto nos pintores viajantes dos séculos XVIII-XIX, nas investigações acadêmicas, nas experimentações modernas, nos projetos construtivos, nas radicalizações da forma dos anos 1960/70, nas explosões de cor dos anos 1980 e da atualidade. A curadoria traz a as assinaturas de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos.

Sete individuais no Paço Imperial

10/dez

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura seu maior bloco de exposições da gestão da diretora Claudia Saldanha, com individuais de sete artistas contemporâneos: José Bechara, Célia Euvaldo, Renata Tassinari, David Cury, Cristina Salgado, Bruno Miguel e Amalia Giacomini. Junto com seu conselho curatorial, composto por Carlos Vergara, Luiz Aquila e Marcelo Campos, a diretora do Paço formou essa programação contemplando expressões diversas, como pintura, escultura, desenho e instalação.

 

 

 

 

Sobre cada uma das mostras:

 

 

 

José Bechara  | Jaguares

 

O carioca José Bechara ocupa a sala do térreo do Paço com sete pinturas em três dimensões. Intitulada “Jaguares”, a exposição de trabalhos inéditos e recentes, em grandes formatos, resulta da pesquisa de dois anos do artista sobre limites da pintura. Ele usa materiais como vidro, papel glassine, mármore, lâmpada e cabos de aço. O artista chama de “pintura” trabalhos em três dimensões, em que vidros funcionam como planos. Ele acha que o visitante pode se perguntar se está mesmo diante de uma pintura, mas adverte que “diferentemente da escultura, o espectador não circunda o trabalho. Ao final das contas é uma investigação sobre este limite, imposto pela parede que está no fundo, da qual eu também tiro proveito, trazendo-a para o trabalho, por conta da transparência do vidro. Você imagina que uma pintura seja uma operação bidimensional. A minha pintura vem de uma produção tridimensional”, explica Bechara. Nesta individual, ele, que produz no ateliê  simultaneamente pinturas e esculturas, pretende confrontar e colidir essas duas experiências. Junto com as pinturas tridimensionais estará “Miss Lu Silver Super-Super” (2013), da série “Esculturas gráficas”, de 2009,  incluída aqui por trazer questões também relativas à gravidade semelhantes às das obras com planos de vidro.

 

“Jaguares” tem texto crítico de Luiz Camillo Osorio.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Integrou exposições, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2002; Panorama da Arte Brasileira de 2005, no MAM-SP; 5ª Bienal Internacional do Mercosul (2005); Trienal de Arquitetura de Lisboa (2011);  “Caminhos do Contemporâneo” (2002) e “Os anos 90” (1999), ambas no Paço Imperial. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Instituto Tomie Ohtake SP, Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); Culturgest (Lisboa), MAM Rio, Museu de Arte Contemporaneo Espanhol-Patio Herreriano (Valladolid, Espanha) e Ludwig Museum de Koblenz (Alemanha). José Bechara tem obras em coleções públicas e privadas, como a Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centre Pompidou, Paris; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma (Palma de Mallorca, Espanha); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP); Coleção João Sattamini/ MAC Niterói; Instituto Itaú Cultural (SP); MAM Bahia; MAC Paraná; Culturgest (Lisboa); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); MoLLA (Califórnia, EUA); Ella Fontanal Cisneros (Miami, EUA); MARCO de Vigo (Espanha) e Basilea Stiftung (Basel, Suíça).

 

 

 

 

Célia Euvaldo | Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Célia Euvaldo apresenta conjuntos de cinco colagens e de cinco pinturas, datados de 2013 a 2015. A partir de sua experiência recente sobre a massa e o peso da tinta, a artista usa nas Colagens (170 x 100cm) material de consistências diferentes: um papel branco chinês, leve,  recebe uma folha de papel preto mais pesado, deformando o papel branco pelo efeito do peso e da cola e, ao longo do tempo, pela ação do clima. As Pinturas em óleo sobre tela (100 x 260cm e 123 x 200cm), a artista descreve que “elas lembram que saíram do desenho: pinceladas–linhas horizontais (quando a tinta é aplicada) e espatuladas–linhas verticais (quando a tinta é arrastada) preenchem o campo inteiro, deixando seu rasto de linhas.” Diferentemente de obras anteriores, em que parte da tela não era pintada, a superfície dos trabalhos recentes é toda recoberta com tinta preta. As pinturas, diz Celia, se estendem para dentro como buracos negros, e também se modificam como as colagens, não fisicamente, mas com a incidência de luz e o ângulo do olhar do espectador.

 

 

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo mora e trabalha em São Paulo. Começou a expor na década de 1980. Suas primeiras individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, RJ, 1988), no Museu de Arte Contemporânea da USP (1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989,  ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Participou da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou individuais, entre outros, no Paço Imperial (RJ, 1995 e 1999), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (SP, 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2013).

 

 

 

 

Renata Tassinari Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Renata Tassinari mostra 16 trabalhos, entre pinturas de grandes dimensões sobre acrílico e desenhos em óleo sobre papel japonês, inéditos no Rio de Janeiro, celebrando 30 anos de carreira. A curadoria de Vanda Klabin fez um recorte da última década de produção da artista para a exposição do Paço Imperial. Tassinari pinta sobre superfícies de acrílico e, ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da obra cobrir apenas uma parte da superfície planar. Seus trabalhos se desdobram em séries, usando quadrados e retângulos  como elementos compositivos, altermando as cores e o acrílico do suporte, transparência e opacidade, rugosidade e lisura. A cor é sua matéria-prima. Sobre a artista, Vanda Klabin diz: “Renata Tassinari desafia e transforma os limites do plano pictórico, pela apropriação e pelos deslocamentos de materiais industriais na superfície da tela, que passa a não atender mais os conceitos tradicionais do fazer artístico”.

 

 

Sobre a artista

 

Renata Tassinari é formada em Artes Plásticas pela Faap São Paulo (1980). Estudou desenho e pintura nos ateliês dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia Rosa. Já expôs em importantes instituições brasileiras, como o MAM Rio e o MAM-SP. No início de 2015, a artista ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

 

 

 

David Cury | A vida é a soma errada das verdades

 

David Cury, artista piauiense, radicado no Rio de Janeiro, descreve conceitualmente sua instalação inédita, que ocupa três espaços do Paço Imperial, como uma “paisagem cívica negativa”. O eixo do trabalho são 15 textos irônicos sobre três formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (“Aos que matam por hábito jamais os pardos foram tão alvos”), a política (“A ianque Dorothy Stang não voltou para casa”) e a moral (“Aqui o mal ao menos de impostura prescinde”). Seja de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas quer ser um aforismo. Aqui a palavra quer valer por uma imagem, em confronto com uma imagem vale por mil palavras. As sentenças estão sulcadas em lajes de concreto e ferro, em meio a escombros residuais, distribuídas nas três salas, começando pela violência moral, seguida da violência social e da violência política. A ordenação da sequência da instalação segue o critério dos diferentes graus de violência: a moral é a primeira porque o artista a considera um estímulo à social e à política.

 

 

 

Sobre o artista

 

David Cury (Teresina, 1964) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele atua em suportes diversos. Desde “Para a inclusão social do Crime (Funarte, RJ, 2003), “Há vagas de coveiro para trabalhadores sem-terra” (Carreau du Temple, Paris, 2005), “Paradeiro” (Estação da Leopoldina, RJ, 2006) e “Hydrahera” (Morro da Conceição, RJ, 2008), suas intervenções articulam caráter de situação, iminência e ambição formal. Em 2009, ocupou o Espaço Monumental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com “Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás” – entre outras abstrações (de escala pública) acerca dos conflitos fundiários mais emblemáticos da história brasileira. Em 2010, participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação “Antônio Conselheiro não seguiu o conselho”. Realizou “Corumbiara não é Columbine” (Musée Bozar, Bruxelas, 2011), “É com o sexo que os homens se deitam, pedindo como anões o seu ascenso” (Somerset House, Londres, 2012) e “Rasa é a cova dos vivos” (Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza, 2013).

 

 

 

Cristina Salgado No Interior do Tempo | Curador Marcelo Campos

 

 

A carioca Cristina Salgado apresenta uma instalação composta pela série “Poemas visuais interiores” (2015) – cerca de vinte desenhos em guache e impressão sobre papel de algodão, partindo de ilustrações apropriadas de um livro de anatomia seccional humana. Esses poemas visuais estão instalados sobre duas longas paredes laterais da sala. Ao fundo, há uma grande projeção de imagem em movimento, a mesma que está em um pequeno monitor, pousado no interior de um armário vertical de ferro e vidro situado no centro do espaço; cinco esculturas em ferro fundido da série”Humanoinumano” (1995) e elementos diversos de mobiliário industrial obsoleto se relacionam nessa região do espaço expositivo. Sua aposta é que “a instalação “No interior do tempo”, na forma como traz a presença do corpo, às vezes por sua ausência ou em situações que explicitam interioridade/exterioridade, possa tornar visível uma atmosfera diversa daquela onde impera a temporalidade lógica produtiva oficial.”

 

 

Sobre a artista

 

Cristina Salgado (RJ, 1957) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, entre 1977 e 1978. Doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ) e professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, desde 1997. Suas exposições individuais mais recentes são “A mãe contempla o mar”, Galeria Marsiaj Tempo, 2014; “Ver para olhar”, Paço Imperial, 2012,  e “Vista”, Casa França-Brasil, 2010. Entre as coletivas estão “Situações Brasília 2014 – Prêmio de Arte Contemporânea”, Prêmio de aquisição, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; “O corpo na arte contemporânea brasileira”, Itaú Cultural, SP, 2005; “Como Vai Você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, 1984.

 

 

 

Bruno Miguel | Essas pessoas na sala de jantaCurador Bernardo Mosqueira

 

 

O carioca Bruno Miguel apresenta duas instalações inéditas: “Essas pessoas na sala de jantar” e “Cristaleira”. “Essas pessoas…” é formada por 400 composições distintas com peças de porcelana de vários países, espuma de poliuretano, papel maché, pequenas árvores esculpidas pelo artista e tinta de cores vibrantes. O poliuretano vaza ora do bico do bule, ora do interior de uma xícara, criando formas abstratas que servem de amálgama para os elementos da composição. Os ítens são agrupados no chão, com intervalos que permitem o trânsito do visitante entre eles. Durante a temporada da exposição, os objetos serão rearranjados no espaço, criando diferentes percursos pela sala. Em uma sala vizinha, estará “Cristaleira” composta por 150 esculturas, também únicas, sobre uma prateleira de vidro que percorre as paredes do espaço expositivo. Essas são objetos utilitários de vidro e cristal, preenchidos com resina de poliéster colorida com spray, que formam esculturas por encaixe, empilhamento ou justaposição. Em algumas esculturas, o artista retira o vidro que serviu de molde e usa a forma de resina na obra. “A pesquisa de Bruno Miguel, que além de artista tem atuação como professor de pintura, aponta bastante para os elementos característicos dessa técnica e de sua história. Se há anos Bruno vem investigando o gênero pictórico da paisagem, agora ele o relaciona também com a natureza morta”, identifica o curador Bernardo Mosqueira.

 

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel (RJ, 1981) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2007, realizou sua primeira individual, no RJ, recebeu Menção Honrosa Especial na V Bienal Internacional de Arte SIART, em La Paz, Bolívia, e ganhou bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos. Participou das coletivas “Nova Arte Nova”, apresentada no CCBB RJ e SP, em 2008 e 2009; “Latidos Urbanos”, no MAC de Santiago do Chile (2010), “Novas Aquisições – Gilberto Chateaubriand”,  no MAM Rio, em 2012, e “GramáticaUrbana”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica RJ. Realizou diversas individuais na Luciana Caravello Arte Contemporânea, RJ, e na Emma Thomas, SP. Em Nova York, apresentou a individual “Make Yourself at Home”, na S&J Projects, e esteve nas coletivas “Sign of the Nation” e “Etiquette for a Lucid Dream,” em Newark, Nova Jersey, em 2013.  Em 2014, participou das coletivas “Encontro dos mundos” e “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2015, realizou a individual “Sientase em casa”, na Sketch Gallery, Bogotá. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 2011.

 

 

 

Amalia Giacomini | Viés Curador Felipe Scovino

 

A paulistana Amalia Giacomini, radicada no Rio de Janeiro,  investiga questões da percepção do espaço, da arquitetura e de suas representações, através de instalações e objetos. Seus trabalhos remetem a elementos abstratos – como linhas, pontos, grades, perspectivas, em que o ar atravessa e faz parte deles. A artista se propõe tornar visível o vazio ao espectador. Nessa individual, ela apresenta sete obras, entre as quais duas instalações inéditas. A primeira, à entrada da sala, é composta por correntes finas na cor grafite, suspensas pelo teto, formando um grande volume – serão utilizados 500 metros de corrente. A obra poderá ser atravessada pelo visitante: ora ele estará dentro, ora por baixo dela. Pela característica do material, leve e flexível, a instalação está sujeita ao toque e à movimentação de ar do ambiente. A outra instalação terá relação direta com a janela da sala. Ela é composta por telas translúcidas, espécies de filtros de luz, criando um diálogo visual entre interior e exterior. Entre os demais trabalhos de parede, está “Dobra”, feito por linhas elásticas, que moldam uma forma curva de vazio entre duas paredes.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com Mestrado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, Amalia Giacomini (SP, 1974) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba), MAC Niterói (RJ) são algumas instituições brasileiras em que já expôs. No exterior, realizou em 2012 a individual “The invisible apparent”, na Galeria Nacional de Praga, e, em 2009, “Liberér l’horizon reinventér l’espace”, na galeria da Cité des Arts em Paris. Na mesma cidade, participou, em 2005, da Exposição Comemorativa do Ano do Brasil da França, realizada
pela FUNARTE/MinC. Entre 2011 e 2014 foi professora História da Arte no curso de Arquitetura da PUC Rio.

 

 

 

De 17 de dezembro a 28 de fevereiro de 2016.