TRAMAS EXIBE GUEL SILVEIRA

25/jul

Guel Silveira

Chama-se “Dobras” a primeira exposição individual do artista plástico baiano Guel Silveira na Tramas Galeria de Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Guel recebeu em casa suas primeiras orientações artísticas, pois é filho do também pintor, o sergipano Jenner Augusto, um dos ícones da arte moderna de Sergipe e da Bahia. Desconstruindo sua origem o artista nunca seguiu o estilo de seu pai e desenvolveu sua própria linguagem, criando um tipo de abstração, com formas espontâneas e geométricas ao mesmo tempo. A curadoria é do crítico de arte Geraldo Edson de Andrade, Presidente de Honra da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

A palavra de Jorge Amado

 

“Num tratamento abstrato, Guel consegue que a forma se materialize em cor, num espaço onde volumes enumerados em sequência matemática buscam o infinito. Busca pesquisa, experiência iniciada, dura vontade de saber, de conhecer e descobrir. Todos os caminhos estão abertos ao moço Guel, a partir desta arte que contemplo, tomado pelo vigor e pela paixão do artista, dessa juventude esplêndida capaz de ser ao mesmo tempo negação e afirmação, o hoje e o amanhã”.

 

De 02 a 18 de agosto.

ARQUEOLOGIA DA PERDA

24/jul

A Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Arqueologia da Perda” com obras inéditas da artista carioca Daisy Xavier ocupando todo o espaço expositivo da galeria.

 

No primeiro andar, um conjunto formado por uma instalação com 11 lanças de madeira (uma referência ao tríptico “A Batalha de São Romano” de Paolo Ucello, que data do século XV); 15 esculturas, feitas em madeira e vidro, que incluem uma série de três trabalhos de parede feitos com madeira, lente de aumento e ouro e ainda seis desenhos inéditos em óleo e nanquim sobre papel. No terceiro andar, uma pintura em grande formato, seis pinturas pequenas, desenhos feitos em nanquim e uma escultura de madeira e vidro. No contêiner a artista apresenta o vídeo “Mar sem orla” de 2010. No espaço térreo, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, Daisy Xavier mostra esculturas inéditas, de chão e de parede, de uma nova pesquisa que começou a desenvolver este ano utilizando partes de móveis antigos, principalmente cadeiras. No mesmo salão, uma serie inédita de três objetos de parede, intitulada ”Simetrias”, feita a partir de pedaços de cadeiras antigas, encurvadas e arredondadas.

 

A palavra da artista

 

“Me interessam os veios, as curvas desses pedaços de móveis. A riqueza com a qual a madeira era esculpida antigamente dá uma ideia de fluidez e de movimento. Aproveito para abstrair o que era um móvel e criar apenas linhas, um desenho em três dimensões” afirma Daysi Xavier. Junto a essas peças de madeira, estão objetos de vidro, todos no mesmo tom de azul, que fazem referência à água, um tema recorrente em trabalhos da artista. Esses vidros aparecem quebrados, mas sempre lembram a forma do objeto perdido. “São pedaços de vidro quebrados, mas não são cacos, eles trazem a memória de algo que se quebrou. Gosto de manter esses pedaços como se fosse um objeto que pode ser remontado. O título da exposição ‘Arqueologia da Perda’ implica nessa possibilidade de reconstrução” explica a artista.

 

 

Até 18 de agosto.

 

GIACOMETTI NO MAM-RIO

23/jul

Alberto Giacometti

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Alberto Giacometti – Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”, primeira retrospectiva no continente sul-americano do escultor, pintor e desenhista Alberto Giacometti, um dos artistas mais importantes do século XX. A exposição tem curadoria de Véronique Wiesinger, diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris, e conta com cerca de 280 obras provenientes da Fondation, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e artes decorativas, realizadas entre os anos 1910 e 1960. Ao lado das obras da Fondation, está exposta a peça “Quatro mulheres sobre base”, de1950, pertencente ao MAM Rio – único acervo público da América Latina a possuir um trabalho do artista.

 

A palavra do presidente do MAM

 

Alberto Giacometti (1901-1966) é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes artistas do século XX. Iniciou sua forma­ção em Genebra e mudou-se para Paris no início dos anos 20, época em que conheceu alguns dos principais pintores dada­ístas, cubistas e surrealistas que influenciaram o seu início de carreira. Nos anos 30 aderiu ao movimento surrealista, período em que produziu algumas obras fundamentais para a caracter­ização de sua escultura. Em seus trabalhos realizados depois da Segunda Guerra Mundial, onde a figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas, recupera a capacidade expressiva da imagem e do objeto, acompanhando a tendência neofigurativa da época.

 

O conjunto de sua obra representou uma contribuição ímpar para a arte moderna, tendo ressonâncias que repercutem até hoje, em diversas manifestações contemporâneas. Além de ser referencial para seus pares, a obra deste grande artista suíço radicado na França tem o raro dom de despertar o interesse tanto de amantes da arte quanto do público em geral. Esse enorme alcance talvez se dê pelo aspecto singelo das primeiras esculturas, que lembram brincadeiras infantis, pela delicadeza das memoráveis figuras longas e esguias ou ainda pela con­tundência dos retratos, pinturas emblemáticas da condição de incomunicabilidade do homem.

 

Assim, o Museu de Arte Moderna apresenta a exposição Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacom­etti, Paris – com obras das diversas linguagens com as quais o artista trabalhou – graças à generosidade da Fondation Alberto et Annette Giacometti, a contribuição de nosso patrocinador, TenarisConfab e Techint Engenharia e Construção, e de nossos parceiros: a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Fundación Proa de Buenos Aires e a Base7. A todos eles, nossos maiores e mais profundos agradecimentos.

 

Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand

 

 

Até 16 de setembro.

FARNESE NO MUSEU DO PONTAL

19/jul

O Museu Casa do Pontal, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Liturgias Contemporâneas: Farnese de Andrade e ex-votos”, exposição composta de 150 ex-votos da coleção da casa  e cerca de 15 obras de Farnese de Andrade cedidas por instituições museológicas e colecionadores. O Museu Casa do Pontal é a maior instituição de arte popular do país e possui um acervo tombado de oito mil obras. A mostra tem curadoria da antropóloga Angela Mascelani, diretora do museu, e dá sequência aos diálogos entre arte popular e contemporânea que a instituição começou a promover no ano passado com a mostra “Máquinas poéticas”, de Abraham Palatnik, que unia as obras do artista contemporâneo às de Adalton Lopes, artista popular.

A exibição atual focaliza objetos criados pelo consagrado artista plástico mineiro Farnese de Andrade que dialogam com os ex-votos, oferenda popular destinada a Deus ou a um santo que tem como objetivo agradecer por uma graça alcançada ou materializar um pedido à divindade. Nos trabalhos de Farnese percebe-se claramente a apropriação dos ex-votos para “criar uma terceira expressão artística: uma interseção entre o popular e o contemporâneo”.

 

Sobre Farnese 

 

Pintor, escultor, desenhista, gravador e ilustrador, nasceu em Araguari, MG, 1926  e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, 1996. Artista múltiplo em cuja produção vida e arte se enlaçam de maneira inseparável dando origem a uma obra de características pessoais. Com seus objetos Farnese tornou-se um caso único na arte brasileira, um verdadeiro artista de culto. Hoje o artista possui obras nos principais acervos nacionais.

 

Até 22 de setembro.

DANIEL SENISE, SEIS TRABALHOS INÉDITOS

10/jul

Pisos marcados pelo uso, pela passagem do tempo, e o contraste do ambiente anônimo e do espaço afetivo serviram de inspiração para Daniel Senise em seu mais novo trabalho. O artista, ícone da famosa Geração 80, apresenta seis trabalhos inéditos, na Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

 

Conhecido como um artista que ativa o imaginário do espectador, Senise apresenta duas obras feitas a partir dos tacos do chão da casa de um amigo, mas que, como define o artista: “…poderia ser de qualquer lugar. Utilizei a mesma imagem do espaço, para dar a ideia de ambiente genérico, sem limites”.

 

Para criar as outras obras, ele utilizou mais uma vez o ambiente de seu ateliê como referência e deu o título de “Silvio Romero 34″, endereço do local. “Quero reforçar os dois fundamentos, o meu lugar e o lugar genérico, e mostrar que sempre reconhecemos os dois”, explica o artista.

 

Senise levou um ano para concluir o trabalho, com a técnica de “impressão sobre madeira”. Ele cobre o piso com cola, verniz e pigmentos e depois imprime num tecido fino a memória do local. Em seguida, recorta e organiza as impressões numa estrutura de alumínio, construindo por meio dos claros e escuros a perspectiva da obra.

 

Sobre o artista

 

Formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde também lecionou, Daniel Senise participou de diversas exposições coletivas, entre elas diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, Bienal de Veneza, Itália, em 1990, e da V Bienal do MERCOSUL, Porto Alegre, em 2005.

 

O artista tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, como o MAM do Rio de Janeiro, o MAC de Niterói, a Casa França-Brasil, também no Rio, a Estação Pinacoteca, em São Paulo, o Museum of Contemporaray Art, em Chicago, e o Museo de Arte Contemporáneo, no México. Atualmente Daniel Senise vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

De 13 de julho a 25 de agosto.

“JOÃO & ANTONIO” NA H.A.P.

09/jul

O designer de jóias Antonio Bernardo e o fotógrafo João de Orleans e Bragança estão juntos na nova iniciativa da galeria H.A.P, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Os dois apresentam obras inéditas na exposição “João & Antonio”, que inaugura o “Casa 11 Projetos” e “Casa 11 Photo”, dois novos núcleos que a marchande Heloísa Amaral Peixoto apresenta à cidade.

 

Antonio Bernardo, que nunca se aventurou no circuito das galerias de arte, lança sua primeira exposição no meio das artes plásticas. São 8 objetos expostos, feitos em prata sterling 925, que fazem uma reflexão sobre movimento, escala e formas. Fato inédito na carreira de Antonio Bernardo.

 

João de Orleans e Bragança lança uma mostra de 35 imagens. O reflexo dos barcos sobre as águas da baía de Paraty serviram de inspiração para este ensaio fotográfico que mais parece uma série de pinturas abstratas. As imagens não passaram por nenhum tratamento, elas são fiéis ao que podemos ver refletido no espelho d’água sobre as águas da baía de Paraty, onde o fotógrafo reside grande parte do tempo. Os elementos gráficos e abstratos, que sempre estiveram presentes em seus trabalhos documentais, agora são levados ao auge.

 

Palavras dos artistas e da marchande

 

Antonio Bernardo

 

“Nem jóia, nem design, nem escultura, são experimentais. Gosto de chamar de objetos de atelier.”

“Gosto de produzir coisas, de ver a transformação delas”.

“A partir daí passei a olhar o que estava pesquisando e percebi que, experimentando variação de escala, poderia transformar alguns projetos em interessantes objetos.”

 

João de Orleans e Bragança

 

“Já tinha feito fotos de proas de barcos, que sempre me despertaram interesse. Aí acabei reparando no espelho d’ água e sua infinidade de cores e formas, foi daí que surgiu a idéia de fazer essas fotos”.

 

Heloísa do Amaral Peixoto 

 

“A iniciativa surgiu de uma vontade de ampliar as atividades da galeria. Com esses núcleos terei oportunidade de trazer um outro movimento de artistas. É um espaço para diversificar áreas, que também tenho grande interesse, e que de alguma forma se complementam.”

 

De 14 de julho a 18 de agosto.

ITALIANOS E BRASILEIROS, MURAIS PARA O RIO

06/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta o projeto coletivo denominado “Mural Itália-Brasil”. Desde o dia 16 de maio, o artista brasileiro Ozi e a dupla italiana Orticanoodles (Wally e Alita) trabalharam juntos no Rio de Janeiro no projeto “Mural Itália-Brasil”, idealizado pelo curador Marco Antonio Teobaldo. Os artistas criaram murais no respirador da estação de metrô da Cinelândia e na comunidade do Vidigal, levando sua arte para os espaços ao ar livre, chamando a atenção também das pessoas que não costumam frequentar os ambientes de exposição de obras de arte.

 

O projeto “Mural Itália-Brasil” é uma ação conjunta entre oito artistas dos dois países, por ocasião das comemorações do “Momento Itália-Brasil”, para a promoção da arte urbana italo-brasileira, nas cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. Um artista local e convidados italianos, criam murais utilizando as técnicas de grafitti, pôster arte, máscaras de estêncil e adesivos, técnicas que compõem o repertório da street art.

 

De acordo com o curador Marco Antonio Teobaldo, “…este projeto vai estimular a arte urbana, promovendo ações educativas para geração de novos talentos, e, propor aos artistas urbanos e à população em geral, uma consciência de preservação do patrimônio público de suas cidades”.

 

O projeto já foi realizado com grande repercussão em Brasília e Salvador, durante o mês de maio. No Rio de Janeiro, foi inaugurada a exposição com o registro dos trabalhos realizados nas três capitais, quando também foi lançado o catálogo do projeto.

 

Texto de Heloisa Buarque de Hollanda

Cruzamentos Possíveis

 

O Brasil, e não apenas São Paulo como se pensa, tem um claro sotaque italiano. Nada mais adequado do que celebrar essa linhagem precisamente num ano em que se comemora oficialmente a presença da cultura italiana no Brasil. O Momento Itália-Brasil foi a oportunidade que o curador Marco Antonio Teobaldo aproveitou para uma das experiências mais interessantes da arte pública atual. Uma exposição simultânea de artistas que trabalham intervenções em muros e fachadas usando técnicas de estêncil, colagem, graffiti, desenho e pintura.

No caso deste projeto Mural Itália-Brasil, a experiência foi expandida numa proposta de criação colaborativa entre artistas italianos e brasileiros. Foram escolhidas as cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro como os suportes ou loci das realizações.  E então, os artistas que poderiam continuar distantes pela geografia, língua e pela cultura, mas que conseguiram uma profunda identidade através da criação.

Os artistas tomaram conhecimento do trabalho de seus parceiros e a partir daí começaram uma comunicação virtual cuja probabilidade de acerto era pequena. Mesmo assim, valendo-se de atalhos como o Google Translator, e da identificação por meio de suas linguagens e técnicas artísticas, fluiu um entendimento riquíssimo. Do virtual para o presencial, surgiram alguns aspectos inesperados. Primeiro o trajeto inusitado da criação. Nas três cidades, foram escolhidos locais de alto impacto urbano para a produção dos murais: um espaço institucional, um espaço central de grande circulação e visibilidade e um espaço excluído das cidades, dentro das periferias e comunidades. Para cada local, um público, uma resposta. E para cada um, um novo contato, uma nova descoberta entre culturas.

O encontro profundo entre duas linguagens em busca de uma única obra gerou um resultado surpreendente. Em Brasília, os artistas foram Guga Baygon, cuja marca são figuras que lembram ETs, e o coletivo romano Eikonprojekt, cuja temática são santos católicos e super-heróis. Olhando os murais, feitos a seis mãos, o trabalho criado a partir de universos tão distintos resultou num hibridismo de imaginários cruzados e surrealista.

Em Salvador, os três murais realizados pelo Corexplosion e Lucamaleonte, cujo trabalho é de pintura a partir de desenhos de animais em P&B e ouro, espalharam cor e fantasia sobre a cidade. Animais selvagens em traço fino e estêncil não apenas conviviam, mas ainda pareciam ser interpelados pela cor intensa dos animais estilo toy arte do baiano Core.

No Rio, última etapa do projeto, a surpresa se intensifica. A dupla escolhida foi o paulistano Ozi, precursor da street art no Brasil, e o coletivo de Milão Orticanoodles, retratistas com atuação em galerias e ruas. Mesmo antes do primeiro contato com o parceiro Ozi, o casal italiano elegeu Gilberto Gil como tema do mural gigante na Cinelândia, devido à sua atuação como artista, político e ambientalista. Nesta única vez, durante o projeto, em que os artistas produziram murais independentes, o que se vê é um diálogo sobre cidades e mitos. Ozi, na superfície da coluna que se ergue no meio da praça, faz surgir, num sofisticadíssimo trabalho em estêncil cor, um São Sebastião multicultural rodeado de arcos romanos e pela dramaturgia do mar carioca. No contraplano, Gilberto Gil reina absoluto num trabalho belíssimo feito de máscaras de acetado recortadas à mão.

Itália e Brasil em três experiências que deixarão sua marca nas cidades por onde passou.

 

 

Até 12 de agosto

21 PINTURAS DE GONÇALO IVO

05/jul

Anita Schwartz Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Lamento”, do artista plático Gonçalo Ivo e lançamento do livro “Oratório” (Contra Capa Editora, 2012), que traz a produção pictórica de Gonçalo Ivo desde 2009 e inclui as séries que o artista batizou de “Oratório”, “Acorde”, “Fuga” e “Lamento”. Gonçalo Ivo exibe 21 pinturas em óleo sobre tela, produzidas entre 2010 e 2011.

 

Os trabalhos expostos estarão no livro e o titulo da exposição surgiu como alusão a um tipo de música muito usado pelos compositores do barroco alemão, inglês e italiano.

 

A palavra do artista

 

“Mesmo compositores de blues e jazz bem como algumas toadas nordestinas fazem referência a este ‘estilo musical’. Segundo os dicionários, tem a ver com canto de dor, e é neste sentido e também como exaltação da criação e num mergulho cada vez mais radical em minha própria poética – fazer a cor e o que ela engendra enquanto forma – que vejo a necessidade de expressar o que em mim é singular”.

 

“É uma série inédita, indivisível, formando uma só obra. É um poliptico onde cada pintura tem sua autonomia, porém se vincula ora formalmente, ora sob o ponto de vista cromático com o todo bem como com a que lhe precede ou sucede”.

 

 

Até 07 de julho.

O MUNDO FANTÁSTICO DE MÁRIO GRUBER

04/jul

Mário Gruber

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “O Mundo Fantástico de Mário Gruber”, artista falecido em dezembro de 2011 aos 84 anos. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta um panorama completo da obra do artista, realizada ao longo de seis décadas de atividade artística.

 

Durante toda sua vida Gruber trilhou um caminho único. A reboque de todos os modernismos inspirou-se nos mestres do passado, criou sua própria e requintada técnica de pintura e debruçou-se sobre um realismo mágico inteiramente pessoal. Alcançou o sucesso e a fama, foi igualmente endeusado e repudiado, mas nunca pode ser acomodado em nenhum dos nichos criados pela crítica de arte: Gruber é Gruber.

 

Na década de 1940, o artista pintava e gravava retratos, paisagens e naturezas-mortas seguindo os caminhos da arte da época, mas já buscando sua própria forma de expressão. Na década de 1950, alguns temas e características particulares tornaram-se evidentes: a preocupação com a qualidade técnica, o uso dramático do claro-escuro e uma predileção pela figura humana, captada em sua condição de espanto e solidão. Obras, como “Meninos” e “Engraxate” prenunciam o aparecimento do “Muleque Cipó”, personagem arquétipico que Gruber irá retratar sob diferentes nomes ao longo de muitos anos, sempre evidenciando a condição do menino pobre, irreverente, triste, desprotegido e perigoso.

 

Nos anos 1960, aparece o tema dos “Fantasiados” que o artista pinta também por muito tempo, mergulhando, cada vez mais fundo, no onírico mundo das máscaras, compondo imagens eivadas de símbolos e sempre usadas como formas de entender o real. Nos anos de chumbo da ditadura, através dos “Anjos da Renascença Brasileira”, Gruber denuncia a censura que transformava a todos em marionetes, em anjos de asas que não voavam. A série “Profeta dos Anzóis”, iniciada nos anos 1980, estendeu-se até os anos 1990, levantando questões existenciais entre metáforas de chaves e anzóis. Em 2000, o artista, conhecido como exímio colorista, ousou realizar um conjunto de obras monocromáticas que encerra o grupo de pinturas.

 

A exposição apresenta também um extenso grupo de gravuras e matrizes nas quais fica evidente a maestria de Gruber no manejo da goiva e do buril, sua inventividade na experimentação e seu engajamento em questões humanitárias.

 

De 04 de julho a 12 de agosto.

ROITMAN: RESPIRAÇÃO/PIRAÇÃO

03/jul

O artista plástico Herton Roitman exibe sua mais recente série de trabalhos, pinturas e objetos, na exposição denominada “Respiração Piração”, Almacén galeria, CasaShopping, Bloco G, lojas F/M, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Herton Roitman possui mais de trinta anos de carreira como artista plástico profissional, dedica-se também a experiências gráficas e conceituais. Natural do Rio Grande do Sul, residiu em Minas Gerais e na década de 60 fixou-se na capital paulista onde desenvolve sua carreira artística participando de mostras individuais e coletivas, em espaços privados e institucionais. Na exposição atual, o artista apresenta um dado interessante, faz uma espécie de balanço confessional da vida e da carreira. A coordenação é de Edson Thebaldi e o projeto gráfico do catálogo é assinado por Roger Christian.

 

A palavra do artista

 

Reaprendendo a Respirar

 

Decidi aprender algumas coisas novas, pois percebi muitas outras desnecessárias que tomavam conta da minha vida.

Coisas aparentemente pequenas, que começam a tomar vulto à medida que os dias passam e surgem novas preocupações e necessidades.

Resolví escrever com letra minúscula e usar só Maiúscula para iniciar um texto, um novo parágrafo, citar nomes de pessoas, cidades, do que realmente importa.

São muitos anos escrevendo com letras garrafais. Pra que?

Não há necessidade de escrever aos berros, sou pessoa que ama o silêncio, devo fazer jus a isso.

Foi sempre minha preocupação, dificilmente grito ou falo alto. em situações necessárias ou quando fico puto, bravo, me sinto invadido, agredido. Pessoas que falam muito alto me irritam. Quando os corações estão próximos não é preciso gritar, corações apaixonados sussuram, pessoas que se gostam falam normalmente.

Resolvi transformar minhas escritas em pequenos poemas, mesmo banais, acho que vale fazer da vida uma pequena antologia.

Prozarei se me convidarem, será um prazer.

Se vier acompanhada de um bom vinho e uma comidinha, ainda melhor.

Decidi não ver mais filmes violentos, só os bons. Elegi o Piano, o Violino e o Cello meus instrumentos de devoção, não renegarei os grandes concertos, nem a boa música popular. Também decidi não me meter mais em contendas que não sejam realmente muito importantes.

Resolvi vasculhar o sótão, recuperar coisas que amei e estavam esquecidas ou guardadas.

Quero re-ouvir, re-ler, re-ver, me reavaliar. Saber qual a minha real posição dentro do mundinho em que vivo.

Resolvi aprender a escrever novamente, coisas que há muito desacostumei de fazer. Quero escrever alguma coisa que eu possa deixar entre meus guardados. Vou escrever em pequenos cadernos, pequenas coisas, poesia, reflexões, pensamentos. Um pouco de tudo, até receitas, minhas invenções culinárias. Quero reaprender ou até aprender pra valer a Paciência, a Misericórdia e a Compreensão. Reavaliar as minhas  virtudes, se realmente as tenho, ou se estou precisando praticá-las.

Preciso aprender um pouco mais sobre Gentileza, amor e piedade. Ser mais Cordial, mais sincero.

Preciso demonstrar meu amor pelas pessoas, enquanto estou por aqui e elas também. Ver a vida com mais otimismo. Confiar mais em mim e nos outros. Preciso aprender que não estou só, que minha solidão é só aparência, que sempre tem alguém pensando ou torcendo por mim.

Quero dar mais oportunidade aos meus talentos, à capacidade de riar, aprender a me fazer reconhecer, valorizar mais a mim e aos outros. Desenhar é uma paixão, mas preciso me apaixonar ainda mais. Pintar é uma necessidade da alma e meu sustento. Preciso trabalhar mais, viajar mais, simplificar, respirar melhor e com atençao. Mais ação.

Essa nova exposição é um reflexo de tudo isso. É muito mais que uma simples exposição…tem um pouco do meu mundo particular. Aqui, hoje, eu me exponho mais que tudo.

 

De 03 a 22 de julho.