Uma joia naïf 

03/nov

A cidade histórica de Paraty, Rio de Janeiro, RJ, deverá ganhar, em breve, um Mini Museu de Arte Naïf: o MIMAN, será uma joia no Caminho do Ouro. Uma das curadoras do novo espaço será Jacqueline Finkelstein, diretora do Museu Internacional de Arte Naïf (MIAN), que fechou as portas no Cosme Velho, em 2016, e possui um dos maiores acervos do gênero de trabalhos. Completam o time, na curadoria das obras e artistas, o especialista em História da Arte Augusto Luitgards e Pedro Cruz Lima, sócio-fundador e diretor do MIMAN com André Cunha. O museu ficará instalado no centro histórico da cidade e terá como proposta apresentar telas em pequenos formatos, em local intimista, sendo esta a razão do nome. A inauguração está prevista para julho de 2021.

Osgemeos na Pinacoteca

26/out

 

 

Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo exibe, até 22 de fevereiro de 2021, “OSGEMEOS: Segredos”, primeira exposição panorâmica da dupla de artistas formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo. A mostra conta com mais de 1000 itens, cerca de 50 inéditos ou nunca exibidos no país e mais de 1000 itens desse rico imaginário. 

 

A dupla construiu uma trajetória no mundo das artes sem nunca ter perdido de vista o desejo de manter-se acessível ao grande público. Esse percurso inclui a participação em mostras nas principais instituições internacionais, como o Hamburger Bahnhof, em Berlim, em 2019, com um projeto concebido em parceria com o grupo berlinense de breakdance Flying Steps – um dos mais premiados mundialmente; a Vancouver Biennale, Canada (2014); o MOCA – Museum of Contemporary Art, em Los Angeles (2011); o MOT – Museum of Contemporary Art Tokyo, em Tóquio, Japão e a Tate Modern, em Londres, Reino Unido (ambas em 2008) e a Trienale de Milão (2006), entre outros. Ao longo de sua carreira, os irmãos também receberam convites para criar para os principais espaços públicos de mais de 60 países, incluindo Suécia, Alemanha, Portugal, Austrália, Cuba, Estados Unidos – com destaque para os telões eletrônicos da Times Square, em Nova York (2015) -, entre outros.

 

Otávio e Gustavo sempre tomaram o espaço urbano como lugar de vivência e de pesquisa desde o início de sua produção, em meados da década de 1980. Os artistas partiram de uma forte imersão na cultura hip hop, que havia chegado ao Brasil no momento em que os irmãos começaram a produzir, e da influência da dança, da música, do muralismo e da cultura popular para desenvolver um estilo singular, com atmosfera alegre, que acabou se tornando um emblema dos espaços urbanos pelo Brasil e pelo mundo.

 

Seus trabalhos contam histórias – às vezes autobiográficas – cujas tramas envolvem fantasia, relações afetivas, questionamentos, sonhos e experiências de vida. OSGEMEOS mantém seu ateliê, até hoje, no Cambuci, antigo bairro de operários e imigrantes na região central de São Paulo, no qual passaram sua infância e juventude. A partir da década de 1990, suas experimentações – não só em grafitti, mas também pintura em telas e esculturas estáticas e cinéticas – ultrapassaram os limites bidimensionais, culminando na construção de um universo próprio que opera entre o sonho e a realidade.

 

Para a mostra na Pinacoteca, o duo apresenta pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções site specific, desenhos e cadernos de anotações. Esses últimos, da fase ainda adolescente e apresentados ao público pela primeira vez, antecedem os famosos personagens amarelos, abrindo caminho para a compreensão da raiz de seu surgimento. O corpo de obras invade o museu, ocupando as sete salas de exposições temporárias do primeiro andar, um dos pátios, diversos espaços internos e externos, além de uma instalação, concebida especialmente para o Octógono.

 

A Pinacoteca, enquanto instituição tradicional criada para valorizar a produção da arte brasileira, reafirma seu compromisso ao apresentar, de maneira abrangente, a produção de OSGEMEOS. “Se, na época moderna, o fenômeno artístico tem a cidade como seu lugar de existência, pensar a arte é pensar sua inscrição na urbanidade. O urbano, a cidade, as relações que se dão nesse espaço específico, são tanto temas da arte quanto o próprio modo de sua aparição. Viver em cidades significa partilhar de uma sociabilidade singular, marcada pelo deslocamento, pelo anonimato, pela produção coletiva, geradores de conflitos e desigualdades, mas também dotada de um potencial de liberdade e transformação, caros às práticas da arte moderna e contemporânea”, finaliza Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca e curador da mostra.

 

Durante os meses em que a exposição estiver em cartaz, o museu será tomado pelo estilo e pela grafia inconfundível da dupla de artistas. A loja da Pina receberá um conjunto de novos produtos desenhados por eles, como canecas, camisetas e bonés. Temporariamente, o tradicional letreiro na fachada que traz o nome da instituição, criado pelo premiado designer gráfico Carlos Perrone nos anos 1990, será substituído por um luminoso desenhado especialmente pel´OSGEMEOS. Da mesma forma, as assinaturas eletrônicas dos emails dos funcionários do museu, que hoje trazem a logo da instituição, serão trocadas provisoriamente pela nova identidade.

 

A exposição tem patrocínio de Bradesco (cota apresenta), Samsung e Grupo Boticário (cota master), IRB Brasil RE (cota platinum), Iguatemi São Paulo e GOL Linhas Aéreas (cota ouro), escritório MattosFilho, Allergan, Cielo Comgás (cota prata) e Havaianas (cota bronze).

 

Catálogo

 

A exposição “OSGEMEOS: Segredos” é acompanhada de dois catálogos, em português e em inglês. O primeiro inclui apresentação do diretor-geral da Pinacoteca Jochen Volz, textos inéditos de Julia Flamingo e de Paulo Portella, além de imagens de obras da exposição e de outros projetos. O segundo apresentará vistas da exposição na Pinacoteca de São Paulo.

 

Ação Educativa

 

O Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca (NAE) oferece material de apoio à prática pedagógica para instituições de ensino e curso virtual de formação para professores em data a definir. As visitas guiadas para grupos estarão temporariamente suspensas.

 

Protocolo de acesso

 

Antes de entrar na Pinacoteca, o público terá a sua temperatura aferida, e quem estiver com temperatura acima de 37,5° e/ou mostrar sintomas e gripe/resfriado deverá buscar ajuda médica e não poderá acessar o museu. O uso de máscara será obrigatório em todos os espaços e durante toda a visita. Não será permitido tirar a máscara em nenhum momento, como por exemplo para fotografias/selfies. Os espaços terão álcool gel para a higienização das mãos, além de uma nova sinalização que indicará o sentido de circulação e o distanciamento mínimo de 1,5m entre pessoas.

 

O museu funcionará em horário reduzido, das 14h às 20h, e o fluxo de público será orientado pelos atendentes e por sinalização elaborada para facilitar a circulação. O tempo de permanência no prédio também será de no máximo 1 hora.

 

Os ingressos serão vendidos por datas e horários marcados no site da Pinacoteca (www.pinacoteca.org.br), inclusive os gratuitos, presente da IRB Brasil. Aos sábados, a entrada também permanece gratuita, no entanto é preciso reservar também pela internet.

 

Consulte o protocolo completo no site da Pina (www.pinacoteca.org.br).

 

Sobre os artistas

 

Projetos recentes da dupla incluem exposições individuais em: Frost Art Museum (Nashville, 2019), Hamburger Bahnhof (em colaboração com Flying Steps) (Berlim, 2019), Mattress Factory (Pittsburgh, 2018), Pirelli HangarBicocca (Milão, 2016), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro, 2015), ICA – The Institute of Contemporary Art (Boston, 2012). Suas obras integram coleções importantes ao redor do mundo, como: MOT (Tóquio), Franks-Suss Collection (Londres), MAM-SP (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro).

Percursos Mediados

02/out

A partir da próxima segunda-feira, dia 05 de outubro, estreia a terceira temporada da série “Percursos Mediados”, baseada na exposição “Pardo é Papel”, individual de Maxwell Alexandre. A mostra, em cartaz no MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, retrata uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana do artista na cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Os vídeos serão publicados no canal do MAR no Youtube às segundas-feiras, até o início de novembro.

As duas primeiras temporadas completas da série “Percursos Mediados”, com cinco episódios cada, também estão disponíveis no Youtube. Inspirados nas exposições coletiva “O Rio dos Navegantes” e “Rua!”, os vídeos foram desenvolvidos a partir da prática pedagógica museal utilizada nas visitas presenciais oferecidas pelo museu.

 

Quatro no Museu da República

20/dez

A Galeria do Lago, Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, encerra o ano com a abertura de “Quimera”, mostra que reúne três gerações com quatro artistas e curadoria compartilhada de Isabel Sanson Portella com Ricardo Kugelmas, curador do espaço Auroras em São Paulo. Ana Prata, Bruno Dunley, Veío  e Liuba Wolf são os artistas que expõem suas pinturas, esculturas e desenhos. Trata-se, primeiramente, de um diálogo de gerações onde a exaltação imaginativa em diferentes técnicas aparece como destaque. A Quimera mitológica, símbolo complexo de criações imaginárias do inconsciente, representa a força devastadora dos desejos frustrados, dos sonhos que não se realizam, da utopia e fantasias incongruentes. Monstros fabulosos alimentam, desde sempre, a imaginação do homem com devaneios necessários à expansão da alma.

 

“O diálogo que se estabelece entre os quatro artistas resulta numa mostra de identidades e poéticas que se aproximam enquanto falam de desejos e expectativas. Embora as práticas sejam distintas existe a mesma procura pela excelência, pela abstração e simplicidade das formas. A eles interessa o prazer criativo, a “brincadeira séria” e a liberdade de sonhar”, avalia a curadora, Isabel Sanson Portella, que também é diretora da Galeria do Lago.

 

 

Sobre os artistas

 

Liuba Wolf

 

Inserida na tradição da escultura moderna desde os anos 1950, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir. Inicialmente figurativa, a artista passou, a partir dos anos 1960, por uma significativa mudança formal que a levou à “quase abstração”, tendo a figura do animal como referência. Suas obras, como a própria artista afirma, vêm do inconsciente e são uma “simbiose entre vegetal e animal.” A força e beleza de seus trabalhos inspirou, certamente, toda uma geração de artistas que se seguiu.

 

Véio

 

Artista sergipano dos mais destacados na arte popular brasileira, utiliza a madeira para representar o seu olhar crítico sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Transforma restos de troncos da beira do rio, em esculturas coloridas, seres imaginários e personagens místicos que surgem das histórias de assombração ouvidas na infância. O universo de Véio, autodidata e muito enraizado em sua terra natal, é povoado pela tradição popular que o faz perceber o poder da transformação e da luta pela forma pura.

 

Ana Prata

 

A artista entende a pintura como meio de experimentação e linguagem. Seus trabalhos apresentados em Quimera trazem algumas propostas bastante significativas nesse diálogo de gerações e lugares de fala. A procura pela liberdade, o prazer criativo e a imaginação são pontos em comum nos quatro artistas selecionados. Para Ana Prata é importante variar, criar sempre algo novo para que outros sentimentos aflorem. Sua obra está aberta a novas propostas e respostas. E é sempre no olhar do expectador que a narrativa se completará.

 

Bruno Dunley

 

Sua prática é voltada para a abstração gestual, sem, entretanto, perder o foco na representação dos objetos. Para ele existe uma mudança fundamental na função da imagem que deixa de ser forma única de apresentação de uma ideia. As cores utilizadas, delicadas mesmo quando as imagens são violentas, aparecem ora em manchas, ora como fundo para os desenhos. Quase sempre há uma cor predominante, pastel seco aplicado com vigor além de traços em carvão. Bruno não procura a beleza perfeita e absoluta, mas cada vez mais pensa em uma beleza possível, direta. Algo que faça o espectador apurar o olhar e criar sua própria experiência sensorial.

 

 

Até 24 de fevereiro de 2019.

Visita mediada 

10/dez

No próximo dia 15 (sábado), às 11h, a Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, promoverá uma visita mediada na exposição “Baixa dos Sapateiros” com o artista Tiago Sant’Ana e a curadora Clarissa Diniz. Esta exposição individual, trata da imagem histórica dos sapatos como símbolo de libertação pós-abolição negra no Brasil. Essa abolição, oficiosa e sem reparação, era simbolizada pelo gesto de pessoas negras poderem calçar sapatos – tal qual a população branca. O título, “Baixa dos sapateiros”, remete a uma região de mesmo nome em Salvador, na Bahia, local em que muitas pessoas negras recorriam para confeccionar seus sapatos. “O nome surge com essa proposta de falar de um lugar em que muitas pessoas iam desejando essa representação da liberdade, que eram os sapatos”, informa o artista. “Era uma geografia que simbolicamente envolvia uma expectativa por essa promessa de cidadania para as pessoas negras, que nunca chegou completamente até hoje”, completa. Considerado um dos pontos altos da exposição, as esculturas com sapatos de açúcar cristal estabelecem um paralelo com o complexo sistema de exploração da cana-de-açúcar e a chegada de muitos engenhos na região do Recôncavo. Clarissa Diniz é responsável pela curadoria da exposição, que conta com vídeo, fotografias, objetos e instalações em torno do tema.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Sant’Ana nasceu em Santo Antônio de Jesus, em 1990. É artista da performance, doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas em performance e seus possíveis desdobramentos desde 2009. Seus trabalhos como artista imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras – tendo influência das perspectivas de coloniais.  Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018. Realizou recentemente a exposição solo “Casa de purgar” (2018), no Museu de Arte da Bahia e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como “Histórias Afro-atlânticas” (2018), no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo,. SP, “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” (2017-2018), no Fowler Museum at UCLA, “Negros indícios” (2017), na Caixa Cultural São Paulo, “Reply All” (2016), na Grosvenor Gallery, e “Orixás” (2016), na Casa França-Brasil. Foi professor substituto do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia entre 2016 e 2017.

 

 

Sobre a curadoria

 

Clarissa Diniz é curadora e escritora em arte. Graduada em Licenciatura e Educação Artística/Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi gerente de conteúdo do Museu de Arte do Rio – MAR entre 2013 e 2018, onde desenvolveu também projetos curatoriais. Publicou os livros “Crachá – aspectos da legitimação artística”, “Gilberto Freyre” – em coautoria com Gleyce Heitor -; “Montez Magno”, em coautoria com Paulo Herkenhoff e Luiz Carlos Monteiro; e “Crítica de arte em Pernambuco: escritos do século XX” (coautoria com Gleyce Heitor e Paulo Marcondes Soares), dentre outros. De curadorias desenvolvidas, destacam-se “O abrigo e o terreno” (cocuradoria com Paulo Herkenhoff. Museu de Arte do Rio – MAR, 2013), “Ambiguações” (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2013), “Pernambuco Experimental” (Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, 2013), “Do Valongo à Favela: imaginário e periferia” (cocuradoria com Rafael Cardoso, Museu de Arte do Rio – MAR, 2014), entre outras.

Horizontes artificiais – Na Marsiaj Tempo Galeria

09/jul

A Marsiaj Tempo Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Horizontes
artificiais”, individual de fotografias de Kilian Glasner. O tom pink é o fio condutor de todas as imagens deste fotógrafo internacional. Todas as paisagens clicadas por Kilian Glasner que recebem esse matiz exibem um efeito surpreendente aos olhos do visitante que visualiza panoramas com muitos dos quais mantém familiaridade. Cidades como Los Angeles e Rio de Janeiro passam po esse processo criativo do artista.

Dominique Gonzalez-Foerster no MAM-Rio

17/jun

Artista francesa que irá expor no Centre Pompidou, em Paris, ganha exposição com obras emblemáticas e um trabalho recente (inédito) no Museu de Arte Moderna, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. Chama-se “Temporama”, a exposição com doze obras da artista Dominique Gonzalez-Foerster, francesa nascida em Strasbourg, que se divide entre Paris e o Rio de Janeiro. A mostra, que tem curadoria de Pablo Léon de la Barra, ocupará uma área de 1.800 metros quadrados no segundo andar do MAM, e traz obras emblemáticas da artista produzidas entre 1985 e 1991, que serão reconstruídas pela primeira vez para a exposição. Estará ainda em “Temporama” um único trabalho produzido este ano “uma piscina abstrata” com aparições fotográficas da artista caracterizada como Marilyn Monroe. Dominique Gonzalez-Foerster, que integrou a Documenta XI, em Kassel, 2002, ganhará em setembro deste ano mostra no Centre Pompidou, em Paris, e em abril do ano que vem no prestigioso espaço K20, em Düsseldorf, Alemanha. Dominique Gonzalez-Foerster é uma das mais importantes artistas de sua geração, com obras históricas na produção artística internacional dos últimos vinte anos, que sempre integram importantes exposições. Esta será a primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira.

 
O curador Pablo León de la Barra ressalta que “Gonzalez-Foerster tem uma forte relação com o Brasil e com o Rio de Janeiro desde 1998”. “Ela mora parte do tempo no Rio, e isso tem uma importante influência em seu trabalho”. A artista complementa lembrando que realizou “várias apresentações com o grupo Capacete no Rio de Janeiro”, e fez “quatro pequenos filmes no Brasil: ‘Plages’, inspirado no grande desenho de Burle Marx na praia de Copacabana, ‘Marquise’, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ‘Gloria’, na Praça Paris, no Rio de Janeiro, e ‘Brasília’, no Parque da Cidade, que integra a coleção do Moderna Museet, em Estocolmo”. “Em meu trabalho uso muitas referências de Lina Bo Bardi, Burle Marx, Sérgio Bernardes, entre outros”, afirma.

 
“Temporama” foi pensada especificamente para o MAM e no “modernismo tropical” de Affonso Reidy (1909 – 1964), arquiteto que concebeu o museu em estreito diálogo com o Parque do Flamengo. A exposição busca expandir a noção da retrospectiva tradicional para uma escala de tempo maior, avançando para o futuro e retrocedendo no tempo.

 
A artista explica que “Temporama” “se configura como uma máquina do tempo, um parque, uma praia, uma vista, e um panorama. Um lugar onde podemos parar o tempo e experimentar diferentes tempos-espaços”, diz.

 

 
Filtros vermelhos e turquesas

 
Filtros vermelhos e turquesas, colocados em toda a extensão da exposição transportarão o público às primeiras obras de Dominique Gonzalez-Foerster criadas na década de 1980, mas também ao MAM do século 20. “As fachadas de vidro permitem que a paisagem entre no Museu. Dentro e fora se confundem no espaço de exposição, que se torna uma continuação da paisagem. O vidro também cria um jogo de reflexos e miragens, onde as diferentes imagens do Rio, juntamente com as lembranças e os desejos do visitante, se sobrepõem. Da mesma forma, a arte exposta no MAM não só é exibida dentro do museu, mas também flutua na paisagem, tornando-se parte dela”, afirma o curador Pablo Léon de la Barra.

 
A exposição será acompanhada de uma publicação, com textos do curador Pablo León de la Barra, de Tristan Bera e da própria artista, a ser lançado ao longo do período. As fotos que farão parte do livro serão feitas na exposição, incluindo também as etapas de montagem.

 
O trabalho da artista integra as coleções da Tate Modern, em Londres; do Centre Pompidou, do Musee d’Art Moderne de la ville de Paris e do Fonds National d’Art Contemporain, em Paris; do Guggenheim Museum e Dia Art Foundation, em Nova York; do MUSAC e da La Caixa Foundation, ambos na Espanha; do Moderna Museet, na Suécia; do 21st Museum of Contemporary Art, no Japão, e do Van Abbemuseum, na Holanda. O Instituto Inhotim exibe, em sua coleção permanente, sua instalação “Desert Park” (2010).

 

 
Sobre a artista

 
Nascida em Estrasburgo em 1965, Dominique Gonzalez-Foerster estudou na École des Beaux-Arts de Grenoble, onde se formou em 1987, e na École du Magasin do Centre National d’Art Contemporain de Grenoble, antes de concluir seus estudos em 1989 no Institut des Hautes Études en Arts Plastiques, em Paris. Morando em Paris e no Rio de Janeiro, Gonzalez-Foerster é celebrada por sua prática interdisciplinar e, ao lado de contemporâneos como Philippe Parreno e Pierre Huyghe, é considerada uma das figuras proeminentes da estética relacional, termo proposto pelo crítico e curador Nicholas Bourriaud para descrever práticas surgidas na década de 1990 que exploravam os relacionamentos humanos e os contextos sociais em que eles ocorrem. Com seu interesse especial pela arquitetura, interiores e espaços e seu fascínio pela literatura, cinematografia, mídia e tecnologia, seu trabalho assumiu primordialmente a forma de instalações, com frequência site-specific, embora muitas vezes utilize também o filme como suporte. Entre a série de obras dos anos 1990 em torno da ideia de quartos estão RWF (Rainer Werner Fassbinder) (1993), a recriação do apartamento do falecido cineasta alemão, e Une Chambre en Ville (1996), que apresentou um quarto parcamente decorado, porém acarpetado, contendo um pequeno número de objetos para comunicação de informações e mídia, tais como um rádio-relógio, uma TV portátil, telefone e jornais diários. Entre 1998 e 2003, produziu uma série de 11 filmes apresentados como a compilação Parc Central (2006), contendo filmagens de parques, praias, desertos e paisagens urbanas de diversos locais, de Kyoto a Buenos Aires, de Paris a Taipei. Em 2002, ganhou o Prix Marcel Duchamp, Paris. Entre suas principais obras e projetos desde a virada do milênio estão Roman de Münster (2007), em que criou réplicas em escala 1:4 de esculturas selecionadas de outros artistas apresentadas antes no Skulptur Projekte Münster; TH.2058 (2008), encomendada para o Turbine Hall da Tate Modern como parte da série Unilever, que consistia de 200 estruturas de metal de camas-beliche dispostas em fileiras, com livros espalhados por cima e enormes réplicas de esculturas de artistas como Louise Bourgeois e Bruce Nauman elevando-se sobre elas; e “Desert Park”, nos trópicos de Inhotim (2010), para a qual construiu pontos de ônibus de concreto inspirados na arquitetura modernista brasileira, que instalou num campo próximo a uma floresta tropical. Sua prática transdisciplinar e muitas vezes colaborativa também se estendeu ao âmbito da música e do teatro, com peças como NY.2022 (2008), com Ari Benjamin-Meyers e a Richmond County Orchestra de Staten Island, no Peter B. Lewis Theater do Guggenheim Museum, Nova York; K.62 (2009), no Abrons Art Center, Nova York, como parte da Performa 09; e T.1912 (2011), em homenagem do 99º aniversário do naufrágio do Titanic, no Guggenheim Museum, Nova York. Aperformance M.2062 começou na Memory Marathon da Serpentine Gallery em 2012 e foi apresentada em diversas versões desde então, inclusive com o título Lola Montez in Berlin (2014). Em 2006, a artista participou da 27ª Bienal de São Paulo, com curadoria de Lisette Lagnado. Entre suas mostras individuais estão “Chronotopes & Dioramas” na Dia Art Foundation, Nova York (2009), “Splendide Hotel” na Reina Sofia, Madri (2014), e exposições em desenvolvimento para o Centre Pompidou de Paris (2015) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2015).

 

 
De 20 de junho a 09 de agosto.

 

Julia Csekö e o público

28/mai

A MUV Gallery, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, representa obras de artistas da nova geração da arte contemporânea, um projeto de Camila Tomé e Stéphanie Afonso, acaba de completar um ano. Para comemorar a data as sócias convidaram a artista americana Julia Csekö para apresentar a exposição individual “VOCÊ/EU”, com abertura marcada para o dia 17 de junho, onde o público poderá interagir e participar da montagem e resultado da obra. A mostra começa com o espaço expositivo praticamente vazio, a não ser por uma grande instalação de corações rosas e vermelhos afixados por fios prateados ao teto.

 

Por alguns meses Julia Csekö produziu uma grande quantidade de corações de veludo, pelúcia, cetim; tecidos brilhantes e texturizados. Cada coração é uma unidade de tempo, fazendo parte de uma longa meditação sobre o amor. A partir do momento da abertura o público é convidado a trazer objetos para serem trocados por estes corações. Aos poucos a Galeria será preenchida por objetos trazidos pelos visitantes. Os objetos trocados devem representar de alguma forma afetos e ideias/imagens que remetam ao amor.

 

Feitos de material macio, eles são fechados com fios metalizados, numa referência a prática Japonesa Kintsugi onde um objeto que se quebra é remendado usando ouro, prata ou platina. Cada cicatriz deixada, ao invés de ser escondida é ressaltada como um acréscimo ou elemento estético.

 

Alguns assuntos recorrentes na obra de Julia Csekö, como o trânsito entre micro e macro perspectivas, repetição e replicação versus originalidade estão presentes nesta exposição. Cada coração é único, feito a mão pela artista porém ao serem exibidos em um conjunto, sua singularidade é temporariamente atenuada. O processo de troca é imprevisível, a cada troca efetuada a exposição se torna mais plural e menos autoral. Cada coração é um objeto único e contém uma interação e relação interpessoal com o espectador em estado de latência. A cada troca a singularidade de cada coração é ressaltada. Quanto mais trocas efetuadas, mais plural a exposição se torna.

 

A penca de corações passa por uma transformação, começando como um conjunto de objetos similares e tornando-se a cada troca um conjunto de objetos díspares, fragmentos que juntos compõe uma narrativa sobre afetos, trocas, amores e desejos.  Os objetos se transformarão, mas o motivo que os une dentro do mesmo espaço permanece. Cada coração é uma ponte entre a artista e o público e entre a obra e o espectador. Os objetos trocados serão documentados e colocados num arquivo e catálogo digital, para que o exposição possa novamente transitar entre o material e o imaterial, entre o espaço físico, idéias, afetos e memórias.

 

 

Sobre a artista

 

Julia nasceu no Colorado, EUA, e cresceu no Rio de Janeiro. Voltou ao seu país de origem para cursar mestrado em artes visuais na School of the Museum of Fine Arts, em Boston, e suas obras estão em importantes coleções como na Morris and Helen Belkin Art Gallery, British Columbia University Museum, Canada e MAM Rio. Já participou de mostras na Galeria A Gentil Carioca, Caixa Cultural – RJ, Centro Cultural Banco do Barsil – SP, MAM- BA, Fundação Eva Klabin e em galerias em Portugal, Estados Unidos, Canadá e França.

 

 

De 17 de junho a 17 de julho.

(Sábados mediante agendamento pelo tel: (21) 3988-0600).

 

O Campo Cego de Padovani

05/ago

O artista Ivan Padovani apresenta 30 trabalhos em “Campo Cego”, sua primeira exposição individual na Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ. As fotografias representam de forma sistemática as paredes laterais cegas de edifícios em São Paulo.

 

Segundo Ivan Padovani, “Campo Cego” tem como base um procedimento com regras muito bem definidas, o que lhe confere um caráter de coleção e inventário, até o momento formado por cerca de 150 imagens de empenas realizadas na capital paulista. Por meio de tais convenções, a pesquisa procura tornar mais claro seu objetivo enquanto representação de uma experiência pessoal frente à cidade, assim como sugerir questões relativas à visualidade e percepção em meio ao ambiente urbano.

 

“O processo de produção tem como ponto de partida minha relação com a cidade no dia a dia. Nos últimos anos, a atitude de procurar essas ocorrências em São Paulo me conduziu a um exercício constante de caminhar mais lentamente e com um olhar mais atento, não só a essas fachadas, mas também a todo o seu entorno”, diz o artista.

 

A partir de um olhar que revela o que pode ser considerado o verso da cidade, Ivan Padovani busca certo silêncio visual, uma ordem no caos, um respiro em meio à saturação. “O interesse principal não é tentar retratar os contrastes, o movimento caótico, a desordem, o excesso de SP. Busco o oposto, como se a cidade estivesse sendo vista em um só plano, silenciosa e estática. Paradoxalmente, um espaço que nega e afirma tudo ao seu redor”, complementa.

 

A fotografia é a ferramenta utilizada para a criação deste inventário. Mas ao abdicar da perspectiva, a imagem afirma sua bidimensionalidade de tal forma até ganhar a estética de desenho. As fotografias são apresentadas em suportes que sugerem experiências visuais e táteis para quem entra em contato com o trabalho. Desta forma, a fotografia é pensada de forma expandida, assumindo um caráter de objeto.

 

“Campo Cego” foi um dos trabalhos selecionados em 2014 no Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e no Programa Descubrimientos do Festival PhotoEspaña.

 

 

Sobre o artista

 

Natural de São Paulo e fotógrafo profissional desde 2004, Ivan Padovani é formado em administração pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, com pós-graduação em fotografia pela mesma instituição. Realiza trabalhos nas áreas de fotografia esportiva, documental e retratos, atendendo clientes para fins editoriais e publicitários.

 

Ivan é artista representando pela Galeria da Gávea e frequenta o grupo de acompanhamento de projetos orientado por Nino Cais e Marcelo Amorim no ateliê Hermes Artes Visuais. É colaborador da revista Digital Photographer Brasil, ministra cursos de fotografia no Hermes Artes Visuais, edita o blog Marcador e coordena o F+, núcleo educativo da Fauna Galeria voltado para a reflexão e prática em arte contemporânea.

 

 

De 05 de agosto a 19 de setembro.

Tinho na Galeria Movimento

12/mai

A partir do dia 16 de maio o público carioca poderá apreciar dez telas que envolvem o cotidiano urbano e todo o caos proporcionado pela metrópole no trabalho de um dos precursores e um dos nomes mais conceituados da arte urbana no Brasil: Walter Tada Nomura, o TINHO. Na mostra “Reflexão”, que acontecerá na Galeria Movimento, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, representante das obras do artista que reside e trabalha em São Paulo.

 

As questões sociais, econômicas e urbanas foram sempre seu objeto de pesquisa. Suas pinturas despertam o pensar. Procuram estabelecer uma comunicação com o espectador de forma a levantar e discutir questões contemporâneas do cotidiano. Dessa necessidade surgiram os personagens, tão emblemáticos em sua arte. Crianças interiores, tristes e sombrias, que trazem no olhar as marcas da sociedade em que vivem. Sua solidão reflete todos os problemas a que estão expostas diariamente e falam mais do que mil palavras. Bastante freqüente também, em sua obra, é a temática dos automóveis batidos. Pesadelos geraram imagens que falam de uma viagem interrompida. Uma forma de censura que impede de chegar ao objetivo final.

 

Tinho mantém paralelamente o contato com o universo da arte urbana e com o meio acadêmico, colaborando com teses de graduação, mestrado e doutorado sobre as relações entre a arte e a cidade. É convidado a participar de discussões e palestras regularmente, como aconteceu na VII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em 2007. Acumula em seu currículo participações em mostras coletivas de instituições como Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MIS, Caixa Cultural, Santander Cultural, Memorial da América Latina e Pavilhão das Culturas Brasileiras, assim como nas bienais de Havana, 2009 e Vento Sul, Curitiba, 2009. Realizou exposições individuais em diversas galerias privadas ao redor do mundo e, a convite do Itamaraty, expôs em Londres e em Moscou.

 

Em 2006 foi convidado a produzir um painel gigante como preparativo para a Copa FIFA 2006, em Berlin, e também participou de exposições em Grenoble e Hossegor, na Franca, Gold Coast, Melbourne e Torquay, na Australia, Beijing e Shangai, na China, Barcelona, na Espanha, Rotterdam, Holanda, Moscou, Russia, Zurich, Suíça, Berlin e Munique, na Alemanha, Varsóvia, Polonia, Milão, Itália, Buenos Aires, Argentina e Santiago, no Chile.

 

Embora tenha a pintura como principal linguagem, Tinho também fotografa, cria objetos tridimensionais, monta instalações, faz colagens, performances, site-specifics. e transforma em arte aquilo que encontra pelos lugares por onde circula.  Em seu trabalho, a vida urbana, os problemas sociais e políticos são questões que se relacionam de forma estética e conceitual. Suas telas muito contribuíram para o reconhecimento do Brasil como um dos principais produtores de arte urbana. Ao se apropriar do que foi refugado, do que pertence a todos e a ninguém, Tinho cria esse delicado jogo entre encenação e realidade. Faz nada mais que arte, recriando continuamente o mundo. “Eu procuro com o meu trabalho estabelecer uma comunicação com o espectador, de forma a levantar e discutir questões contemporâneas que fazem parte do nosso cotidiano. Como um ser metropolitano, minhas questões giram em torno dessa vida urbana, dos problemas sociais a que estamos expostos diariamente e as questões políticas e econômicas que acabam por refletir em todo o nosso viver. Em meu trabalho, essas questões se relacionam de forma estética e conceitual”, finaliza Tinho.

 

 

Sobre o artista

 

Tinho iniciou o desenvolvimento de seu trabalho em atelier estudando na FAAP, se formando em Artes no ano de 1997. Lecionou na rede pública estadual e iniciou sua pesquisa formal procurando entender os relacionamentos humanos dentro da metrópole, assim como a relação dos habitantes com o meio onde vivem. Desde então explora o espaço urbano em busca de um contato íntimo com sua geografia, arquitetura e superfície. Através de um posicionamento social e político, acumula informações das ruas, recolhendo seus restos e selecionando seus conteúdos. Essa pesquisa carrega um aspecto documental e histórico da cidade, principalmente de São Paulo, em meio a vivência particular do artista.

 

 

De 16 de maio a 7 de junho.