Luzia Simons na Pinacoteca

18/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Estação Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Segmentos”,  individual de Luzia Simons. Realizada especialmente para o” Projeto Octógono Arte Contemporânea”, a instalação é composta de quatro obras, quatro ampliações fotográficas moduladas, recortadas em 12 partes que são posicionadas no espaço com suas costas voltadas para cada uma das entradas. Incomuns em seu efeito claro-escuro, de concepção barroca, os scannogramas de Luzia Simons têm uma sonoridade trazida do silêncio para o rumor barulhento da metrópole, voltando depois ao silêncio.

 

Segundo Luzia Simons, a instalação faz uma alusão aos jardins fechados, tradicionalmente encerrados com tramas metálicas ou cercas de madeira. Alude, ainda, ao próprio Jardim do Éden. Este ambiente, no entanto, não se propõe acolhedor, mas sacramental como os ostensivos jardins ou mesmo os museus. A tulipa é o motivo central da série “Stockage”. Suas inúmeras espécies e criações deixam claro para Luzia Simons o que ela chama de “tingimento” e “transferência de cor” ou seja, o processo de adaptação e transformação. As flores brilham em meio a um escuro difuso, o que pode ser entendido como uma releitura das naturezas-mortas holandesas, mas que também trata do aspecto da fugacidade. Afinal, a tulipa tornou-se um dos motivos centrais da vanitas após o colapso do mercado holandês em fevereiro de 1637. Com isso, a artista construiu uma ponte – do século XVII até os tempos atuais, com os aspectos típicos da nossa época, como globalização, nomadismo cultural e marcas multiculturais. A quantidade de referências metafóricas que explicitamente se debruçam sobre temas atuais de nossa sociedade transformou o conteúdo aparentemente „adorável” da peça floral em uma mídia discursiva surpreendente.  Com fotografias, filmes, performances e instalações a artista, residente em Berlim, vem desenvolvendo um corpo de trabalho, desde os anos 1990, em torno de questões como identidade, memória e globalização. Ela desenvolveu sua linguagem no captar e registrar imagens, que denominou “scannograma”. Feito para a digitalização de documentos, o scanner não possui lente nem foco. ao contrário das imagens produzidas, correntemente, com lentes fotográficas. Nesta técnica os objetos são colocados diretamente sobre um scanner, que capta, minuciosamente por um sistema de linhas e pontos, todos seus detalhes formais e variações cromáticas. Os scannogramas reproduzem uma luminosidade dramática e quando ampliados em grande escala ganham teatralidade.

 

 

 

Sobre a artista

 

Luzia Simons nasceu em 1953, em Quixadá, CE. Vive e trabalha em Berlim e já participou de importantes exposições internacionais como:  Flowers and Mushrooms, Museum der Moderne, Salzburg, Áustria, 2013;  Personificação de Identidades, Bienal de Curitiba, Casa Andrade Muricy, 2013; Wenn Wünsche wahr werden, Kunsthalle Emden, Emden, Alemanha, 2013;  Lost Paradise, Mönchehaus Museum Goslar, Goslar, Alemanha, 2012;  Flowers in photography , Tokyo Art Museum, Tóquio, Japão, 2012; Time, death and beauty, FotoKunst Stadtforum, Innsbruck, Áustria, 2011; Wild Things, Kunsthallen Brandts, Odense, Dinamarca,  2010; Nature forte, Kunstverein Wilhelmshöhe, Ettlingen, Alemanha, 2009; e Garden Eden – A representação do jardim na arte desde 1890, Kunsthalle Emden, Emden, Alemanha, 2007. Suas exposições individuais incluem: Jardins Alheios, Kunstverein Bamberg, Bamberg, Alemanha, 2012; Stockage, Centre d’Art de Nature, Château Chaumont-Sur-Loire, França, 2009; Stockage, Künstlerhaus Bethanien, Berlim, Alemanha 2006; Stockage, Städtische Galerie Ostfildern, Alemanha 2005; Face migration: sichtvermerke, Württembergischer Kunstverein Stuttgart, Alemanha 2002 e Transit, SESC Paulista São Paulo, Brasil 2001. Possui trabalhos em coleções públicas como as de Graphisch Sammlung der Staatsgalerie, Stuttgart, Alemanha; Fonds National d’Art Contemporain, Paris, França; Casa de las Américas, Havana, Cuba; University of Colchester, Collection of Latin American Art, Essex, Inglaterra; Museu de Arte de São Paulo Coleção Pirelli, São Paulo, Brasil: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, entre outros.

 

 

Até 02 de março de 2014.

Dois na Galeria Laura Marsiaj

04/nov

A Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta através de mostra individual em sua sala principal as inusitadas esculturas de Barrão. O texto de apresentação traz a assinatura de Jorge Emanuel Espinho e a mostra denomina-se “Barrão: Arrumação“.

 

O Verdadeiro Lugar das Coisas: Sua Natureza Interior, Exteriorizada

 

Seria interessante conseguirmos descobrir a inventar a verdadeira natureza animada dos objetos: a essência viva mais funda que os habita, bem escondida e disfarçada por trás da firme máscara do imobilismo e da aparente não ação, não vida. (Pre)Sentir a história que  povoam e que os seguirá, congelados que estão e ficam, num momento rígido de emoção e aventura. Mas estamos bem distantes da invenção/consciência libertadora e fantasiosa das infâncias, e sentimos amarrados na relação estreita e objetivada com o que criamos e nos rodeia. Assim – condicionados na rigidez egocêntrica do ser adulto – parece ginástica impossível o alargar, através desse animismo mágico, uma interação criadora com o que nos envolve. (Alargando-nos logo então também, nesse criar imaginado: aprofundando-nos, projetando-nos; tudo reinventando e fazendo viver, vivenciando.)
Será este o luminoso privilégio que nos é partilhado e encorajado, na obra literalmente e profundamente fantástica de Barrão. Aqui, testemunhamos deslumbrados esse mundo mágico que se esconde subtil dentro das coisas; e que assim se espraia e se manifesta, se exprime e se relaciona, numa animada reunião ruidosa de gestos e movimentos: em momentos fugazes mas cruciais, parados num tempo; numa soltura comunicativa e aberta; em forte união e relação. Aqui, os protagonistas – quer representem objetos funcionais ou animais – revelam finalmente a sua essência e força, em libertada e estimulada interação e fantasia.  À origem/natureza kitsch e de produção massificada dos objetos – distintos e orgulhosos símbolos representativos da cultura de massa – o artista aplica uma abordagem mais intuitiva que decidida, mais de procura que de encontro, mais de improvisada libertação que de estudada reconfiguração. Na busca disponível pela vida em que lhe vão surgindo, ele os identifica e acolhe; no atelier lhes retira formatação e algum limite primeiro, depois lhes reconhece e encoraja expressão e expansão, reunião com semelhantes e avanço. E assim vai, a partir desse ambicioso relacionamento, construindo uma irônica obra, em que – saído da reprodução fabril, seriada e estéril – o objeto vem assumir agora um caráter/manifestação único e próprio. E que jamais poderia ambicionar ou conseguir sozinho.

Mas aqui a fronteira entre a leve ironia e a carga crítica da obra está bem clara. Pois esta também incorpora, e fortemente, uma séria reação à ordem fabricada das coisas: à formatação da beleza e ausência de critérios próprios; à predefinição, por outrem, das curvas da nossa própria emoção, vida e ousadia. Estas peças, de origem decorativa e funcional linear, transformam-se, às mãos do artista, no resultado/objeto da sua própria mutação e transcendência. (Isto é feito, sobretudo, através da exploração livre e intuitiva de outras direções e vontades possíveis, que habitam o seu interior cerâmico: subterrâneas, escondidas,vibrantes, infinitas.) Assim, saídas altivas de um envelhecido mundo decorativo – e já enriquecidas com um pendor animista e psicológico; sincrético e resolvido, mas agora realmente em vida e vividas; renascidas no capricho significativo de um acaso criativo e reconstruídas numa coabitação onírica e maravilhosa, vivenciando e incorporando a sua verdadeira natureza – estas coisas manifestadas gritam ruidosas da redução tonta que fazemos de todos os objetos, mesmo de nós, e também, claro, de todo um mundo diverso e pleno. Em complot retalhado e místico com outras de enriquecedora natureza, nestas obras acontece uma transcendente decisão e causa: a manifestação corporificada do espírito, em barro envernizado, que habita os animais todos e tudo, e todas as coisas. O que o artista aqui faz é escolher – dar forma, reproduzir, partilhar – a fabulosa energia viva que reside, em expectativa morna e mirabolante, adormecida, no todo e em todos. E claro, este manifestar uno ri-se, grave, alto e ruidoso, da separação ácida e constante que impomos às coisas, à nós, a um inteiro e descomunal planeta.

 

Imagina-se aqui uma verdadeiramente fenomenal aventura: reunir num só enorme espaço/tempo todas as esculturas vivas do artista, e logo mergulhar a descobrir essa imensa galáxia colorida de mil seres que se lançam e conversam, se fundem e se separam, se reproduzem e se acalmam, numa liberdade anárquica e fantástica, que jamais e sempre se (re)inventa e se recria. Partindo de novo sempre em tudo, e em tudo sempre de novo se reunindo. (Muito fica sempre por dizer num texto assim tão curto, mas sublinhamos): Estas nossas obras nascem cozidas no calor de um fogo sem formatação ou mentira; e bem nos ensinam: que por detrás da cortina de fumo que é a forma rígida predefinida, habita expectante e adormecida toda a possibilidade infinita! Uma brincadeira a ser levada a sério, como bem mostra o efeito final desta alquimia em vida que nos é aqui exemplificada, sublinhada, demonstrada. Assim, aprendamos.

 

Jorge Emanuel Espinho

 

 

Até 21 de novembro.

 

 

 

Já a artista plástica Gabriela Machado apresenta série inédita de pinturas no Anexo as quais denominou “Histórias que eu quero contar“.  A apresentação é de Marcelo Campos.

 

Gabriela Machado

 

“Histórias que eu quero contar”, assim Gabriela Machado denomina esta vontade conceitual de buscar a pintura, sua companheira diletante, em pequenos relatos, crônicas, por assim dizer. Com isso, vemos três instâncias de observação sobre este engenho: a história, o querer desejante e a vontade narrativa. Ao observarmos as pinturas, nos confrontamos com assuntos marginais, quase não-narráveis. Fomenta-se, aqui, um volta da história narrativa exercitada como uma compreensão instantânea dos acontecimentos. Pintura de instantes, alguns instantâneos de pintura. Esta possibilidade é capitaneada pelo uso de máquinas produtoras de imagens instantâneas, as polaróides. Gabriela Machado acentua o desejo curioso, tátil, infantil, até, de produzir cliques que acompanham-na em viagens pelo mundo. Assim, vemos uma paisagem estrangeira, o detalhe do mobiliário de hotéis, uma cortina, um gato, um por do sol. A artista se concentra no minúsculo, criando um destaque desproporcional, pois não estamos diante de uma história factual, mas, antes, de uma história biográfica não-factual.

 

Também poderíamos observar um elogio ao uso da narrativa popularizada, os instantâneos de uma vida que só pode ser grandiosa pela soma dos acontecimentos ordinários. Neste “instante” compartilhado resplandece o desejo. Aquele que nos faz seguidores do que não sabemos. Exercita-se um certo delay, um certo intervalo entre a imagem observada, a câmara escura e sua revelação em slow motion, etapas próprias da máquina de polaróide.  O historiador Eric Hobsbawm destaca que numa “história narrativa popular”, “o evento, o indivíduo, não são fins em si mesmos, mas meios de esclarecer alguma questão mais ampla, que ultrapassa em muito o relato particular e seus personagens”. Perde-se o interesse pelo que o historiador chama de “grandes porquês”. Ao mesmo tempo, o fait diver, os acontecimentos noticiosos, próprios do advento da cultura de massa, passam a ganhar protagonismo. Como estamos diante do ordinário, percebemos uma certa negação do compromisso ideológico. Ativa-se a via de todas as imagens, de todas as pessoas, de quaisquer luzes. Tudo é pictórico, tudo é pitoresco. E a imagem é forçosamente pintada, gravada, num quarto momento, numa quarta geração. Depois da visão, do registro fotográfico, da revelação, temos a pintura.

 

A artista exercita, em contrapartida, uma “leitura íntima”, na associação de formas, blocos, empilhamentos, fato já presente na produção de Gabriela. “Não há nada de novo em preferir olhar o mundo por meio de um microscópio em lugar de um telescópio”, afirmará Hobsbawm. Ao que podemos responder com a constatação de Arthur Danto que afirmara: “perguntar pela significação de um acontecimento no sentido histórico do termo, é perguntar algo que só pode ser respondido no contexto de um relato (story)”. Vemos, então, Gabriela Machado testar, brincar, corromper esta ambivalência, grandes relatos, pequenas escalas, fotos domésticas, acontecimentos relevantes. Aqui subverte-se a noção de que a “autêntica história considera a crônica como um exercício preparatório”. O exercício preparatório é uma finalidade ambiciosa, ainda que sem fins grandiosos. Ativa-se, de outro modo, o sentido de colecionar, acumular, fazer museus de tudo, atlas imagéticos. Quais são os acontecimentos significativos, nos perguntamos? A narração como ensaio, como crônica, liberta os recursos narrativos para se concentrar numa suposta liberdade de gerar relações significativas por dentro das micro-histórias. E as histórias são aquelas que nos acompanham na vida, como contos prosaicos. Gabriela, em outra medida, assume: “quero contar”, trazendo a imagem para uma relação direta com a pessoalidade. Qualquer coisa, qualquer fato, qualquer vazio torna-se pictórico. E, assim, “a mera crônica” é a “autêntica história”.

 

Marcelo Campos

 

 

Até 21 de novembro.

Flying Houses de Chéhère na Inox

A Galeria Inox, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Flying Houses”, a primeira exposição individual do artista plástico francês Laurent Chéhère. Ao todo, são 6 composições fotográficas da série homônima, nas quais o artista apresenta uma Paris onírica e melancólica, através de imagens de construções da capital francesa em suspensão no céu.  A ideia que norteia a série “Flying Houses” surgiu em 2008, durante andanças do artista por Belleville e Ménilmontant, bairros localizados na região nordeste de Paris. “Meu interesse é mostrar a vida dessas pessoas e suas moradias. Essa parte da cidade é muito pobre e em cada metro quadrado é possível explorar uma rica diversidade cultural”, conta o artista.

 
As edificações que ilustram essas obras são diversas: uma casinha com floreiras à janela, um hotel velho e decadente, um trailer com um varal repleto de roupas, um cortiço, uma casa com placa anunciando venda, uma fábrica, um edifício comercial pichado e até um circo. Em todas essas imagens há presença de fios, como se fossem a linha de uma pipa ou o cordão de um balão. E isso não é à toa, já que a série é inspirada no filme “Le Ballon Rouge”, de Albert Lamorisse, de 1956.

 

O conceito imagético produzido por Chérère usa paleta cromática similar ao filme, com predominância de tonalidades frias, principalmente cinza e azul, e também marrom. As personagens principais desses trabalhos – as construções – são digitalmente criadas a partir de detalhes arquitetônicos fotografados nos subúrbios e periferias da cidade, justamente onde foi filmado “Le Ballon Rouge”. O resultado é um misto de realidade e ficção, temperado com um tanto de surrealismo.

 

Em “Flying Houses”, Laurent Chéhère exibe um lado esquecido da Cidade Luz, elevando essas moradias e demais espaços dessas regiões abandonadas da cidade numa tentativa de atingir a atenção para a situação em que esses locais se encontram. Enquanto o filme de Albert Lamorisse tem final feliz, a conclusão da narrativa proposta pelo artista permanece suspensa, como as construções de suas obras. A curadoria é de Gustavo Carneiro e Guilherme Carneiro.

 

 

O artista

 

Laurent Chéhère, nasceu em Paris, em 1972. Trabalhou no ramo publicitário, onde ganhou prêmios por campanhas para marcas como Nike e Audi. Após algumas viagens pelo mundo, acabou decidindo investir na carreira artística, com a qual combinaria suas duas paixões: a fotografia e as viagens. Chéhère explora localidades tão diversas – cidade, subúrbio, interior – quanto campos da fotografia, da reportagem à imagem conceitual. Seu grande interesse por arquitetura resultou na série “Flying Houses”, que ganhou o prêmio Prix Special du Docks en Seine: City of Fashion & Design.

 

 

 

De 13 de novembro a 07 de dezembro.

Viagem Astral na Marcia Barrozo do Amaral

31/out

Roberto Magalhães é a próxima exposição da Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A mostra denomina-se “Viagem Astral”. Roberto Magalhães fala das imagens, da quantidade de imagens diferentes que costumam brotar initerruptamente em seu pensamento. De uma maneira inesgotável, segundo ele “…como uma torneira aberta no mundo, sem forma e sem tempo”. A série de desenhos inéditos que será apresentada, que reúne 30 trabalhos, foi iniciada no noroeste da Argentina e talvez, pelas circunstâncias vividas nessa região desértica e inóspita, muitos deles têm conotações místicas que parecem ressurgir de maneira simbólica de um passado experimentado há 40 anos, durante um período de introspecção e a descoberta do mundo interior do artista. Entre os desenhos místicos e espirituais, está a nave que manobra sobre a superfície de planetas e luas onde o artista pode então vislumbrar objetos pertencentes aos povos que ali habitam. São máquinas e aparelhagens de funcionamento desconhecido, medidores, monumentos, estruturas, cuja finalidade não é conhecida e que talvez sirvam apenas como sugestões da enorme quantidade de ideias que pretende futuramente concretizar no espaço tridimensional em que vivemos. Aparecem mapas, caminhos e roteiros dos mundos imaginários que visita. Em alguns desenhos são acrescentados textos, que, para o artista, é uma tentativa de mostrar com palavras que vai colhendo desordenadamente, frases explicativas  de que imagina e vislumbra.

 

 

O artista descreve seus trabalhos

 

“Nossa mente é mesmo surpreendente! E me deleito sempre quando viajo à bordo dela, com nossa capacidade de imaginar o que queremos, quando quisermos e do jeito que escolhemos”.

“São como ferramentas que me permitem construir o necessário para viajar com a mente, ou seja, módulos que reunidos me possibilitam compreender o que não vejo e proporcionar alguma coerência às referências que vou encontrando nesse vôo”.

“São como sínteses, clamores ou até mesmo êxtases proporcionados por essa imensidão impensável do invisível, que nos rodeia e interpenetra e do qual nunca teremos uma compreensão lógica e satisfatória”.

 

 

Sobre o artista:

 

Roberto Magalhães surgiu na cena artística brasileira no início da década de 1960. É um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que realizaram, no MAM-RIO, a exposição “Opinião 65”, iniciativa revolucionária por trazer uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil. Ganhou, em 1966, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior no XV Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Fixou residência em Paris entre 1967 e 1969, desfrutando do prêmio recebido na IV Bienal de Paris e participou de exposições no exterior. Depois de oito anos sem expor – suas inquietações e questionamentos o tinham levado ao misticismo -, em 1975, Magalhães recomeçou sua vida artística, expondo e lecionando no Museu de Arte Moderna. Em variadas técnicas, Roberto Magalhães constrói uma longa trajetória, destacando-se como uma das referências nas artes plásticas no Brasil e consolidando-se no circuito internacional, incluindo entre os anos 1960 do século passado e 2013, passagens pela IV Bienal Internacional de Gravura; “Brazilian Art Today”/Royal Academy, Londres; VII Bienal Internacional de São Paulo; “Xilografia/Xilogravura”/Museu de Las Artes, Guadalajara, Mexico; “Retrospectiva”/MAM-RIO; “Roberto Magalhães – Pinturas, Dibujos y Grabados”/Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber, Caracas, Venezuela;“Desenhos”/Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, 2001; “Otrebor – A Outra Margem”/Caixa Cultural, Rio de Janeiro e Brasília; “Preto/Branco 1963-1966 – Xilogravuras e Desenhos”/Parque Lage, Rio de Janeiro e “Roberto Magalhães- Pinturas e Desenhos”/Art Museum of Beijing Fine Art, China, 2011.

 

De 12 de novembro a 02 de dezembro.

Andre Griffo, primeira individual

02/set

A primeira exposição individual de André Griffo que recebeu o nome de “Reúso e Retardo”, apresenta três objetos, três desenhos e duas pinturas, e acontece na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria da expert Vanda Klabin. O artista utiliza troncos secos, crânios de boi e patas de porcos em seus trabalhos.  Isso se deve ao fato do crescimento na fazenda em Barra Mansa, onde convivia com animais e o vasto maquinário de seu pai, que colecionava ferramentas de todo o tipo, o que remetem a ele  e à Arquitetura. André vem se dedicando às artes plásticas em seu atelier em Barra Mansa e as recordações de sua infância são temas recorrentes em suas obras.  Arquiteto de formação, André Griffo cria uma mitologia individual ao se nutrir de sua própria experiência.  Utiliza um vocabulário muito expressivo no seu procedimento artístico através da adoção de objetos do cotidiano, construído em consonância  com materiais  industriais.  Seu trabalho  explora  temas que envolvem uma parceria complexa entre o homem e a natureza, objetos transfigurados  que se referem a experimentos pessoais impregnados de uma carga psicológica. Isso ocorre ao incorporar a subjetividade no seu plano visual  e utilizar uma fusão de diferentes elementos como animais,  grades, lanças e armas medievais,  colunas de ordem gregas, capacetes, entre outros.

 

O artista cria núcleos significativos que são incorporados ao seu trabalho, ao manipular imagens pré-existentes na busca  de  uma interlocução  incessante de  diferentes elementos, encontrados nas lojas de materiais  de construção  e de ferro velho. Suas  obras remetem aos vestígios do universo urbano e rural,  onde o artista acrescenta valores estéticos aos fragmentos e aos objetos, elementos essenciais para  a sua composição de trabalho.  André Griffo cria um repertório plástico que incorpora  uma subjetividade no plano visual ao reificar e  alterar  a forma da natureza dos objetos, A partir da moldagem de alguns objetos,  preservada no sal grosso  e devidamente  perfuradas, realiza a  edição de fragmentos de um corpo animal , que toma uma forma predominante  como uma matriz que o artista reproduz na forma  original, quase como um carimbo em série e  reativadas em outros territórios.

 

Na escala expansiva da superfície  da tela,  a sua pintura é concebida em várias camadas, sobreposições  quase monocromáticas e adquirem  uma opacidade onde o efeito da pincelada, pelo uso da tinta acrílica, vai sendo aos poucos apagada, esvanecida,  como algo prévio que precisa ser escondido. As imagens se acumulam na superfície da tela, sem hierarquia  ou unidade de tempo, mas com diferentes  significados entre si. Existe ainda  a presença de uma troca entre  diferentes linguagens e procedimentos  como o desenho,  a pintura e escultura.  A engenhosidade  dos desenhos prévios  é um elemento importante  para o resultado estético de sua obra.

 

A especialização em pequenos estudos minuciosos, evidenciam  trabalhos que saem uns dos outros e que adquirem caminhos diferentes. Nessa   ambiguidade existente nas superfícies planas  e no volume escultórico, predomina uma independência  dos elementos entre si, uma disjunção entre as partes, que se deslocam com acréscimos de novos elementos  na forma tridimensional, atrav;es de mecanismos duchampianos de apropriação de objetos existentes. Na  sua edição de fragmentos de um corpo,  seja de chifres  ou patas de porco suspensos sob tensão, calibradas e  chumbadas  por cabos de aço e bases de concreto – o artista tenta recuperar a intensidade da obra, o volume desse corpo dentro do espaço, e agora  exibe  o seu conflito de forças, interagindo na relação com o espaço da galeria  e seus componentes: desenha, disseca  e articula  a  relação  entre as peças,  traz uma linha de força que passa pela roldana  e pesos  como pontos de força que são devidamente distribuídos. O artista interage com o espaço da galeria e os campos de força ganham potência, tanto  no campo pictórico  como no espaço escultórico. Esses fragmentos  do corpo são o agente do  espaço, presença  enigmática,  que tecem um imprevisível diálogo visual, um sistema de signos que necessita ser ainda decifrados.

 

 

Sobre o artista

 

Admirador de Francis Bacon, Luiz Zerbibi e Adriana Varejão, André Griffo iniciou sua carreira profissional como arquiteto. Durante os cinco anos em que atuou na área, foi, cada vez mais, ouvindo seu feeling direcionando-o a trilhar o caminho das artes. O contato e conhecimento sobre o assunto durante a faculdade fez com ele repensasse o que gostaria de realmente de se doar.  Além disso, segundo Griffo, o trabalho como artista faz com que ele possa se permitir à uma abrangência de ideias muito superior e infinita, saindo do campo específico. André decidiu se especializar e foi atrás de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage comandados por artistas consagrados como Anna Bella Gieger, além de ter sido aluno dos críticos e curadores Fernando Cocchiarale, Daniela Labra e Marcelo Campos. Durante seu crescimento como artista, Andre participou de uma série de salões de arte pelo Brasil.

 

 

 De 05 de setembro a 05 de outubro.

 

NOVÍSSIMOS!!!

07/ago


A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Novíssimos 2013”, em sua 43ª edição, onde as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo. O objetivo de ” NOVÍSSIMOS” é reconhecer e estimular a produção desses novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira.

 

Para a crítica de arte Fernanda Lopes, que assina o texto desta exposição: “Deslocar. Tirar alguém ou alguma coisa (seja um objeto ou ideia) do lugar competente, de seu papel ou função esperados. Esse parece ser o mote dos trabalhos dos 16 artistas selecionados para a 43a edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos da Galeria IBEU. Em um contexto geral onde as dúvidas parecem não ter mais espaço, a produção selecionada para esta exposição parece ter como um ponto em comum a tentativa de indicar folgas, revelar falhas, abrir brechas em uma zona de conforto, restituindo ao público, à instituição e ao artista o incômodo e difícil benefício da dúvida.”

 

Em 51 anos de existência, participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2012, 566 artistas já haviam participado desta coletiva anual.
A edição “Novíssimos 2013″ conta com a participação de 16 artistas que apresentam trabalhos em desenho, pintura, instalação, objeto, vídeo e fotografia. Os artistas selecionados são: André Terayama (São Paulo), Carolina Martinez (Rio de Janeiro), Daniel Frota (Rio de Janeiro), Eduarda Estrella (Rio de Janeiro), Fernanda Furtado (Rio de Janeiro), Frederico Filippi (São Paulo), Íris Helena (Paraíba), Luisa Marques (Rio de Janeiro), Luiza Crosman (Rio de Janeiro), Maíra Dietrich (São Paulo), Marcela Antunes (Rio de Janeiro), Marcelle Manacés (Rio de Janeiro), Mario Grisolli (Rio de Janeiro), Mayra Martins Redin (Rio de Janeiro), René Gaertner (Rio de Janeiro) e Rodrigo Moreira (Rio de Janeiro). O artista em destaque no Salão de Artes Visuais Novíssimos 2013 será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2014.

 

 

Até 30 de agosto.

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

30/mai

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

Dois na Galeria Laura Marsiaj

25/abr

 

O artista visual baiano Fabio Magalhães inicia seu processo criativo com a elaboração de uma cena para atender a um ato fotográfico que termina em pintura. Ele trabalha a partir da própria imagem. Fábio Magalhães foca em uma persistência poética da pintura auto referencial, buscando ressaltar condições inconcebíveis de serem retratadas senão por meio de artifícios e distorções da realidade.

 

Na série inédita “Retratos Íntimos”, apresentada na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, composta por oito pinturas em grandes formatos, Fabio Magalhães produziu uma analogia aos sentimentos íntimos. Para construir essas metáforas visuais ele usa traqueias, línguas, carnes e vísceras. Num segundo momento amplia ou reduz as proporções para atingir seus objetivos. Em suas estratégias para elaboração das situações, algumas vezes, utiliza-se do próprio corpo, como o sangue coletado para compor uma tela. O artista utiliza desse artifício para compor uma metáfora onde o corpo é a anatomia e o sangue ilustra a obra através de seu vermelho vibrante.

 

A exposição resulta numa pintura contemporânea com recursos diversos para construir e apresentar ao público um trabalho que impressiona pelo impacto visual. Fábio Magalhães afirma que a inspiração para esta nova exposição é proveniente das suas observações do cotidiano.

 

Nascido na cidade de Tanque Novo, a 662 km de Salvador, Fábio Magalhães veio para a capital baiana estudar, e em 2001 ingressou na Escola de Belas Artes da UFBA, momento que aproveitou para experimentar várias técnicas até entender e perceber que a pintura seria a sua companheira de trabalho. Fabio foi um dos 45 artistas selecionados pelo Itaú Cultural no Programa Rumos – 2011/13, onde 1770 estavam inscritos.

 

Sala VIP no Espaço Anexo

 

 

O espaço Anexo da Galeria Laura Marsiaj vai surpreender os convidados. A artista argentina Ivana Vollaro transformou o lugar em uma “Sala VIP”, que convidará o público para passar por uma experiência clássica na rotina da vida cultural carioca. A instalação coloca em questão os espaços auto denominados exclusivos dentro de uma sociedade estratificada que cria códigos determinados, como pulseiras de todos os graus do vip e comportamentos que lidam com o super ego do indivíduo. Ivana coloca em debate o que significa estar dentro ou fora de um mesmo espaço subdividido. “Como nos movemos dentro desses espaços, por vezes delimitados por uma só simples corda?

 

Este trabalho fala sobre o absurdo dessas situações e reflete sobre a logística de ingresso e as formas de acesso a espaços tão limitados quanto desejados”, conta a artista. Cada visitante receberá uma pulseira (tem dourada e prateada), passará por seguranças e viverá todo o circuito de um “vip”. A surpresa virá quando chegar dentro do espaço. “Sala Vip” é a segunda exposição individual da artista na Galeria Laura Marsiaj e a quarta no Brasil. Em 2003 Ivana recebeu a Bolsa Antorchas para estudos no exterior e se mudou para São Paulo onde viveu até 2005. Já expôs em diversas galerias brasileiras, como no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, além de mostras realizadas pela Argentina e Canadá.

 

 

Até 18 de maio.

Casa Daros no Rio

10/abr

Após uma demorada espera, em função de obras realizadas para adaptação do espaço, a Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, iniciou atividades com a exposição coletiva “Cantos Cuentos Colombianos”. A exposição revela ao público a diversidade de pesquisas e técnicas dos artistas Doris Salcedo, Fernando Arias, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarría, María Fernanda Cardoso, Miguel Ángel Rojas, Nadín Ospina, Oscar Muñoz, Oswaldo Macià e Rosemberg Sandoval, com obras pertencentes à Coleção Daros Latinamerica. A mostra foi apresentada inicialmente em Zurique, Suíça, em duas partes: a primeira, de outubro de 2004 a janeiro de 2005; e a segunda, de janeiro a abril de 2005, tendo sido a maior mostra de arte colombiana contemporânea já realizada na Europa. Naquela ocasião, a mostra funcionou como uma reavaliação dessa geração de artistas da arte colombiana no mundo. A curadoria é de Hans-Michael Herzog.

 

Até 08 de setembro.

Livro de Ascânio MMM

26/mar

 

“Um imenso desafio de levantamento historiográfico à altura da obra de Ascânio MMM”. É assim que Paulo Herkenhoff, um dos mais respeitados curadores e críticos de arte do Brasil, define o livro “Ascânio MMM: Poética da Razão”, BEĨ Editora, que o autor lança, na Livraria da Travessa, Ipanema, Rio de Janeiro. A publicação é resultado de quatro anos e meio de trabalho. Foram mais de 50 conversas entre o crítico e o artista, que também abriu seus arquivos, depósito de obras e mapotecas, no ateliê, além de uma intensa troca de e-mails.

 

Nas quase 300 laudas de seu ensaio inédito, Herkenhoff propõe uma revisão crítica da trajetória e da obra do escultor carioca, como Ascânio MMM gosta de ser chamado – radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando tinha 17 anos, Ascânio nasceu em Fão, vila de origem medieval localizada no norte de Portugal.

 

“O sistema de valores da obra de Ascânio solicita que se examine sua gênese, até aqui insuficiente ou mesmo equivocadamente explorada. (…) Essa obra precisa ser explorada num plano retrospectivo que lhe defina com mais vigor o lugar histórico”, aponta o crítico, logo no primeiro dos 22 capítulos do livro.

 

O ensaio “historiográfico e teórico” de Paulo Herkenhoff reconstrói a trajetória de Ascânio MMM, desde a influência de aspectos culturais de sua origem portuguesa; sua formação na Escola Nacional de Belas Artes, 1963-1964 e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 1965-1969 – ambas da Universidade Federal do Rio de Janeiro; o esforço de construção da linguagem e de seus signos materiais; as proposições fenomenológicas e simbólicas de sua obra; sua participação no processo histórico da arte brasileira, sobretudo na Geração MAM (formada entre os anos 1960 e 1970 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro); o âmbito de sua produção, seu programa estético, a poética e o sentido da obra; a vontade construtiva e o viés arquitetônico de sua escultura vinculado à questão social da habitação.

 

A história de Ascânio também é reconstruída ao longo das quase 400 imagens reunidas na publicação. Através delas, o leitor tem um panorama de sua produção artística, desde as torções da primeira escultura de 1964, passando por suas obras no espaço público do Rio de Janeiro, até chegar aos “Flexos” e às “Qualas”, seus trabalhos mais recentes.

 

Texto e imagens de Ascânio MMM: Poética da Razão revelam a obra de um artista construída a partir de diferentes influências e questões centrais na arte brasileira dos últimos 50 anos, suscitando ao longo de sua análise revisões críticas e historiográficas.

 

Este livro se configura como uma leitura obrigatória e uma nova possibilidade de encontro com a obra de Ascânio MMM e até mesmo com a história recente da arte brasileira. Para Paulo Herkenhoff, por mais de quatro décadas, desde os primórdios de seus estudos de arte em 1963, Ascânio MMM manteve uma produção consistente. Das torções da primeira escultura de 1964 aos Flexos e às Qualas não foi a forma que regeu as decisões, mas seu fundamento matemático e arquitetônico, os problemas espaciais convertidos em experiências do tempo.

 

Lançamento: 27 de março.