Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil

23/fev

 

 

A exposição reflete sobre a noção de “arte moderna” no Brasil para além da década de 1920 e do protagonismo muitas vezes atribuído pela história da arte a São Paulo. Para tal, são reunidas obras de um arco temporal que vai do final do século XIX a meados do século XX, além da essencial presença de artistas que desenvolveram suas pesquisas em diversos estados brasileiros.

O título da exposição é inspirado em antigas casas de Belém do Pará, com fachadas elaboradas pela justaposição de azulejos quebrados, formando desenhos geométricos angulados e coloridos. Conhecido como “raio que o parta”, este estilo arquitetônico foi influenciado pelo modernismo nas artes plásticas, em uma busca por superação dos modelos neocolonial e eclético, vistos pela elite paraense como ultrapassados. O modismo deste novo estilo não se restringiu às elites locais, sendo logo apropriado por outras camadas da sociedade, que popularizaram a nova arquitetura pelos bairros de Belém do Pará, a partir da década de 1950.

Ao articular a noção de modernidade com o território brasileiro, a exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil” pretende repensar a centralidade desse evento que ficou marcado na escrita da história da arte no país, a partir de uma ampliação não apenas cronológica, mas também geográfica. Trata-se de um projeto que visa dar prosseguimento ao reconhecimento da importância do movimento modernista de São Paulo e, ao mesmo tempo, mostrar ao público que arte moderna já era discutida por muitos artistas, intelectuais e instituições de Norte a Sul do país, desde o final do século XIX, perdurando esse debate até o final da primeira metade do século XX.

A intenção da exposição é dar atenção aos diversos tipos de linguagens e formas de criar e compartilhar imagens nesse período. Para além das linguagens das belas-artes (desenho, pintura, escultura e arquitetura), o projeto traz exemplos importantes de fotografia, do cinema, das revistas ilustradas e de documentação de ações efêmeras, essenciais para ampliar a compreensão das muitas modernidades presentes no Brasil. O projeto surge a partir do trabalho de sete pesquisadores, dedicados a diferentes regiões do país, que têm larga experiência em discussões a respeito da arte moderna na interseção entre o local e o nacional. A partir dessas pesquisas, suas múltiplas vozes e interesses, a exposição será dividida em núcleos baseados em tópicos constantes a esse período histórico no Brasil, os quais serão apresentados ao público de forma didática. A intenção é levar ao público a certeza de que a noção de Arte Moderna, no Brasil, é tão diversa quanto as múltiplas culturas, sotaques e narrativas que compõem um país de dimensão continental.

A mostra integra o projeto Diversos 22, do Sesc São Paulo, que celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência, refletindo criticamente sobre as diversas narrativas de construção e projeção de um Brasil, e traz cerca de 600 obras de 200 artistas, como Lídia Baís, Mestre Zumba, Genaro de Carvalho, Anita Malfatti, Tomie Ohtake, Raimundo Cela, Pagu, Alberto da Veiga Guignard, Rubem Valentim, Tarsila do Amaral, Mestre Vitalino, dentre outros.

Curadores: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca, curadoria-geral de Raphael Fonseca tendo como curadores-assistentes, Breno de Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes. Consultoria de Fernanda Pitta.

Semana de Arte Moderna na Art Lab Gallery

10/fev

 

 

Um marco com importância reconhecida a posteriori pela história e pela sociedade, a Semana de Arte Moderna de 1922 buscou e cumpriu o papel de romper o vínculo existente entre a produção artística brasileira e as matrizes europeias, quebrando as amarras da arte e assim permitindo a construção de umacultura prioritariamente nacional.

Como homenagem aos 100 anos do evento, Juliana Mônaco exibe na Art Lab Gallery, Jardins, São Paulo, SP, a exposição “Semana de Arte – celebração do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922” onde exibe ao público trabalhos originais de Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, autores que participaram da mostra. Antonio Peticov, artista contemporâneo convidado, apresenta uma série inédita com 07 pinturas, além de obras de períodos diversos de sua trajetória em linguagem direta com os modernistas e a Semana de 22. Complementando os 300 trabalhos em exibição, 84 artistas apresentam obras em suportes distintos como pinturas, gravuras, fotografias, esculturas, e jóias.

Em 1922, variadas representações culturais participaram do evento, como dança, música, literatura, pintura, arquitetura, escultura, poesia e palestras. Realizada em uma época de turbulências no âmbito político, social, econômico e cultural, a Semana de Arte Moderna teve como uma das figuras mais importantes, os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade e o pintor Di Cavalcanti. Os destaques que se perpetuaram destacam os modernistas Oswald de Andrade, na literatura, Víctor Brecheret, na escultura, e Anita Malfatti, na pintura, sendo ela responsável pela primeira exposição modernista brasileira, em 1917 onde suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo,

escandalizaram a sociedade da época. Não havia um conceito que unisse os artistas, nem um programa estético definido. A intenção era destruir o status quo. E eles conseguiram. Nas palavras da curadora Juliana Monaco, “Escritores, pintores, escultores, e músicos sedentos por renovação, chocaram a elite paulistana, provinciana, em um evento central para a arte na Semana de 13 a 17 de fevereiro de 1922 em uma exposição de trabalhos com predileção nacionalista e o objetivo de fincarnuma posição contra o academicismo, contra o passadismo, como eles mesmos, os modernistas, defendiam”.

Semana de Arte

A Art Lab Gallery “…também revisita o passado, reflete o presente e discute novas propostas para a arte brasileira através da perspectiva de 84 jovens artistas que participam como agentes históricos da nossa Semana de Arte”, explica Juliana Monaco. O tributo a Villa Lobos é expresso com a presença de um centenário piano no espaço expositivo que estará disponível ao público durante o período de exibição da mostra.

De 11 a 19 de fevereiro.

 

 

 

 

Com Millan & Raquel Arnaud

06/out

 

 

A Galeria Millan e a Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, SP, apresentam a exposição coletiva “Vício impune: o artista colecionador”, com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro. A mostra reunirá, nos espaços das duas galerias, uma seleção de nove artistas representados, ao redor do diálogo entre seus trabalhos e coleções. Dentre os artistas colecionadores, estão: Artur Barrio (Porto, Portugal, 1945), Iole de Freitas (Belo Horizonte, MG, 1945), Paulo Pasta (Ariranha, SP, 1959), Sérgio Camargo (Rio de Janeiro, RJ, 1930 – 1990), Tatiana Blass (São Paulo, SP, 1979), Thiago Martins de Melo (São Luís, MA, 1981), Tunga (Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016), Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, RJ, 1946) e Willys de Castro (Uberlândia, MG, 1926 – São Paulo, SP, 1988).

 

 

Desenvolvida ao longo dos últimos anos, a pesquisa de Pérez-Barreiro sobre o colecionismo encontra no contexto desta mostra um campo de análise, em que o espectador é convidado a compreender as nuances de diferentes relações entre artistas colecionadores e suas coleções. Em seus mais diversos modelos, as práticas de coletar e colecionar mostram-se singulares em cada um dos nove casos apresentados e essenciais para a compreensão de cada produção artística em sua complexidade. Segundo o curador, “as coleções dos artistas podem nos dizer não apenas sobre sua própria prática: o que eles vêem no trabalho de outros que os impacta, mas também estão frequentemente na vanguarda de reconhecer e valorizar fenômenos antes subestimados”. Foi com esse propósito que as galerias decidiram realizar a exposição.

 

 

Esculturas e relevos de Sérgio Camargo são expostas ao lado de parte de sua vasta coleção de pinturas de Hélio Melo (Vila Antinari, AC, 1926 – Goiânia, GO, 2001), seringueiro, artista e compositor autodidata. O contraste entre as pinturas fantásticas de Melo e a estética construtiva de Camargo traz à tona uma nova abordagem sobre este artista já consolidado na história da arte brasileira, assim como revela a permeabilidade entre movimentos e tendências.

 

 

Duas esculturas (ambas Objetos ativos) de Willys de Castro – cuja frase publicada em artigo empresta título à exposição – são exibidas ao lado de uma coleção de arte indígena, uma dentre tantas que o artista preservou e estudou. Com trabalhos de arte plumária e cestarias amazônicas, o conjunto montado nos anos 1970 e 1980 revela um outro lado de seu fascínio pelas formas e padrões geométricos, desdobrados em diversos níveis da percepção ao longo de sua produção.

 

 

Em diversos contextos, as coleções evidenciam interesses e obsessões singulares, como é o caso de Waltercio Caldas e sua afeição pelo formato do livro e seus desdobramentos em uma coleção de livros de artistas, trabalhos que discutem possibilidades a partir desta formação primária. Em paralelo, o interesse de Artur Barrio pelo mergulho foi a razão que impulsionou sua coleção de 3 mil grãos de areia, iniciada em 1983, em que cada grão é o registro de um mergulho realizado. A busca pelo registro de cada situação vivida é não somente essencial, para Barrio, mas também para o desenvolvimento de sua produção artística – daí figuram suas séries “Situações e Registros”. Cada grão de areia que compõe esta coleção demonstra, entretanto, que a busca pelo registro da experiência extrapola, em Barrio, o trabalho de arte e está presente em outras esferas de sua vida.

 

 

Conjuntos criados por artistas colecionadores podem, em muitos casos, representar rastros afetivos de suas relações pessoais. A coleção de Tatiana Blass, composta por trabalhos de seu tio-avô, Rico Blass (Breslau, Alemanha, 1908 – ?), desafia-nos a questionar em que medida essas relações se estabelecem como intercâmbios diretos ou indiretos. O mesmo ocorre à vista do trabalho inédito e instalativo de Thiago Martins de Melo e de sua coleção de desenhos de amigos também artistas. Os conjuntos de Martins de Melo e Blass fazem saltar aos olhos a potência afetiva do ato de guardar e os desdobramentos subjetivos deste ato em suas escolhas formais.

 

 

As pinturas de Paulo Pasta estão em diálogo com uma coleção de alguns de seus mestres: Mira Schendel (Zurique, Suíça, 1919 – São Paulo, SP, 1988), Alfredo Volpi (Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, 1988) e Amilcar de Castro (Paraisópolis, MG,1920 – Belo Horizonte, MG, 2002), em uma troca potente entre grandes nomes da arte brasileira. De maneira semelhante, opera a relação entre Iole de Freitas e sua guarda de desenhos e decalques inéditos de Tarsila do Amaral, em que se delineiam os caminhos metodológicos das célebres pinturas da segunda artista. Processo e método estabelecem-se aqui em seus rastros, passíveis de serem compartilhados entre práticas de diferentes gerações.

 

 

A coleção de um artista é capaz de revelar traços de reflexões latentes que conduziram a suas práticas e a poéticas. Nesse sentido, as obras de Tunga apresentam-se neste eixo de interlocução com sua coleção de trabalhos dadaístas e surrealistas franceses – entre eles, quatro gravuras de Marcel Duchamp (Blainville-Crevon, França, 1887 – Neuilly-sur-Seine, França, 1968). Dentre os trabalhos de Tunga, além de seus desenhos, está também a instalação “Evolution” (2007), realizada a partir do emprego da mesma linguagem da instalação/performance “Laminated Souls”, exibida entre 2007 e 2008 no MoMA P.S. 1, em Nova York.

 

 

Até 30 de outubro.

 

Formas instigantes de Erika Verzutti

04/ago

 

 

 

A primeira exposição individual dedicada à obra de Erika Verzutti, já realizada em um museu brasileiro é o cartaz do MASP, São Paulo, SP. Erika Verzutti é uma artista essencial para a compreensão da prática da escultura hoje, tanto no panorama brasileiro quanto no internacional. Suas formas instigantes exploram novos caminhos para o meio, com atenção renovada à origem e à materialidade da escultura, bem como à sua inteligência formal.

 

 

Realizados em diversos materiais, como bronze, concreto, pedra e papel machê, os trabalhos de Verzutti possuem traços sensuais e táteis, brutos e refinados. A partir do início dos anos 2000, a artista começou a produzir séries de esculturas que aos poucos foram sendo agrupadas em famílias de “cisnes”, “Tarsilas”, “jacas”, “cemitérios”, entre outras. A exposição apresenta exemplos de obras dessas famílias e busca traçar múltiplas associações entre elas. A produção mais recente da artista também está presente: são desta fase os “relevos de parede”, trabalhos que mesclam pintura e escultura e dialogam de modo inusitado com a história da arte e o mundo contemporâneo.

 

 

As referências de Verzutti para a criação de suas esculturas transitam entre livros de arte e de história social, elementos da fauna e flora, imagens em circulação nas redes sociais, notícias de jornal, evocando animais e plantas, paisagens e minerais, objetos do cotidiano e da arte – de autores como Tarsila do Amaral, Constantin Brancusi, René Magritte, Piero Manzoni, entre muitos outros. Com seu caráter insólito, as esculturas se entregam à imprevisibilidade, por vezes com um elemento de humor, e se recusam a aceitar definições ou tradições estabelecidas – daí o subtítulo desta mostra: a indisciplina da escultura.

 

 

A exposição está dividida em sete núcleos, pensados a partir de conceitos da filosofia, da psicanálise, da cultura popular e da própria história da arte. Os núcleos conectam as obras de muitos modos, em razão de suas formas, materiais, temas e cronologias: “Devir-animal”, “Vereda tropical”, “Metáfora do mundo”, “Totemizar o tabu”, “Modernismo selvagem”, “Sob o sol de Tarsila (e outras histórias)” e “Estranho-familiar”.

 

A mostra tem um caráter panorâmico, apresentando obras realizadas de 2003 a 2021, que inclui uma nova escultura feita especialmente para a ocasião. A exposição se insere no biênio da programação de 2021-22, dedicado às Histórias brasileiras no MASP e, neste primeiro ano, voltado exclusivamente às mulheres artistas.

 

 

A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, André Mesquita, curador, MASP

 

 

Até 31 de Outubro.

 

 

Livro: Art Déco no Brasil – Coleção Fulvia e Adolpho Leirner

26/jul

 

 

Ana Paula Cavalcanti Simioni e Luciano Migliaccio

 

 

Desde a primeira aquisição no início dos anos 1970, a coleção de art déco brasileiro de Fulvia e Adolpho Leirner foi pensada para ambientar sua própria residência, como contraparte da outra coleção do casal, de arte construtiva. Quase 50 anos depois, tornou-se um dos principais registros do período em que germinou o modernismo brasileiro. Já dominante no velho mundo, a estética art déco aportou por aqui na bagagem de artistas imigrantes – Gregori Warchavchik, Lasar Segall, Antelo Del Debbio, John Graz, entre outros – e de nomes nacionais que visitavam o velho continente, como Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Ismael Nery, Antonio Gomide, Regina Gomide Graz e Flávio de Carvalho, todos presentes no acervo dos Leirner. Com autoria de Ana Paula Simioni (IEB-USP) e Luciano Migliaccio (FAU-USP), o livro analisa obra a obra da coleção, repassando, a partir do que sobressai em cada item, os diversos aspectos artísticos do período. Cada obra vem acompanhada também de seu percurso em exposições e publicações. Além de ser um documento sem precedentes sobre o período, o livro demonstra a relevância da atuação do casal como colecionadores e rememora a formação do mercado de artes no Brasil.

 

 

“A Coleção Fulvia e Adolpho Leirner não apenas possui e conserva obras de valor histórico, mas ela própria é parte constitutiva da história da arte moderna no Brasil, tendo contribuído com exposições que suscitaram debates e reavaliações sobre esse momento da arte brasileira. Para compreender isso é preciso recuar um pouco no tempo. A década de 1970 assinalou uma importante etapa na maturidade do campo artístico no Brasil, em especial em São Paulo, por meio da consolidação de um mercado de arte. Multiplicaram-se os leilões comerciais e galerias, bem como despontaram alguns marchands. Num claro sinal de que a arte se tornava uma mercadoria valiosa, os bancos abriram linhas de crédito especiais para sua aquisição. A euforia do mercado artístico era contemporânea ao milagre econômico.” (…) “Compreender a lógica que perpassa a coleção, o princípio norteador de cada aquisição, de cada obra em particular, requer debruçar-se sobre as disputas em torno da definição de arte moderna, das quais os colecionadores participam com uma posição consciente e bastante original para o meio local.”

 

Tarsila do Amaral A Caipirinha, 1923

08/dez

 

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Uma trajetória

18/nov

 

Fundada em São Paulo, em 2006, a Galeria Kogan Amaro possui atualmente duas unidades. A matriz ocupa um espaço de 230 metros quadrados e pé direito duplo no coração do bairro dos Jardins, em São Paulo, SP. Em maio de 2019, a galeria abriu sua filial em Zurique, em um espaço de 350 metros quadrados inaugurado com uma exposição de Nuno Ramos. A Kogan Amaro/Zurich situa-se no Löwenbräu Cultural Center, um complexo de museus e galerias na maior e mais dinâmica cidade da Suíça.

A vibrante programação contemporânea da galeria conta com o trabalho de artistas emergentes e em ascensão como Samuel de Saboia, Élle de Bernardini, Mirela Cabral, Bruno Miguel, Daniel Mullen, Mundano, Patricia Carparelli e Tangerina Bruno, e também de artistas brasileiras consolidadas como Nazareth Pacheco e Marcia Pastore, entre outros.

 

A Kogan Amaro organiza eventos duplos com um mesmo conceito, como a exposição da artista contemporânea Fernanda Figueiredo “A visita de Max Bill”, que aconteceu na galeria de Zurique simultaneamente à exposição histórica “Arte concreta dos anos 1950”. Esta mostra coletiva exibiu obras dos fundadores do movimento concretista no Brasil que haviam sido inspirados pela visita de Bill à primeira edição da Bienal de São Paulo, em 1951, como os finados artistas Willys de Castro, Lothar Charoux, Hércules Barsotti, Luiz Sacilotto e Judith Lauand. A filial suíça também organizou exposições individuais históricas com as obras de Frans Krajcberg, Servulo Esmeraldo e Flávio de Carvalho.

 

O portfólio da Kogan Amaro, de artistas consagrados com sólidas carreiras institucionais e de artistas contemporâneos emergentes, reflete o espírito ousado dos jovens sócios que a comandam, o casal Ksenia Kogan Amaro e Marcos Amaro, ambos de 35 anos de idade, que mesmo antes da galeria sempre estiveram envolvidos com as artes. A sócia-diretora e co-fundadora da galeria, Ksenia Kogan Amaro, nascida em Moscou, é também uma aclamada pianista clássica, colecionadora e artista performática. Ksenia concebeu um projeto de performance que apresentou ao redor do mundo junto com o ator John Malkovich, colaborou com Plácido Domingo, criou projetos para a UNESCO, e tocou em concertos para chefes de estado e para as famílias reais da Espanha e da Bélgica. O fundador da galeria, Marcos Amaro, é também artista plástico, colecionador, formado em Filosofia e Finanças, empreendedor e patrono das artes, assim como presidente do Museu FAMA e FAMA Campo.

 

A Galeria Kogan Amaro também atua como representante da Fábrica de Arte Marcos Amaro. A instituição promove arte-educação gratuita para a comunidade local, incluindo escolas públicas e privadas; realiza seminários; organiza exposições; concede bolsas e residências para artistas; confere um prêmio anual a artistas escolhidos por um júri de críticos de arte e especialistas; assim como patrocina intercâmbios com instituições culturais brasileiras e estrangeiras, visando a preservação, promoção e exposição da arte brasileira e internacional. O Museu FAMA foi criado em 2012 em uma propriedade de 25.000 metros quadrados que originalmente abrigava uma antiga fábrica têxtil do início do século XX, na cidade de Itu, região com uma população de 2 milhões de pessoas, a 50 minutos da capital do estado de São Paulo. Constituída desde 2008 com foco na arte brasileira, sua coleção permanente excede 2000 obras, desde as do século XVIII (Aleijadinho), passando pelo Modernismo brasileiro do século XX (Tarsila do Amaral, Pancetti, Di Cavalcanti, Portinari, Flávio de Carvalho, Brecheret, Lasar Segall, Antonio Gomide, Anita Malfatti, Maria Martins, etc.) ao FAMA Campo, dedicado exclusivamente à land art. A potência da coleção permanente está contida em seus trabalhos conceituais e contemporâneos criados por artistas icônicos como Tunga, Leda Catunda, Jac Leirner, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Maria Nepomuceno, Carmela Gross, Laura Lima e Nelson Leirner, muitos dos quais foram exibidos em edições passadas da Bienal de São Paulo, da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel. A coleção consiste principalmente em obras tridimensionais em grandes formatos, mas há também um grande número de pinturas, gravuras, desenhos, fotos, instalações, etc. Desde junho de 2018, a enorme área externa da FAMA foi remodelada em um jardim de esculturas com obras em grandes formatos de artistas renomados, como Nuno Ramos, Caciporé Torres, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, Frans Krajcberg, José Resende, José Spaniol, Marcos Amaro, Mario Cravo, Mestre Didi, Sergio Romagnolo e Henrique Oliveira. O Museu FAMA é o maior patrimônio privado de arte do estado de São Paulo, e um dos museus mais inovadores do Brasil, visando promover e disseminar o rico e diverso legado artístico do país.

 

 

Trajetória da Galeria Kogan Amaro

 

Quando adquiri a marca Emmathomas em 2017, não tinha nenhuma experiência como galerista, e nenhum faturamento. Após três anos de muita dedicação, construímos uma equipe sólida e consistente, representamos um elenco de artistas altamente qualificados e jovens promissores, participamos das principais feiras internacionais do mundo da arte, entre elas ArtBasel Miami e SP-Arte, e em 2020 aderimos fortemente às plataformas online e viewing rooms.

 

Neste meio tempo, mudamos a marca para Kogan Amaro – transmitindo mais confiança para nossos stakeholders -, consolidamos nosso espaço em São Paulo, e abrimos uma unidade num dos principais endereços de Zurich – onde levamos o que há de melhor na Arte brasileira.

 

Sabemos que ainda há muito pela frente. Queremos internacionalizar ainda mais a galeria, prosseguir buscando novos talentos, consagrar artistas vivos, e consolidar definitivamente nosso espaço na Suíça.

 

Agradeço à todos que nos ajudaram até aqui. Seguimos à luta!

 

Desenhos inéditos de Tarsila

13/nov

 

A Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, São Paulo, SP, reabrirá suas portas para visitação no dia 14 de novembro de 2020, com ambiente em plena reforma e restauração, novas normas de segurança frente à pandemia e três exposições inéditas!

A reabertura segue as orientações da Prefeitura da Estância Turística de Itu e as medidas de proteção, saúde e higiene estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e órgãos brasileiros de Saúde Pública. Foram instalados tapetes sanitizantes nas portas das salas expositivas. Todos os visitantes deverão passar pela medição de temperatura e o uso de máscara será obrigatório.

A exposição “Estudos e Anotações” reúne, de forma inédita, 203 obras de Tarsila do Amaral que estavam guardadas por mais de cinco décadas da vista do público. Com curadoria de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros, a mostra apresenta desenhos raros, esboços e estudos que ajudavam na formação do pensamento artístico de Tarsila e, por vezes, serviam de base para sua obra pictórica.

Produzidas entre 1910 e 1940, as obras registram as várias fases da artista e apresentam temas recorrentes em sua linguagem. Na ocasião da abertura da exposição, será lançado o livro “Tarsila do Amaral – Estudos e Anotações”, pela editora WMF Martins Fontes. Ao longo de 256 páginas, a publicação reúne mais de 200 desenhos raros da artista, realizados durante suas viagens.

 

Um artista e sua coleção

09/mar

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, expõe a mostra “Coleção de um Artista” com 31 obras de 9 artistas – Alfredo Volpi, Amélia Toledo, Antonio Dias, Claudio Tozzi, Hércules Barsotti, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Tuneu e Willys de Castro – datadas entre 1958 e 2008. O inovador marchand faz uma exposição Pop-Up, com duração de nove dias, resultado de um reencontro entre amigos com mais de cinco décadas de relacionamento estabelecido em bases sólidas e confiança. Ricardo Camargo e Tuneu se reencontram após um longo período o que só reavivou o relacionamento construído pela admiração e respeito mútuos e de ambos pela arte brasileira e seus artistas.

 

“Na Art-Art conheci Ricardo Camargo que começava sua própria carreira com o irmão. Passaram-se cinquenta e dois anos. Aqui estamos numa exposição da coleção de um artista (Eu). O conjunto de obras que foi possível por meu interesse e amizade com alguns artistas que mantive contato desde o final da década de 1960”, declara Tuneu.

No início da segunda década do milênio, Ricardo Camargo seleciona 29 obras da coleção pessoal de Tuneu, inéditas em quase sua totalidade, com exceção de um Volpi e um Barsotti já com participação em retrospectivas em museus, para a montagem afetuosa de uma exposição.

Trabalhos de Willys de Castro e Hércules Barsotti compõe grande parte da exposição e são artistas com quem Ricardo compartilhou almoços aos sábados no Restaurante Gigetto, onde ouviu, de fonte primária, opiniões, características e conceitos dos grandes mestres da arte brasileira contemporânea. Com sua visão experiente, Ricardo Camargo, juntou à essa seleção duas obras de autoria do próprio Tuneu, de uma pequena série não exibida até o momento.

“Estou lisonjeado por ele ter me dado essa oportunidade de apresentar um conjunto de obras significativas.”, define Ricardo Camargo.

“Acredito que o impacto que a obra de um artista gera em nós, artistas, é nossa afinidade estética e logo vem a pergunta: como fez isto? Nosso primeiro interesse é o diálogo com os colegas. Assim a coleção de um artista tenta manter consigo um diálogo em sua parede e, diariamente, estabelece laços muito particulares com este universo”, conclui Tuneu.

 

Sobre Ricardo Camargo

 

Ricardo Camargo começou sua trajetória aos 15 anos de idade, por intermédio de seu irmão, o marchand Ralph Camargo, com quem trabalhou na galeria Art-Art, que em São Paulo foi a pioneira no lançamento dos artistas da geração 1960. A partir daquele momento e ao longo dos 48 anos seguintes de sua carreira firmou parcerias e conheceu várias pessoas que se tornaram importantes para a arte brasileira, como Pietro Maria Bardi (Diretor do MASP por 45 anos), Volpi, Wesley Duke Lee e Flávio de Carvalho. Em meio a tantos anos de profissão se destacou o momento em que recebeu o convite para ser o curador de Anita Malfatti, Lygia Clark e Tarsila do Amaral na exposição “Latin American Women”, em março de 1995, organizada pelo Milwaukee Art Museum em Wisconsin, e que percorreu posteriormente os Museus de Phoenix, Arizona, Denver, Colorado, finalizando em Washington D.C., Estados Unidos. Um traço marcante de sua carreira é a diversidade de estilos, evidente nas mais de 90 exposições que realizou – de exposição de Arte Pré-Colombiana à Vanguarda Tropical, de obras modernistas às contemporâneas. Ricardo Camargo é hoje um dos poucos donos de galeria em São Paulo que atua no mercado de arte desde a década de 1960 e que continua ativo em sua Galeria, que, em 2020, comemora 25 anos de atividades profissionais. Dentre as características próprias da Ricardo Camargo Galeria está o ineditismo de suas exposições “Mercado de Arte”, que reúne a cada edição pelo menos 20 obras inéditas ou que estejam há mais de duas décadas fora do mercado e “Recortes de Coleções”, que capta e comercializa obras das coleções de colecionadores de arte.

 

Abertura: 18 de março, quarta-feira, às 19h.

Período: 19 a 27 de março.

 

ANIMAL, duas exposições

01/nov

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto a exposição “ANIMAL”, com obras de Alfredo Volpi, Ana Elisa Egreja, Ana Paula Oliveira, Claudia Jaguaribe, Cristina Canale, Edu Simões, Eleonore Koch, Ernesto De Fiori, Gabriela Machado, Guima, Guto Lacaz, Ivan Serpa, Julio Villani, Liuba, Luiz Paulo Baravelli, Lygia Clark, Marcelo Grassmann, Marianita Luzzatti, Mario Cravo Neto, Milton Dacosta, Niobe Xandó, Paola Junqueira, Pierre Verger, Ranchinho, Renato Rios, Rodrigo Braga, Rogério Degaki, Silvia Velludo, Siron Franco, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Thomaz Ianelli, Victor Brecheret, Vincent Ciantar e Yamamoto Masao.

 

A mostra de 2019, dividida nas duas unidades da Galeria, é uma reedição da exposição que ocorreu na galeria de Ribeirão Preto em 2010, com texto de apresentação novamente assinado pela pesquisadora e cientista Anette Hoffmann. A partir da inclusão de novos trabalhos, a reedição pretende ampliar a leitura sobre o fascínio que, em todas as épocas, o animal despertou na mente humana. Poderão ser vistas obras em linguagens diversas como pintura, fotografia e escultura produzidas em um período que compreende meados da década de 1930 até o ano de 2016 em diferentes partes do mundo, do Vietnã de Pierre Verger às Ilhas Galápagos de Claudia Jaguaribe. Os bichos que compõem a mostra se apresentam em múltiplas configurações, de um despojado sapo à giz de cera de um Volpi da década de 1950 a um complexo “Autorretrato como gato coruja” de Luiz Paulo Baravelli.

 

O caráter das relações que se estabeleceram entre o homem e o animal ao longo da história foram das mais diversas. Mágicas, sangrentas, sagradas ou violentas, foram sendo construídas por nós a partir da necessidade de compreendermos a nossa própria humanidade – ou animalidade – e o nosso elo com o divino ou sobrenatural. Do consumo de sua carne, couro e força de trabalho, passando por sua dominação e domesticação progressiva, até a sua clonagem em laboratório, é possível observar uma dinâmica em que o animal ocupa uma posição de subalternidade. No entanto, no imaginário ou até mesmo no cotidiano de muitas culturas, as fronteiras entre o homem e o animal foram frequentemente cruzadas.

 

As obras reunidas na exposição nos convidam a refletir tanto sobre questões ancestrais quanto tecnológicas, nos localizando na iminência de um futuro pós-humano e nos conclamando a rever nosso conceito de humanidade. Anette Hoffmann, em seu texto de apresentação comenta: “como muitos viajantes que no passado aportaram no Novo Mundo, Ivan Serpa constrói um bestiário pessoal, numa espécie de inquietante transgenia poética. Marcello Grassmann percebe o animal como um espelho no qual se refletem as múltiplas facetas de seu próprio ser. Valeu-se desta percepção para desenvolver a capacidade de evadir-se em outras vidas, num procedimento metamórfico capaz de levá-lo ao fundo de si próprio. Dentro de uma concepção anímica, muito presente em sua produção artística, Mario Cravo Neto promove fusões que propiciam ao homem acesso, mediado pelos animais, ao sagrado imanente na natureza.”

 

Em Ribeirão Preto e em São Paulo até 08 de fevereiro de 2020.