Graduou-se em Engenharia, tendo se destacado como filósofo, biofísico, professor, historiador, crítico de arte e principalmente como fotógrafo, com uma produção de cerca de 170 mil negativos, coleção que hoje integra vários acervos, entre os quais o da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e da Fondation Cartier, em Paris. Viajou muito pela Europa, Oriente e Estados Unidos, onde em 1958 foi bolsista da Fundação Guggenheim, em Yale. Trabalhou na Universidade Federal Fluminense e em 1977 criou e coordenou a Área de Fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ. Realizou sua primeira exposição individual, “Fotografia seqüencial: trípticos de praia, sonatinas a 4 pés, frisos”, em 1984, no Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro, RJ. Na época, a respeito dessa mostra, o crítico Walmir Ayala afirmou que “a paixão de Alair Gomes pela fotografia sempre teve um componente estrutural. Quero dizer, este homem que vi tantas vezes colado a seu instrumental, perquirindo o espaço com uma avidez prazerosa, sempre perseguiu a alma seqüencial da imagem, o que transfere o simples prazer eventual a um nível de construção. E a arte sempre será construção. (...) Nas fotos de exercícios de ginástica, o corpo é a vértebra da composição, enriquecida pelos detalhes da sombra, dos instrumentos, e até mesmo da textura da areia. Tudo se orgnaniza para conduzir ao prazer visual, o da descoberta e o da imaginação, e prevalece o desenho que envolve a emoção, por vezes uma certa gestualidade com que as figuras se confrontam, lembrando a leveza e espontaneidade de um guache. Mesmo quando Eros se impõe, há a duplicidade astuciosa do grafismo muscular, a sensação de equilíbrio desafiado, a força e o instante imortal da juventude celebrada.” Sua obra motivou duas grandes retrospectivas: uma na Fondation Cartier pour l´Art Contemporain, Paris, denominada “Alair Gomes”, em 2001 e outra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, “Corpus: obra e arte de Alair Gomes”, 2003/2004. Abordando aspectos homoeróticos de sua obra, o cineasta Luiz Carlos Lacerda realizou em 2003 o vídeo “A morte de Narciso”. Publicou vários ensaios na área científica e, após sua morte, foi lançado o livro “Reviravoltas na arte do século XX”, Eduff, 1995, fruto de sua intensa atividade como crítico e professor de História da Arte.
Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin/Renato Rosa