Começou seus estudos de arte acompanhando o célebre pintor Louis David na sua viagem a Roma na época em que pintou a tela Juramento dos Horácios (consta que David era seu primo). Retornando da Itália, freqüentou a Escola de Belas Artes de Paris, em 1785, e em decorrência da Revolução Francesa afastou-se da pintura durante cinco anos. Voltou a ela conquistando em 1798 um prêmio no Salão de Paris, no qual mais tarde expôs diversas vezes. Em 1816 foi convidado por Joaquim Lebreton para viajar ao Brasil, na chamada Missão Artística Francesa de 1816. No Rio de Janeiro, participou da fundação da Academia Imperial de Belas Artes, precursora da Escola Nacional de Belas Artes e dos salões oficiais posteriores. No tempo em que morou no Brasil, Debret realizou retratos da família Imperial e instalou uma escola particular de pintura, com isso indo de encontro à hostilidade de artistas portugueses que disputavam com os franceses a liderança na criação da Academia. A respeito da missão, observou Wilson Martins em 1978: "Criando uma 'escola brasileira', eles iriam repudiar o gosto e os princípios lusitanos que, até então, eram os princípios e o gosto aqui aceitos e dominantes. (...) Entretanto, dilacerada por dissensões e desconfianças internas, pelas inevitáveis dificuldades burocráticas e, sobretudo, pela hostilidade dos artistas portugueses, a missão não chegou propriamente a funcionar como tal." Contudo, foi Debret o responsável pelo primeiro Salão de Belas Artes brasileiro, em 1829, e pelo implemento do ensino das artes no país. Retornou à França em 1831, quando empreendeu a publicação de sua Voyage pittoresque et historique au Brésil, edição de duzentos exemplares, em três volumes que vieram a lume em 1834, 1835 e 1839, respectivamente. A respeito de Debret, escreveu Oliveira Lima no seu livro clássico sobre D. João VI: "Percorrendo-se a formosa obra de Debret e encontrando relembradas nas suas curiosas litografias as grandes cerimônias da Corte do Rio de Janeiro, no primeiro quartel do século XIX, aclamações, funerais, casamentos, vê-se graficamente onde e como se constituiu o sentimento nacional da terra." No Brasil, integra diversos acervos: Biblioteca Nacional, Museu Nacional de Belas Artes etc. O Instituto Moreira Salles possui hoje o Highcliffe Album, organizado por Charles Landseer, que inclui trabalhos de Debret. Em 1999, o material do Highcliffe foi exposto em São Paulo (Fundação Maria Luisa e Oscar Americano) e no Rio de Janeiro (Centro Cultural Banco do Brasil) na mostra Brasil 1825-26: Charles Landseer e a missão britânica e trabalhos de Burchell, Chamberlain e Debret. Descoberto em 1924 por Alberto Rangel, que o trouxe para o Brasil, o material foi leiloado em Londres pela Christie's em 1999. Adquirido pelo Instituto Moreira Salles, em 2000 foi exposto no seu espaço cultural do Rio de Janeiro e integrou a Mostra do Redescobrimento, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Em 2003, o Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, inaugurou a mostra Castro Maya: Colecionador de Debret.
Brésil (Paris: Firmin Didot Fréres, 1838) e Brasil (Itatiaia/Edusp, 1980), de Ferdinand Denis; Dom João VI no Brasil (José Olympio, 1945, 2. edição Topbooks, 1996), de Oliveira Lima; A Missão Artística de 1816 (Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/MEC, 1956), de Afonso de E. Taunay; A cultura brasileira (3.ª ed. Melhoramentos, v. 2, 1958), de Fernando de Azevedo; A Missão Artística Francesa de 1816 (Museu de Armas Ferreira da Cunha, 2. ed. refundida, 1967), de Gean Maria Bittencourt; A arte maior da gravura (Espade, 1976), de Orlando Dasilva; O Rio Grande através de Debret (Samrig, 1978), de Barbosa Lessa; História da inteligência brasileira (Cultrix/Edusp, v. 2, 1977), de Wilson Martins; Viagem pitoresca e histórica ao Brasil: 1816-1831, excertos e ilustrações (Melhoramentos, 1971) e Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (Itatiaia/Edusp, 3 v., 1989), de Jean Baptiste Debret; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Academismo, Projeto Arte Brasileira (Funarte/Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1986); Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (Garnier, 4. ed. 1991), de Joaquim Manuel de Macedo; O Brasil de Debret (Villa Rica, 1993), textos de Sérgio Milliet, Rubens Borba de Morais e Antonio Carlos Villaça; Brasil-França: cinco séculos de sedução (Espaço e Tempo, 1989) e Culturas cruzadas: intercâmbios culturais entre França e Brasil (Papirus, 1994), de Mário Carelli; Museus Castro Maya (Agir/Banco Boavista, 1994); Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Arte na América Latina (Cosac & Naify, 1997), de Dawn Ades; Livros de viagem: 1803/1900 (UFRJ, 1997), de Miriam Lifchitz Moreira Leite; Biblioteca Nacional: a história de uma coleção (Salamandra, 1997), de Paulo Herkenhoff; Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III (Edusp, 1998), de Mário Pedrosa, organização de Otília Arantes; Iconografia paulistana do século XIX (Metalivros, 1998), de Pedro Corrêa do Lago; O Brasil dos viajantes (Objetiva/Metalivros, 3. ed. 2000), de Ana Maria de Moraes Belluzzo; Arte no Brasil colonial (Revan, 2000), de Antonio Luiz d'Araujo; Iconografia do Rio de Janeiro 1530-1890: catálogo analítico (Casa Jorge Editorial, 2000), de Gilberto Ferrez; Revelando um acervo: coleção brasiliana (Bei Comunicação, 2000), organização de Carlos Martins; Castro Maya: colecionador de Debret (Capivara/Bradesco Seguros, 2003), textos de Júlio Bandeira, Rafael Cardoso e Vera Beatriz Siqueira.
Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin