GIOVANNI BATTISTA CASTAGNETO (1851, Gênova, Itália - 1900, Rio de Janeiro, RJ)

BIOGRAFIA:

Chegou ao Brasil com 23 anos de idade. Trabalhou como auxiliar do pintor Zeferino da Costa na execução dos painéis da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Conquistou medalha de ouro na Exposição Geral de Belas Artes, em 1884, dividindo o prêmio com seu mestre Georg Grimm, o que causou espanto na época e o consagrou definitivamente como pintor. Em A arte brasileira (1888), escreveu Gonzaga Duque: "Ele aprendeu consigo próprio. Arranjou uma caixa de tintas, comprou cartões e telas, alugou um bote e partiu para uma viagem à volta das nossas praias. Não quis saber de leis nem de regras. Precisava unicamente da natureza, da natureza vigorosa, para seus estudos de visu. Passava uma falua de velas enfunadas; e, febril, o punho ligeiro, a vista firme, esboçava-a num cartão, em três, quatro segundos. Uma onda corcoveava, contorcia-se, levantava-se rugindo, vinha abater-se às bordas da sua embarcação; pois bem, durante esse tempo os seus pincéis acompanhavam na tela o seu movimento, e quando ela abatia-se, os pincéis cessavam de trabalhar. A onda morria, no mar, fundindo-se com o grosso da água; mas, na tela, ficava viva, tumultuosa, arqueando o dorso, bramindo. Uma rajada de vento soprava de sudoeste: nuvens rolavam no céu; o mar cuspia. E quando à rajada sucedia a quietude, o artista tinha mais uma tela pronta." Segundo Donato Mello Júnior, o artista "produziu grande parte de sua obra embarcado numa canoa, pintando em fundo de caixas de charutos, sinal de sua pobreza", e, para Rodrigo M. F. de Andrade, Castagneto é incontestavelmente o mestre da marinha no Brasil. Em 1944 o Museu Nacional de Belas Artes dedicou-lhe uma grande exposição. O mesmo museu incluiu-o na mostra 150 Anos de Pintura de Marinha na História da Arte Brasileira, em 1982. Em 1997, a Galeria Pinakotheke (Rio) inaugurou nova mostra de seus trabalhos.

REFERÊNCIA:

A arte brasileira (Lombaerts, 1888, 2. ed. Mercado de Letras, 1995, introdução e notas de Tadeu Chiarelli) e Impressões de um amador: textos esparsos de crítica 1882-1909 (Fundação Casa de Rui Barbosa/UFMG, 2001, organização de Júlio Castañon Guimarães e Vera Lins), de Gonzaga Duque; Primores da pintura no Brasil (1941), de Francisco Acquarone e A. de Queirós Vieira; Artistas pintores no Brasil (São Paulo, 1942), de Teodoro Braga; A cultura brasileira (3.ª ed. Melhoramentos, v. 2, 1958), de Fernando de Azevedo; O Brasil por seus artistas (MEC, 1979), de Walmir Ayala; O Grupo Grimm: paisagismo brasileiro no século XIX (Pinakotheke, 1980) e Giovanni Battista Castagneto (1851-1900): o pintor do mar (Pinakotheke, 1982), de Carlos Roberto Maciel Levy; 100 obras Itaú (MASP, 1985); Academismo (Funarte/Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1986, Projeto Arte Brasileira); 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; Pinturas & pintores do Rio Antigo (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, 1990), textos de Paulo Berger, Herculano Gomes Mathias e Donato Mello Júnior; Museus Castro Maya (Agir/Banco Boavista, 1994); Iconografia e paisagem: Coleção Cultura Inglesa (Pinakotheke, 1994), Carlos Roberto Maciel Levy e outros; Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Graves & frívolos: por assuntos de arte (Sette Letras, 1997), de Gonzaga Duque, por Vera Lins; Giovanni Battista Castagneto: 1851-1900 (Pinakotheke, 1997); O Brasil dos viajantes (Objetiva/Metalivros, 3. ed. 2000), de Ana Maria de Moraes Belluzzo; Iconografia do Rio de Janeiro 1530-1890: catálogo analítico (Casa Jorge Editorial, 2000), de Gilberto Ferrez; Coleção Aldo Franco (Pinakotheke, 2000), de Jacob Klintowitz; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; O Brasil do século XIX na coleção Fadel (Fadel, 2004), de Alexei Bueno.

Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin