Em 1918 matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, revelando-se aluno rebelde ao ensino acadêmico, que acabou abandonando. Em 1921, viajou para a Europa, especialmente Itália e França. Freqüentou em Paris a Academia Julian. De volta à Europa em 1927, entrou em contato com as obras de Picasso, Miró e Chagall, e conheceu André Breton. É considerado pela crítica um precursor do surrealismo no Brasil. Segundo Antonio Bento, sua obra apresenta três fases: a expressionista, a cubista e a surrealista. No final de sua vida, trocou a pintura pela poesia. A seu respeito escreveu ainda Antonio Bento: "Do ponto de vista artístico, é notável a segurança do seu desenho, qualquer que seja a técnica ou o estilo adotado. Temas de amor, de poesia e de simples criação formal alternam com especulações plásticas e visuais ou com preocupações de natureza política e social, tornando extenso o campo espectral de sua arte. E foi principalmente nos seus desenhos que Ismael demonstrou, com maior precisão, que a idéia do artista plástico é sempre forma, qualquer que seja o tema tratado." De junho a agosto de 2000, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, apresentou a retrospectiva Ismael Nery: 100 Anos - A Poética de um Mito, comemorativa do centenário do artista, também apresentada, de agosto a outubro desse mesmo ano, na Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, curadoria de Denise Mattar.
Apresentação da poesia brasileira (Edições de Ouro, s/d) e Antologia de poetas brasileiros bissextos contemporâneos (Edições de Ouro, s/d), de Manuel Bandeira; Ismael Nery (Gráficos Brunner, 1973), de Antonio Bento; O círio perfeito (Nova Fronteira, 1983), de Pedro Nava; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Ismael Nery: 50 anos depois (MAC/USP, 1984), coordenação de Aracy Amaral; Arte brasileira (Colorama, 1985), de Walmir Ayala; Seis décadas de arte moderna na coleção Roberto Marinho (Pinakotheke, 1985), texto sobre Ismael Nery de autoria de Ruy Sampaio; Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand (JB, 1987), de Roberto Pontual; 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Lucio Costa: registro de uma vivência (Empresa das Artes, 1995), organização de Maria Elisa Costa; Recordações de Ismael Nery (Edusp/Giordano, 1996), de Murilo Mendes; Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III (Edusp, 1998), de Mário Pedrosa, organização de Otília Arantes; Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes (4 Estações, 1998), de Olívio Tavares de Araújo; Adalgisa Nery: muito amada e muito só (Relume Dumará, 1999), de Ana Arruda Callado; Pintura latinoamericana (Fundação Finambrás, 1999), textos de Aracy Amaral, Roberto Amigo e outros; Coleção Aldo Franco (Pinakotheke, 2000), de Jacob Klintowitz; Ismael Nery 100 anos: a poética de um mito (CCBB, 2000, catálogo), organização de Denise Mattar; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff.
Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin