Ainda menino, seguiu com a família para a Itália, fixando residência em Bolonha. Ingressou na marinha mercante italiana, retornando a São Paulo em 1920. Em 1922 viajou para o Rio de Janeiro, onde se alistou na marinha. Participou do Núcleo Bernardelli, quando decidiu-se definitivamente pela pintura. Em 1941 ganhou o prêmio de viagem à Europa na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, e em 1948, medalha de ouro no mesmo salão. Em 1950, participou da Bienal de Veneza e em 1951 da I Bienal de São Paulo. Escrevendo a seu respeito, Roberto Pontual fala de "uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas quase instantâneas, poderosa função sugestiva, determinaram sempre a evolução de Pancetti". No livro O Brasil por seus artistas, em 1979, escreveu Walmir Ayala: "Coerente com seu destino e vivência, é com as marinhas que sua fama se consolida em termos de pintura. O litoral brasileiro é retratado em muitas de suas telas mais importantes, ressaltando um sentimento de amplidão, despojamento e cálido azul/verde de suas águas. (...) Luminosidade embebida de vida, de um sentimento de solidão e desprendimento, trechos de um paraíso extraviado em múltiplas áreas terrestres, que ele tenta juntar com um sentimento de humanismo e alegria solar." Sob curadoria de Denise Mattar, inaugurou-se em 2000 a mostra Pancetti: O Marinheiro Só, inicialmente no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, posteriormente (2001) no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, e no Palácio Doria Pamphili, Embaixada do Brasil em Roma, Itália.
Pancetti (MEC, 1960), de Medeiros Lima; Exposição de arte: temas gerais e artes plásticas no Brasil (Tempo Brasileiro, 1965), de José Paulo Moreira da Fonseca; Colóquio unilateralmente sentimental (Record, 1968), de Manuel Bandeira; Pancetti: o pintor marinheiro (Conquista, 1979), de José Roberto Teixeira Leite; O Brasil por seus artistas (MEC, 1979) e Arte brasileira (Colorama, 1985), de Walmir Ayala; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Seis décadas de arte moderna na coleção Roberto Marinho (Pinakotheke, 1985), texto sobre Pancetti de autoria de José Roberto Teixeira Leite; 100 obras Itaú (MASP, 1985); Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand (JB, 1987), de Roberto Pontual; 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40 (Pinakotheke, 1982), Dacoleção: os caminhos da arte brasileira (Júlio Bogoricin Imóveis, 1986) e Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Museus Castro Maya (Agir/Banco Boavista, 1994); Biblioteca Nacional: a história de uma coleção (Salamandra, 1997), de Paulo Herkenhoff; Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes (4 Estações, 1998), de Olívio Tavares de Araújo; Pintura latinoamericana (Fundação Finambrás, 1999), textos de Aracy Amaral, Roberto Amigo e outros; Pancetti: o marinheiro só (Petrobrás, 2000), textos de Denise Mattar, Ligia Canongia e Wilson Rocha; Coleção Aldo Franco (Pinakotheke, 2000), de Jacob Klintowitz; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; O olhar amoroso (Momesso, 2002), de Olívio Tavares de Araújo.
Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin