Formou-se em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara. Transferindo-se para São Paulo exerce uma pintura de raiz figurativo-expressionista. Em 1953 passa a dedicar-se a abstração mas ainda mantendo ligações com o expressionismo. A partir de 1954 e até 1958, adota a linguagem construtivista, dentro das normas do Concretismo. Todos os seus trabalhos nesse período exibem um rigor matemático. A artista passa por experimentações com materiais incomuns, pouco usados em artes visuais como alfinetes, tachinhas, dobradiças, que aplicados sobre a superfície bidimensional, apresentavam ritmos e ilusões óticas controladas. Num depoimento em 1960, Judith Lauand expressa-se sobre seus métodos: " Um quadro não se explica. Um quadro se vê. As palavras não substituem a visão direta da estrutura formal, das relações das cores, dos espaços, da plasticidade. O quadro - organização de elementos semelhantes. E cada um dos elementos é constituído pela intersecção de duas retas e um terceira ligando os dois extremos de maneira que numa parte esteja uma forma fechada (triangular) e na outra uma figura aberta, ou seja, o prolongamento de dois lados do triângulo. Com seis elementos semelhantes relacionados entre si, realiza-se uma estrutura cuja forma total obedece à idéia da forma singular ao mesmo tempo fechada e aberta . Mantém-se íntegra a idéia básica da construção. Neste caso a cor não tem função, o desenho é que importa". A artista realizou algumas individuais (a primeira em 1954, Galeria Ambiente, São Paulo), e participou de coletivas de arte concreta realizadas em São Paulo,1956, Rio de Janeiro,1957 e em Zurique, Suíça, 1960. Seu nome integrou diversas ocasiões a Bienal Internacional de São Paulo. Participou de certames importantes como o Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Salão Paulista de Arte Moderna, no qual recebeu premiações em 1954, 1955, 1959 e 1964. Suas obras também foram expostas na "Bienal Brasil Século XX" e em 1996 participou de "Tendências Construtivas no Acervo do MAC - USP". Para Mario Schneberg "...Judith Lauand foi uma figura destacada na fundação do movimento paulistano de arte concreta, colaborando com Waldemar Cordeiro, criador do grupo. Nessa interação com Cordeiro estabeleceram-se fortes ligações de pensamento e de criação artística perceptíveis nas obras de ambos. ... Judith Lauand permanece fiel a sua postura e trajetória concretista. Sua obra recente revela a densidade da composição, o apuramento do cromatismo, o equilíbrio do grafismo, conseguidos por constante pesquisa. Judith envereda agora por novos caminhos realizando obras que podem ser chamadas de assimétricas, onde o geometrismo da decomposição cromática destrói a 'partição eqüilateral' presente ao longo de sua obra, criando uma nova simetria".Mario Schenberg
Catálogo da exposição "Projeto Construtivo Brasileiro na Arte", coord.: Aracy A. Amaral, Rio de Janeiro e São Paulo, 1977, p. 214-215. Schenberg, Mario - LAUAND, Judith. Judith Lauand : pinturas. Sao Paulo : Choice Galeria de Arte, 1986. p. 3. Herkenhoff, Paulo - LAUAND, Judith. Judith Lauand : obras de 1954-1960. Sao Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1996. p. 6-7.
Texto: Bolsa de Arte/Renato Rosa