VÍCTOR MEIRELLES DE LIMA (1832, Desterro, atual Florianópolis, SC - 1903, Rio de Janeiro, RJ)

BIOGRAFIA:

Estudou desenho com o engenheiro argentino D. Marciano Moreno, na época radicado em Florianópolis. Com a ajuda do Conselheiro do Império Jerônimo Francisco Coelho, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1847, matriculou-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo sido aluno de José Correia de Lima. Na Academia, conquistou o prêmio de viagem em 1852, partindo em janeiro do ano seguinte para a Europa, onde estudou com Tommaso Minardi e Nicolau Couronni, em Roma, e com Léon Gogniet e André Gastaldi, em Paris. Ainda na Europa, realizou o esboço de sua obra mais célebre, Primeira missa no Brasil (1860), projeto que teve o incentivo de Manuel de Araújo Porto-Alegre, seu mentor intelectual. Com essa tela, foi o primeiro pintor brasileiro a participar do Salão de Paris (1861). De volta ao Rio de Janeiro em 1861, Primeira missa lhe rendeu a condecoração de Cavaleiro da Ordem da Rosa. Em 1876, a mesma tela integrou a Exposição Internacional de Filadélfia, nos Estados Unidos. Professor do Liceu de Artes e Ofícios e professor honorário da Academia Imperial de Belas Artes, logo mais tarde catedrático de pintura histórica nessa mesma Academia (1862), também regeu, interinamente, a cadeira de pintura de paisagem, flores e animais (1878, 1879 e 1884). A convite da Marinha de Guerra, em 1868 esteve presente na guerra do Paraguai, episódio que lhe rendeu dois trabalhos: Combate naval do Riachuelo e Passagem de Humaitá - executados de 1869 a 1872, ambos figuraram na Exposição Geral de Belas Artes desse último ano. Autor também de um Panorama da cidade e baía do Rio de Janeiro, realizado em Ostende, na Bélgica - exposto em Bruxelas (1887), em Paris (1889) e no Rio (1890) - e de dois panoramas, Entrada da Esquadra Legal (1896) e Descobrimento do Brasil (1900), posteriormente doados pelo artista ao Governo Federal, foram abandonados nos terrenos da Quinta da Boa Vista e, segundo informações de Donato Mello Júnior, perdidos definitivamente em 1910. O Museu Nacional de Belas Artes é legatário da maior parte de suas obras. Em 1986, no Museu de Arte Moderna de Florianópolis, inaugurou-se a mostra itinerante Vitor Meirelles: Gênese de um Gênio.

REFERÊNCIA:

 A arte brasileira (Lombaerts, 1888, 2. ed. Mercado de Letras, 1995, introdução e notas de Tadeu Chiarelli) e Impressões de um amador: textos esparsos de crítica 1882-1909 (Fundação Casa de Rui Barbosa/UFMG, 2001, organização de Júlio Castañon Guimarães e Vera Lins), de Gonzaga Duque; Um século de pintura (Röhe, 1916), de Laudelino Freire; Primores da pintura no Brasil (1941), de Francisco Acquarone e A. de Queirós Vieira; Pequena história das artes plásticas no Brasil (Nacional, 1941) e Vítor Meirelles: sua vida e sua obra (Imprensa Nacional, 1945), de Carlos Rubens; Artistas pintores no Brasil (São Paulo, 1942), de Teodoro Braga; História da pintura no Brasil (Leia, 1944), de José Maria dos Reis Júnior; A cultura brasileira (3. ed. Melhoramentos, v. 2, 1958), de Fernando de Azevedo; Auréola de Vítor Meireles (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro/Conselho Federal de Cultura, 1977), de Argeu Guimarães; Rio neoclássico (Bloch, 1978) e Nordeste histórico e monumental (Odebrecht, v. 1, 1982), de Clarival do Prado Valladares; Vitor Meirelles de Lima: 1832-1903 (Pinakotheke, 1982), de Ângelo de Proença Rosa, Donato Mello Júnior, Elza Ramos Peixoto e Sara Regina Silveira de Souza; História da pintura brasileira no século XIX (Pinakotheke, 1983), de Quirino Campofiorito; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Arte brasileira (Colorama, 1985), de Walmir Ayala; Pinturas & pintores do Rio Antigo (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, 1990), textos de Paulo Berger, Herculano Gomes Mathias e Donato Mello Júnior; Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (Garnier, 4. ed. 1991), de Joaquim Manuel de Macedo; Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Biblioteca Nacional: a história de uma coleção (Salamandra, 1997), de Paulo Herkenhoff; Iconografia do Rio de Janeiro 1530-1890: catálogo analítico (Casa Jorge Editorial, 2000), de Gilberto Ferrez; O Brasil do século XIX na coleção Fadel (Fadel, 2004), de Alexei Bueno.

Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin