Em 1927 transferiu-se para Paris, onde estudou com Bourdelle e Despiau (escultura), Dufresne, Friesz e Léger (pintura) e Stanley Hayter (gravura). Em 1930, casou-se com o pintor Arpad Szenes. Em 1932 passou a estudar na Academia Ranson, onde mais tarde lecionou pintura. Por essa época, expôs em Paris (1933) e Lisboa (1935). Fugindo da guerra, Vieira e Arpad chegaram ao Brasil em 1940, fixando-se no Rio de Janeiro, onde viveram sete anos no bairro de Santa Teresa. Em seu tempo brasileiro, Vieira expôs no Rio e em Belo Horizonte e obteve o grande prêmio de pintura na Bienal de São Paulo de 1961. Expôs também em diversas cidades européias e nos Estados Unidos. Fixando-se em Paris, naturalizou-se francesa em 1956. Sua obra integra importantes museus europeus e americanos, com sucessivas mostras retrospectivas, principalmente na Europa. Entre 1969 e 1970, organizaram-se as retrospectivas do Museu de Arte Moderna de Paris, do Museu Boymans-van Beuningen de Roterdã, da Krenstnernes Hus de Oslo, da Kunsthalle de Basiléia, e das Galerias de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa. Esta mesma fundação organizou ainda uma grande exposição da artista em 1988, nesse mesmo ano apresentada também nas Galerias Nacionais do Grand Palais, em Paris. No Brasil, duas grandes mostras reuniram a obra do casal Arpad Szenes e Vieira da Silva: 2000, Pinacoteca do Estado de São Paulo; 2001, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. A seu respeito escreveu o escritor João Gaspar Simões: "Não é de crer que aquilo que hoje é universalmente reconhecido - o vincado portuguesismo da arte de Vieira da Silva - o não seja pelos portugueses, infelizmente, é certo, apesar de tudo, os últimos a reconhecê-lo. Mais venturosa do que Fernando Pessoa, que teve de morrer para ressuscitar, se Vieira da Silva, para conquistar a glória, não esperou tanto, em todo o caso foi obrigada, também, a conhecer essa espécie de morte que é o exílio em terra alheia, terra que é hoje a sua, embora a cada passo a vejamos ressuscitar portuguesa." Nas palavras da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, em 1961, "ela é alguém para quem não existe realmente 'mundo quotidiano', nem círculo fechado de conhecimento, mas sempre sucessão, mundo que se descobre, se desdobra e se aprofunda. A sua forma de conhecimento não é frontal nem direta, mas visão sucessiva, espaço sobre espaço, aparecimento e labirinto."
Vieira da Silva (Artis, 1958), de José-Augusto França; Ecole de Paris (New York Graphic Society, 1960), de Raymond Nacenta; L'Art abstrait (Librairie Générale Française, 1967) e Vieira da Silva: chemins d'approche (Weber, 1971), de Dora Vallier; Vieira da Silva (L'Autre Musee, 1983), de Michel Butor; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Seis décadas de arte moderna na coleção Roberto Marinho (Pinakotheke, 1985), texto sobre Vieira da Silva de autoria de Carlos Roberto Maciel Levy; Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand (JB, 1987), de Roberto Pontual; Azulejaria contemporânea no Brasil (Editoração Publicações e Comunicações Ltda, 1988), de Frederico Morais; Vieira da Silva (Skira, 1988); 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; Política das artes: textos escolhidos I (Edusp, 1995), de Mário Pedrosa, organização de Otília Arantes; Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Cecília Meireles: obra em prosa (Nova Fronteira, 1998, v. 1, crônicas em geral, t. 1), apresentação e planejamento editorial de Leodegário A. de Azevedo Filho; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; Relâmpagos: dizer o ver (Cosac & Naify, 2003), de Ferreira Gullar.
Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin