Situada na Vila Mariana, São Paulo, SP, a Fauna Galeria, em parceria com a Kamara Kó, exibe “Para Ver Se o Tempo Volta”, exibição coletiva dos artistas Alberto Bitar, Ionaldo Rodrigues,Keyla Sobral e Octavio Cardoso, com curadoria de Mariano Klautau Filho. Não obstante a conterraneidade dos artistas – todos de Belém do Pará -, o elemento que reúne os 20 trabalhos desta mostra é a convergência de suas poéticas em torno do tempo, não no sentido de cultivar nostalgias, mas de exercer certo domínio sobre ele.
Ao misturar suportes, estabelecendo diálogos entre a fotografia com outros materiais, a proposta de Mariano Klautau Filho é exaltar a experiência com o tempo na construção da imagem fotográfica como exercício de ficção. Em todos os trabalhos expostos, pode ser observado o domínio sobre o tempo e suas “velocidades”, sendo este o fio condutor para abordar a temática e outras questões levantadas em “Para Ver Se o Tempo Passa”. Mariano Klautau Filho, curador, ainda destaca a constatação da irreversibilidade do tempo e seu efeito devastador em experiências pessoais, “Algo com o qual não se pode combater, mas se pode jogar, iludir, negacear”, comenta.
Neste sentido, Octavio Cardoso apresenta 3 imagens de sua produção mais recente, nas quais desfia a trama entre tempo e espaço, dissimulando a quietude de uma natureza obscura. O tempo parece imobilizado, seja no conforto uterino de uma cama ou no rigor frontal da árvore à contraluz.Ionaldo Rodrigues, por sua vez, trabalha com diversas câmeras de pequeno formato, celulares e imagens precárias. Nas 3 fotografias que exibe, perfaz um recorte sofisticado de sua produção em cor, somado ao conjunto de imagens realizadas em Cianótipo e Papel Salgado.
Alberto Bitar cria uma velocidade do tempo alterada, num misto de aceleração e recuo construídos a partir da experiência espaço-tempo. Em 5 fotografias e 1 vídeo, o artista desvenda sua obra essencialmente urbana, se valendo de recortes da memória pessoal, de casas onde habitou e de resquícios de experiência familiar. Funcionando como uma espécie de arremate da exposição, Keyla Sobral apresenta seus desenhos, palavras, objetos e imagens escondidas, em um universo bastante pessoal, sutil e aparentemente frágil. Tal delicadeza, entretanto, oculta um leve amargor em alguns momentos, e em outros uma ironia pontual diante das perdas.
Extraído de um neon de Keyla Sobral – “Ando de costas para ver se o tempo volta” -, o título da mostra reitera um pouco da dimensão e da intenção desta pequena reunião de trabalhos, como define Mariano Klautau Filho: “superar o imponderável; recuar, se for necessário, e saber matar o tempo”.
De 05 de novembro a 19 de dezembro.